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Estudo Dirigido

Políticas Públicas de Saúde


Prova 1

Pobreza
Apesar de serem conceitos diferentes e que dizem respeito aos mais variados
fenômenos, eles estão muito próximos e relacionados entre si.
Pobreza = antiga, desde os primórdios, condição socioeconômica na qual indivíduos ou
grupos não possuem recursos suficientes para atender suas necessidades básicas e
desfrutar de um padrão de vida adequado. Essas necessidades básicas incluem
alimentação adequada, moradia, acesso a serviços de saúde, educação, água potável,
saneamento básico e outras condições essenciais para uma vida digna. A pobreza pode
ser medida através de indicadores como a renda, o índice de desenvolvimento humano
(IDH), a linha de pobreza estabelecida por cada país, entre outros.
As duas qualificações da pobreza
Pobreza absoluta: está diretamente associada à ideia de sobrevivência física e à
satisfação de mínimos sociais necessários à reprodução da vida com um mínimo de
dignidade humana. Refere-se a não satisfação das necessidades básicas universais e
objetivas. Por ex.: grupos de indivíduos que se encontram em situação de Miséria.
Pobreza relativa: é definida como a satisfação de necessidades em relação aomodo de
vida de uma dada sociedade. Enquanto houver desigualdade e estratificação social, uma
percentagem da população será sempre pobre em relação a um grupo mais privilegiado.
Por ex.: grupos de indivíduos que vivem em condições bastante inferiores se
comparados aos demais grupos que coabitam o mesmo lócus espaço-temporal.
(PEREIRA, 2006).
A pobreza contemporânea tem sido percebida como um fenômeno multidimensional;
atinge tanto os clássicos pobres (indigentes, subnutridos, analfabetos) quanto outros
segmentos da população pauperizados pela precária inserção no mercado de trabalho
(imigrantes discriminados, por ex.); não é resultante apenas da ausência de renda,
incluem-se: acesso precário aos serviços públicos (SAWAIA, 2014)

Desigualdade Social
Desigualdade social refere-se à disparidade na distribuição de recursos, oportunidades
e benefícios entre diferentes indivíduos, grupos ou estratos sociais dentro de uma
sociedade. Ou seja, diz respeito ao modo como os serviços, bens e riquezas produzidos
socialmente estão ou não sendo partilhados pela população.
Desigualdade social não é sinônimo de pobreza.
Um aumento de renda das camadas sociais mais pobres pode melhorar a situação de
pobreza extrema, sem, no entanto, modificar a situação da desigualdade social. A
pobreza como sendo um dos efeitos da desigualdade social Pobreza não é apenas um
aspecto da desigualdade, mas o extremo inaceitável desta. No sistema capitalista a
desigualdade sempre existirá, mas a pobreza não pode ser aceita como algo natural e
imutável.
A busca pela desnaturalização da desigualdade passa pela conscientização de que se
trata de um conjunto de injustiças.
A desigualdade social é sempre uma relação política passível de ser enfrentada pela
ação do Estado e afirmada pelas lutas coletivas por direitos, cujo efeito democrático
pode ser desestabilizador de privilégios historicamente reproduzidos pelas elites
(SOARES et al, 2018)
É absolutamente importante discutir a desigualdade do ponto de vista da renda, olhando
o estoque de capital e o patrimônio acumulado pelos ricos (SOARES et al, 2018);
O olhar sobre a desigualdade não pode ignorar a necessidade de superar a assimetria de
acesso a bens e serviços (SOARES et al, 2018).

