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AO JUÍZO DA ___ VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE

APARECIDA DE GOIÂNIA/GO

___________, brasileiro, estado civil, profissão, portador do RG sob o


nº____________, inscrito no CPF sob o nº___________, residente e
domiciliado na__________, ____, s/nº, _________, _______, ___________,
CEP_________, com endereço eletrônico registrado como
_____@__________.com, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, por meio de sua procuradora signatária, que junta neste ato
instrumento de procuração com endereço profissional completo para receber
notificações e intimações, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE ALIENAÇÃO PARENTAL C/C MODIFICAÇÃO


DE GUARDA E DE REGIME DE CONVIVÊNCIA E INDENIZAÇÃO em face de

___________, brasileira, estado civil, profissão, portadora do RG sob o


nº_____________, inscrita no CPF sob o nº______________, residente e
domiciliada na ___________, _________,____, _________, com endereço
eletrônico _____@__________.com [ou desconhecido], pelas razões de fato e
de direito a seguir expostas:

1. DOS FATOS

As partes foram casadas entre o ano de 2008 e 2011, união da qual


adveio o nascimento do menor__________, nascido em__________,
atualmente com _____ anos de idade.
Não possuindo o interesse na mantença do casamento, as partes
divorciaram-se no ano de _____, tendo sido decretado o divórcio de forma
consensual pelo juízo da __Vara de Família e Sucessões desta Comarca,
oportunidade em que restaram reguladas as questões atinentes ao divórcio e
ao menor, conforme documentos anexos.

Quanto aos aspectos relacionados ao filho, restou regulamentado


que a guarda seria exercida de forma unilateral pela genitora, com o
pagamento de alimentos pelo genitor no patamar de 60% (sessenta por cento)
do salário mínimo vigente, bem como o custeio da mensalidade do plano de
saúde do filho e da metade das despesas extraordinárias que sobreviessem,
além da definição das visitas nos seguintes termos:

[DOCUMENTO]

Todavia, embora tenham sido devidamente estabelecidas e


homologadas judicialmente as questões relacionadas ao filho, o Autor não vem
conseguindo exercer o seu direito de visitação conforme acordado.

Isso porque a Ré vem impondo dificuldades para o exercício das


visitas nos fins de semana que corresponderiam ao direito do Autor em
permanecer com seu filho.

No fim de semana correspondente ao exercício da visitação pelo


genitor, a Ré engendra diversas atividades do agrado do menor, tais como
festas ou viagens, induzindo-o a deixar de ir na visitação com o genitor sob a
lógica de “se você for, não vai para a festa/viagem”.

A ideia da genitora é justamente oportunizar tais situações para


convencer o filho a permanecer em sua companhia e cada vez mais afastá-lo
do convívio com o genitor.
Toda vez que o genitor iria exercer seu direito de visitas, o menor
era “convencido” a não ir por algum motivo como esse, sendo logicamente
aliciado para permanecer somente com a genitora.

Após meses nessa situação, o genitor não aguentou mais de


saudade de seu filho e foi até a residência desse, momento em que o menor foi
até o seu carro e o genitor percebeu a pressão psicológica sofrida pelo filho,
tanto é verdade que esse ficava todo o tempo atento ao celular e 10 (dez)
minutos depois a genitora já enviou mensagem ao filho para que retornasse,
porque não era para ficar com o genitor.

Também devem ser pontuadas as atitudes por parte do novo marido


da genitora, que induzem o menor a formar uma má compreensão do seu
genitor, considerando que diz ao menor que seu genitor é um “vagabundo” e
outras expressões desse estilo.

Tais atitudes por parte da genitora mudaram drasticamente para


esse modo após seus novos relacionamentos, sendo que o genitor inclusive
restou impedido de contatar a genitora para resolver as questões relativas ao
filho em comum.

Em virtude da impossibilidade de contatá-la, o genitor enviou um e-


mail para essa, como último recurso, solicitando que não deixasse que
terceiros interferissem no seu convívio com o filho, demonstrando preocupação
com o menor e com as atitudes tomadas pela genitora.

Assim, a Ré determinou que não mais lhe enviasse mensagens ou


ligasse e exigiu que, para poder conversar com seu filho, o genitor deveria
adquirir um aparelho celular para esse.

Então, na tentativa de manter contato com seu filho, o genitor


efetivamente adquiriu um telefone para o filho, inclusive contratando plano de
telefonia pós-pago. Todavia, o aparelho sempre estava desligado e, ao buscar
a genitora para esclarecer o motivo, essa informou que o celular somente
ficaria ligado quando o filho estivesse sob a companhia do genitor, o que se
mostra totalmente descabido, visto que restou adquirido justamente para
contato entre ambos quando estivessem separados.

