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Entre Vivências e Resistências: o racismo na ótica de negras(os) intelectuais*

Vera Rodrigues
Professora na graduação e pós-graduação (mestrado em antropologia) na UNILAB- Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira. Membro do Comitê de antropólogos(as)
negros(as) da ABA - Associação Brasileira de Antropologia. Coordenadora do projeto de extensão
“Mulheres Negras Resistem: processo formativo teórico-político para mulheres negras". Doutora em
Antropologia Social pela USP - Universidade de São Paulo (2012)

O racismo existe porque é vivido. E quem o vive, sabe. Essa experiência vivida na
ótica de negras(os) intelectuais e ativistas é o que move esse texto, portanto vou falar
do que me move. Sou gaúcha de nascimento. Nasci no ano de 1967, na cidade de
Pelotas. A cidade foi palco no século XIX das charqueadas, fazendas em que escravizados
trabalhavam salgando a carne, a qual era a principal matéria-prima de uma indústria
que promovia o enriquecimento da região da então, província de São Pedro. O trabalho
forçado e as condições sub-humanas das charqueadas fizeram com que fosse
comparada por um viajante europeu da época, como um “estabelecimento
penitenciário”. Apesar do significado e importância histórica das charqueadas, eu faço
parte da geração de crianças negras pelotenses que não viu essa história ser contada
nos bancos escolares. Não, como o algo a referendar a participação de africanos
escravizados naquela região e, muito menos de seus descendentes. Creio que nesse
ponto, a partir da escola, começava o processo de desconstrução de uma memória
coletiva e/ou referenciais históricos.

Meus pais faziam parte da legião de trabalhadores braçais, oriundos do meio


rural, que na Pelotas do século XX alimentavam com seu suor de operários, a indústria
da fabricação de alimentos, conservas de doces – outra riqueza local - e refino de óleo
comestível. Meu pai nasceu em Encruzilhada do Sul, terra do marinheiro João Cândido
Felisberto, líder da revolta da Chibata (Rio de Janeiro,1910). Também nada aprendi
sobre ele ou a revolta na escola. Minha mãe é oriunda do município de Pinheiro
Machado onde se localiza uma das referências culturais negras gaúchas: o Cerro de
Porongos, local em que o grupo de combatentes negros conhecido como “Lanceiros
Negros”, foi abatido durante a Revolução Farroupilha (1835-1845) como parte de um
acordo de paz entre forças imperiais e republicanas. Nesse acordo de “paz” não estava
incluso um outro acordo firmado com os lanceiros negros: liberdade e terras pela

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
participação na revolução. Até hoje o assunto causa celeumas, divide opiniões, mas
quando eu era uma criança nem isso havia. Não havia o tratamento do fato como algo
a ser estudado, aprendido.

Pois bem, cresci assim sem nada saber dos meus ou do seu passado histórico. Em
casa, aquilo que também não foi aprendido não poderia ser repassado. Ainda assim,
meus pais valorizam muito a educação, o acesso à escola e, isso faria toda a diferença
anos mais tarde na minha vida. Além disso, minha mãe e avó materna moldaram o que
hoje entendo como referenciais femininos e negros. Cada uma delas a seu modo. Minha
avó com suas benzeduras e chás que curavam de tudo um pouco e que diante dos meus
olhos curiosos, evidenciavam toda uma gama de saberes antigos e entrelaçados à
história negra. Minha mãe com sua discreta elegância de quem não admitia que as filhas
andassem “ponta abaixo, ponta acima” sinônimo de malvestidas, ainda que eu e minha
irmã não tivéssemos mais do que o par de vestidinhos rosas usados em ocasiões
especiais como fotografias, passeios e visitas à parentes.

Também para ela era importante que estudássemos e não fossemos pelo mesmo
caminho do trabalho braçal percorrido por ela e meu pai e todos, provavelmente, que
os antecederam. Lembro-me de suas palavras dizendo que tínhamos de ter “bom
comportamento”; “não nos misturarmos com qualquer um” e que ninguém precisava
saber de qualquer “necessidade” que passássemos em casa. Aquilo que poderia ser lido
na chave do orgulho pessoal e reprodução de um olhar conservador sobre a conduta
negra, me soa agora como mecanismos de defesa e sobrevivência em uma sociedade
racista. Embora não nos fosse dito “o racismo existe”, “somos negros” entendo que
havia algo a mais na preocupação com aparência e comportamento na nossa família
negra.