Exclusão Social
A exclusão social pode ser entendida como um processo pelo qual determinados
indivíduos ou grupos são impedidos de participar plenamente da vida social, econômica
e política de uma sociedade, seja por falta de acesso a recursos e oportunidades, seja por
discriminação ou marginalização.
- Refere-se a situações de privação e desvantagem, mas não se limita a privação
material;
- Pode-se ser excluído sem ser necessariamente pobre;
- Pode haver pobreza sem necessariamente haver exclusão.
Exemplo de grupos excluídos atualmente: pessoas em situação de rua, usuários de SPAs
e pessoas com sofrimento psíquico grave.
RUPTURA: 1- Relações familiares afetivas; 2- Sem socialização; 3- Excluídas do
mercado de trabalho.
Exclusão contemporânea: A partir do momento em que a inserção na sociedade
moderna continua a ser a integração pelo trabalho, esses sujeitos são tidos como
inteiramente desnecessários ao universo produtivo, para os quais não parece haver mais
possibilidade de inserção.
Inclusão social perversa: A inclusão social perversa é uma situação em que as
estruturas sociais, ao supostamente oferecerem oportunidades para inclusão de
determinados grupos, na verdade, perpetuam e agravam a desigualdade. Por exemplo,
ao incluir esses grupos em instituições e estruturas sociais dominantes, eles são
obrigados a se adaptar a normas e valores que não reconhecem ou respeitam suas
particularidades culturais, sociais e históricas (SAWAIA, 2014)
A ideia de inclusão social perversa questiona a noção superficial de inclusão, que muitas
vezes não considera as raízes estruturais da desigualdade social.
Por exemplo, ao admitir indivíduos pertencentes a minorias étnicas em instituições de
ensino ou mercado de trabalho, sem abordar as barreiras estruturais que historicamente
os excluíram, pode-se criar uma ilusão de igualdade enquanto as desigualdades
subjacentes persistem (SAWAIA, 2014)
Um dos modos pelos quais todos esses fenômenos continuam a se reproduzir e a nunca
se findar é a NATURALIZAÇÃO.
QUESTÃO: Qual dos seguintes pontos destaca-se como uma característica central do
fenômeno da desigualdade social?
a) A desigualdade social é exclusivamente baseada em fatores econômicos, como a
distribuição de renda e acesso a recursos.
b) A desigualdade social é uma questão passageira que se resolve naturalmente com o
progresso econômico ao longo do tempo.
c) A desigualdade social é resultado apenas de diferenças individuais, como nível
educacional e esforço pessoal.
d) A desigualdade social é um fenômeno multifacetado que envolve não apenas aspectos
econômicos, mas também dimensões culturais, históricas e de poder.
e) A desigualdade social é predominantemente uma consequência das características
geográficas e climáticas das regiões brasileiras.
Resposta Correta:
d) A desigualdade social é um fenômeno multifacetado que envolve não apenas
aspectos econômicos, mas também dimensões culturais, históricas e de poder.

