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PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPO GRANDE

Secretaria Municipal de Finanças e Planejamento


Coordenadoria de Julgamento e Consultas
Processo nº 74.266/2022-50
Fls..................Visto:..............

PROCESSO: 74.266/2022-50
REQUERENTE: Galeria dos Presentes Ltda Me
INSCRIÇÃO: 0012851600-0

DECISÃO Nº 403/2.022

EMENTA: TAXA DE FISCALIZAÇÃO DE


LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO – Não houve
comunicação da paralisação temporária em 2.021.
Débitos anteriores a paralisação. Lançamento
Procedente

I – Relatório:

A requerente Galeria dos Presentes Ltda Me, pessoa jurídica, devidamente inscrita
perante o CNPJ sob nº 08.952.810/0001-50, solicita o cancelamento do débito lançado na inscrição nº
0012851600-0, alega que realizou paralisação da empresa em 2.021, e que já foi realizado a extinção do
CNPJ, conforme documentação anexa fls.06 a 15.

No dia 15/08/2.022, a DCE/SEFIN informa à fl. 18, que a responsável pela empresa,
não carreou aos autos nenhum documento comprobatório da inatividade no período em que os débitos
foram efetivamente lançados e que não houve falha da municipalidade, haja vista que é obrigação do
contribuinte, promover e oficializar a comunicação da paralisação temporária ou encerramento definitivo
de suas atividades em tempo hábil, conforme dispõe o art. 140 da LC nº 59/03. Desta forma, entende que
se deva promover a quitação do débito pendente do exercício de 2.022.

É o relatório.

II – Fundamentos:

O presente lançamento de ofício foi efetuado, em virtude de obrigações tributárias de


natureza principal relativo a Taxa de Fiscalização, de Localização e Funcionamento (código 07), por sua
atividade de comércio varejista de outros artigos de uso doméstico, porém a requerente solicita o
cancelamento do débito lançado na inscrição nº 0012851600-0, sob a alegação de que a empresa
paralisou a atividade em 2021, e que já foi realizado a extinção do CNPJ.

No entanto, a argumentação da contribuinte não é o suficiente, para eximir do


pagamento da Taxa de Fiscalização, de Localização e Funcionamento, exercício de 2.022, tendo em
vista que a baixa no CNPJ foi na data de 22/07/2022 e o Distrato Social da citada empresa, que contém o
encerramento da atividade, na data de 21/07/2022.

Quanto ao fato gerador da Taxa, segundo prevê o artigo 77 do Código Tributário


Nacional é o “exercício regular do Poder de Polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou posto a sua disposição”.

A Taxa de Fiscalização, de Localização e Funcionamento (Cód. 07), esta tem como fato
gerador o EXERCÍCIO REGULAR DO PODER DE POLÍCIA, e sua causa jurídica é o policiamento
constante exercido pelo município, na salvaguarda do interesse público, concernente às questões de
localização, segurança, incolumidade, higiene, sossego, bons costumes, ordem, etc., a que se submete
qualquer pessoa que pretenda exercer atos preparatórios da localização ou instalação, de início ou de
continuação de atividade remunerada dentro do território do Município.

Com relação à taxa, Bernardo Ribeiro de Moraes em sua obra Doutrina e Prática das
Taxas, pág. 57, assim a definiu: “Sendo a taxa definida juridicamente, através de seu fato gerador, no
Direito positivo brasileiro, a taxa vem a ser um tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
dependente da atividade estatal especifica, dirigida ao contribuinte, seja em razão do exercício de poder
de polícia, seja em razão da utilização, efetiva ou potencial, de um serviço público especifico e divisível
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Seu contribuinte e sua base de cálculo devem estar
ligados ao aludido pressuposto material”.

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E a Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu art. 145, assim determinou:

“Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão


instituir os seguintes tributos:
I - ......................
II - Taxas, em razão do exercício do Poder de Polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou posto a sua disposição;”

No âmbito do Município de Campo Grande, a previsão é a do art. 191, do O Código


Tributário Municipal, Lei nº 1.466 de 26 de outubro de 1.973, in verbis:

“Art. 191 - Pelo exercício regular do poder de polícia ou em razão da


utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição
pela Prefeitura, serão cobradas, pelo Município, as seguintes
taxas:
I - de licença;”
II - de expediente;
III - de serviços diversos;
IV - de serviços urbanos.”

