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IITICHEL DEBRUN
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Nã0 lemos dúvida algumí qúe Concitliação e
é una notável co
outas estratfui,s de ll4ichel oebrun
Íibuição para o enlendimento d0 penoso pÍocesso de aherlura t)
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ê do prccesso polÍlico bÍasileiro.
l (;ilr A "Conciliação" é simplêsmente úm pano de lundo entre oulÍos pam lenlar
compÍeender os impasses e indicaÍ os deseÍvolvimenlos pÍováveis na coniúnlum
polílica.0 oeneÍâl Geisel, "os neolibeÍais':a social de mocÍa cia à hÍasileiÍa, a
ÍeÍoíma panidáÍia, todos os hnces do peÍiodo são desmontados e explicadG,
onde apaÍecem as Íicts venentes do pensamento de Michel oebÍun nas
direções da lilosoÍia, da leoÍia polÍtica e da mâssacrâda hislóÍia dâ popúlação
rxrHi, dominada no Brasil.
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do preÍácio de Paulo Sérgio Pínheiro
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E OUTRAS ESTRATEGIAS t'l'l^"t\ l;\il|1n,,
p ÉÍli' l----ll!^-
Introduçã o
Simpl€s punhado de âÍtigos escritos entre 79 e 83, e de entre-
vistas realizadar entÍe 76 e 79, est€ irÀbâlho não tem oütra pre-
tensâo sênão â de suge{ir que -os eixos dâ poh'tica brasileiÍa não
mudaram fundanentdmeÍlÊ dlsde a IndepllrdêncE. Face à gÍãnde
d"eÀdoáGÍ; j;'-t,!!ÀE ô-dõõ;tãrea girárn lãíF?o
mâo de !E nu_roerq Umilâd_9_de-qs-úttêflÂs pomicas;§empre as
mesmas. Stuaçáo essa que pennanece ainàa hóje, ernque pestm os
úranliõás que rem sofrendo de modo üesceftte. Daí a Íep€tição,
cârsativâ. de cerlos temâs: essâ monotonia temálica procura s€r
a imagem dê úmná-re traite política üsta, senâo como estagnada,
como capaz de uma auio-ÍêFodução indefinida, m€diânte o uso de
alguns mecanisÍros §€culaÍes de dominaçâo qu€, até s momento,
serevezaram no palco do poder,
-
Entre essas estratégias avulta a Conciliação. É ela sua natu-
reza, sua história e as condiçõês que ainda lhe permitem mant€r
paÍe da sua eficáci que constitui o foco do livÍo. Convém,
porém, não confundir duÃs modalidades de Conciüação, ap€sar
das inúmeÍas pontes e fusões parciais quê s€mpre existiram €ntl€
elas.
Num primeiÍo-e§! C9!9,tLa9, a9 q!d, representou um
conpÍomisso entle valores oÍiundos de hoÍizont€s diversos: de um
lado, os ligados lEera-nça européiâ, instituídos, sobÍetudo por
padroes Íelúiosos, éticos, estéticõi, econômicos ou administÍativos:
e, dê outro lado, os que traduzem â influência rndia ou âfric ra,
t6 MICIIEL DEBRUN
A "CONCILIAÇÃO" E OUTRAS ESTRATÉGIÂS tt
não s€ deve eequecer que âs €lites dislidq{esjçltetçiam em geral, e
em 78, quaído o epiúdio da cardidâturâ à PÍ€sidência do geneÍal
ainda pertencem. aos grupos drrnn'lâÍles. PoÍ isso seus pÍoieros
Eulêr Bentes paÍeceu a muitos têr suscitâdo ümâ '.rachadurâ insu-
nacionais" nâo Éodiãm deixar d€ assumir, eles também, a formâ de
perável nas foÍçâs âÍmâdas. Râchaduía que poí suâ vez iria permr-
umâ "outorga", feitâ ao "povo" ou a certos elementos. Ássim, â
tn, "dialeticâment€", à Soci€dade Civil r€cuperar â sua autonomia.
