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OAB SEGUNDA FASE – VII EXAME

Direito Tributário
Josiane Minardi

Simulado 2 - No ano de 2010, Augusto, residente em Porto Alegre – RS, firmou com a imobiliária Delta,
domiciliada em São Paulo – SP, contrato de promessa de compra e venda de imóvel localizado em
loteamento situado em Salvador – BA. Conforme o contrato, Augusto deveria pagar o imóvel em 30
parcelas mensais.
Após ter pago algumas parcelas, Augusto descobriu que o loteamento estava localizado em terra pública
estadual e que, portanto, a empresa estava praticando crime de grilagem. Em vista disso, suspendeu o
pagamento das prestações, antes mesmo de receber a posse do imóvel.
Por determinação do fisco, a empresa enviou à respectiva secretaria municipal de finanças a listagem dos
adquirentes.
Em 02 de fevereiro de 2012, ao requerer certidão negativa de débito, Augusto foi informado de que devia
ao município valor de IPTU e taxa de iluminação pública, relativos ao lote objeto do citado contrato, nos
montantes de, respectivamente, R$ 1.000,00 e R$ 200,00.
Inconformado, Augusto decidiu procurar escritório de advocacia para a proposição de ação judicial com a
finalidade de obter o cancelamento da dívida e a expedição imediata da certidão.
Em face da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Augusto,
elabore a peça processual que entender cabível para a defesa dos interesses de seu cliente, abordando,
em seu texto, todos os aspectos pertinentes, com base na lei e jurisprudência.

Deve-se redigir Ação Anulatória, cumulada com Tutela Antecipada e Repetição de Indébito (arts. 38 da
Lei nº 6.830/80, e 273 do CPC) endereçada à Justiça Estadual – Vara Comum/ Excelentíssimo Senhor
Doutor Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública da Comarca de Porto Alegre Estado do Rio Grande do
Sul - Qualificação das Partes – Autor: Augusto e : Município de Porto Alegre. (0,5)
Fundamento de mérito: 1) Art. 156, I da CF – Não ocorrência do fato gerador do IPTU, não há
propriedade e nem mesmo posse do imóvel. (1,5)
2) Art. 145, II da CF – Para ser cobrada taxa o serviço deve ser específico e divisível, iluminação pública
não é divisível. Súmula 670 do STF – inconstitucionalidade de cobrança de taxa sobre a iluminação
pública. (1,0)
3) Deve-se formular pedido de antecipação de tutela com a especificação de seus requisitos e menção
ao art. 206 do CTN para expedição de certidão positiva com efeito de negativa. (0,5)
OBS: Deve-se abrir tópico sobre o depósito, caso não seja concedida a tutela, para suspender a
exigibilidade do crédito nos termos do art. 151, II do CTN.
Pedidos:
a) Concessão da tutela antecipada a fim de suspender a exigibilidade do crédito tributário, nos termos
do art. 151, V do CTN e assim ser emitida certidão positiva com efeito de negativa. (0,3)
b) Citação do réu, na pessoa de seu representante legal, a produção de provas e a condenação da ré
nas custa e honorários de sucumbência. (0,2)
c) que seja julgada procedente a ação, o pedido a fim de anular os lançamentos realizados, uma vez
que não há a ocorrência do fato gerador do IPTU e nem da taxa. (0,7)
d) Valor da causa: equivalente ao da restituição (basta a expressão valor da causa, ou equivalente) (0,3)

Questão 1 - Determinado Município institui a cobrança de taxa visando remunerar-se dos serviços de
limpeza de vias e logradouros públicos, qualificando como contribuintes todos os proprietários de imóvel.
O valor dessa taxa de limpeza é obtido mediante a aplicação da alíquota de 0,5% sobre o valor venal do
imóvel. A exação assim dimensionada é legítima? Explique.

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ATENDIMENTO AO
QUESITO AVALIADO VALORES POSSÍVEIS
QUESITO

Inconstitucionalidade da
taxa de limpeza de ruas e
logradouros públicos por 0/ 0,3/0,3/0,6
se tratar de serviço
indivisível, uti universi.
Art. 145, II da CF

Art. 145, § 2º as taxas não


podem ter base de cálculo 0/0,3/0,35/0,65
idêntica a de impostos.