Importa salientar que no ano de __________ a Ré forjou uma


situação, alegando que o Autor a teria ameaçado e a perseguia, o que gerou o
Processo nº__________, que, embora tenha sido extinta a punibilidade em
sentença (autos anexos), acarretou em medo no Autor em insistir mais para ver
e conviver com o filho, em fundado receio de estar descumprindo alguma
medida protetiva que poderia ter sido concedida à Ré.

Dessa forma, evidente as condutas indevidas perpetradas pela


Ré/genitora, na tentativa de afastar o menor do convívio com o Autor/genitor,
devendo ser impedidas tais atitudes, razão pela qual se faz necessária a
propositura da presente demanda, requerendo-se o total provimento dos
pedidos de mérito.

2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

a) DA PRÁTICA DE ALIENAÇÃO PARENTAL

O Art. 2º da Lei 12.318/10 estabelece que:

“Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na


formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a
criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento
ou à manutenção de vínculos com este. 
Parágrafo único.  São formas exemplificativas de alienação parental,
além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia,
praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:  

I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no


exercício da paternidade ou maternidade;

II - dificultar o exercício da autoridade parental;

III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;

IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência


familiar; (...)”

Todas as evidências demonstradas nessa exordial comprovam


claramente a campanha da Ré em desqualificar o Autor, dificultando o contato
entre pai e filho e o exercício da autoridade parental e da convivência.

A conduta de criar artifícios para convencer o filho a não conviver


com seu genitor, ofertando festas e viagens para o menor justamente no fim de
semana que corresponderia ao direito de visitação do genitor, demonstra
claramente a ocorrência de alienação por parte da Ré.

No mesmo sentido é o fato de permitir que seu novo companheiro


promova campanhas de desqualificação do genitor ao menor, proferindo
ofensas e induzindo o menor a criar uma visão distorcida do seu pai.

Tais situações, além de abalar psicologicamente o Autor, abalam


psicologicamente o filho das partes, que, com apenas ___ anos de idade,
necessita optar entre festas/viagens ou o convívio com seu pai, bem como
cresce em um ambiente hostil e que distorce a imagem do seu genitor.

Nesse sentido, o Art. 3º da Lei 12.318/10 é esclarecedor ao


prescrever que:
“Art. 3o  A prática de ato de alienação parental fere direito
fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar
saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e
com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o
adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade
parental ou decorrentes de tutela ou guarda.”

Ainda sobre o assunto: o Art. 17 do Estatuto da Criança e do


Adolescente dispõe que:

“Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da


integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,
dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.”

Nessa exordial há provas inequívocas de que a Ré está violando a


integridade psíquica de seu filho colocando-o constantemente contra a o seu
pai, não cumprindo com os dias acordados de convivência para que o genitor
possa buscar o filho, descumprindo com a sua obrigação de zelar pelo bem-
estar físico e psíquico de seu filho.

Nossos tribunais também são assertivos ao estabelecer que:

“APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. INOVAÇÃO


RECURSAL. JUNTADA DE DOCUMENTOS APÓS RECURSO.
IMPOSSIBILIDADE. GUARDA COMPARTILHADA. GENITOR
FALECIDO. GENITORA E PARENTES PATERNOS.
EXCEPCIONALIDADE. ALIENAÇÃO PARENTAL. INEXISTÊNCIA.
FALTA DE CUIDADO MATERNO. NÃO COMPROVADO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ARBITRADOS. RAZOABILIDADE.
1. Sob pena de supressão de instância não se admite a formulação
de novos pedidos em apelação. 2. Não se admite a dilação
probatória, com juntada de documentos após a apelação, sem prova
de se tratar de fato superveniente, justo motivo para apresentação
tardia ou força maior. 3. É válido o relatório psicossocial decorrente
de estudo técnico realizado por equipe multiprofissional habilitada e
competente para a função exercida, por meio de atendimentos às
partes, visita domiciliar à residência do menor, além de contatos com
os Conselhos Tutelares que realizaram atendimento à família
envolvida. 4. Questões envolvendo crianças e adolescentes devem
observar o melhor interesse destes e não daqueles que disputam
seu convívio. 5. O compartilhamento de guarda resulta na
responsabilização conjunta e no exercício de direitos e deveres por
ambos os guardiães (art. 1.583, § 1º, Código Civil), de modo que a
ausência de conflito e a manutenção de comunicação pacífica entre
os corresponsáveis é essencial para garantir o bem estar da criança
ou do adolescente submetido a tal regime. 6. A guarda dos menores
por parentes diversos dos genitores é recomendável somente na
ausência destes ou, excepcionalmente, se verificado a
impossibilidade do exercício da guarda pelo pai ou pela mãe. 7. O
ato de alienação parental é definido no artigo 2º da Lei 12.318/10
como a interferência na formação psicológica da criança ou do
adolescente para que repudie um dos genitores ou que cause
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
8. Quando o valor da causa é irrisório, os honorários advocatícios
devem ser fixados por apreciação equitativa, observando-se o grau
de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e
a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o
tempo exigido para o seu serviço. 9. Recurso parcialmente
conhecido e não provido. (TJ-DF 07016096920188070003 - Segredo
de Justiça 0701609-69.2018.8.07.0003, Relator: ANA CANTARINO,
Data de Julgamento: 29/01/2020, 5ª Turma Cível, Data de
Publicação: Publicado no PJe : 07/02/2020 . Pág.: Sem Página
Cadastrada.)”
“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE GUARDA
AJUIZADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. IMPEDIMENTO
INJUSTIFICADO CRIADO À CONVIVÊNCIA PATERNO-FILIAL.
ALIENAÇÃO PARENTAL POR PARTE DA GUARDIÃ
COMPROVADA. CONDENAÇÃO À MEDIDA DE ADVERTÊNCIA E
DE ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO. MANUTENÇÃO. 1.
Apesar da negativa da guardiã, o conjunto probatório carreado ao
feito revela que com seu comportamento contribuiu
significativamente para o distanciamento paterno-filial, sem se
preocupar com o comprometimento que esta situação acarreta ao
saudável desenvolvimento do menino, que, sem justo motivo,
passou a recusar a realização das visitas paternas. 2. Manutenção
da sentença que, diante da prática de alienação parental, aplicou à
guardiã medida de advertência, no sentido da não imposição de
óbice ao convívio paterno-filial, sob pena de ampliação das medidas,
e de realização de acompanhamento psicológico (da guardiã e do
filho), de modo a viabilizar o restabelecimento dos vínculos afetivos
saudáveis. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº
70074248667, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 28/09/2017). (TJ-RS
- AC: 70074248667 RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Data de
Julgamento: 28/09/2017, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação:
Diário da Justiça do dia 04/10/2017)”