eventual vofltade de úânsformai a sociedade - de se "Íedimila"
espiritualmente, de dêsenvolú-la ou de superat as suas enormes desi-
gualdâdes sociais não podia senão surgir, aos olhos dos ssus pró-
prios promotoÍes, como uma tentativa de "ir ao povo", de "descêÍ
até êle . Veuro 4uêLdo vânlú!_Cqp{co p€la elirê_nojoder. âs
elite( disedenlÊs ,!áo de ixâvâÍn de rer pro?o;lai au roriráÍiâs. centro dâ cenâ política. Seja porque domina o tspâço pohlico
"Conciliação", auaõritarisno'desinobilizêdor", autoritârismô veÍbal". como foi durante a seg]n!3 rygllle do céculo xlx e â
'lnobilüador" nâo esgotâm, porém, o elenco das liguras políticas República Velha, o caso do hberalisro - já desâlojâdo. esle. do
brasileiras. O libeÍâlismo teve lambém sua vez. Só que s9 t atou ''espaço politico íeal pela conciliação . Seja porque domina o
quase sempre de u+ liberalisÍ.nq amb8uo. Contestava o predomínio
e§paço político real, como justâmeni€ a "conciliação" desde os
dâs éstruturas âÍcÀicas do campo sobre as NpirâçíÉs modernizartes
anos de 18_50 alé os anos 20 desre #culo. aproümadÀmente. A
das cidades. Ou advogava a necesídâde de eleições limpâs, de imti-
partir dos anos 70 (ôu mesmo dos ânoa 10, se lenbrarúõJ í presi
tuições como o ,aáeas.orpus ou o mandado dê seguÍança. Enaltecia
dência Hermes da Fonseca) e âté o momelto- 'toncd!4çqo ! qlto-
as virtudes da livl€ competição, sejâ ela econômica ou política. No
ritaÍismo i'de.s!!qiil_êdor" s€ revezarn no pâpel hegemônico efelivo,
entanto menos cúivlva a liberdade do que era o produto d€la. Ou
em qüe pese obli!rc veõal étisoAico do 1i6eÍâlismo, por exemplo
sejâ: produto de ceÍtas situações.favoÍáveis, €las pÍópÍiâs ligâdâs às
quando dâ elÂbo+açio dâTfue :+ ou ni ixzacdo . anles e pós
extremas desigualdades dâ slciedad€ bÍasileirâ. Situâçôes essâs qu€
franqueavam aos seus ocupantes, além de oportunidâdes específicas -
64 dê UDN l'!,io!4pgtj". O populisÍno, no Brasil pêlo m€nos,
nunca passou de uma modâlidade da "conciliâção". E o âutori'
de lazer e de cullurr. o crercrcio de uma crírra na imprensa. nas
taÍismo "desmobilizadoÍ" ca:,arte,jzoit tanto o Estâdo Novo como
aisembléias legislativas, ros tribunais ao mesmo tempo impie-
o r€gime oriundo da Revolução de 64. Quatto âos ensaio! d! ,}to.
dosâ e inócua €m relâçâo à estrutuÍa de auloridade ügente na socie-
Íilarismo mobilLadoa. enrre ol eó4. eL"r nó i,rera- o re-po
dade brâs enr. Mesmo porque a existéncia dos pÍópÍios liberais e,
nem de se firmar ne4_d€ pt9!-arqe9_!uto-superaçâ:o,
portanto, a condição de posibilidade da sua crítica, ass€ntavâm
autenticâment9 rev-o!19i9!árlo.
n€§sa estrutuÍa. Tal estrutura permite, portarto, quatro êstratégias
Os arquliiipqqlolitiçq-idgo!ó8icos sâo, assim, âo mesmo tempo
úÍeduríyqis elrre si e paientês píóxirnos. Isto é. indetlÍldaírenre
Daí um teÍcrng,tle{!: não só a verÍcalidade das desigual-
subslirurvêis uos aos ;uiõ§-ãe!-êndsrdo das circuníánciâs que
dades brasileiÍas fâvor€ce ês viiias políticas que revistafios, como
apontam pâra a predominância momentânea ou durável dê tal ou
êstas, por sua vez, contribuem cada umâ a sêu niodo para a mânu-
qual deles. Dâí o que se poderiâ châmaÍ de arcaísmo da políticâ
tenção d€ssâ veÍÍicalid-àde. É quase que um círculo vicioso, do qual
bÍâsileira. Ele contrasta vivâmente com as meiãrcÍ-lõSi aE-eco-
só agora está se úslumbrando a superaçeo. Superação, porém, muito
nomiã, càm o adiàiq <, r{!-r,so-'Í-o!o-ôal àtisnõ; dependente
mais difícil e complexâ do que imaginan em geÍal os lib€rais, s€jaÍr embora. E uma das contrâdições mais prementes do rnomêniõ brasi-
eles autênticos ou "estaÍrentais", e as esquerdas. A cada abetuÍa,
lêto talvez seja esta: a defavireÍien@it&agec riná. Nío que
ou esboço de aberturq, acÍeditam que está engÍenada uma "dinâ- essa contradição sêjtàêai3i-va paÍa suscÍ uÍu nova ordem social.