A seguir, os artigos 193 e 194, do mesmo diploma legal, prescrevem:

“Art. 193 - As taxas de licença têm como fato gerador o poder de polícia
do Município na outorga de permissão para o exercício de
atividades ou para a prática de atos dependentes, por sua
natureza, de prévia autorização pelas autoridades municipais.
Art. 194 - As taxas de licenças são exigidas para:
I - localização, funcionamento ou renovação de estabelecimentos
ou atividades de produção, comércio, indústria ou prestação de
serviços, na jurisdição do Município;”

Preleciona Bernardo Ribeiro de Moraes em sua obra Doutrina e Prática das Taxas,
Editora Revista dos Tribunais, pág. 131 e 132, que a causa jurídica da Taxa de Licença para Localização
e Funcionamento é:

“A causa jurídica dessa taxa é a atividade municipal de vigilância, controle e


fiscalização do cumprimento da legislação especifica ditada pelo exercício do
poder de policia, na salvaguarda do interesse público (questões de localização,
segurança, incolumidade, higiene, sossego, bons costumes, ordem, etc.), a que se
submete qualquer pessoa que pretenda exercer atos preparatórios de localização
ou instalação, ou de início e continuação de atividade remunerada dentro do
território do Município.”

A Lei Complementar nº 17, de 24 de dezembro de 1.997 assim definiu o fato gerador da


Taxa de Fiscalização de Localização e Funcionamento:

“Art. 10 - A Taxa de Fiscalização de Localização e Funcionamento tem


como fato gerador o exercício regular do Poder de Polícia,
exercido pelo Poder Público Municipal, de vigilância e fiscalização
visando o cumprimento da legislação municipal disciplinada do
uso e ocupação do solo urbano, da higiene, da segurança, da
ordem ou tranqüilidade pública, a que deve submeter qualquer
pessoa física ou jurídica, em razão da localização, instalação e
funcionamento de estabelecimento no Município.
§ 1o - Considera-se estabelecimento para efeito deste artigo, o local
onde pessoas, físicas ou jurídicas, exerçam quaisquer atividades
de modo permanente ou temporário, incluindo-se dentre elas as
de comércio, indústria, agropecuária, de prestação de serviços em
geral e, ainda, as exercidas por entidades, sociedades ou

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associações civis, desportivas, religiosas ou decorrente de


profissão, arte ou ofício. (grifamos)
Art. 11 - ...............
Art. 15 - A incidência e o pagamento da taxa de fiscalização de localização
e funcionamento independe:
I- do cumprimento de quaisquer exigências legais, regulamentares
ou administrativas;
II - ..............
IV - da finalidade ou do resultado econômico da atividade ou da
exploração dos locais;
V- do caráter permanente, eventual ou transitório da atividade;
Art. 16 - A taxa será lançada anualmente considerando-se ocorrido o fato
gerador:
I- na data do início da atividade, relativamente ao primeiro ano do
exercício desta;
II - em 1o de janeiro de cada exercício, nos anos subsequentes ao
início da atividade;”

O fato do profissional manter em aberto a sua inscrição servirá como indício que há o
exercício da atividade. Para que essa condição se modifique, o sujeito passivo tem que comunicar à
Prefeitura dentro do prazo de 15 (quinze) dias à cessação temporária ou definitiva das suas atividades,
conforme determinação do artigo 140 da Lei Complementar no 59/2003, se não o faz, assume as
conseqüências pelo descumprimento de deveres instrumentais, até porque, “o direito não socorre aquele
que dorme”.

É o que estabelece o artigo 141 da Lei 1.466/73 e reproduzido no artigo 140 da LC


59/2.003:

“Art. 140 - A cessação temporária ou definitiva das atividades dos


estabelecimentos será comunicada a repartição competente
dentro do prazo de 15 (quinze) dias, a fim de ser anotada no
Cadastro Fiscal.

Além de que, o artigo 137, parágrafo único, da mesma Lei Complementar, diz que
sempre que o contribuinte encerrar sua atividade, deverá requerer a baixa no Município, no prazo de
quinze dias, contados do encerramento da atividade.

Outrossim, temos que dizer que a legislação é clara, que a baixa definitiva da inscrição,
somente será efetivada inexistindo débitos, conforme artigo 139 da Lei Complementar nº 59/3, portanto
não cabe aqui, cancelar débitos anteriores ao pedido de baixa.

Ressaltamos mais uma vez, que caberia a requerente, solicitar a baixa de inscrição
municipal ou paralisação temporária, desde o período em que alega a inatividade, em 2.021, pois é
preciso estar de acordo com a legislação municipal, principalmente em seu artigo 140 da Lei
Complementar nº 59/03(acima descrito).

Ademais, o artigo 15 da LC nº 17/97, sobre a incidência e o pagamento da Taxa de


Fiscalização de Localização e Funcionamento independe do efetivo funcionamento da atividade ou da
efetiva utilização do local, desta forma o requerente deverá pagar normalmente, a citada taxa.