“APELAÇÃO CÍVEL. ALTERAÇÃO DE GUARDA. GUARDA


EXERCIDA PELO GENITOR. ALIENAÇÃO PARENTAL
COMPROVADA. GENITORA QUE DETÉM PLENAS CONDIÇÕES
DE DESEMPENHÁ-LA. Inexistindo nos autos qualquer evidência de
que a genitora não esteja habilitada a exercer satisfatoriamente a
guarda dos filhos, e tendo a prova técnica comprovado que estes
estão sendo vítimas de alienação parental por parte do genitor-
guardião, que, no curso do processo não demonstrou o mínimo de
comprometimento no fortalecimento do convívio materno-filial,
imperiosa a alteração da guarda. APELAÇÃO DESPROVIDA.
(Apelação.TJ-RS - AC: 70046988960 RS, Relator: Ricardo Moreira
Lins Pastl, Data de Julgamento: 24/05/2012, Oitava Câmara Cível,
Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 29/05/2012)”

Inclusive para a comprovação da alienação parental, o Art. 5º da Lei


13.218 preceitua que:

“Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em


ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará
perícia psicológica ou biopsicossocial. 

§ 1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou


biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive,
entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos,
histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de
incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da
forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de
eventual acusação contra genitor. 

§ 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe


multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão
comprovada por histórico profissional ou acadêmico para
diagnosticar atos de alienação parental.  

§ 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a


ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias
para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por
autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada.”
Desse modo, o Autor requer desde já que esse Juízo determine a
realização de perícia psicológica ou biopsicossocial, nos termos doaArt. 5º
supramencionado, reconheça e declare a alienação parental praticada pela Ré
em relação ao filho das Partes e determine a aplicação de advertência e multa
à Ré, bem como o acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial para que
essa se abstenha de voltar a praticar tais condutas perante seu filho, conforme
preceitua o art. 6º, incisos I, III e IV a seguir:

“Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou


qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou
adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz
poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente
responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de
instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos,
segundo a gravidade do caso: 

I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;  

II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor


alienado; 

III - estipular multa ao alienador; 

IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;  

V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou


sua inversão; 

VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou


adolescente; 

VII - declarar a suspensão da autoridade parental.”


Tais medidas requeridas visam restabelecer a saúde mental do filho
das Partes e a convivência harmoniosa familiar para o bom desenvolvimento
da criança como uma medida de justiça.

b) DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTE DA


PRÁTICA DE ALIENAÇÃO PARENTAL

Restou demonstrado nos fatos os danos extrapatrimoniais que


devem ser indenizados pela Ré, uma vez que as práticas de descumprimento
do poder familiar e do acordo judicial homologado causaram imenso abalo
moral ao Autor.

No caso em apreço, nota-se que a Ré se aproveita da situação de


guardiã do menor e pratica condutas para afastar o convívio entre pai e filho.

