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AO JUIZO DE DIREITO DA 5ª VARA CÍVEL E EMPRESARIAL DA COMARCA DE

SANTARÉM – PARÁ

HEBERT SILVA GOES, brasileiro, maior, casado, empresário, portador do CPF


065.712.055-00, do RG 78.781.065-2 e do endereço de e-mail:
goes3589@gmail.com e LISANDRO MONTEIRO GOES, brasileiro, maior, casado,
contador, portador do CPF 063.532.854-32, do RG 71.250.012-9 e do endereço de
e-mail: Lisandro001@gmail.com, ambos casados entre si, residentes e domiciliados
na Av. Mendonça Furtado, CEP 68005-258, Bairro Santa Clara, N° 308, Santarém -
Pará, por seu advogado adiante assinado, legalmente constituído, com Escritório
situado à Av. Ruy Barbosa, N° 1201, Bairro Aldeia, Santarém - Pará, CEP 68040-
030, onde receberá notificações, vem, com respeito e acatamento à presença de
Vossa Excelência propor

AÇÃO DE ADOÇÃO INTUITU PERSONAE C/C DESTITUIÇÃO DE PODER


FAMILIAR,

em face de WANDRESSA SOUSA AZEVEDO, brasileira, maior, capaz, solteira,


portadora do CPF 064.643.965-43, e RG 82.361.176-3, residente e domiciliada na
Av. Dom Frederico Costa, Nº 654, Bairro Santíssimo, CEP 68010-300, Santarém –
Pará; e em favor de HELENA SOUSA AZEVEDO, brasileira, portadora do CPF
032.907.371-01, do RG 58.409.692-07; e JOANA SOUSA AZEVEDO, brasileira,
portadora do CPF 032.901.855-09, do RG 21.200.599-28, ambas menores
impúberes, residentes e domiciliadas na Av. Mendonça Furtado, CEP 68005-258,
Bairro Santa Clara, N° 308, Santarém - Pará, e o fazem com fulcro no art. 33 e
seguintes da Lei 8.069/90, pelos motivos a seguir expostos.
DOS FATOS
Os autores estão casados a 10 anos, conforme atesta a certidão de casamento cuja
a data do matrimônio é 15 de fevereiro de 2013 e a matrícula 167398 91 21 2013 9
07831 120 6737100 01, com residência fixa e estabilidade financeira comprovada,
evidenciando a estabilidade familiar para receber filhos. Objetivam a presente
concessão judicial, pois não podem gerir um filho biológico.

DAS CRIANÇAS
As gêmeas HELENA SOUSA AZEVEDO e JOANA SOUSA AZEVEDO, atualmente
estão com dez anos de idade, convivem com os requerentes desde os três meses
de idade, quando foram entregues aos cuidados dos mesmos pela mãe biológica.
No período que estavam com a mãe, as crianças não receberam os devidos
cuidados que um recém-nascido necessita, isso porque a requerida mesmo no
puerpério continuava a levar uma vida boêmia, desregrada, ficando embriagada
quase que diariamente, o que resultou em um vício em álcool.

O vício em específico por si só já colocava as crianças em risco tendo em vista que


estudos indicam que mães que ingerem álcool frequentemente durante o período de
amamentação podem estar contribuindo com: uma ligeira redução da produção do
leite materno, o recém-nascido poderá apresentar sonolência, sudorese, sono
profundo, fraqueza, ganho anormal de peso, diminuição do crescimento linear e até
provocar lesões irreversíveis no sistema nervoso.

A avó materna das gêmeas, quem realmente cuidava das meninas, na medida que
podia (hoje já falecida), trabalhou como empregada doméstica na casa dos
Requerentes, proporcionando o contato entre os mesmos e as crianças.
Observando a situação, ficaram comovidos e como já tinham o sonho de constituir
uma família se propuseram a cuidar das gêmeas. A mãe como não tinha qualquer
desejo de cuidar das mesmas aceitou prontamente, entregando a guarda de
HELENA e JOANA ao casal.

A partir desse dia as gêmeas passaram a viver em um lar saudável, estável e


amoroso, indo ao pediatra regularmente e recebendo os devidos cuidados. Quando
chegaram à idade escolar as meninas foram prontamente matriculadas em uma boa
escola, recebendo uma educação de qualidade e sendo amplamente
acompanhadas pelos requerentes. Nesse período até os dias atuais as crianças
cresceram saudáveis, recebendo carinho, atenção, cuidados, amor, educação e
lazer. Os pais sempre incentivaram o estudo das crianças, o que resultou em uma
paixão pela escola e um desempenho satisfatório, o que de fato é muito importante
na infância de qualquer ser humano, infância essa que a requerida não poderia
proporcionar em razão das condições que vivia.