Assim sendo, uma vez que não restou provado nos autos, qualquer fato que comprove
falha da Municipalidade, que de qualquer forma tenha interferido no lançamento da Taxa de Fiscalização,
de Localização e Funcionamento, entendemos que o lançamento, ao qual se refere a contribuinte,
exercício de 2.022, está perfeitamente formalizada e embasada na legislação em vigor, por ser débito
anterior à data 22/07/2022, que efetivamente, restou comprovado a baixa.

Diante de todo o exposto, e considerando que a boa doutrina nos ensina que enquanto
ao particular é dado fazer tudo que não seja defeso em lei, a administração pública só pode fazer o que a
lei determina, em obediência ao princípio da legalidade contido no artigo 37 da Constituição Federal.

DECIDO:

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Julgar IMPROCEDENTE o pedido, devendo ser pago normalmente o débito do


exercício 2.022 (código 07), inscrição nº 0012851600-0, considerando que não restou provado nos
autos, qualquer fato que comprove falha da Municipalidade, que de qualquer forma tenha interferido nos
lançamentos da Taxa de Fiscalização, de Localização e Funcionamento.

A requerente deverá ser cientificada desta Decisão, observado o disposto no artigo 58,
cabendo-lhe o direito de recorrer da mesma à Junta de Recursos Fiscais (sala 04 – 4º andar) sito à Rua
Cândido Mariano Rondon, 2.655 – CAC – Central de Atendimento ao Cidadão, no prazo de 15 (quinze)
dias contados da ciência, conforme o artigo 63, ambos da Lei Complementar nº 02, de 15 de dezembro
de 1.992.

Campo Grande – MS, 01 de setembro de 2.022.

Érica Lílian Aguena de Souza


Julgadora de 1ª Instância
CJC/SEFIN

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• A COORDENADORA:

Com a Decisão nº 403/2022 (fls. 21 e 22), que julgou IMPROCEDENTE o pedido,


devendo ser pago normalmente o débito do exercício 2.022 (código 07), inscrição nº 0012851600-0,
considerando que não restou provado nos autos, qualquer fato que comprove falha da Municipalidade,
que de qualquer forma tenha interferido nos lançamentos da Taxa de Fiscalização, de Localização e
Funcionamento.

A requerente deverá ser cientificada desta Decisão, observado o disposto no artigo 58,
cabendo-lhe o direito de recorrer da mesma à Junta de Recursos Fiscais (sala 04 – 4º andar) sito à Rua
Cândido Mariano Rondon, 2.655 – CAC – Central de Atendimento ao Cidadão, no prazo de 15 (quinze)
dias contados da ciência, conforme o artigo 63, ambos da Lei Complementar nº 02, de 15 de dezembro
de 1.992.

Campo Grande – MS, 01 de setembro de 2.022.

Érica Lílian Aguena de Souza


Julgador – 1ª Instância
CJC/SEFIN

Ao Órgão Preparador,

Para cientificar a requerente, conforme a Decisão nº 403/2022.

Após a DCE/SEFIN para arquivar o processo.

Danuta W. G. Adorno de Assunção


Coordenadora - CJC/SEFIN

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CAMPO GRANDE (MS) 01 de setembro de 2022.

Ilmo. Sr(a): GALERIA DOS PRESENTES LTDA ME


Endereço: RUA QUATORZE DE JULHO, 1.944
Bairro: VILA CIDADE
Cidade: CAMPO GRANDE - MS
CEP: 79002-334

NOTIFICAÇÃO

Em cumprimento do disposto no art. 58 da Lei Complementar nº 02/92, fica a


requerente GALERIA DOS PRESENTES LTDA ME NOTIFICADO que em 01 de Setembro de
2022 foi julgado o Processo Administrativo nº 74.266/2022-50, de Cancelamento de Taxas.

A contribuinte fica cientificada que foi INDEFERIDO O PEDIDO, conforme


decisão nº 403/2022, em anexo.

Cabendo-lhe o direito de recorrer da mesma à Junta de Recursos Fiscais –


JURFIS – SALA 05 – 4º Andar – Sala 05 – sito à Rua Cândido Mariano Rondon, 2.655 –
Central de Atendimento ao Cidadão, no prazo de 15 (quinze) dias da ciência desta decisão,
conforme o artigo 63, ambos da Lei Complementar nº 02 de 15 de dezembro de 1.992.

Atenciosamente,

Danuta W. G. Adorno de Assunção


Coordenadora
CJC/SEFIN

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