Toda a preocupação e cuidado não poderia evitar que fora dos espaços de
proteção familiares, não fossemos de alguma forma atingidas pelas marcas impostas
pelo racismo. Uma dessas marcas se sedimentou como uma lembrança de infância. Eu
era uma menina de uns 7 ou 8 anos, ou como dizemos “uma guria” no sul do Brasil, e
me lembro que durante uma festa junina na escola, um guri branco se recusou a dançar
comigo. Lembro-me, de ficar ali parada no pátio, em meio a outras crianças que riam

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
do acontecido e de não saber o que fazer. O porquê eu não entendia, mas só sabia que
algo em mim afastava não só aquele guri, mas outras crianças como ele também.

Essa sensação, sem resposta aparente, me acompanhou por anos na vida


escolar. Olhando para trás, vejo esse fato inserido nas consequências de uma lógica de
invisibilização e negação do negro(a) na sociedade. Não era somente eu que
desconhecia uma história negra regional, mas aquele guri também e tantos outros que
na sua estranheza fomentada pelo racismo, aprendiam somente a recusar, a achar “feio
aquilo que não lhes era espelho”. A ausência e/ou distorção da imagem do negro(a)
acarreta esses olhares tortos, equivocados, tristes. Essa é uma das razões que me faz
pensar na recusa, resistência e toda sorte de dificuldades à implementação da Lei
10639/03, mesmo passada quase duas décadas de sua existência, como uma das
marcas desse racismo que permeia o tecido social e faz vítimas. Transpor isso ainda é
uma tarefa árdua no campo das ações afirmativas no Brasil. São múltiplas as tarefas
árduas enfrentadas por negras e negros nesse país. E não é de hoje. Para fins desse
texto, vou contextualizar nosso diálogo, a partir dos anos 60. Anos que vivi e senti o
racismo, mas não só eu. A antropóloga e ativista Lélia Gonzalez (1935-1994) no livro
“Lugar de Negro” analisou os “anos de chumbo” na ótica da população negra. Aliás, o
título do livro diz muito do relato pessoal que fiz acima acerca de uma pergunta que me
fiz durante anos: qual o lugar do negro na sociedade brasileira? Na pequena cidade em
que nasci? No estado hegemonicamente branco onde cresci? Qual seria o meu lugar de
mulher negra nessa vida?

Em Gonzalez(1982) o lugar do negro naqueles anos 60 foi o da precariedade


socioeconômica gerada pelo processo de ruptura democrática. O “milagre econômico”
não atingiu a população negra. Segundo a autora, juntamente com a repressão e
censura, vieram o arrocho salarial, os empregos menos qualificados, a favelização e o
alto custo de vida para essa parcela da população brasileira:

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
(Gonzalez, 1982, p. 15).

Ao apontar para a dicotomia entre “lugar de negro” e “lugar de branco”, ou de forma


mais explícita para “privilégios” e “desigualdades”, a autora aponta para a divisão racial
do espaço como uma naturalização dos espaços vividos para negros e brancos. Os
espaços de moradia e trabalho são racialmente definidos entre quem vai morar nos
grandes centros urbanos ou nas periferias desses mesmos centros. Entre quem a
carteira de trabalho assinada1 pode ser a diferença entre ser ou não um potencial
vagabundo aos olhos da polícia. Esses são efeitos de um racismo vivido. Estrutural. Para
Almeida (2019) o racismo é sempre estrutural, ou seja:

“(...) ele é um elemento que integra a organização


econômica e política da sociedade(...) as expressões do
racismo no cotidiano, seja nas relações interpessoais , seja
na dinâmica das instituições são manifestações de algo
mais profundo, que se desenvolve nas entranhas políticas
e econômicas da sociedade ”. (Almeida, 2019, p.15-16)

Das entranhas em que o racismo é urdido até as entranhas de quem o vivencia a


população negra conhece bem. Em 1958, Carolina Maria de jesus escrevia em seu diário,
mais tarde convertido no seu icônico livro “Quarto de Despejo”: “e assim no dia 13 de

1
A lei de Contravenções Penais (3.688) criada em 1941 , no seu artigo 59 permitia a prisão de “suspeitos
de vadiagem”, ou seja, não portadores de documentos que comprovassem trabalho lícito. Somente em 2012
o Projeto de Lei 4668/04, do ex-deputado e ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, retirou da referida
Lei a punição para vadiagem.

