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Em favor da criança, Ana Lauristerina, brasileira, filha do Sr. Osmário da
Cunha, e da Sra Fecundina Borges, respectivamente, ambos residentes e
domiciliados na Rua Sebastina Otoni, N 123, Bairro Disgrameira, Rio de Janeiro.
Em face de Fecundina Borges brasileira, desempregada, portadora do CPF n°
000.000.000-00 e de Osmario da Cunha, brasileiro, portador do CPF n°
000.000.000-00, ambos residentes e domiciliados na Rua Amazonas, n° 889, no
bairro São Geraldo, na cidade do Rio de Janeiro, conviventes em união estável;
pelas razões de fato e de direito que a seguir expõe:
1 - DOS FATOS
Os requeridos são genitores da menor, conforme mencionado.
Embora sejam seus responsáveis legais, nunca prestaram à devida assistência e
cuidado a filha.
De acordo com o boletim de ocorrência 000000000, registrado na data de 01 de
janeiro de 2022, a menor Ana Lauristerina, na madrugada, enquanto em sua casa
havia comemorações do passar do ano, por volta das 23:00 foi vítima de estupro.
No horário supracitado, o individuo que estava na festa que ocorria em sua
residência e de seus pais, sob extremo efeito de drogas, adentrou o quarto da
infante Ana Lauristerina, e iniciou a pratica do ato. Por volta das 23:20, o Sr.
Osmário da Cunha deslocou-se até o quarto, e também, sob efeito entorpecentes,
em comunhão de esforços com seu amigo, continuaram na pratica dos atos.
Transcorridos alguns minutos, a Genitora da infante, se deslocou até o quarto da
menor, para deitar-se, pois estava bêbeda e drogada, presencia as cenas de abuso
com sua filha e retorna para a sala,caindo em sono profundo perante o sofá.
Ao amanhecer, a senhora Maria Sebastiana Borges, como de costume, vai até a
casa dos genitores da menor para acordálos, porém vê que a cama onde Ana
Lauristerina se encontrava, estava com muitos resqícios de sangue e a menor
encontrava-se com alguns hematomas. Diante da cena, a avó paterna aciona a
políca de sua cidade, uma vez que eram recorrentes os maus tratos a menor.
Conforme boletim de ocorrência realizado, a menor foi vítima de estupro de
vulnerável, artigo 217 A CP.Releva notar os pais, Osmário da Cunha e Fecundina
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Borges não possuem condições de assumirem as responsabilidades que um menor
necessita e devido aos vários fatos relacionados a maus-tratos e negligencia serem
recorrentes, medidas precisam ser tomadas para que seja preservada a vida da
infante.
Diante dos crimes cometidos pelos genitores foi ajuizado na mesma data em que
foi registrado Boletim de Ocorrência, procedimento para aplicação de medidas de
proteção, autos n° 00000000, com base no ART. 101 INCISO IX e inciso V do ECA
em face dos avós paternos o Sr. Jacutincio e Sra. Maria, ficando emdiato com
aguarda provisóaria, como rege o art 33 do ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente)
Consta nos referidos autos, que, apesar das inúmeras intervenções do Conselho
Tutelar, CRAS, CREAS e do Ministério Público, CEDCA/RJ os genitores continuam
não aderindo às orientações propostas pela rede, afigurando-se nítida a negligência
por parte dos requeridos, as quais se eximem do seu dever de zelo, atenção e
cuidado.
Os relatórios confeccionados pelos órgãos assistenciais que
integram a rede de proteção (fls. 147, 151/152, 166, 180, 183, 184, 205, 208, 224)
dão contam de que os requeridos não aderem às propostas apresentadas e não
evoluem para sanar as condutas negligentes.
A falta de higiene com a moradia e com a criança é uma tônica familiar. O
cuidado com a higiene é tão precário que, em uma das visitas realizadas pelo
Conselho Tutelar, constatou-se que havia fezes dentro da moradia, que era
manipulada pela criança (fl. 147).
Além disso, os requeridos não dispensam à filha os cuidados devidos, como
alimentação e educação. Há relatos de que faltam a infante, alimentos básicos e que
os estabelecimentos de ensino recebem a criança suja sendo necessário dar-lhes
banho na escola.
Ademais, as atividades extraclasses são comprometidas, devido à ausência de
empenho por parte das demandadas (fls. 196/197).
Impende salientar que, os requeridos são viciados em entorpecentes, porém,
anteriormente já lhe foram propostos tratamento para que não haja abstinência,
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atendimentos médicos e psíquicos para tratar tal vício, junto aos órgãos
competentes, porém os demandados não compareceram, o que demonstra a falta
de interesse por parte deles de modificar a situação que ora se apresenta.