Como já discorrido amplamente, a Ré cria diversas situações para


convencer o filho a não conviver com seu genitor, além de permitir que seu
novo companheiro promova campanhas de desqualificação do genitor ao
menor, proferindo ofensas e fazendo com que o menor cresça com uma visão
errônea de seu genitor, sem que a genitora/Ré interfira para impedir tais
condutas.

Em decorrência de tais atitudes, o Autor chegou a passar meses


sem poder conviver com seu filho e, quando consegue, observa-se o menor
ansioso para voltar para a residência da genitora, justamente porque essa lhe
teria prometido alguma festa, viagem ou presente, em todos os fins de semana
que seriam predeterminados para a realização da convivência por parte do
Autor.

Por dano moral entende-se o dano que atinge os atributos da


personalidade, como imagem, bom nome, a qualidade ou condição de ser de
uma pessoa, a intimidade e a privacidade. Tem natureza compensatória e não
ressarcitória. Para o dano patrimonial há a reparação, para o dano à
personalidade, há o regime de compensação.

Para Stoco (2011), os direitos da personalidade são direitos


fundamentais com origens e raízes constitucionais. São, portanto, direitos do
homem, competindo ao Estado o dever de defendê-los. Os direitos da
personalidade são aqueles sem os quais todos os outros direitos subjetivos
perderiam o interesse. Nesse sentido, também afirmam Arnoldo Wald e Bruno
Pandori Giancoli (2012) que os direitos à honra, ao nome, à intimidade, à
privacidade e à liberdade estão englobados no direito à dignidade, esta que é a
base de todos os valores.

Para Venosa (2012), o direito ao dano moral reside no fato de que


ninguém deve prejudicar o próximo (neminem laedere). E, continua o
doutrinador sustentando que o conceito de culpa é alargado, não mais se
amoldando à trilogia imprudência, negligência e imperícia. O vasto campo da
responsabilidade extranegocial transita na esfera da culpa implícita ou
evidente.

Para Yussef Sair Cahali (2011a), em “Dano Moral”, tanto no dano


patrimonial quanto no extrapatrimonial, é permanente o caráter sancionatório e
aflitivo, portanto, não há distinção ontológica substancial, quando muito em
grau. Gisela Sampaio da Cruz Guedes (2011), por sua vez, esclarece que o
dano moral no Brasil é utilizado como “válvula de escape”, sempre que o
julgador resolve fazer certos ajustes de conta, para não deixar a vítima sem
reparação.

O Código Civil, por sua vez, estabelece a responsabilidade pela


prática de atos ilícitos causadores de danos morais nos artigos 186 e 927, aqui
transcritos:
“Art. 186 – aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

“Art. 927 – aquele que por ato ilícito causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.”

Ademais, a Constituição Federal de 1.988, no artigo 5º, incisos V e


X, prevê a proteção ao patrimônio moral, in verbis:

“V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenização por dano material, moral ou à imagem”;

(…) X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação.”

Assim, perfeitamente cabível à espécie a aplicação dos arts. 186 e


927, do Código Civil Brasileiro, que asseguram o direito à reparação moral.

Aliás, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que o


descumprimento dos deveres do poder familiar e decorrentes da guarda,
como no caso dos autos, é causa de infração administrativa. In verbis:

Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes


ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim
determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar

A jurisprudência ampara a pretensão do Autor, entendendo ser


indenizável as práticas de alienação parental suportadas pelo outro genitor.
Vejamos:

E M E N T A – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS – ALIENAÇÃO PARENTAL PRATICADA PELO
PAI EM RELAÇÃO À GENITORA – PRESCRIÇÃO AFASTADA –
MATÉRIA PRECLUSA – EX-MARIDO QUE REALIZOU VÁRIOS
BOLETINS DE OCORRÊNCIA SEM FUNDAMENTAÇÃO CONTRA
A GENITORA – PROVAS CONTUNDENTES NOS AUTOS –
DANOS CAUSADOS À GENITORA E À FILHA – QUANTUM
INDENIZATÓRIO – FIXADO EM R$ 50.000,00 (CINQUENTA MIL
REAIS) – INVERSÃO DOS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA – APELO
PROVIDO. A prescrição foi matéria objeto de decisão saneadora nos
autos do processo, contra a qual não houve interposição de recurso
por nenhuma das partes, de modo que se operou a preclusão
consumativa quanto a tal ponto, não cabendo mais ao magistrado
pronunciar-se quanto ao tema em nenhum grau de jurisdição, sob
pena de ferir-se o princípio da segurança jurídica. Verificada a
prática de atos de alienação parental pelo apelado, os quais geraram
prejuízos de grande monta a filha e danos morais à sua genitora,
verificam-se os danos morais. In casu, tem-se que R$ 50.000,00
constitui "quantum" capaz de compensar os efeitos do prejuízo moral
sofrido, bem como de inibir que o requerido torne-se reincidente,
atendendo aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
Prescrição afastada. Recurso provido. (TJ-MS - AC:
08272991820148120001 MS 0827299-18.2014.8.12.0001, Relator:
Des. João Maria Lós, Data de Julgamento: 03/04/2018, 1ª Câmara
Cível, Data de Publicação: 05/04/2018)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ALIENAÇÃO