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
maio de 1958 eu lutava contara a escravatura atual – a fome!”. Na frase curta, seca e
dolorosa como a fome, a escritora evidenciava os impactos da política e da economia
sobre corpos negros e favelados. Ela apontava para as contradições de um centro
urbano como São Paulo e de uma favela como a Canindé; de uma população branca que
frequentava o centro – a sala de visitas – e de uma população negra que tinha no quarto
de despejo – a favela – seu “lugar”. Na leitura que Carolina Maria de Jesus nos provoca,
o racismo pode ser lido na chave do segregacionismo espacial, pois determina quem
vive onde e como. Esse é um exemplo do racismo vivido, o qual no caso da escritora
encontrou resistência no seu ato revolucionário de escrever. A escrita não foi apenas
sua arma de denúncia contra as condições de vida dos pobres, da falta de compromisso
político dos governantes no combate à pobreza, especialmente quando ela escreve “ O
Brasil deveria ser governado por quem já passou fome”. Foi também uma apropriação
do lugar de produtora de conhecimento, algo impensável para uma lógica que só
reconheceria isso no sujeito branco e alfabetizado. Se isso puder ser interpretado como
resistência, então temos aí uma negra-intelectual no sentido exposto por Ribeiro(2014,
p.168) como um “(...) movimento de descolonização do saber e do poder branco e
eurocentrado. Descolonizar rompendo com a lógica de que pessoas negras não possam
ser intelectuais e se forem, devem negar aquilo que os constituem, ou seja, a sua
negritude”. Assim, por não negar sua negritude é que o antropólogo Kabengele
Munanga reconhecido intelectual no campo da antropologia das populações afro-
brasileiras disse em entrevista (2012)2 que no Brasil o racismo é um crime perfeito:

Quando a Folha de S. Paulo fez aquela pesquisa de opinião em


1995, perguntaram para muitos brasileiros se existe racismo no
Brasil. Mais de 80% disseram que sim. Perguntaram para as
mesmas pessoas: “você já discriminou alguém?”. A maioria disse
que não. Significa que há racismo, mas sem racistas. Ele está no
ar… Como você vai combater isso? Muitas vezes o brasileiro
chega a dizer ao negro que reage: “você que é complexado, o
problema está na sua cabeça”. Ele rejeita a culpa e coloca na
própria vítima. Já ouviu falar de crime perfeito? Nosso racismo é
um crime perfeito, porque a própria vítima é que é responsável
pelo seu racismo, quem comentou não tem nenhum problema.”

2Ver “Nosso racismo é um Crime Perfeito” disponível em: https://revistaforum.com.br/revista/77/nosso-racismo-e-


um-crime-perfeito/

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
Uma consequência dessa negação de sujeitos racistas combinada com a culpabilização
de quem o sofre atua perversamente na invisibilização ou reducionismo do problema.
Se hoje ouvimos expressões como “vitimismo” e “mimimi” em referência ao racismo
como fato concreto e presente no cotidiano de milhões de pessoas no país, devemos a
essa perversidade na dinâmica social. Um dos efeitos mais evidentes do nosso racismo
se deu no terreno da educação com a ausência de estudantes e professoras(es) negros
nas universidades públicas brasileiras até o início do século XXI. Em 2002 apenas 2% dos
universitários eram negros(as), segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística. Em 2005, após a implementação de ações afirmativas esse
percentual já chegava em 5,5%. Em 2015, 12,8% dos negros entre 18 e 24 anos chegaram
ao nível superior3, segundo o IBGE. Ainda há um longo caminho a ser percorrido, se
pensarmos na defasagem da presença negra nas universidades em relação à presença
branca. Essa caminhada teve início bem antes da implementação das ações afirmativas,
se considerarmos as ações voltadas para a educação formal e informal de negras(os)
protagonizadas por organizações do movimento negro brasileiro.

A antropóloga e pedagoga Nilma Lino Gomes em seu recente livro “Movimento


Negro Educador: saberes construídos nas lutas por emancipação” nos leva a percorrer
uma linha de tempo da luta negra por acesso à educação. Segundo a autora, isso é
perceptível desde os anos 30 do século XX com a Frente Negra Brasileira, passando pelo
Teatro Experimental do Negro, Movimento Negro Unificado até a contemporaneidade
da luta e conquista das ações afirmativas. Essa resistência forjada na luta antirracista fez
com que a adoção de ações afirmativas no ensino superior fosse inclusa na agenda
política do país. Assim, é que a construção do atual quadro de políticas de ações afirmativas
no Brasil vem sendo delineado desde o final dos anos 80. Nesse período Estado e movimentos
negros, enquanto atores políticos, interagiram num cenário feito de mobilizações, definições
de pautas e estratégias políticas. Quando falo em movimentos negros, refiro-me às diversas
gerações de militantes e organizações negras que compuseram um mosaico de bandeiras de
luta e formas de mobilização e ação, mas mantendo o fio condutor da luta antirracista. Assim,
interagiram nesse período organizações com reconhecimento regional e/ou nacional, a começar
por aquelas fundadas nos anos 70, tais como: IPCN – Instituto de Pesquisa das Culturas Negras

3
Para maiores detalhes ver: http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-12/percentual-de-
negros-em-universidades-dobra-mas-e-inferior-ao-de-brancos

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
(Rio de Janeiro, 1975), MNU – Movimento Negro Unificado (São Paulo, 1978) e CCN - Centro de
Cultura Negra do Maranhão (Maranhão, 1979).

