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“Ora, o que elas [as classificações primitivas] supõem é a crença na transformação possível das coisas
mais heterogêneas umas nas outras e, por conseguinte, a ausência mais ou menos completa de conceitos
definidos.” (p.401)
“ Toda classificação implica uma ordem hierárquica da qual nem o mundo sensível nem
nossa consciência nos oferece o modelo. Deve-se, pois, perguntar onde fomos procurá-lo.” (p. 403)
matiza homens e objetos naturais segundo suas características; “força” a qual os autores
dirão ser um verdadeiro poder. coercitivo. Dessa forma, Mauss e Durkheim afirmam:
“As divisões sociais aplicadas à massa primitiva das representações puderam sem dúvida estabelecer um
certo número de quadros delimitados, mas o interior destes quadros permaneceu nem estado
relativamente amorfo que dá mostras da lentidão e da dificuldade com a qual se estabeleceu a função
classificadora” (p.411)
“ [...] depois de ter descrito as diferentes variedades do referido sistema de maneira objetiva,
tais como funcionam nestas sociedades, seria interessante saber de que maneira o australiano
as representa; qual a noção que ele tem das relações que medeiam entre os grupos
das coisas assim classificadas. Poderíamos, assim, dar-nos conta melhor daquilo que são as noções
lógicas do primitivo e da maneira pela qual elas se formaram.” (pág. 413)
***
“Para poder adaptar aos fatos os princípios sobre os quais se baseia este sistema, ele
ou através desta:
“Evidentemente, estamos diante de uma multidão de classificação entrelaçadas e que, malgrado suas
contradições, cingem a realidade bastante de perto para poderem guiar assaz utilmente a ação” (p.446)
“A classificação das coisas em oito capítulos, ou oito poderes, dá uma verdadeira divisão do mundo em
oito famílias, comparável, salva a ausência da noção de clã, às classificações australianas.” (p. 446)
“Pode-se, portanto, pensar que as condições de que dependem tais classificações muito antigas não
deixaram de desempenhar um papel importante na gênese da função classificadora em geral.” (p. 451)
os seres de um mesmo grupo, seja os diferentes grupos entre si, são concebidos
como vínculos sociais. Desta forma, “as relações lógicas constituem então, em certo
sentido, relações domésticas” (p.452). É posta à tona a questão da afetividade.
“ [...] a história da classificação científica é, em última análise, a própria história das etapas
no decurso das quais este elemento de afetividade social se enfraqueceu progressivamente,
deixando sempre mais o lugar livre ao pensamento refletido dos indivíduos.” (p. 455)
Por fim, Mauss e Durkheim ressaltam ainda mais uma vez a importância
das Ciências Sociais no estudo da gênese das classificações e nas operações lógicas, de
maneira mais genérica. Pontuam como se pode perceber, através do estudo que
realizaram, que as classificações variam de acordo com o momento histórico no qual
estão inseridas. Este fato demonstra a relevância do aspecto social em estudos que antes
somente áreas como a psicologia e a metafísica possuíam favor de se aventurar.