Em seus relatórios, o CREAS informa que há denúncia de que a
moradia dos referidos é utilizada como ponto de tráfico e prostituição, fato esse que
foi comunicado à Autoridade Policial (fls. 208/209).
Registre-se que, em 10/10/2021, realizou-se audiência, oportunidade em que
todos os requeridos foram advertidos (fl. 180). Todavia a dinâmica familiar não se
alterou. Todos os relatórios sociais indicam que, mesmo após as inúmeras
intervenções, não houve nenhuma mudança de comportamento por parte dos
requeridos, evidenciando o menosprezo e a omissão para com a filha.
No estudo social realizado, o núcleo familiar dos genitores a diligente Assistente
Social consignou:
No estudo social realizado, foi possível constatar que a situação narrada nos
relatórios persiste sem alterações.
A família reside em um ambiente extremamente insalubre e duvidoso, sem o
mínimo de organização e higiene, e demasiadamente inadequado para o bom
desenvolvimento de qualquer criança; também sem condições para comportar a
família.
Observa-se ainda que todo o acompanhamento realizado pelo Conselho Tutelar
local, bem como pela equipe das áreas Social e de Saúde da Prefeitura Municipal,
não surtiu o efeito esperado.
Diante de todo o exposto, e considerando a gravidade da atual situação, bem
como a necessidade de se retirar o quanto antes a criança deste ambiente insalubre,
perigoso e duvidoso há também da negligência de seus genitores, este Serviço
Social sugere a retirada da criança de sua família biológica e a colocação da mesma
na presença de seus avós paternos.
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No estudo social realizado ao núcleo familiar dos avós, a diligente Assistente
Social do estado do Ceará consignou:
No estudo social realizado, foi possível constatar que os avós paternos têm
condições de permanecer com a neta, ambos têm vínculos fortalecidos e tem
condições financeiras de arcar com os gastos da neta sendo eles aposentados. A
residência é localizada próxima à escola da criança, e já houve adaptação da
infante. A menor foi encaminhada para acompanhamento psicológico, e inserida no
serviço de convivência e fortalecimento de vínculos existente no município. A família
vem sendo acompanhada de forma integral pela rede, também foi realizado um
plano de ação para o núcleo familiar. Nota- se que a criança, devido permanecer na
residência dos avós por vários períodos de quando os genitores estavam sobre o
efeito de droga e álcool, já os reconhece como pais.
2 – DA LEGITIMIDADE
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3 – DO DIREITO
No mesmo diapasão, o art. 1634 do Código Civil estabelece que compete aos
pais, no exercício do poder familiar, quanto à pessoa dos filhos menores, dirigir-lhes
a criação e educação, bem como tê-los em sua companhia e guarda.
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O artigo 22, da Lei n° 8.069/90, por sua vez, estabelece que “Aos pais incumbe
o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no
interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais”.
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interessados não macula de nulidade o processo judicial no qual foram assegurados
os direitos constitucionais ao contraditório e a ampla defesa
- O poder familiar é um dever dos pais, mas o Estado moderno sente-se legitimado a
intervir na família, caso seja preciso para defender o interesse dos menores envolvidos, pois se trata de um direito de fiscalizar que o
Estado guarda para si, podendo suspender ou excluir o poder familiar quando um ou
ambos os genitores deixar de cumprir com seus deveres, mantendo comportamento
que possa prejudicar a integridade física e psíquica do filho.
- A Lei Civil e o Estatuto da Criança e do Adolescente preveem as hipóteses de
extinção do poder familiar, como uma sanção imposta pelo Judiciário em situações
em que se comprova a falta, omissão ou abuso em relação aos filhos. Inteligência
dos artigos 22 e 24 do Estatuto da Criança e do Adolescente c/c 1.637 e 1.638
do Código Civil.
- Cabalmente demonstrado nos autos a situação de risco a que estava submetido o
filho da apelante, denota-se configurada a sua negligência capaz de autorizar a
destituição do seu poder familiar, nos termos do artigo 1.638 do Código Civil.
Ademais, tendo em vista que o menor se encontra totalmente adaptado à família
substituta, recebendo o necessário amparo material e emocional necessários ao seu
desenvolvimento, a manutenção da procedência do pedido de destituição do poder
familiar é medida que se impõe. (TJMG- Apelação Cível 1.0024.17.085565-4/001,
Relator(a): Des.(a) Ângela de Lourdes Rodrigues, 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento
em 19/09/2019, publicação da súmula em 30/09/2019)
4 - DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
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O art. 157 do Estatuto da Criança e do Adolescente prescreve:
5 - DOS PEDIDOS:
4)- Determinar a guarda provisoria em face dos avós paternos citados acima.
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Atribui-se à causa o valor de R$ 1.320,00 (Um mil trezentos e vinte reais) para
fins legais.