Dos anos 80 veio uma militância composta por entidades recentemente instituídas, tais
como a UNEGRO – União de Negros pela Igualdade (Bahia, 1988) e as primeiras ONGs negras,
destacando-se: Maria Mulher Organização de Mulheres Negras (Rio Grande do Sul, 1987),
Geledés – Instituto da Mulher Negra (São Paulo, 1988) e CEAP – Centro de Articulação de
Populações Marginalizadas (São Paulo, 1989).

Já nessa ocasião organizações negras como o Geledés e CEAP foram contemplados com
recursos financeiros advindos do Programa Direitos Humanos da Fundação Ford,
respectivamente para atuar no desenvolvimento, promoção e divulgação de legislação
antirracista e organização de um serviço jurídico de atendimento às vítimas de discriminação
racial. O Geledés foi uma das organizações de mulheres negras que além de colocar em
evidência o feminismo negro, através do debate sobre a participação das mulheres nas
organizações negras pautou a defesa de políticas públicas com recorte de gênero e raça. Na
avaliação que Ana Toni, diretora do escritório brasileiro da Ford entre 2003-2011, faz sobre o
papel da cooperação internacional no Brasil dos anos 80, destaca-se a participação dos
movimentos sociais:

a abertura política e o processo da Constituinte dos anos 1980, Talvez


pudéssemos dizer que o papel da cooperação internacional nos anos 1980
tenha sido o de apoiar a construção plural da democracia participativa
brasileira, ajudando a fortalecer a voz de grupos e movimentos ainda excluídos
dos corredores do poder e apostando no papel fundamental para as políticas
públicas das ONGs que trabalhavam fundamentalmente com advocacy. (TONI,
2010)

È na pauta das políticas públicas que Estado e sociedade convergem – ainda que de forma
tensa, parcial e incipiente - para a inserção das ações afirmativas. O marco dessa convergência
será a Constituição Federal de 1988, a Constituição Cidadã, em que o artigo 3º4 veio expressar
um pacto social pela redução das desigualdades sociorraciais. Na sociedade civil organizações
dos movimentos negros repudiavam o tom celebrativo do centenário da abolição da escravatura
e reivindicavam medidas concretas de igualdade a partir da nova Constituição Federal. Isso

4
Assim cita o artigo: “ Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: III -
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.”

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
transpareceu, por exemplo, via mobilização na “Marcha contra a Farsa da Abolição”, realizada
no Rio de Janeiro em maio de 1988.

Além dessa mobilização visível, aconteceram outras articulações não tão visíveis, mas
que impulsionaram ações em todo o país. Primeiramente, foi a presença de militantes nos
núcleos de partidos políticos, sindicatos, bem como nas coordenadorias, programas e conselhos
da população negra que começavam a ser criados nesse momento, em âmbito municipal,
estadual, federal e que imprimiram força às reivindicações. Em seguida, o entrelaçamento entre
ativismo e pesquisa fez com que na esteira dos Programas “Sexualidade e Saúde Reprodutiva”,
“Governo e Sociedade Civil” e “Direitos Humanos” desenvolvidos na parceria entre as fundações
Ford e Carlos Chagas fossem criadas as condições para elaborações de diagnósticos sociais que
ajudaram a consolidar uma agenda política nas temáticas de gênero e direitos humanos como
primeira instância do Programa de Ações Afirmativas.

No tocante à consolidação de uma agenda feminista isso se deu tanta por iniciativas de
ordem prática como a criação dos conselhos, em nível estadual e federal, e delegacias de
mulheres como aquelas resultantes do movimento feminista, da introdução do conceito de
gênero e dos estudos sobre a mulher. Essas últimas iniciativas ocorreram de forma simultânea
e interligada na Fundação Carlos Chagas5, conforme indica Campos (2002, p.145) ao citar as
palavras da pesquisadora Fúlvia Rosemberg: “as acadêmicas militaram e as militantes
pesquisaram”. Nessa “fusão de horizontes” é que o Concurso de Dotações para Pesquisa sobre
a Mulher Brasileira, publicações e projetos de pesquisa foram Financiados pelo programa
Direitos Humanos da Fundação Ford6 . Entre os anos 80 e 90 os temas de gênero e direitos

