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Resumo:
Este artigo busca apresentar o que conceituamos proteção social entendendo-a dentro da
Seguridade Social. Traçando um breve histórico de seu desenvolvimento, passando à
política de assistência social , focando o Benefício de Prestação Continuada, e as últimas
alterações na legislação que o regulamenta. Nosso argumento é que modificações
importantes trazidas pelo decreto nº 8.805/2016 tendem a cercear o acesso ao benefício
deixando um considerável segmento da população desprotegido. Para tanto se pretende
realizar esse apanhado geral normativo, observar o que foi modificado, problematizando
sua possível consequência em relação à cobertura social outrora proporcionada e suas
implicações à Seguridade Social.
De acordo com Andrade (2011), o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), atua na
organização de um Sistema de Proteção Social não contributivo, embora marcadamente
perpassado por programas focais e de ampla seletividade, operando o acesso aos benefícios e
serviços pela via da necessidade, não pela via do pertencimento e da cidadania social.
Desde o surgimento das medidas públicas de proteção social no Brasil, estas são
marcadas pela estratificação do acesso a serviços e do público alvo. Dessa forma,
historicamente, como aponta SANTOS (1979) em seu clássico estudo que versa sobre a
Cidadania Regulada e a construção de um perfil periférico de proteção social, que engloba
somente àqueles que têm suas ocupações regulamentadas por lei, conferindo-lhes a extensão
da cidadania: o acesso a serviços e benefícios que demais brasileiros não tinham como
acesso a saúde, pensões, e alguns direitos sociais.
Vivencia-se neste âmbito, um sistema de proteção social dual, uma vez que
grande parte da população, - trabalhadores autônomos desempregados, ou com suas
profissões ainda sem regulamentação- não obtinham acesso aos serviços e benefícios no
sistema de proteção público, estas camadas ficavam alijadas, somente restando-lhes às ações
privadas de caráter filantrópico e religioso.
Cardoso Jr. e Jaccoud (2005), fazendo um breve histórico do Sistema de Proteção
Social Brasileiro (SPSB), caracterizam-no em três vertentes históricas, sendo essa a
primeira, no contexto da República Velha, definindo-a como política social de cunho
corporativo, começando a ser estruturada no início da década de 1930 e assentada nos
Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) e na Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT)”. (CARDOSO, Jr; JACCOUD, 2005, p.181). Tal política social e a forma ao qual foi
estruturada alinha o sistema de proteção social brasileiro, nesse momento, ao que o autor
Sping-Andersen define como de Regime Conservador-Corporativo, em que o status de
cidadão está diretamente ligado à inserção no mercado formal de trabalho, gerando uma
maior estratificação e tratando direitos sociais como mérito, proporcionando-os somente a
uma parcela da população de acordo com a inserção laboral do indivíduo
(ANDRADE,20011, p:22). A segunda vertente histórica, segundo Cardoso Jr. e Jaccoud
(2005:181), estabelecida na antiga tradição de caridade e filantropia, e voltada ao
atendimento de certas situações de carência e pobreza, passa a ser objeto, após a década de
1930, da atuação do Estado. Por último, as políticas sociais assentadas na afirmação de
direitos sociais da cidadania que, apesar dos esforços anteriores, somente em 1988 com a
Constituição se consolidará no país enquanto política pública afiançada pelo Estado.
Segundo os autores, a estes três diferentes paradigmas juntou-se, na década de 1960, um
conjunto de intervenções sociais do governo federal ancoradas em sistemas de remuneração
de fundos públicos. Nesse ínterim, cabe ressaltar, as mudanças empreendidas no período
militar, que trouxeram uma nova configuração, de caráter autoritário e tecnocrático, que
visava a supressão dos conflitos sociais tendo em vista segurança nacional. Nesse período,
segundo Andrade (2011:22), houve uma expansão dos direitos sociais em detrimento aos
direitos políticos e civis que se encontraram em restrição até a abertura democrática. Ainda
que de forma contraditória, aumentou-se a cobertura de medidas de cunho social,
incorporando grupos até então excluídos do sistema de proteção.
Tal expansão, porém, foi caracterizada como excludente por não operar efeitos
redistributivos e por ter deixado à margem os segmentos mais pauperizados da população.
De acordo com Andrade (2011), durante a ditadura militar,
ANEXO II
DECLARAÇÃO DE RENDA DE GRUPO FAMILIAR
DECLARAÇÃO DE RENDA
A renda apurada do Cadastro Único para comparação com a renda apurada pelo
sistema utilizado no Sistema Integrado de Benefícios - SIBE – utilizado pelo INSS será
resultado da soma da coluna esquerda deduzida da soma da coluna direita.
¹ Cientista Social graduada pela Universidade Federal Fluminense. Mestranda do Programa de Pós-
Graduação em Política Social- UFF. 2018
Referências:
COHN, A.; DRAIBE, S.; KARSCH, Ú. Desafios atuais para a assistência social: a
busca de alternativas. São Paulo: FUNDAP, 1995. Mimeo.