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AO JUÍZO DA ___VARA DA FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE

GUARULHOS, ESTADO DE SÃO PAULO

MISAEL TEIXEIRA DA SILVA, brasileiro, solteiro, cabeleireiro, inscrito no RG


sob o n° 8.300.950, e CPF sob o n° 124.344.554-84, contato telefônico (87) 9 8127-
2302, residente e domiciliado na Rua Barão de Lucena, S/Nº - Centro, Correntes –
PE, CEP 55315-000, não possui endereço eletrônico, assistido pelos advogados do
CRAS – Centro de Referência de Assistência Social, do município de Correntes-PE,
atuando na qualidade de defensoria pública, com sede na Av. Raimundo Camelo, n°
116, Centro, Correntes – PE, CEP 55315-000, onde recebe intimações, vêm,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, ajuizar:

AÇÃO DE GUARDA UNILATERAL E VISITAS C/C TUTELA DE URGÊNCIA

em face de YONALLY GABRIELI FERREIRA DE ARAUJO, brasileiro, solteira,


profissão desconhecida, RG e CPF desconhecidos, residente e domiciliada na Rua
Turvo, n° 154 - Jardim Ansalca, Guarulhos–SP (próximo ao Atacadista Pimentas), CEP
07241-130, contato telefônico (11) 9 7874-3628, e em favor de sua filha ANNY AYLLA
TEIXEIRA DE ARAUJO, nascida em 30 de janeiro de 2022, sob a guarda da mãe,
pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Inicialmente, cumpre destacar que a representante legal da requerente não


possui condições de arcar com os custos do processo sem prejuízo do seu sustento
e de sua família, conforme Declarações de Hipossuficiência e de Isenção do Imposto
de Renda Pessoa Física anexas, razão pela qual requer os benefícios da justiça
gratuita, na forma do art. 98 e 99 do Código de Processo Civil, e do inciso LXXIV do
artigo 5º da Constituição Federal.

II - DOS FATOS

1. O Requerente e a Requerida mantiveram um relacionamento amoroso do qual


adveio o nascimento da menor ANNY AYLLA TEIXEIRA DE ARAUJO,
atualmente com 1 ano e 9 meses de idade.
2. Atualmente a Requerida detém a guarda da menor, no entanto, não possui
condições alguma de assumir tal encargo por ser usuária de drogas e fazer a
ingestação de bebidas alcoólicas de maneira exacerbada, muitas vezes na
presença da menor.
3. Estes fatos podem ser comprovados por fotografias que a Demandada posta
em suas redes sociais (doc. anexo), e por um vídeo gravado pelo Requerido
em que genitora se encontra drogada e alcoolizada, colocando a menor em
situação risco, momento este que precisou, inclusive, de intervenção policial
(link anexo).
4. Insta salientar que, em razão das inúmeras denúncias feitas por populares e
pelo próprio Requerente, a Requerida era acompanhada pelo Conselho Tutelar
e pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) do
município de Correntes-PE, mas nunca apresentou evolução satisfatória de seu
quadro.
5. Recentemente, o Demandante teve conhecimento por terceiros de que a
Demandada se mudou com a menor para a cidade de Guarulhos-SP, sem lhe
avisar e, consequentemente, sem o seu consentimento.
6. O Requerente está em pleno gozo de suas capacidades física e mental, possui
endereço fixo e certo, exerce a profissão de cabeleireiro, apresentando,
portanto, plenas condições de assumir a guarda da filha, ofertando-lhe
alimentação, vestuário, escolarização e bem assisti-la em tudo o que for
necessário.
7. Portanto, por todo o exposto, pleiteia a este Digníssimo Juízo pela guarda
unilateral definitiva da menor, de modo a preservar a sua integridade física e
permitir que se desenvolva num ambiente familiar saudável.
III - DO DIREITO

III.I DA GUARDA UNILATERAL


O caput do artigo 227 da Constituição Federal é claro quando assegura à
criança e ao adolescente, com absoluta prioridade:

“o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à


profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

Verifica-se que o Estatuto da Criança e do Adolescente, através de seu artigo


7 e seguintes, abarcou o instituto constitucional acima o transformando em Direito
Fundamental da Criança e do Adolescente. Vejamos:

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde,


mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o
nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas
de existência.

A guarda da filha, quando o casal se encontra separado, como ocorre no caso


em questão, vem disciplinada pelos artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil, in verbis:

Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.


§ 1 - Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores
ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5º);
Art. 1584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:
I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em
ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou
em medida cautelar;
II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou
em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e
com a mãe. (destacou-se).