5 Conforme explicitado em seu histórico a “Fundação Carlos Chagas é uma instituição privada sem fins lucrativos,
reconhecida como de utilidade pública nos âmbitos federal, estadual e municipal, dedicada à avaliação de
competências cognitivas e profissionais e à pesquisa na área de educação. Fundada em 1964, expandiu rapidamente
suas atividades, realizando, em todo o Brasil, exames vestibulares e concursos de seleção de profissionais para
entidades privadas e públicas. A partir de 1971, com a criação do Departamento de Pesquisas Educacionais,
desenvolve um amplo espectro de investigações interdisciplinares, voltadas para a relação da educação com os
problemas e perspectivas sociais do país. Com a expansão das atividades desse Departamento ao longo dos anos, em
maio de 2009 foi instituída a Superintendência de Educação e Pesquisa incorporando a pesquisa e os demais setores
relacionados à educação.”
6 Em 1936, nos Estados Unidos, foi criada com ações da companhia automobilística Ford uma instituição filantrópica

de caráter privado, orientada por princípios democráticos, combate à pobreza e injustiça social com atuação em
diferentes países. A Fundação Ford possui atualmente onze escritórios situados entre a América do Norte, África, Ásia
e América Latina. No Brasil desenvolve u no período de 2001-2011 o Programa Internacional de Bolsas de Pós-
Graduação (IFP) com o objetivo de ampliar o acesso à educação superior por meio de um programa de ações
afirmativas.

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
humanos foram ganhando cada vez mais espaço nos projetos de pesquisa e ensino que
passaram a abarcar também conceitos e metodologias de ciências sociais e a relação entre
pesquisa e formulação de políticas públicas. Os avanços obtidos serviram para demonstrar que
ainda havia impasses não resolvidos, ou melhor, não encaminhados na ótica das desigualdades,
no caso as desigualdades provocadas pelo racismo no Brasil.

O combate às desigualdades raciais no plano legal foi dado pelos conceitos de equidade
e justiça social, os quais significam pela concepção jurídica um direito fundamental, o direito à
diferença, como explicitado abaixo:

Destacam-se assim, três vertentes no que tange à concepção da


igualdade: a) a igualdade formal, reduzida a fórmula “todos são iguais
perante a lei” (que, ao seu tempo, foi crucial para abolição de
privilégios); b) a igualdade material, correspondente ao ideal de justiça
social e distributiva (igualdade orientada pelo critério sócio-
econômico); e c) a igualdade material, correspondente ao ideal de
justiça enquanto reconhecimento de identidades (igualdade orientada
pelos critérios gênero, orientação sexual, idade, raça, etnia e demais
critérios). (PIOVESAN, 2005 p.36)

A autora indica que há um caráter bidimensional na ideia de igualdade material:


redistributiva e de reconhecimento. Esse ângulo da justiça é interessante, pois será adotado na
concepção da política pública, objetivando contemplar a universalidade de uma política
abrangente (redistribuição de renda/combate à pobreza) com a especificidade de uma política
atenta para os marcadores de diferenças sociais (raça, gênero, etnia). Por essa via, as políticas
de promoção de ação afirmativa viabilizam o trânsito da igualdade formal para a igualdade
material e substantiva. Esse é um ponto ressaltado não só por Piovesan (2005), mas também
por Gomes (2005):

Como se vê, em lugar da concepção “estática” de igualdade, extraída


das revoluções francesa e americana, cuida-se, nos dias atuais, de se
consolidar a noção de igualdade material ou substancial, que, longe
de se apegar ao formalismo e à abstração da concepção igualitária do
pensamento liberal oitocentista, recomenda, inversamente, uma
noção “dinâmica”, “militante” de “igualdade”, na qual
necessariamente são devidamente pesadas e avaliadas as
desigualdades concretas existentes na sociedade, de sorte que as
situações desiguais sejam tratadas de maneira dessemelhante,
evitando-se assim o aprofundamento e a perpetuação de

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
desigualdades engendradas pela própria sociedade (GOMES, 2005,
p.47, grifo meu).

Na leitura de Gomes (2005), percebe-se o acréscimo da ideia de tratamento desigual


aos desiguais, a qual também já foi objeto das observações Boaventura apud Piovesan (2005,
p.37) quando o autor afirma que “apenas a exigência do reconhecimento e da distribuição
permite a realização da igualdade”. O termo “igualdade”, assim como a preocupação com a sua
concretização está presente nos autores citados, o que nos remete, de certa forma, a outro
termo não empregado por eles, mas pertinente ao tema das ações afirmativas: equidade.