Os modos de organização econômica do Estado e seus impactos nas Políticas


Públicas
Não há como discorrer sobre Políticas Públicas sem antes contextualizar o modelo de
Estado vigente em um determinado tempo e espaço. Para tanto, pretende se fazer uma
breve exposição histórica das fases pelas quais passou a formação do Estado Moderno.
A atuação do Estado na elaboração das políticas públicas é fundamental e decisiva, uma
vez que num jogo de forças com a sociedade civil e demais atores, deve tomar decisões,
formular a política em si e implementá-la, para posteriormente avaliar a sua eficiência.
Em todos esses atos transparecem a intenção política defendida pelo Estado de acordo
com a sua concepção (MADER e MUELLER, 2018).
O modo como o Estado está organizado econômica e politicamente interfere
diretamente na construção das Políticas Públicas influenciando questões econômicas,
sociais e ambientais que moldam a sociedade e a vida das pessoas.
Estado Absolutista caracterizou-se pela centralização de todos os poderes nas mãos do
monarca, praticamente inexistiam políticas públicas, altas taxas de impostos levarão a
uma revolução da burguesia com a deposição dos monarcas e criação do Estado Liberal.
Thomas Hobbes foi o principal representante teórico do Estado absolutista, defendendo
a tese de que o homem, no seu estado de natureza, vivia em situação de plena liberdade
e absoluta ausência de impedimentos externos à ação humana, porém em constante
temor. Essa era a razão pela qual se entendia necessário a existência de um governante
forte para apaziguar os conflitos humanos por meio de um contrato social.
Estado Liberal defende a ideia de um Estado mínimo e liberal, que não interfere na
economia e deixa o mercado se regular sozinho, além de prever garantias e direitos
individuais aos cidadãos (direito à propriedade privada, por ex) em total desacordo com
o modelo anterior. Surgiu como resultado da Revolução Francesa e da Idade Moderna;
Tem como características básicas o império da lei, a divisão dos poderes, a legalidade da
administração e a garantia dos direitos e liberdades fundamentais; Aponta como valores
básicos o individualismo, a liberdade e a propriedade privada. Juntamente vai ocorrendo
a Revolução Industrial. Adam Smith, um dos principais teóricos do liberalismo
econômico que defendia, dentre outras coisas, a chamada "mão invisível do mercado".
ENQUANTO ISSO NA EUROPA...
 Burguesia consegue ascender ao poder;
 A Europa vai se modernizando;
 Os impérios europeus vão se expandindo, especialmente no continente Africano;
 Fase conhecida como Belle Époque
O mundo econômico se desenvolve, há uma livre economia de mercado, cabendo ao
Estado tão somente garantir as condições que permitam esse desenvolvimento. Mas as
instituições políticas estabelecidas são instrumentos a serviço da burguesia, que
perpetua sua exploração sobre a classe trabalhadora.
TUDO PARECIA QUE IA BEM... A NÃO SER PARA OS TRABALHADORES
E ATÉ QUE SURGE A 1a GUERRA MUNDIAL
Declínio do pensamento liberal com o advento da Primeira Guerra Mundial (1914 -
1918), que teve como pano de fundo a crise econômica das nações europeias decorrente
do liberalismo que estimulou a intensa concorrência entre as empresas, a concentração
de capital e o aumento da desigualdade econômica;
MAS, NÃO BASTANDO TUDO ISSO, HAVIA UM FANTASMA, UM ESPECTRO...
O ESPECTRO DO COMUNISMO QUE RONDAVA A EUROPA...
E JUNTAMENTE COM A GUERRA, SURGE O ESTADO SOVIÉTICO,
ESTREMECENDO A EUROPA...
 Surgimento do Estado Soviético, a partir da Revolução Russa de Outubro de
1917 que demonstrava resistência às condições precárias sofridas pela classe
trabalhadora.
 Pôs fim a praticamente 300 anos de czarismo na Rússia
 Futuramente irá tornar-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)
 Causará desconforto na burguesia pela possibilidade de uma usurpação de poder
pela classe trabalhadora