PARENTAL. DANOS MORAIS. Merece mantida a sentença que
determina o pagamento de indenização por danos morais da
apelante em relação ao autor, comprovada a prática de alienação
parental. Manutenção do quantum indenizatório, uma vez que fixado
em respeito aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade.
Apelação cível desprovida. (Apelação Cível Nº 70073665267, Oitava
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís
Dall'Agnol, Julgado em 20/07/2017).

Sendo assim, inquestionável o dever de indenizar o Autor, tendo em


a situação já narrada, que merece ser imputada a responsabilidade à Ré.

b.1) DO QUANTUM INDENIZATÓRIO 

Uma vez reconhecida a existência do dano moral, e o consequente


direito à indenização dele decorrente, necessário se faz analisar o aspecto do
quantum pecuniário a ser considerado e fixado, não só para efeitos de
reparação do prejuízo, mas também sob o cunho de caráter punitivo ou
sancionaria, preventivo, repressor.

 E essa indenização que se pretende em decorrência dos danos


morais, há de ser arbitrada, mediante estimativa prudente, que possa em
parte, compensar o "dano moral" da parte Autora.

No tocante ao quantum indenizatório, entendo que ao quantificar a


indenização por dano moral o julgador deve atuar com razoabilidade,
observando o caráter indenizatório e sancionatório de modo a compensar o
abalo suportado, sem caracterizar enriquecimento ilícito. Ou seja, “... a
indenização a esse título deve ser fixada em termos razoáveis, não se
justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento indevido,
com manifestos abusos e exageros, devendo o arbitramento operar com
moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das
partes, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela
jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom
senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso.” (REsp
245727/SE, Rel. Ministro  SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, 4ª Turma, DJ
05/06/2000 p. 174).
No caso, levando-se em conta as práticas efetivadas pela Ré, bem
como a necessidade de tentar reparar o dano causado ao Autor, além de dever
ser um valor que leve em é de rigor que a verba indenizatória seja de, no
mínimo, R$ 30.000,00 (trinta mil reais), ou em valor justo e condizente a ser
arbitrado por este magistrado.

c) DA NECESSÁRIA MODIFICAÇÃO DA GUARDA PARA A


FORMA COMPARTILHADA E DA CONVIVÊNCIA

Sem dúvidas, o melhor interesse da criança deve ser priorizado (art.


226 da CF) e a convivência simultânea com ambos os genitores irá insculpir no
menor o sentimento de união e de solidariedade familiar indispensável à
formação e ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e social de qualquer
cidadão. 

Assim, de acordo com esses valores, a nova lei da Guarda


Compartilhada, de nº 13.058, em vigor desde 23/12/14, que alterou o Código
Civil, houve por bem regulamentar a divisão de responsabilidades, a decisão
conjunta, o tempo de convivência de cada um dos pais, garantindo, assim, o
melhor para seus filhos.

A Lei 13.058/2014 estabelece que, por regra, a guarda deve ser


compartilhada. Dessa forma pede-se que seja deferido o pedido para que a
guarda passe a ser exercida de compartilhada, tendo em vista que o
requerente tem a possibilidade de exercê-la.

Preceitua o artigo 1.584, inciso II e § 2º, do Código Civil:

Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:

II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do


filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio
deste com o pai e com a mãe.
§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à
guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer
o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um
dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do
menor.

No presente caso, o requerente tem plena capacidade de exercer o


poder familiar, assim o deseja e tem possibilidade de flexibilizar sua rotina para
que o convívio com seu filho se dê de forma equilibrada e igualitária em relação
à genitora.

Verifica-se que o sistema de guarda unilateral não vem dando conta


da relação entre as partes, diante de toda a narrativa acima apresentada,
urgindo a modificação para fins de atender às necessidades entre pais e filho.

Considerando que a Ré vem impondo dificuldades para o exercício


da convivência por parte do genitor, bem como para exercer a sua autoridade
familiar, a modificação do regime de guarda é medida que se impõe, para que
seja oportunizado ao Autor a ampla atuação na vida e nas escolhas do menor.

Compreende o requerente que a guarda compartilhada é um sistema


de corresponsabilidade dos pais no exercício do dever parental em caso de
dissolução da sociedade matrimonial ou do companheirismo, devendo,
portanto, haver cooperação entre os pais visando o melhor desenvolvimento da
criança, sendo certo que assim já age, porém, tem encontrado alguns
obstáculos para efetivá-la.