Nota-se que entre “igualdade” e “equidade” pode haver uma discussão semântica, mas
também de fundo ético, conforme Pereira (2006):

O conceito de equidade não é necessariamente equivalente a


igualdade, embora os dois termos sejam por vezes usados como
sinônimos. Quando se define equidade na prestação de saúde em
termos de igualdade, o conceito envolve duas dimensões importantes:
a equidade horizontal - tratamento igual de indivíduos que se
encontram numa situação de saúde igual; e equidade vertical -
tratamento apropriadamente desigual de indivíduos em situações de
saúde distintas. A equidade tem a ver com justiça, tem uma dimensão
ética relacionada com a redistribuição de algo de acordo com as
necessidades referentes a esse algo, é um conceito relativo. A
igualdade é um conceito mais absoluto, não tem necessariamente
uma conotação ética. A igualdade, compara níveis de saúde, de
recursos, de acesso, etc., entre indivíduos e comunidades,
independentemente de critérios associados às necessidades desses
indivíduos ou comunidades. Algumas desigualdades são esperadas e
fáceis de prever, sem necessariamente refletirem iniqüidade
(PEREIRA, 2006, grifo meu).

Na leitura acima se entende que há uma ligação entre justiça e equidade, a qual se
materializa na reafirmação da igualdade material e substantiva. Esse aspecto se alia à
interpretação do conceito trazido por Correa (2010) no qual a equidade corresponde a ideia de
“justiça do caso concreto”. Por essa lógica quando a justiça é aplicada de forma maleável, não
rígida ou prisioneira da generalização, mas de acordo com as circunstâncias de cada caso, há
equidade. Isso se torna, particularmente, interessante em relação às ações afirmativas, quando
percebidas como mecanismos promotores de equidade social.

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
A partir do entendimento das ações afirmativas como mecanismos promotores de
equidade social, a construção de políticas públicas para populações negras torna-se pauta de
discussão com a realização da Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação, a
Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, ocorrida em Durban (África do Sul/2001). A partir desse
momento desenharam-se planos, políticas, programas e metas regionais que envolveram essas
populações, governos, agências multilaterais e movimentos sociais numa ciranda constante de
demandas, práticas institucionais e mobilização social.

O ano de 2011 ofereceu um bom momento para uma análise do estado da arte dessas
políticas no contexto latino-americano, tendo como ponto de partida as avaliações de agentes do
Estado e da sociedade civil sobre os dez anos do DDPA – Declaração e Plano de Ação de Durban
em que delimita um conjunto de diretrizes a serem cumpridos pelos países no combate ao racismo
e desigualdades.

Retomando o estado da arte das políticas, cabe atentar para as iniciativas de cooperação
internacional entre países latino-americanos e caribenhos no que tange à construção das políticas
e aos debates sobre as categorias identitárias que permeiam esses processos. Essas iniciativas
tiveram lugar nas conferências preparatórias para a revisão do DDPA: Conferência Regional das
Américas sobre Avanços e Desafios no Plano de Ação da Conferência contra o Racismo (Santiago
+5); Conferência Regional Preparatória da América Latina e Caribe para a Conferência de Revisão
de Durban.

Em 2006, o Brasil sediou a Conferência Regional das Américas, visto como um espaço de
avaliação das propostas apresentadas em Durban e de articulação das metas regionais para as
políticas de igualdade racial entre os 35 países latinos e caribenhos participantes. O Brasil
apresentou como avanços internos a criação da SEPPIR; as ações afirmativas no ensino superior;
a aprovação da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial e o Programa Brasil
Quilombola. Se avanços existiram, não foram sem entraves. É o que ficou evidente quando a
SEPPIR, à época coordenada pelo ministro Edson Santos, ressaltou as dificuldades impostas
pelas ações judiciais contra as ações afirmativas – notadamente as reservas de cotas raciais nas
universidades – e as titulações dos territórios quilombolas.

O ano de 2012 teve como marco as reflexões e encaminhamentos decorrentes de uma


década da adoção das ações afirmativas no Brasil. No balanço realizado, por exemplo,
por meio de publicações e seminários acadêmicos, ficou evidenciado a necessidade
contínua de monitoramento das políticas públicas, publicização constante de dados

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
sobre pesquisas temáticas e a construção de mecanismos que solidifiquem o acesso,
permanência e sucesso daqueles que acessam a educação superior . Nesse eixo,
permanecemos atentos e direcionados aos debates teóricos e políticos sobre o tema,
bem como o aprimoramento das ações afirmativas enquanto se fizerem necessárias
para o alcance da equidade.