mica íÍeversível". É proyav€lmente o caso hoje, com o advênto de
Pois o autoritarismo soub€ daÍ impulso ao desenvolvimento, sejs
uma crise cuio caráter orgânico está cada vez mais eúdênte. Mâs
dentÍo do espírito modemizante da "conciliação" popuLjstâ, sêia
não era o caso em 74, quando se sâudou em t€rmos €xce$ivamente
em função dos propósitos Íacionalizâdorss da tecnoblrrocracia
otimistas a voltâ do Seneral ColbeÍy âos bastidorês do poder. Ou
ligada ao autoritarisÍno "dêsÍtobilizâdoÍ", a partÍ d€ 64. Mas é
(}
verdade tâmbém que o Aotelcial dêmocratiz.âtrte, para â sociedade Brâ5il em conjurto. O int€rcssant.! nêr§âs con§tru!óç§ideológi!.§, é
em conjunto, dar transformaçÕ€s econômicas iem sido podado, que elas súentam, dê àaido comósnt€ com a úvéocia dtj'Colrçi
dêúdo às ordenações s€cular€s da política. liâção", simultanêamente a dissimetria êntre o áÉice ê/abas€ da pirâ,
PodeÍá causü esÉcie o fato de que, nos textos aqui Íeunidos, mide social, € o pat€rnalisÍro ben€volénte dos dé óiÍa, qBcísutráli.
pouco se ana.lisa autores como Oliv€ira Viannâ, Gilberto Freyre, zaria no nâscedouro os efeitos ncgalivos dcssa dissuneuiâ.
Cassiano fucerdo ou SéÍgio Buarque de Holanda, entre outros. Sêrá Existe, poÍtanto, um êDúõiginé o éntreessasialeoloSias, que
quê eles nEo lém nada r ver com â ..concüiaçáo.., ou auroÍrlarisno chamaremos d€ "s€curdáriãs", c as ideoloSias "primfti§", êngr€.
"desmobilizÀdoi', o autoíitarisÍno ..mobiluadoÍ.' e o lib€ratismo .á íâdãs estâs na práxis imêdiata dos atores, Frticulârmcntê a dos âto.
brâsileía"?
Á relação é .vidente, pelo coÍtráÍio. q[y9ira Villllc, por Mas o essencial, mesmo, é o dasvendamento das idêologiâs
êx€mplo, podê scr consideÍÃdo o t€órico do auto.itarisniã naesmãUi- ''primáriÀs , como nos propus.mos a fazeÍi Poíduas razÕ€s. Prf
lizador", como GilbeÍao Freyre e Cassiano Ricardo o sâo para a m€lo poÍque as estratégiâs dê bas€ têm sido, em geÍal, efici€ntcs
'tonciliação-, E §érgio Bú4lgUe d; Holânda um pouco pârâ todos os independentemente de uma formuhção cxplÍcita e sistêmática.
arquétipos. Pois o pÍimeiÍo enfâtiza o .,amorfismo,'ia sociedade Independentemente, portânto, da obÍa dos gÍandês ideólo8os. É
brâsileirã ('hão rêmos povo,,, ..nâo somos um povo'.) e a necessi- o que âconteceu com a "conciliârÃo". D€pois dê ter sido cnâlt.cida
d"de do esforço ÍedcntoÍ realizado de cunâ para baj\o. em que por Nabuco de fuâújo, nos primóÍdios da década dê 50 do século
con.
srsüe a polÍicâ obj.rivr''. TÍala.sê de eslÍutuÍar passado, quândo ele ofeÍêcia uma 'lonte de ouro" aos liberais
a Íeâl,dade brasr.
