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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA


DE TERESÓPOLIS/RJ.

Processo nº 2004.061.005996-5

“NUNCA PERCA
FÉ NA HUMANIDADE, POIS ELA É COMO UM OCEANO. SÓ
PORQUE EXISTEM ALGUMAS GOTAS DE ÁGUA SUJA NELE,
NÃO QUER DIZER QUE ELE ESTEJA SUJO POR COMPLETO.”

(Mahatma Ghandi)

KARINE EJJE BARBOSA, brasileira,


estudante, menor impúbere, neste ato representada por sua genitora
NAJLA EJJE BARBOSA, brasileira, casada, comerciante, portadora da
carteira de identidade r.g. n° 05898554-0/IFP, ambas residentes e
domiciliadas na Rua Prefeito Sebastião Teixeira, n° 457, apt° 202,
Várzea, Teresópolis, nos autos da AÇÃO DE OFERECIMENTO DE
ALIMENTOS proposta por FERNANDO LUIZ DA FRAGA BARBOSA, vem,
perante a V.Exa., por seus advogados que a esta subscrevem,
apresentar sua

CONTESTAÇÃO

constante dos seguintes termos:


Inicialmente, em seu pedido, o Autor
alega mentirosamente que a representante legal da Ré “encontra-se em
excelente condição financeira já que é proprietária de diversas lojas de
roupas na cidade”, e que também se encontra residindo com outra
pessoa.

Tais assertivas MM. Juiz atingem as


raias do absurdo, eis que a mesma somente possui uma loja comercial e
desde que se separou do Autor não vive em companhia de nenhum
homem, muito pelo contrário, vive somente para o trabalho e suas
filhas, não podendo, de forma alguma, aceitar essas afirmações
falaciosas de sua parte, eis que o Autor sim, desde que deixou o lar
conjugal possui outros relacionamentos, tentando agora enlamear o
nome de sua ex-esposa que se mostrou ser uma mulher digna, fato que
é do conhecimento da sociedade teresopolitana.

Mente também o Autor quando diz que é


comerciante de menor porte que a representante legal da Ré. Conforme
será provado posteriormente, a renda mensal do Autor é infinitamente
superior a da sua ex-esposa.

Com relação ao oferecimento do Autor


em fixar a pensão alimentícia para a Ré, sua filha menor, em dois
salários mínimos mensais, tal proposta, além de ridícula, é um
disparate, isto porque a Ré jamais conseguiria meios para sua
subsistência normal caso fosse fixado esse valor, tendo em vista o
padrão de vida a que está acostumada, apesar de contar também com o
auxílio de sua genitora.

Para Silvio Rodrigues, “Alimentos, em


direito, denomina-se a prestação fornecida a uma pessoa, em
dinheiro ou espécie, para que possa atender às necessidades da
vida. A palavra tem conotação muito mais ampla do que na
linguagem vulgar, em que significa o necessário para o sustento.
Aqui se trata não só do sustento, como também do vestuário,
habitação, assistência médica em caso de doença, enfim de todo o
necessário para atender às necessidades da vida; e, em se
tratando de criança, abrange o que for preciso para sua
instrução.” (Direito Civil – Saraiva – vol. VI, pág. 380).

É certo que para a fixação do “quantum


debeatur”, além da equação necessidade do alimentado e a possibilidade
do alimentante, figurarão também os princípios de proporcionalidade e
razoabilidade, que sempre estiveram presentes entre nós e continuarão
existindo com a vigência do novo Código Civil, assim, é que os alimentos
deverão ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos
recursos da pessoa obrigada. (Artigo 1694, § 1° do Código Civil).

No caso em tela, as despesas mensais


normais da menor, ora Ré, que habitualmente usufrui, são as seguintes:
01 – Colégio R$ 450,00
02 - Transporte escolar R$ 100,00
03 – Merenda escolar e lanches R$ 250,00
04 – Alimentação R$ 300,00
05 – Dentista R$ 50,00
06 – Curso de inglês R$ 100,00
07 – Aula de pintura e material R$ 220,00
08 – Estética (limpeza de pele, cabelo, unha e depilação R$ 130,00
09 – Clube social R$ 77,00
10 - Cartão de telefone R$ 80,00
11- Mesada (Diversões, passeios, etc) R$ 300,00
TOTAL..................................................................... R$ 2.057,00

Além dessas despesas mensais, existem


outras eventuais tais como:
- Uniforme (anual), roupas e sapatos (eventuais)........ R$
500,00
- Material escolar (anual)........................................... R$ 930,00
Dessa forma, a Ré não poderá jamais
sobreviver com o valor da pensão oferecida pelo Autor, porquanto, para
atender às suas necessidades primordiais, mister seja fixado um valor
muito superior ao oferecido na presente demanda. Aliás, esses dois
salários mínimos que o Autor tenta ofertar à Ré, demonstra a sua pouca
preocupação com o futuro de sua filha, tendo em vista que o mesmo
sempre soube quais eram as suas indispensabilidades, e tanto é
verdade, que até a importância referente aos dois salários mínimos que
o Autor se prontificou a depositar em prol da Ré quando do ajuizamento
da inicial, tal quantia não foi depositada, assim como as mensalidades
escolares não foram honradas pelo Autor.

A Jurisprudência é maciça nesse


sentido:

Ementa: A alegada impossibilidade do


alimentante é flagrantemente descabida, pois o percentual
de 30% para agasalhar o sustento da ex-mulher e três
filhos adolescentes é bastante razoável. Como o padrão
sócio-econômico do alimentante deve delinear o nível
de vida dos filhos, não merece reparo o valor
criteriosamente fixado em primeiro grau – Recurso
desprovido. (Agravo de instrumento n° 598.031292.
Sétima Câmara Cível/RS – Rel. Sergio Fernando de
Vasconcellos Chaves) (Grifos nossos).

Por derradeiro, merece destacar que a


condição financeira do Autor é sobejamente privilegiada, possuindo ele
um patrimônio capaz de suportar perfeitamente o ônus da pensão de
sua filha menor, de forma condizente com o seu alto padrão de vida,
possuindo uma firma comercial altamente rentável, vários imóveis,
carros, inclusive uma fazenda com criação de cavalos da raça
mangalarga, com despesas com tratador, veterinário, adestrador, ração,
etc., conforme faz prova com os documentos em anexo, esclarecendo a
Vossa Excelência que o Autor vem administrando sozinho o patrimônio
do casal, auferindo rendas com alugueres, etc., não prestando qualquer
tipo de contas para com a genitora da Ré, ao contrário desta, que
somente está a frente de um comércio, sendo atualmente ajudada por
seus pais para fazer frente às despesas da menor/Ré, situação essa que
gerará o ajuizamento de um outro processo.

Por derradeiro, protesta pela produção


de todos os meios de provas em direito admitidas, principalmente prova
testemunhal, documental e depoimento pessoal do Autor.

Diante do exposto, requer a


improcedência da presente ação, com a conseqüente fixação da pensão
alimentícia à Ré em patamar condizente com as suas necessidades, haja
vista a possibilidade econômica-financeira do Autor, bem como seja ele
condenado ao pagamento dos consectários da sucumbência, pois assim
procedendo estará mais uma vez sendo feita a sábia e costumeira

JUSTIÇA!

Termos em que,
P. Deferimento.

Teresópolis, 30 de novembro de 2004.

JORGE SPINELLI
OAB/RJ-75.362

IENSUNY MOUZINHO MORAIS


OAB/RJ 69.256

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