Também se faz necessário a produção de conhecimento com base nas experiências de


estudantes negros nas universidades. Por essa razão em 2016 coordenei a o projeto de
pesquisa “Trajetórias Negras e Ações Afirmativas na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul”7 . O objetivo da pesquisa foi caracterizar demandas e experiências de
estudantes cotistas e identificar suas boas práticas de permanência na universidade,
com ênfase nas estratégias e desafios do ingresso, permanência e sucesso na vida
universitária. O público alvo foram estudantes das áreas de ciências exatas, biológicas,
saúde e tecnológicas, pois são áreas em que há sub-representação negra se comparada
à área de humanas e, ainda mais em um estado de maioria branca. No diálogo travado
durante o grupo focal pedimos que expusessem como o racismo agia no cotidiano
acadêmico de forma a comprometer a permanência na universidade. Compartilho agora
alguns relatos. As identidades dos estudantes foram trocadas por nomes de
personalidades negras. As narrativas sobre a cotidianidade, contada pelos estudantes
negros(as), está marcada por eventos de invisibilidade e discriminação: Também se
destacam os estereótipos e associação a imagens negativas pronunciados por docentes
e colegas aos estudantes, conforme os extratos a seguir:
.

Virginia Leone Bicudo- Odontologia: Primeiro que na hipótese, tipo o acesso que tu sustentou é
universal, é cotismo e tipo, se tu é negro eles vão te olhar como cotista, né. Se tu é negro dentro
da universidade! Dentro do meu curso é bem difícil porque...antes de nós, eu acho que, deve ter
um total tipo de umas cinco pessoas antes da minha turma e na minha turma foram mais quatro.
Deve ter uns nove ou dez. Deve ter mais algum, sabe, tipo umas dez pessoas ao total dentro da
faculdade e são mil alunos. Sabe... é bem difícil, dentro da Odonto eu me sinto uma pessoa que
não combina onde eu to, inclusive em relação agora do que tá acontecendo dentro da UFGRS
com ocupações, com o lance da PEC... porque a gente tentou fazer uma assembleia lá e foi a pior
decepção. Os professores são super racistas, por tu não ser o padrão de lá eles já te julgam e
tipo se tu pergunta uma coisa eles ignoram o que tu tá perguntando porque tu não é o padrão
da Odontologia. Porque tu não é loira dos olhos azuis como é a maioria”

7Esse projeto de pesquisa foi selecionado no edital “Negros e Negras nas Ciências”, promovido pela Fundação
Carlos Chagas, São Paulo.

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
Carolina Maria de Jesus-Medicina Veterinária: É! Ou sei lá, às vezes a gente também tem aulas
gerais sobre economia, planejamento, gestão por aula, essas coisas, sei lá às vezes o professor
cita uns exemplos sabe, tipo... De outros países e cita sei lá, cita, por exemplo, sei lá a questão
por aula“Aah a África só tem coitado”, porque a Holanda vai lá investir na África. “Investir na
África” porque lá só tem coitadinho. E daí tu fica como na aula?
André Rebouças – Engenharia Civil: Eu vejo isso ai como uma realidade de vários cursos da
UFRGS, né, assim, a questão do individualismo da pessoa, você é meio que escanteado, assim,
na faculdade de Engenharia, na Física quando eu estudei, eu era o único negro, era o um por
cento, assim. Mas é... isso daí é uma realidade do cotidiano da UFRGS, né, porque na verdade
nós somos a exceção à regra dentro da UFRGS, né, não é a regra da UFRGS, a gente tá num
mundo que é um mundo novo.

Miltom Santos-Engenharia Civil: Eu ando pelos corredores ali, eu vejo aqueles quadros de
diplomas, de formandos, e eu não vejo nenhum negro, nenhum negro, só vi uma pessoa negra,
só... Uma ou duas pessoas negras. Na minha turma de produção, que tinham oitenta alunos, eu
só via três pessoas negras. Tinha bastante cotistas, assim, de outras classes, mas... Negros, eu
só vi três pessoas. E quando eu ando, assim, por lá, eu me sinto meio que excluído, porque não
tem nenhuma semelhança, não tem um grupo, assim, são todas pessoas brancas, falando das
mesmas coisas, o mesmo cotidiano, os mesmos pensamentos.., é, eu tenho meio que um receio,
também.

Como se pode ver nos relatos, há um cotidiano permeado de violências simbólicas,


sejam os exemplos de associação das referências de matriz africanas a pobreza ou a
aspectos negativos, sejam os estereótipos enunciados nos discursos de sala de aula.
Assim, os relatos expostos dão conta de uma experiência de estranhamento por parte
da comunidade do entorno que é gerado pela identidade negro(a) dos estudantes,
especialmente em cursos com baixa representatividade da população negra. O racismo
aparece, em suas narrativas, traduzido na junção entre “ser negro” e “ser cotista” como
fatores estigmatizantes.