DO DIREITO: “DA ADOÇÃO”


A requerida abdicou-se do seu poder familiar em razão da falta de disposição para
cuidar das menores, e da situação de risco em que as crianças se encontravam,
devido à falta de condições adequadas de cuidado e proteção. As mesmas foram
entregues aos cuidados do casal requerente, que nos últimos dez anos já exercem,
na prática, a função de pais das garotas, proporcionando-lhes amor, afeto,
segurança, educação e saúde.

O instituto da adoção é regido pelos artigos 39 a 52 do Estatuto da Criança e do


Adolescente (ECA) e pelo artigo 1.618 do Código Civil de 2002. No caso em
questão, a adoção é plenamente viável e atende aos requisitos legais, como já
demonstrado.

DA JURISPRUDÊNCIA

Ainda, com a finalidade de elucidar a este douto juízo sobre a possibilidade da


presente demanda e cumulação dos pedidos, seguem reproduzidas decisões
recentes do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina e Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ADOÇÃO. DEMANDA INTENTADA POR CASAL
HOMOAFETIVO EM FAVOR DE DUAS MENORES, À ÉPOCA COM 4 E 8 ANOS
DE IDADE. ESTUDO SOCIAL E LAUDO PSICOLÓGICO FAVORÁVEIS AOS
ADOTANTES. REQUISITOS EXIGIDOS PELO ECA DEVIDAMENTE
PREENCHIDOS. PEDIDO JULGADO PROCEDENTE. INSURGÊNCIA DO
MINISTÉRIO PÚBLICO NO PRIMEIRO GRAU. RAZÕES DE APELO IDÊNTICAS
AO PARECER EXARADO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA
CONTRA OS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA. DESOBEDIÊNCIA AO
PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 514, II, DO CPC.
DECISUM MANTIDO. RECURSO NÃO CONHECIDO.
(TJ-SC - AC: XXXXX Jaraguá do Sul XXXXX-4, Relator: Sérgio Izidoro Heil, Data
de Julgamento: 30/01/2014, Quinta Câmara de Direito Civil)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ADOÇÃO C/C DESTITUIÇÃO DO PODER


FAMILIAR. No caso dos autos, a manutenção das crianças com a genitora
representaria um risco aos direitos básicos dos menores. O conjunto
probatório demonstrou que a manutenção dos menores com os adotantes
é a medida que atende ao melhor interesse das crianças envolvidas.
Prova de convivência consolidada e forte vínculo de afetividade entre os
menores e os adotantes. Sentença de procedência que deve ser mantida.
Recurso a que se nega seguimento, na forma do artigo 557, caput, do
Código de Processo Civil. INTEIRO TEOR. Íntegra do Acórdão em
Segredo de Justiça - Data de Julgamento: 07/03/2016 (*). Processo nº
0027677-93.2011.8.19.0202. DES. AUGUSTO ALVES MOREIRA JUNIOR
- OITAVA CAMARA CIVEL

DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTOS


Diante do exposto e de acordo com a legislação pertinente pedem e requerem que
se digne Vossa Excelência:
a) Seja-lhes deferido o pedido de ADOÇÃO das infantes;

b) Seja intimado o representante do Ministério Público, para devida


manifestação acerca do presente pedido, consoante disposição do art. 50, § 1º, do
Estatuto da Criança e do Adolescente;

c) Seja citada a requerida no endereço supramencionado para que intervenha


no feito sob pena de revelia;

d) Na sentença que for prolatada favorável, requerem que seja conferido as


Requeridas os nomes dos pais adotivos, ou seja, "SILVA E GOES", passando a se
chamarem: HELENA SILVA GOES, E JOANA SILVA GOES, tendo como avós
paternos (HERBERT), SERAFIM SOUZA GOES e ADELAIDE SILVA GOES. E
como avós paternos (LISANDRO), JOSÉ CARLOS DRUMMOND MONTEIRO e
MARIA CLARA PEREIRA LOPES MONTEIRO, tudo de conformidade com o artigo
47, § 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente;

e) Seja dado cumprimento às determinações do art. 47 do Estatuto da Criança e


do Adolescente, fazendo-se com que o vínculo da adoção, constituído pela
sentença judicial, seja inscrito no registro civil, mediante mandado do qual não se
fornecerá certidão, seguindo-se as disposições dos parágrafos do referido artigo.

f) a realização de estudo social e psicológico da menor, por profissionais que


compõem este douto juízo.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, além
das provas documentais acostadas a presente exordial.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.302,00 (um mil trezentos e dois reais).

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

Santarém, 13 de abril de 2023.

Anthony Gomes
OAB/PA N° 193110

Guilherme Duarte
OAB/PA N° 133072

Jorlane Ferreira
OAB/PA N° 257021

Pedro Paiva
OAB/PA N° 10609

Natasha Evangelista
OAB/PA N° 129845

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