leiÍa, de dâr forma ao inorgáruco. peta educaçao ê. princ,Flmentê. vêncidos da Revolução Praiêia, â 'tonciliação" entrou d.pois num
pelo enquadramento dos indivüuos no serc dê ..orgáflcos'., quase silêncio por mris dc mêio sécúo. [Iavia um discuÍso da '!onci-
Srupos
tais como as associâções de cla§* e as coíporações que por suâ ve? liação", lêgív.l êntre as linh.s no coÍoncli$no ou na "política dos
as discipliían. Ferro isro. pond€ra Oüvera Vianna. poder-s€-á talvez, govemadores" dê Campos Salles. Mas cssê dis.uÍso era o mab das
num ruturo tndcletminado. insraurar uÍr, autênuco libeÍaltsmo no v€z€s implícito. Limitava{ê a úrmar, em atos mâis do quc em
Eraiil: ê quê hrvêrá cidadãos r$ponsáveis, no lugar em que só palavÍas, a 'Írdole pacífica da nossâ gente". Mesmo poÍque a
política dâ "conciliação", nío encontrando resistênciâs pond€Íáveh,
lismo entrê essa consrÍução e a ideotogia/prática elpontáneâ da êra como que verificâdâ nos fâtos. O que permitiu por suâ vez ao
"Conciliaçío '?
discuÍso libêral continuar dominando o espaço político irrbrl,
Quanto,a Cilb€rto F&Jre e Casiano Ricüdo eles não s€ can- na falta de contendores.
sam de c€lebÍar a figuÍa centlat do ideáio conciliador. a ..índole bôa
Daí a e€gunda râzâo da ênIale sobrc â idêologiâ "primáriã".
do poyo bÍâs.ilêüo",. a âceiração espontánea. po! parre dos hum - Pois a ideologia 1!Êcq!{áÍiâ", longe d€ Íepresentar a ess€ícia da
des. da protêção e da orientaçào dos podeÍosor. É essr
Íelação de
autoridadê ünorosa' que se reria yêriticâdo. a nivet À,cropotirico.
ideolo8la. úse desenvoú quando slrgem ameaças para o predo.
mínio de deteÍminada ideologia "primáÍia". É o que ocorreu na
no engêúo noÍdestino ou na bandeira pauliÍâ. Esta últimâ. em decada de 30. quando fórmulas novâs como o fas.isÍno ou o comu.
particular, é apÍês€ntada por easiano Ricardo coÍro um embrião de
nismo pâssaram a afieaçaÍ a 'tonciliação" ê, nutll menor grau, o
Esrado um pcqueno EÍÃdo anbutanre percolendo â unensrdâo próprio autorita.rbrno "tlêsmobilizadoa'. A função da ideolôEia
b,as eirâ . em que reÍia $r8rdo a colaborâçào hlrmoruosa enrre
o "sêcundáriâ" é €ntío abafa. as dúúdas qu€ começam â invadiÍ
Dranco, o mameluco e o índio. âo ,nesmo lempo que s1la tueraÍ.
os portadoÍcs dã ideologia '!Íimária". O qu€ implica que essâ
quizaçar-o,$aremente endosâda por lodos. A Íorça, é verdade, ideologia sâia do silêncio, {iâ suâ tvidência", pfia sê kansformar
pÍe§diu em ampla medida à €onstituiça:o dâ bandeira. Mas.umâ
vez numa construção mais elaboÍada. O &aço mais p€rtúelte djgsã ideo-
consüturda, cla ierÉ sido a preÍBuraçáo Je uma democíacia
ao loSia "sêcundáÍia" consiste num esforço de fundamentação: tÍata-s€,
mesÍno tempo racial, social, culruÍâl € polirica. tvlâis ou menos paÍa ela, de fund.mentai o quê se "constata" â nível primário.
o
qu€ diz Cilberto FreyÍ€, seja pâra o contexto nordestino
seja para o Invocâ por €xemplo â mistur. Íacial como fundamento dâ "cordia-
, r,1. ír
..,
20 MICHEL DEBRUN
50 MICHELDEBRUN
A "Conciliação"*
A 'tonciliação" lêm d.s.mpeúado um papêl consideÍável na
históÍiã política do kasil. Mas sêÍia ilusóÍio interpÍ€tá-la através dc
estereótipos sobrê a "índole da nossâ gente". o "caráteÍ mineÍo"
etc. ou vé-la como um processo suÃv€ de ajüte de contas entÍe
atoÍês dotados d€ força ou iÍúluêncía mais ou m€nos iguat. furanjos
dêss€ iipo foÍam raro§. O único ex€mplo impoÍtante, acÍedito, foi
o rcordo d€ 6l entre os sêtoÍes inconformados com í possê de
Coulut e os lêgalistas.