O racismo também pode transparecer na violência explícita que nos faz gritar que “Vidas
Negras Importam”. Quando isso acontece, lembremo-nos da fala da fala da filósofa Sueli
Carneiro em palestra realizada no mês de abril do corrente ano na UFRGS: “organizem-
se porque não há mais limite para a violência racista”. E ela tinha – tem- razão. O limite
não pode ser medido na rajada de tiros que fuzilou Marielle Franco. Também não pode
nos 111 tiros que ceifaram a vida de cinco jovens negros na periferia carioca ou ainda

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
nos 80 tiros que silenciaram o músico. Não há limites. E, para nós mulheres negras
fiquemos também com a fala de Conceição Evaristo8:

"Quando estou escrevendo e quando outras mulheres negras


estão escrevendo, me vem à memória a função que as mulheres
africanas - dentro das casas-grandes, escravizadas - tinham de
contar histórias para adormecer a casa-grande. Eram histórias
para adormecer. Nossos textos tentam borrar essa imagem. Nós
não escrevemos para adormecer os da casa-grande, pelo
contrário, é para acordá-los dos seus sonos injustos"

Pensado em Sueli Carneiro e Conceição Evaristo entendo que a escrita desse texto
emerge do lugar de mulher negra e professora em uma universidade pública. E, mais
que isso inserida em um projeto educacional que dialoga não só com a trajetória coletiva
construída até aqui, mas principalmente com o foco de uma ação afirmativa. Essa escrita
é uma contribuição do que vi, vivi, aprendi e senti até agora, sabendo que nunca mais
me sentirei só no pátio da escola. Agora sei quem sou e onde estou: sou Vera Rodrigues,
mulher negra que (re) afirma sua trajetória coletiva e afirmativa no enfrentamento ao
racismo.
Referências

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Campos, MM. Formação de Professores de Ciências à Reforma da Educação. In: Os 40 anos da


Fundação Ford no Brasil. BROOKE, Nigel e WITOSHINSKY, Mary (Orgs.), São Paulo/Rio de Janeiro,
Editora da Universidade de São Paulo/Fundação Ford,2002, p.97-130

Franco, M. A emergência da vida para superar o anestesiamento social frente à retirada de


direitos: o momento pós-golpe pelo olhar de uma feminista, negra e favelada. Disponível em:
http://www.editorazouk.com.br/Capitulo-MarielleFranco.pdf

Gomes, JB. A Recepção do Instituto da Ação Afirmativa pelo Direito Constitucional Brasileiro. In:
Ações Afirmativas e Combate ao Racismo nas Américas. SALES, Augusto dos Santos (Org.).
Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade. 2005. p 45-79.

8
Entrevista completa disponível em: http://tvbrasil.ebc.com.br/estacao-plural/2017/06/escritora-
conceicao-evaristo-e-convidada-do-estacao-plural

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.
Gomes NL “Movimento Negro Educador: saberes construídos nas lutas por emancipação”.
Petrópolis, Editora Vozes, 2017.

Gonzalez, L.“O Golpe de 64: o novo modelo econômico e a população negra”. In: Lugar de
Negro”. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4130746/mod_resource/content/1/Gonzalezhasenb
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Jesus, CM. “Quarto de Despejo”. 2.ed.,Rio de janeiro (RJ): Editora Edibolso, 1960

Pereira, AM. Para além do Racismo e Antirracismo: a produção da cultura de uma cultura de
consciência negra na sociedade brasileira. 2006, (Tese de doutorado em ciências sociais). Rio de
Janeiro, UERJ, 2006.

Piovesan F. Ações Afirmativas sob a Perspectiva dos Direitos Humanos. In: Ações Afirmativas e
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Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. 2005. p. 33-44.

Ribeiro, EO. “Negro Intelectual, Intelectual Negro ou Negro-Intelectual: considerações do


processo de constituir-se negro-intelectual” : São Carlos : UFSCar, Centro de Educação e Ciências
Humanas (Tese de Doutorado), 2014. 207 f.

Rodrigues V; Sito L. “Eu. Cientista? Trajetórias Negras e Ações Afirmativas na UFRGS” Revista da
ABPN • v. 11, Ed. Especial - Caderno Temático: Raça Negra e Educação 30 anos depois: e agora,
do que mais precisamos falar? • abril de 2019, p.207-

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http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=596&PHPSESSID=2992afb2cd65c8594faad2ff28
6459fc Acessado em: 18 abril 2011.

*Texto publicado como capítulo do livro “Sim, o racismo existe!” organizado por Sarita Amaro
e Evaldo Ribeiro Oliveira. 1ª ed. Nova Práxis Editorial, Curitiba, 2019.

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