Estado de Bem-Estar Social deveria intervir na economia atuando junto ao mercado


para impulsionar o crescimento econômico e, concomitantemente, oferecer à população
em geral condições dignas de existência. Essa reformulação do capitalismo passava por
compreender a importância da classe trabalhadora; O economista britânico John
Maynard Keynes desenvolveu as principais bases teóricas do Estado de bem-estar
social; O Estado deveria intervir na economia atuando junto ao mercado para
impulsionar o crescimento econômico e, concomitantemente, oferecer à população em
geral condições dignas de existência. O mercado passa a ser efetivamente regulado pelo
Estado por meio de interferências econômicas que ensejam regulamentação e
investimentos para custear gastos com políticas públicas como seguridade social e com
o sistema previdenciário.
O termo welfare state (estado de bem-estar), como conhecemos hoje, é uma expressão
de tradição anglo-saxônica utilizada para designar as políticas sociais instituídas para
garantir o “mínimo” de proteção contra velhice, invalidez, problemas de saúde,
desemprego e outros problemas relacionados à insuficiência de renda.
Designa políticas sociais instituídas para garantir o “mínimo” de proteção contra
velhice, invalidez, problemas de saúde, desemprego e outros problemas relacionados à
insuficiência de renda.
Estado Neoliberal: O neoliberalismo é um modelo econômico que se baseia na livre
iniciativa, no livre mercado e na redução do papel do Estado na economia. Esse modelo
surgiu como uma resposta à crise do Estado de bem-estar social, que se mostrou
insustentável em termos econômicos. Defende a privatização de empresas estatais, a
desregulamentação do mercado e a redução dos gastos públicos com políticas sociais,
gerando enfraquecimento dos mecanismos de proteção social ofertada pelo Estado e
aumentando amplificando as desigualdades sociais já existentes.
As principais críticas ao neoliberalismo são:
- Agravamento das desigualdades sociais e econômicas, uma vez que o modelo se
baseia na livre iniciativa e no livre mercado, o que pode levar a uma concentração de
riqueza nas mãos de poucos e a uma exclusão social de muitos.
- Enfraquecimento da proteção social oferecida pelo Estado, uma vez que o
neoliberalismo defende a redução dos gastos públicos com políticas sociais e a
privatização de empresas estatais.
- Precarização do trabalho e aumento do desemprego, uma vez que o aumento da
globalização facilitou o desenvolvimento do livre mercado, mas também levou à
competição desleal entre trabalhadores de diferentes países e à redução dos direitos
trabalhistas.
- Fragilização da democracia, uma vez que o neoliberalismo pode levar a uma
concentração de poder nas mãos de grandes empresas e a uma redução da capacidade do
Estado de regular a economia em benefício da sociedade como um todo.
Mas, felizmente, para a questão do desemprego temos a solução...
"EU SOU O MEU PRÓPRIO PATRÃO"- A UBERIZAÇÃO DO TRABALHO
A uberização é um termo que se refere ao modelo de negócios adotado por empresas
como a Uber, que se baseia na oferta de serviços sob demanda por meio de plataformas
digitais.
Esse modelo de negócios se caracteriza pela flexibilidade e pela autonomia oferecidas
aos trabalhadores, que atuam como prestadores de serviços independentes.
A uberização tem sido criticada por sua tendência a precarizar o trabalho, uma vez que
os trabalhadores não têm os mesmos direitos e proteções que os empregados formais
Além disso, a uberização pode levar a uma maior competição entre os trabalhadores,
uma vez que eles são avaliados pelos clientes e podem ser desativados da plataforma se
não atenderem aos padrões estabelecidos.
A uberização também pode ter impactos negativos sobre a organização do trabalho e a
qualidade dos serviços prestados, uma vez que os trabalhadores não têm o mesmo
treinamento e supervisão que os empregados formais.
Por fim, a uberização tem sido associada a uma mudança mais ampla no mundo do
trabalho, em que a flexibilidade e a autonomia são valorizadas em detrimento da
estabilidade e da proteção social.
IMPLICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO NAS POLÍTICAS