No mais, t€mos dê pâíí do gÍande hiato econômico, social,
cultur ê políüco que, dêsd. os primúdios, sep.Íou os grupos domi
nàntes e as carnadas suba.ltemâs. Essa clivãgem pêÍmitiu que ele-
m€ntos intermediários, Ínâs situâdos mais perto da base da pirámide,
dificilrnente pudessem Í€cusâÍ a troca dâ sua l€aldade aos gÍupos
dominÂnt€s contÍâ favorês melhores ou maiores. De um lado viam ÍIa
§)â cooptaçiÍo umâ oportunidade de mobilidade vertiCal, sobre um
pano de fundo cuja tôoica erâ â escÍaüdão. D€ outÍo lâdo, e tso valê
também pâra as elites di§d.ntes, sêu eventual inconformismo não
podia ir muito longe. Pois, em virtude do hiato acima, erâ-lhes difícil
mobilizar duravelrnente ao m€Íros as camadas Ínais despo§suí-
-
dâs € orgânizar com elas movimeítos nacional-popular€s.
53
52 MICHELDEBRUN A'CONCILIAçÃO* E OUTRÀS ESTRATÉGIÀS
I
cnquadram€nto dos grupos subaltemos paÍa a tolcÍáncia em Íêlaçáo
a inÉÍneÍos aspectos do dia-âdiâ a rcciprocàmente. O que favoÍece as
confusõcs. Sêgundo, ent c as formas mais brandas do ÍigoÍ € a!
A'CONCILI^çÂO" E OUTRA§ ESIRATÊGIAS 55
servadoÍÃs ou proSÍcssiíl5. A
doação" Pode Ícsidn nâ ProtcçIo
DatêrnÀl e na càpacldâde d€ diilogo do Poder ModeradoÍ. como
àuere'n os aacptos dâ "concitiâ§ão' ou do lbeíali!Íno 'à bÍâti'
tiira'. Ou na 'oÍ8arizâção dâ nâ§ão . pelE imPlantação tecnocÍá'
ticã dos dircitos ciú§, êconômicos, sociai., cultuÍais e,lá pats os lin!
dos tempos, dos dirêitos políticos. PÍetende-s€, ness€s dois cÍtsos PoÍtúto, o ap€lo à idcologiâ € o êspiritualisnno
Entende-s€,
pârtiorlarmente no s€gundo, qu€ dein€ o autoÍitari$no desÍnobÍ oue úaz; r.boqu;. Poi§ o qu. é artificial é Por dcfÚWão fÍágil E
lizadoÍ promoveÍ o povo sêm a srâ p,uticipação efetiyâ, através
- o simoles Íato de desvêndá'lo e a Pârlií di§o dc congrê8ar os
lsetores dinámlcos" em rcÍno de um proj'to de nova socÉdade'
de politicas "objêtivas". Mas, embora tenlu sido o casr menos
siÊnilEa meio caminho P€rcoÍndo À fagulha tdeoló8ica opên
a
fÍêqücnte, existe uma terceira outorga possíveli a de ideoloSias, ou
por
mclhor, d€ pÍojetos polílicos vazados em termos idêológico§. cãnversao ouast mrstica das consciências celebrada oulÍora
CaÍacteÍizam-se, pÍimeiro, pêlâ foÍmülação de objêtivos com irrâIo vi.i" Pinto. E umâ vez iniciada a Íedençáo ê§Piriluâl a
História podeíá tomaÍ um rumo acelerado- a dificuldadê
reside
fortes conotações €spiritualistâs, mesmo quândo inspiados na reali
ideo'
dâde brasileia. Como a recÍistian2ação do BrÃsil, pregada nos aíos menos nós obstáculos exterioÍes do que nâ próPÍia arrârcadâ
20 por Jackson de FigueÍedo. Ou a "auto-âfimâçÃo nacionâl lógica, no despêíaÍ dos gÍüpos e indivíduos Àté agora merBulhado3
mas d'
pelo dêsenvolvimento" (sendo este, pois, o meio dâquelÀ, e não um nnl" t."ras. oài a nêces§dade, não apenâs da ideologia'
fim em si) dos pensadores do Insrituto SupêrioÍ de Estudos Brasi- rúá doacdo" Dor c€r(os int.lectuait ao resto dâ sociedâde êm parti
da edu'
lcnos (ISEB), nos anos 50. Ou a con§.ientização e a desâlienação c'naÍ aos el€m;nlos mârs humildes' A mobilização dêp€nde
das massâs, pêrsêguidas pelos CentÍos de CultuÍa PopüÀr do peÍíodo .âcão. ou dâ cat€quese.