Questão 2 - Em 1998, Túlio construiu uma edícula em terreno de sua propriedade e deliberadamente
deixou de efetuar a averbação da construção à margem da respectiva matrícula. Tampouco requereu à
Prefeitura Municipal licença para contrução, nem a informou a respeito depois que a obra estava pronta.
Em fevereiro de 2012, o Município, descobrindo a existência da construção, realizou o lançamento
suplementar do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU dos exercícios de 1999 a 2012, equivalente ao
diferencial correspondente à construção clandestina. Túlio indaga-lhe se esse lançamento suplementar é
lícito e qual seu fundamento. Explique.

ATENDIMENTO AO
QUESITO AVALIADO VALORES POSSÍVEIS
QUESITO

Nos termos do art. 149, IV


do CTN o lançamento
pode ser revisto de ofício, 0/ 0,3/0,3/0,6
pois o contribuinte deixou
de comunicar informações
para o lançamento correto
do IPTU.
Art. 149, Parágrafo único.
A revisão do lançamento
só pode ser iniciada
enquanto não extinto o
direito da Fazenda 0/0,3/0,35/0,65
Pública. Por essa razão,
só pode ser revisto o
lançamento dos últimos 5
anos.

Questão 3 - A sociedade Feliz Ano Novo Indústria e Comércio Ltda. obteve em 2007, da Secretaria da
Fazenda do Estado de São Paulo, autorização para comercializar produtos com regime especial de
recolhimento do ICMS. sendo-lhe dadas condições de cálculo e pagamento do tributo mais adequadas a
sua atividade comercial. Em dezembro de 2011, a Secretaria da Fazendo cancelou, de ofício, o regime

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especial concedido à sociedade, que passou assim a se submeter às mesmas regras aplicáveis aos
demais contribuintes. Em virtude desse fato, foi lavrado auto de infração contra a empresa, visando à
cobrança de diversas multas por inobservância da legislação tributária no período de vigência do regime
especial. Na qualidade de advogado da empresa, oriente-a quanto à linha de defesa possível neste caso.

ATENDIMENTO AO
QUESITO AVALIADO VALORES POSSÍVEIS
QUESITO
Art. 100, III CTN – São
normas complementares e
por isso legislação
tributária de observância 0/ 0,3/0,3/0,6
as práticas reiteramente
observadas pela
Autoridade Administrativa.

Deve ser observado o art.


146 do CTN - A
modificação introduzida,
de ofício ou em
conseqüência de decisão
administrativa ou judicial,
nos critérios jurídicos
adotados pela autoridade
0/0,3/0,35/0,65
administrativa no exercício
do lançamento somente
pode ser efetivada, em
relação a um mesmo
sujeito passivo, quanto a
fato gerador ocorrido
posteriormente à sua
introdução.

Questão 4 - Manuel assinou contrato de compromisso de compra e venda de imóvel pertencente à União,
localizado no Município de Itavocaba da Serra. Surpreendeu-se, entretanto, com a informação de que
deveria recolher ao referido município o o IPTU relativos ao imóvel. Acredita ele que, na qualidade de
compromissário comprador de imóvel registrado em nome da União, não se sujeita ao pagamento de
impostos. Oriente Manuel a respeito de sua situação.

ATENDIMENTO AO
QUESITO AVALIADO VALORES POSSÍVEIS
QUESITO
Art. 150, § 3º da CF – (...)
§ 3º - As vedações do
inciso VI, "a", e do
0/ 0,4/0,4/0,8
parágrafo anterior não se
aplicam ao patrimônio, à
renda e aos serviços,
relacionados com

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exploração de atividades
econômicas regidas pelas
normas aplicáveis a
empreendimentos
privados, ou em que haja
contraprestação ou
pagamento de preços ou
tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente
comprador da obrigação
de pagar imposto
relativamente ao bem
imóvel.

Súmula nº 583 STF -


comprador de imóvel
residencial transcrito em
0/0,2/0,25/0,45
nome de autarquia é
contribuinte do imposto
predial territorial urbano

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