É, também, por tais obstáculos que pretende a guarda


compartilhada, uma vez que esta define os dois genitores, do ponto de vista
legal, como iguais detentores da autoridade parental para tomar todas as
decisões que afetem os filhos.
A aplicação de referido instituto reforça os laços familiares por meio
do esforço conjunto na criação e educação da menor, mantendo a necessária
referência materna e paterna, além de reduzir as possibilidades de alienação
parental, sendo certo que, por tais motivos, a guarda compartilhada protege o
melhor interesse da criança como vêm decidindo o Superior Tribunal de
Justiça.

Como consequência do estabelecimento da guarda


compartilhada, pretende o requerente que a convivência com o menor
ocorra de forma igualitária, mediante o revezamento semanal de lares, nos
termos do art. 1.583, § 2º, do Código Civil, que determina o seguinte:

Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.

§ 2o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos


deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai,
sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos
filhos:

Quanto ao tema, leciona Conrado Paulino da Rosa: “Imperioso


ressaltar, nessa esteira, que guarda e convivência são institutos distintos.
Embora comumente confundidos, o primeiro diz respeito ao modo de gestão
dos interesses da prole – que pode ser de forma conjunta ou unilateral – e o
segundo, anteriormente tratado como direito de visitas, versa sobre o período
de convivência que cada genitor terá com os filhos, sendo necessária a sua
fixação em qualquer modalidade de guarda”.

O requerente tem plena ciência quanto à necessidade de


cooperação e corresponsabilidade de ambos os pais, não implicando o tempo
de convivência que pretende - no qual há período exclusivo de poder parental
sobre a menor por tempo preestabelecido - em guarda alternada.
Quanto ao parâmetro a ser adotado em relação à convivência, é
entendimento pacífico no Superior Tribunal de Justiça que esta deve se dar de
forma conjunta.

Nas palavras da Ministra Nancy Andrighi: “A custódia física conjunta


é o ideal a ser buscado na fixação da guarda compartilhada, porque sua
implementação quebra a monoparentalidade na criação dos filhos, fato
corriqueiro na guarda unilateral, que é substituída pela implementação de
condições propícias à continuidade da existência de fontes bifrontais de
exercício do Poder Familiar”.

No mesmo sentido:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO


CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. GUARDA
COMPARTILHADA. CONSENSO. NECESSIDADE. ALTERNÂNCIA
DE RESIDÊNCIA DO MENOR. POSSIBILIDADE.

1. A guarda compartilhada busca a plena proteção do melhor


interesse dos filhos, pois reflete, com muito mais acuidade, a
realidade da organização social atual que caminha para o fim das
rígidas divisões de papéis sociais definidas pelo gênero dos pais.

2. A guarda compartilhada é o ideal a ser buscado no exercício do


Poder Familiar entre pais separados, mesmo que demandem deles
reestruturações, concessões e adequações diversas, para que seus
filhos possam usufruir, durante sua formação, do ideal psicológico de
duplo referencial.

3. Apesar de a separação ou do divórcio usualmente coincidirem


com o ápice do distanciamento do antigo casal e com a maior
evidenciação das diferenças existentes, o melhor interesse do
menor, ainda assim, dita a aplicação da guarda compartilhada como
regra, mesmo na hipótese de ausência de consenso.

4. A inviabilidade da guarda compartilhada, por ausência de


consenso, faria prevalecer o exercício de uma potestade inexistente
por um dos pais. E diz-se inexistente, porque contrária ao escopo do
Poder Familiar que existe para a proteção da prole.

5. A imposição judicial das atribuições de cada um dos pais, e o


período de convivência da criança sob guarda compartilhada,
quando não houver consenso, é medida extrema, porém necessária
à implementação dessa nova visão, para que não se faça do texto
legal, letra morta.

6. A guarda compartilhada deve ser tida como regra, e a custódia


física conjunta - sempre que possível - como sua efetiva expressão.

7. Recurso especial provido.

(STJ - REsp: 1428596 RS 2013/0376172-9, Relator: Ministra


NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 03/06/2014, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 25/06/2014) (g. N.).

Desta forma, tanto a aplicação da guarda compartilhada quanto o


período de convivência que pretende o requerente encontram respaldo na lei,
jurisprudência e doutrina.

Requer-se então que a guarda compartilhada seja exercida da


seguinte maneira (para atender o interesse da criança e também
beneficiar o menor de forma igualitária):

SUGESTÃO DE VISITAS
- Que o Requerente retire o menor na sexta-feira às 18h e devolva
no domingo às 18h, para que assim não somente o requerente mas também a
requerida possam usufruir de parte do final de semana com o menor.

- Nos feriados prolongados o menor ficará com o genitor que


corresponde a visita do respectivo final de semana. 