GoúaÍt. Ou Àind., na p€rp€ctivr de Olivetos FerreirÃ, ã "alforria ' Nao cab€ aqui um debate em toÍno dà {íãquêzâ" da
sociê'
é ou foi Íeal
da soci€dâde civil" à a suâ libertação das peias do Sistemâ consti. darle brasileira, tlo seu carátêÍ Íeal ou iluúrio E, s' êla '
Podemc dâr de balato' sem
tuído pela aliança e§ausa da burocracia estatal, do imposto súdical alÀ sua naturalialâde ou dtiíicialidade
e dos inteÍesses aÍcâicos do campo ê da cidade. i".o"t", a. q"" houYe pêlo m€nos algumas apÜ'ícias dc
Em segundo lu8âr, os arautos desses projêtos visam.semprê à ""r*",
fraoueza. FoÍam elai que embasaram os arquétipos autoritúios
pÃrticipação ativâ, e mobilizâçâb em toÍno deles, da coletividade, .*'. ai"u-* a" p"t -int.t"*.
nun." foÍam Plivilégio exclusivo dâs
ou, pelo menos, dos elementos üstos como 'dinâmicos". Est€s ã."i.^-".to. ""r" "gi., as plêdis?usêssem a n€les'
'ntrar
têm sido, alt€Ínâtiva ou concomitantemente, as clâsses módias, a aoa ,olúpir. A8ora, porém. a3 pÍópÍias apaÍenci⧠começam â s'
apenâs
burguesia "íâcional", o pÍolêtaÍiâdo, os míitâÍes. Gramscianamente dêsfâzer. Àssim sefldo, é compÍeensivel qu€ a§ massa! e não
catequizâdos pelos intelectuais (a outorSa §eria, portanto, de dois hla. DrefÍam dcspêrtâÍ poÍ conra pÍóPna' E nâo mais aceitem
nív€is), êl€s t€Íiam de a§sumir a h€gemonia da sociêdade civil. Para uln" aefinicao alocirla dos seus veÍdadeiÍos interes§rs' Rej€itam
que' pâra
conquistn o podeÍ, que Íuncr, âliís, cons€guilam âbocanhar. até o auto;ilarisno mâh brando. o mobilizadoÍ Mêsmo
i-to, t"nt num PÍimeiÍo t€mPo de §êguiÍ câminhos "cconomi
Nem m€sÍro nos idos dc 69, quândo o "nass€Íisno" do E€nerâl
AlbuqueÍque Lima pareceu a ponto de triunf&.
",
chtas;' e corporativos, pouco do âgÍado dos intelecbrâis'
O important€ é v€r que, apcsâI dâ énfãsê sobre â ideologia, o
"mobilizacionismo" encampa o postulado fundamentâl dos outros
autoritariínos: s 3oci€dade brasil€iÍa, ou parl€ dela, é "fÍâca" e devc
s€r redimida. A única diI€r€nça, srbstancial embora, é quc â 'tonci-
liâção" e o .utoritaísmo desmobilizador coftideraIn €ssa fraquezâ
natural, ao passo quê o autoritarismo mobilizador a vê como mais
ou menos artificial. Os pÍimeiÍor dêstacam fator€s, raciais princi
palrnente, que teriün estÍutuÍâdo a história bÍasileiÍa e cujo peso
n€Sativo ú pod.ria sêr supendo nâ muito longa duraçâo. Fâlãm
em "âmoÍfisno", que âs elites têm â &úIâ missão de coÍri8ir. Os
ütimos falâm mais em 'âlienatão", por veÍ a fÍaqueza bras ena
detaÍmimda, ao menos oÍigúifiamênte, pelo impêÍia.lismo estran-
geiro, pelo "Sistema 'etc . . .
A 'coNctuaçÃo" E ourRAs EsTRÀTÉcIÀs 61