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Políticas sociais e modelos de bem-estar social: fragilidades do caso

brasileiro
Lenaura de Vasconcelos Costa Lobato (2016)

 A análise da emergência e principalmente do desenvolvimento dos


regimes de bem-estar na América Latina
 A tendência comum à AL foi a introdução do tema da pobreza na
agenda pública dos governos, com a criação ou ampliação de
programas de transferência de renda e ampliação da cobertura para
sistemas de educação, saúde e previdência social.
 Aqui, pretendeu-se construir um aparato de bem-estar similar aos
estados de bem-estar europeus, tendo como marco legal a Constituição
de 1988. Essa construção, contudo, foi tardia em relação aos países
centrais, e ocorre exatamente no período de quebra do ‘consenso do
welfare’
 Caráter antidemocrático: É significativo que, de 1923 a 1985, as políticas
sociais tenham se desenvolvido mais em períodos autoritários, deixando
um legado de alta centralização, baixa interferência da população e
pouca transparência, além de organizações burocratizadas
 “Embora já exista um longo período democrático desde o fim do regime
militar, essas características ainda permeiam as estruturas setoriais da
política social.”
 A desmercantilização, categoria desenvolvida por Esping-Andersen
(1990), diz respeito à autonomia dos indivíduos em relação à
dependência do mercado de trabalho
 quanto mais as relações sociais são desmercantilizadas, mais
fortalecidos ficam os trabalhadores para reivindicar direitos
(ZIMMERMANN; SILVA , 2009). Assim, a desmercantilização envolve o
aspecto econômico e também político.
 “O BPC atinge cobertura significativa para os idosos em extrema
pobreza, mas não parece que vá ampliar sua cobertura ao amplo
contingente de pessoas com deficiência, muitas das quais crianças e
pessoas com transtornos mentais, cujas deficiências tornam pouco
provável a inserção de muitas delas no mercado de trabalho”
 Os estudos de política social precisam se voltar mais para a
compreensão da dinâmica coletiva, resultado da expansão do nosso
estado de bem-estar, para identificar estratégias futuras.
 A noção de cidadania, base política da construção do modelo
constitucional, parece não ter alcançado o fundamento da solidariedade
social que lhe é inerente.
 A noção prevalente é a do direito; direito à educação, à saúde etc.,
e da responsabilidade do Estado. Mas esse direito não está
necessariamente acompanhado da noção de igualdade, expressa
na prestação pública e coletiva, mas, antes, no direito individual.
 “A relação positiva e bem sucedida entre expansão de políticas sociais e
democracia no Brasil, expressa na transição democrática, na
Constituição de 1988 e posteriormente no desenho das políticas sociais,
se tomada frente ao retrocesso que se avizinha, parece ter se esgotado
e há que ser recriada”
 necessidade de aprofundamento da democracia deliberativa; de
inserção do bem-estar como mecanismo de desenvolvimento
econômico; de valorização das manifestações sociais ainda pouco
visíveis
 política social menos institucional e mais identitária

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