- No período de férias escolares, o menor ficará sob a guarda e


cuidados do pai na primeira metade do período, e sob a guarda e cuidados da
mãe na segunda metade do período. 

- Nas festas de final de ano, o menor passará o “Natal” com o pai e o


Ano Novo com a mãe nos anos ímpares, invertendo-se nos anos pares,
retirando a menor nas vésperas das datas festivas. 

- No Dia das Crianças, o menor passará este dia com o pai nos anos
ímpares e com a mãe nos anos pares. 

- Na Páscoa, o menor passará o dia com a mãe nos anos ímpares e


com o pai nos anos pares. 

- No dia das mães e no aniversário desta, o menor passará com a


mãe;

- No dia dos pais e no aniversário deste, o menor passara com o pai.

- No aniversário do menor, este passará com a genitora nos anos


ímpares e com o pai nos anos pares. 

Assim sendo, evidente que o convívio com o menor se dará de


forma balanceada, equilibrada e sadia, estando delineadas as intercalações de
lares em datas respectivas, para melhor interesse da criança e harmonia entre
os genitores.
d) DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

A parte autora é pessoa pobre na acepção do termo e não possui


condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios sem prejuízo do próprio sustento, razão pela qual desde já requer
o benefício da Gratuidade de Justiça, assegurados pela Lei nº 1.060/50 e
consoante o art. 98, caput, do CPC/2015, verbis:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.

Mister frisar, ainda, que, em conformidade com o art. 99, § 1º, do


CPC, o pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado por petição simples
e durante o curso do processo, tendo em vista a possibilidade de se requerer
em qualquer tempo e grau de jurisdição os benefícios da justiça gratuita, ante a
alteração do status econômico.

Para tal benefício, a parte autora junta declaração de


hipossuficiência e comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade
de pagamento das custas judicias sem comprometer sua subsistência,
conforme clara redação do Código de Processo Civil de 2015:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro
no processo ou em recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância,


o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do
próprio processo, e não suspenderá seu curso.
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos
elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a
concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência


deduzida exclusivamente por pessoa natural.

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz
jus a parte autora ao benefício da gratuidade de justiça:

PROCESSUAL CIVIL. JUSTIÇA GRATUITA. IMPOSTO DE RENDA.


FAIXAS DE RENDIMENTOS. CRITÉRIO ABSTRATO.
INADMISSIBILIDADE. 1. É assente na jurisprudência do STJ que
a simples declaração de hipossuficiência da pessoa natural,
ainda que dotada de presunção iuris tantum, é suficiente ao
deferimento do pedido de gratuidade de justiça quando não
ilidida por outros elementos dos autos. 2. Esta Corte Superior
rechaça a adoção única de critérios abstratos, como a faixa de
isenção do imposto de renda, uma vez que eles não representam
fundadas razões para denegação da justiça gratuita. 3. Agravo
interno desprovido. (STJ - AgInt no REsp: 1372128 SC
2013/0060984-2, Relator: Ministro GURGEL DE FARIA, Data de
Julgamento: 12/12/2017, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 26/02/2018)

A assistência de advogado particular não pode ser parâmetro ao


indeferimento do pedido, conforme entendimento jurisprudencial calcado no §
4º do art. 99 do CPC:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE GRATUIDADE DE


JUSTIÇA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. HIPOSSUFICIÊNCIA.
COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE FINANCEIRA. REQUISITOS
PRESENTES. 1. Incumbe ao Magistrado aferir os elementos do
caso concreto para conceder o benefício da gratuidade de justiça
aos cidadãos que dele efetivamente necessitem para acessar o
Poder Judiciário, observada a presunção relativa da declaração de
hipossuficiência. 2. Segundo o § 4º do art. 99 do CPC, não há
impedimento para a concessão do benefício de gratuidade de
Justiça o fato de as partes estarem sob a assistência de
advogado particular. 3. O pagamento inicial de valor relevante,
relativo ao contrato de compra e venda objeto da demanda, não é,
por si só, suficiente para comprovar que a parte possua
remuneração elevada ou situação financeira abastada. 4. No caso
dos autos, extrai-se que há dados capazes de demonstrar que o
Agravante, não dispõe, no momento, de condições de arcar com as
despesas do processo sem desfalcar a sua própria subsistência. 4.
Recurso conhecido e provido. (TJ-DF 07139888520178070000 DF
0713988-85.2017.8.07.0000, Relator: GISLENE PINHEIRO, 7ª
Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 29/01/2018)

Assim, considerando a demonstração inequívoca da necessidade da


parte autora, tem-se por comprovada sua necessidade, fazendo jus ao
benefício.