PÚBLICAS
- A forma determinante de políticas públicas está diretamente ligada a ideologia do
modelo de Estado vigente;
- O estado pode propor Políticas Públicas universalizadas ou focalizadas; Estado
Liberal/Neoliberal: Políticas Públicas focalizadas, residuais, focadas apenas em
determinados grupos sociais;
- Estado de Bem-estar Social: os benefícios sociais seriam mais amplos e universais e o
desempenho do mercado estaria num segundo plano.
Políticas Públicas: conceito, definição e ciclo
- Surge dentro da Ciência Política nos Estados Unidos
- Conceito amplo e de difícil definição, mas podemos dizer que se refere a um campo do
conhecimento que busca analisar e compreender a ação governamental e, quando
necessário, propor mudanças no rumo dessas ações.
- Podem ser de Estado, com um processo decisório e deliberativo bastante complexo por
almejar uma abrangência maior (universal, por ex), ou de Governo, cujos trâmites são
menos complexos e tem um prazo de vigência quase que delimitado.
ESTADO E GOVERNO: SINÔNIMOS?
O termo "Estado" refere-se a unidades políticas como municípios, estados e nações, sob
a forma de repúblicas e/ou democracias, relacionando-se com o exercício e os
detentores do poder.
Por outro lado, "governo" é a organização que exerce autoridade administrativa e gestão
de uma unidade política.
POLÍTICAS DE ESTADO X POLÍTICAS DE GOVERNO
Políticas de governo: são aquelas que o Executivo decide num processo bem mais
elementar de formulação e implementação de determinadas medidas, para responder às
demandas colocadas na própria agenda política interna – pela dinâmica econômica ou
política parlamentar, por exemplo – ou vindos de fora, como resultado de eventos
internacionais com impacto doméstico.
Elas podem até envolver escolhas complexas, mas pode-se dizer que o caminho entre a
apresentação do problema e a definição de uma política determinada (de governo) é
bem mais curto e simples, ficando geralmente no plano administrativo, ou na
competência dos próprios ministérios setoriais.
Políticas de Estado: são aquelas que envolvem as burocracias de mais de uma agência
do Estado, justamente, e acabam passando pelo Parlamento ou por instâncias diversas
de discussão, depois que sua tramitação dentro de uma esfera (ou mais de uma) da
máquina do Estado envolveu estudos técnicos, simulações, análises de impacto
horizontal e vertical, efeitos econômicos ou orçamentários, quando não um cálculo de
custo-benefício levando em conta a trajetória completa da política que se pretende
implementar.
O trabalho da burocracia pode levar meses, bem como o eventual exame e discussão no
Parlamento, pois políticas de Estado, que respondem efetivamente a essa designação,
geralmente envolvem mudanças de outras normas ou disposições pré-existentes, com
incidência em setores mais amplos da sociedade.
ABRANGÊNCIA: UNIVERSAL X FOCALIZADA
- As universais são encaradas como direitos da população e abrangem o conjunto das
pessoas.
- Quanto às focalizadas, elas envolvem somente alguns grupos e, geralmente, assumem
um caráter assistencialista.
Nenhum Estado, nem governo se constituem sem a atuação da sociedade civil.
Sociedade civil: se refere à arena de ações coletivas voluntárias em torno de interesses,
propósitos e valores. Sociedades civis são frequentemente povoadas por organizações
como instituições de caridade, organizações não-governamentais de desenvolvimento,
grupos comunitários, organizações femininas, organizações religiosas, associações
profissionais, sindicatos, grupos de autoajuda, movimentos sociais, associações
comerciais, coalizões e grupos de advocacy.
É da sociedade civil que emergem as demandas para que os governos efetivem com
medidas concretas, os postulados muitas vezes genéricos afirmados pelos Estados
Democráticos de Direito.
A sociedade civil tem como ação primordial, apontar os problemas a serem enfrentados,
propor e colaborar na formulação das políticas mais adequadas para saná-los e, ainda,
fazer o controle social da execução destas políticas por meio dos espaços de democracia
participativa, como os conselhos, audiências públicas etc.

A TIPOLOGIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS


No campo específico da política pública foram desenvolvidos alguns modelos
explicativos com o intuito de entender o processo de formulação e políticas públicas.
Destaca-se o modelo de Theodor Lowi, considerada a tipologia mais conhecida,
segundo a qual as políticas públicas são divididas em quatro tipos:
Políticas distributivas: Geram benefícios concentrados para alguns grupos de atores e
custos difusos para toda a coletividade/ contribuinte.
Políticas regulatórias: Estabelece padrões de comportamento, serviço ou produto para
atores públicos e privados. Regras para segurança alimentar, tráfego aéreo...
Políticas redistributivas: É um tipo de política que concede benefícios concentrados a
algumas categorias de atores e implicam custos concentrados sobre outras categorias.
Políticas constitutivas: Estabelecem as "regras do jogo", as normas e procedimentos a
partir das quais devem ser formuladas e implementadas outras políticas. Distribui as
responsabilidades entre os entes federados, por ex.

O ciclo das políticas públicas pode ser assim esquematizado:


Identificação do problema: Um problema é a discrepância entre o status quo e uma
situação ideal possível. Um problema público é a diferença entre o que é e aquilo que
fosse a realidade pública. Pode aparecer subitamente, como uma catástrofe natural. Pode
surgir aos poucos, como o congestionamento nas grandes cidades
Formação da agenda: É o espaço onde são constituídos os problemas, assuntos ou
demandas que os “fazedores” escolhem ou são compelidos a escolher; A Agenda é um
conjunto de problemas ou temas entendidos como relevantes pela classe política ou pela
sociedade; os problemas entram e saem da agenda, Ganham notoriedade e relevância,
depois desinflam As mídias exercem bastante pressão ao dar notoriedade e visibilidade a
alguns problemas públicos que talvez o Poder Público não tenha percebido. Seu poder é
tão grande que as vezes pode condicionar a formação da Agenda
Formulação de alternativas: A partir da introdução do problema na agenda, os
esforços de construção e combinação de soluções para os problemas são cruciais. A
formulação de soluções passa pelo estabelecimento de objetivos e estratégias e o estudo
dos potenciais consequências de cada alternativa de solução.
Tomada de decisão;
Implementação: Momento que sucede a formulação da política pública e onde serão
produzidos os resultados concretos da política. Fase em que a regras, processos, planos
e objetivos construídos na etapa anterior passam de meras intenções e tornam-se ações
Avaliação: A avaliação de políticas públicas é uma das etapas do ciclo de políticas
públicas mais negligenciadas pelos governos. No entanto, é uma etapa crucial para o
sucesso e continuidade das políticas públicas. Uma vez implementada, será a avaliação
que irá demonstrar aos governos se os seus objetivos foram ou não atingidos, e se foram
atingidos da melhor maneira possível. A avaliação indica (ou deveria indicar) os
caminhos a serem seguidos para a correção dos problemas e adequada execução da
política, com vistas a atingir os resultados desejados – e, portanto, o sucesso do governo
naquela área e/ou política.
Extinção.

SUS (Sistema Único de Saúde)


Aspectos Históricos – Era Pré SUS
Até a década 50 – Modelo do Sanitarismo (campanhas com objetivo de sanear as
cidades e garantir exportações agrícolas)
Década 60 – Atendimento médico previdenciário (a economia migra do polo rural para
industrial, necessidade de atendimento médico previdenciário)
Década 70 – Modelo médico-assistencial privatista (centralização da administração) -
Modelo dicotômico entre ações curativas e preventivas.
Segunda metade da década de 70 – Começa a expansão dos movimentos sociais e a
formulação de propostas que atendessem os excluídos.
Reforma Sanitária (CEBES e ABRASCO):
 Universalizar o direito a saúde;
 Integralizar as ações;
 Inverter a entrada no sistema de saúde;
 Descentralizar a gestão;
 Promover a participação e o controle social.
1980 – 7° Conferência Nacional de Saúde: – Programa Nacional de Serviços Básicos de
Saúde (PREVSaúde). Pela grave crise fiscal que o pais vive naquela época, cria-se
órgãos para administrar melhor os poucos recursos. O Prev-saúde, por falta de apoio
político, não é implementado.
1983 - Ações Integradas de Saúde (AIS) - Projeto interministerial (Previdência-Saúde-
Educação), visando um novo modelo assistencial que incorporava o setor público, no
qual ações curativo-preventivas e educativas eram integradas e estabelecidas como área
prioritária para a promoção da saúde.
1986 - 8° Conferência Nacional de Saúde:
“...saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e o
acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de
organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis
de vida...”
1988 - Constituição Federal – Artigo 196. “ A saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação.”
A “Lei Orgânica da Saúde é formada pelas Leis 8.080 e 8.142
Lei 8.080: A organização e a gestão; as competências e atribuições das 3 esferas de governo
Funcionamento e participação complementar do setor privado Política de recursos humanos
Recursos financeiros, planejamento e orçamentos;
Lei 8.142: Define a participação social Transferências intergovernamentais de recursos de
financiamento
SUS: “O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas
federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas
pelo Poder Público” – Lei 8080, artigo 4°