No presente caso, diante das condições que a mãe vive, colocando em risco a
vida da filha, além do descaso e por melhores condições de vida da menor que a
guarda deve ser entregue e reconhecida unilateralmente ao Requerente, como
comprovado pelos documentos anexos.
Sendo assim, em relação aos artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil, a guarda
unilateral será mantida quando houver a inaptidão de um dos pais – situação que
poderá ocorrer de inúmeras formas, que não passam, necessariamente, pela perda
do poder familiar.
É o princípio do melhor interesse da menor, que permeia toda e qualquer
relação envolvendo conflitos dessa natureza, sendo elevado à condição de
metaprincípio por possuir função preponderante na interpretação das leis, em
decorrência da natureza específica e vulnerável da menor.
Dessa forma, a motivação do ajuizamento desta ação consiste na negligência
da genitora em relação ao dever de assistência a menor e sua educação, bem como
seu comportamento que gera medo ao pai de acontecer algo que interfira na vida de
sua própria filha.
Data máxima vênia, acrescentamos que em nenhum momento é o propósito
desta ação atacar a imagem da Requerida, pelo contrário, expõe-se todos os motivos
que levaram o Requerente a pleitear a guarda de sua filha, demonstrando a
negligência de alguém que exerce o poder familiar e tem a guarda e o dever de
cuidado e assistência com a infante. O que não vem ocorrendo.
A REITERAÇÃO DESSA CONDUTA por parte da mãe, ora promovida, pode
gerar transtornos comportamentais e prejudicar em seu desenvolvimento
pessoal/interpessoal refletindo negativamente na vida adulta da menor.
Por último, ressalta-se que a menor, atualmente com 1 ano e 9 meses de idade,
não possui condições de continuar vivendo com a mãe, em razão do que tem
vivenciado convivendo com a Requerida, o que pode ser comprovado mediante prova
pericial do acompanhamento psicossocial (Conselho Tutelar) o que fica desde já
requerido pelo Requerente.

III.II - DA TUTELA DE URGÊNCIA

É indiscutível que há atos da vida civil, notadamente relacionados à vida dos


filhos menores, que demandam a atuação de ambos os genitores, contudo tendo em
vista o comportamento da Requerida, nota-se claro prejuízo aos interesses da filha.
Nesta linha, o art. 300, do CPC, informa que a tutela de urgência será concedida
quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo.
A probabilidade no direito encontra-se demonstrada ao longo da presente peça,
junto com os documentos comprobatórios em anexo, os quais demonstram a filiação
da menor, as fotos e vídeo anexos que demonstram que o convívio com a genitora
coloca a menor em situação de risco.
O perigo de dano é verificado pelas providências que o genitor precisa adotar,
relacionadas à vida civil DA MENOR, a fim de garantir-lhe seus devidos interesses,
bem como de preservar a integridade física e psicológica da infante.
Vê-se, pois, a presença do “periculum in mora” e “fumus boni iuris”, impondo-
se a concessão da guarda provisória ao Requerente.

III.III - DAS VISITAS

O Art. 1.589, do Código Civil, in verbis: “Art. 1.589. do O pai ou a mãe, em


cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia,
segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como
fiscalizar sua manutenção e educação.”.
Portanto, para fins de manter laços familiares entre a menor e sua genitora,
a Requerida poderá exercer livremente o seu direito de visitas presencialmente, por
ligações ou videochamadas, desde que haja prévio aviso ao Requerente, com o fim
de evitar futuros dissabores.

IV - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente exordial


para determinar:

a) A concessão dos benefícios da assistência judiciária, por ser hipossuficiente,


nos moldes da CF/88, art.5°, inciso LIV e arts.98 e 99 do CPC/15;
b) A intimação do ilustre representante do Ministério Público, com atribuições
perante este juízo, para atuar no feito na qualidade de custus legis;
c) A citação da Requerida para, querendo, contestar a presente demanda no
prazo legal, sob pena de revelia quanto a matéria de fato;
d) o processamento da ação sob segredo de justiça (cf. artigo 189, inciso II do
CPC/15);
e) Em caráter de tutela de urgência, a concessão liminar da guarda provisória da
menor, ANNY AYLLA TEIXEIRA DE ARAUJO, ao SR. MISAEL TEIXEIRA DA
SILVA, ora Requerente, regulamentando direito de visitas à Requerida na forma
exposta no item “IV – DAS VISITAS”;
f) Seja oficiado o Conselho Tutelar da cidade CORRENTES-PE, a fim de
apresentar todos os relatórios, conclusões, laudo psicossocial e demais
documentações pertinentes ao acompanhamento da Requerida;
g) Seja realizado estudo social do caso, pela equipe interprofissional deste Juízo;
h) No mérito, a procedência da presente ação, a fim de que seja concedida a
guarda unilateral definitiva da menor ao seu pai, ora Requerente, e
regulamentado direito de vistas à genitora;
i) A condenação da Requerida ao pagamento das custas processuais e
honorários sucumbenciais.

Protesta provar o alegado por meio de todas as provas em direito admitidas.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.320,00 (mil trezentos e vinte reais).

Termos em que,
Pede deferimento.
Correntes, 29 de novembro de 2023.

Amada de Azevedo Mélo


OAB/PE 50.881

Estagiário:
Romualdo Cardozo da Silva Júnior

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