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do


requerente, sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas,
despesas processuais e honorários advocatícios" (art. 98, CPC/15), conforme
destaca a doutrina:

"Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem


tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos. É
possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda mensal,
seja merecedora do benefício, e que também o seja aquela sujeito
que é proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A
gratuidade judiciária é um dos mecanismos de viabilização do
acesso à justiça; não se pode exigir que, para ter acesso à
justiça, o sujeito tenha que comprometer significativamente sua
renda, ou tenha que se desfazer de seus bens, liquidando-os
para angariar recursos e custear o processo." (DIDIER JR.
Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça
Gratuita. 6ª ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV, da Constituição


Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça à
parte autora.

e) DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (CPC, art. 319, inc. VII)

Manifesta-se a parte autora sobre seu interesse na realização de


audiência de conciliação ou mediação, nos termos do art. 319, VII do CPC.

3. DA NECESSÁRIA CONCESSÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA

Diante de provas suficientes a comprovar os requisitos para a


modificação e a determinação do cumprimento da convivência, requer o seu
deferimento, nos termos do art. 300 do CPC, in verbis:

"a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que


evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo."

No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados,


vejamos:

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta caracterizada diante da


demonstração inequívoca de que o genitor vem sendo cerceado no seu direito
de convivência com seu filho, uma vez que a genitora vem obstaculizando o
exercício das visitas, impedindo que sejam cumpridas as visitas na forma
acordada e homologada judicialmente.

Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pela necessidade de


convívio entre pai e filho, sendo que eventual indeferimento da medida neste
momento poderá implicar em ainda maior abalo psicológico nas partes,
principalmente no filho, que vem sendo induzido a criar uma percepção
distorcida de seu genitor pelas atitudes da Ré e seu esposo.

Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para


aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

"Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em


obrigar o autor a esperar o tempo necessário à produção da provas
dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos, uma vez que o
autor já se desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à
prova dos fatos, cuja prova incumbe ao réu certamente o beneficia."
(MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de Urgência e Tutela da
Evidência. Editora RT, 2017. p.284)

A medida ora requerida é plenamente reversível após oitiva da parte


contrária, sendo que permanecer como se encontra no momento, poderá
causar prejuízos psicológicos inimagináveis.

Portanto, requer, em sede de urgência, que as visitas sejam


deferidas como requerido no corpo da petição, de forma antecipada, sob
pena de multa diária a ser fixada.

4. DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer a Vossa Excelência:


a) seja concedida TUTELA DE URGÊNCIA, para o fim de que que
as visitas sejam deferidas como requerido no corpo da
petição, de forma antecipada, o que deve ser reconhecido por
este juízo, tendo em vista, principalmente, os documentos anexos
que comprovam a verossimilhança dos fatos declinados nesta
peça processual, bem como o perigo de dano, preenchendo os
requisitos necessários para a concessão desta, sob pena de
multa diária a ser fixada;
b) seja a ré citada para que, querendo, conteste a presente ação no
momento processual oportuno, sob pena de revelia e confissão;

c) a produção de todos os meios de prova em direito admitidos,


notadamente a prova documental, pericial, testemunhal e
depoimento pessoal da ré;

d) a total procedência da presente ação, para:

i. Determinar a realização de perícia psicológica ou


biopsicossocial, nos termos do art. 5º da Lei nº 13.218, por
meio de perito judicial a ser designado;

ii. Declarar a alienação parental praticada pela Ré em relação


ao Autor, com aplicação das penalidades cabíveis, tais
como multa;

iii. Determinar a aplicação de advertência e multa à Ré, bem


como o acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial
para que a Ré se abstenha de voltar a praticar tais
condutas perante seu filho com relação ao Autor;

iv. Regulamentar a guarda de forma compartilhada entre as


partes, acolhendo-se a sugestão de visitas estabelecidas
no mérito;
v. Condenar a Ré ao pagamento de uma indenização por
danos morais, decorrente da prática de alienação parental,
no valor de, no mínimo, R$ 30.000,00 (trinta mil reais), ou
em valor justo e condizente com o caso concreto a ser
arbitrado por Vossa Excelência, corrigidos monetariamente
e acrescidos de juros legais nos termos da Súmula 43 e 54
do Superior Tribunal de Justiça;

vi. Confirmar a antecipação de tutela;

e) a condenação da ré ao pagamento das custas e demais despesas


processuais, inclusive em honorários advocatícios sucumbenciais,
que deverão ser arbitrados por este Juízo, conforme norma do
artigo 85 do CPC;

f) a concessão do benefício da justiça gratuita, por ser a parte


autora pessoa sem condições de arcar com as custas, honorários
advocatícios e demais despesas processuais, sem prejuízo ao
sustento próprio e de sua família, consoante declaração anexa;

g) manifesta-se a parte autora sobre seu interesse na realização de


audiência de conciliação ou mediação, nos termos do art. 319,
inc. VII, do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), para fins fiscais.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

(cidade), (data).
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OAB/______

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