OBJETIVOS DO SUS
1. Identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde
2. Formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e
social, o acesso universal e igualitário
3. Assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e
recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e
preventivas;
Execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
c) de saúde do trabalhador;
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica
- Formulação da política e na execução de ações de saneamento básico
- Ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde
A vigilância epidemiológica reconhece as principais doenças de notificação
compulsória e investiga epidemias que ocorrem em territórios específicos. Além disso,
age no controle dessas doenças específicas.
A vigilância ambiental se dedica às interferências dos ambientes físico, psicológico e
social na saúde. As ações neste contexto têm privilegiado, por exemplo, o controle da
água de consumo humano, o controle de resíduos e o controle de vetores de transmissão
de doenças – especialmente insetos e roedores.
As ações de vigilância sanitária dirigem-se, geralmente, ao controle de bens, produtos
e serviços que oferecem riscos à saúde da população, como alimentos, produtos de
limpeza, cosméticos e medicamentos. Realizam também a fiscalização de serviços de
interesse da saúde, como escolas, hospitais, clubes, academias, parques e centros
comerciais, e ainda inspecionam os processos produtivos que podem pôr em riscos e
causar danos ao trabalhador e ao meio ambiente.
Já a área de saúde do trabalhador realiza estudos, ações de prevenção, assistência e
vigilância aos agravos à saúde relacionados ao trabalho.
- Vigilância nutricional e a orientação alimentar
- Colaboração na proteção do meio ambiente
- Formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros
insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção
Controle e fiscalização:
- De serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde (substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioativos);
- De alimentos, água e bebidas para consumo humano; – Sangue e seus derivados.
Incentivo ao desenvolvimento científico e tecnológico

PRINCÍPIOS DO SUS
- A Constituição concretizou os princípios no que tange a Saúde
- No SUS estes princípios devem se desenvolver de forma interdependente, com
constante interação, sendo eles:
1. Princípios éticos/doutrinários: Equidade, Universalidade e Integralidade
2. Princípios organizacionais/operativo: Regionalização e Hierarquização,
Descentralização e Participação e controle social

Princípios éticos/doutrinários: UNIVERSALIDADE


A saúde é direito de cidadania e dever do Estado;
Todas as pessoas têm direito ao atendimento independente de cor, raça, religião, local de
moradia, situação de emprego ou renda, etc;
No que tange aos atendimentos: Acesso aos serviços de saúde públicos e privados
conveniados; assegurado por uma rede hierarquizada de serviços e com tecnologia
apropriada para cada nível
Deixa de existir diferenças entre as populações urbanas e rurais; entre contribuintes da
previdência e não contribuintes; deixa de existir os “indigentes” (não incluídos no
mercado formal de trabalho)

Princípios éticos/doutrinários: EQUIDADE


- O SUS deve tratar desigualmente os desiguais
- Os serviços de saúde devem identificar as diferenças da população e trabalhar para
cada necessidade, oferecendo mais a quem mais precisa
- Reduzir disparidades regionais e sociais
- Todo cidadão é igual perante o Sistema Único de Saúde e será atendido conforme as
suas necessidades.
- O SUS não pode oferecer o mesmo atendimento à todas as pessoas, da mesma
maneira, em todos os lugares. Se isto ocorrer, algumas pessoas vão ter o que não
necessitam e outras não serão atendidas naquilo que necessitam.
- Os serviços de saúde devem considerar que em cada população existem grupos que
vivem de forma diferente, ou seja, cada grupo ou classe social ou região tem seus
problemas específicos, tem diferenças no modo de viver, de adoecer e de ter
oportunidades de satisfazer suas necessidades de vida.
Princípios éticos/doutrinários: INTEGRALIDADE
“...entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de
complexidade do sistema.” (lei 8.080, 7°, II)
- A visão do indivíduo como um todo
- As ações de promoção, de prevenção e de recuperação
- Necessidade da hierarquização do sistema de saúde
- Os serviços de saúde devem funcionar atendendo o indivíduo como um ser humano
integral submetido às mais diferentes situações de vida e trabalho, que o leva a adoecer
e a morrer
- As ações de promoção, proteção e de recuperação formam um todo indivisível que não
podem ser compartimentalizadas. As unidades prestadoras de serviço com seus diversos
graus de complexidade, formam também um todo indivisível, configurando um sistema
capaz de prestar assistência integral.
Princípios organizacionais/operativos
 Regionalização e Hierarquização
 Descentralização
 Participação e controle social

Princípios organizacionais/operativos: REGIONALIZAÇÃO E


HIERARQUIZAÇÃO
- Este princípio está ligado aos gestores municipais e estaduais.
- Hierarquização em níveis crescentes de complexidade.
- Regulação adequada entre os níveis do sistema (fluxo de referências e
contrarreferências).
Nível terciário - Hospitais de referência – Resolvem 5% dos problemas de saúde
Nível secundário – Centros (ambulatórios) de referência – Resolvem 15% dos
problemas de saúde
Nível Primário - PSF e UBS - Responsáveis por 80% dos problemas de saúde

Princípios organizacionais/operativos: DESCENTRALIZAÇÃO


- Redistribuição das responsabilidades quanto as ações e os serviços de saúde entre os
vários níveis de governo
- Municipalização

Princípios organizacionais/operativos: PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL


- É a garantia constitucional de que a população através de suas entidades
representativas, poderá participar do processo de formulação das políticas de saúde e do
controle de sua execução, em todos os níveis desde o federal até o local.
- Conselhos de saúde, com representação paritária de usuários, governo, profissionais de
saúde e prestadores de serviços, com poder deliberativo (50%)
- Constituição: garante a participação da população na formulação e controle da
execução das políticas de saúde
Lei 8142 estabelece:
Conselho de Saúde: Paritário (gestores, profissionais de saúde e usuários), atuando nas
três esferas de governo (Municipal, Estadual e Federal). De caráter permanente
Conferências de Saúde: nas três esferas de governo, são as instâncias máximas de
deliberação, devendo ocorrer periodicamente, definem as prioridades e linhas de ação
sobre a saúde. É dever das instituições oferecerem informações e conhecimentos
necessários para que a população se posicione sobre as questões que dizem respeito à
sua saúde. Ocorrem a cada quatro anos.
ESTRUTURA INSTITUCIONAL E DECISÓRIA DO SUS
Esferas gestoras:
Federal: Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde, Comissão Intergestores
Tripartite
Estadual: Secretaria Estadual de Saúde, Conselho Estadual de Saúde, Comissão
Intergestores Bipartite
Municipal: Secretaria Municipal de Saúde, Conselho Municipal de Saúde
FINANCIAMENTO DO SUS
- A Constituição Federal de 1988 determina que as três esferas de governo – federal,
estadual e municipal – financiem o Sistema Único de Saúde (SUS), gerando receita
necessária para custear as despesas com ações e serviços públicos de saúde.
Os percentuais de investimento financeiro dos municípios, estados e União no SUS são
definidos atualmente pela Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012,
resultante da sanção presidencial da Emenda Constitucional 29.
Municípios e Distrito Federal: devem aplicar anualmente, no mínimo, 15% da
arrecadação dos impostos em ações e serviços públicos de saúde
Estados: devem aplicar 12% da arrecadação dos impostos na Saúde.
União: o montante aplicado deve corresponder ao valor empenhado no exercício
financeiro anterior, acrescido do percentual relativo à variação do Produto Interno Bruto
(PIB) do ano antecedente ao da lei orçamentária anual.

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E REORIENTAÇÃO DO MODELO


ASSISTENCIAL

Anteriormente as ações de saúde eram voltadas para as práticas


curativas/Atenção Terciária
Conferência de Alma Ata: ressalta importância da APS
Fortalecimento da atenção primária como porta de entrada
principal do Sistema de Saúde

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA APS:


- ACESSO/PRIMEIRO CONTATO
- LONGITUDINALIDADE
- CUIDADO INTEGRAL
- ORDENADORA DA REDE

ASPECTOS ADICIONAIS DA APS:


- CENTRALIZAÇÃO NA FAMÍLIA
- COMPETÊNCIA CULTURAL
- ORIENTAÇÃO COMUNITÁRIA

REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE


- São arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades
tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de
gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado." Portaria de Consolidação nº 03, de
28 de setembro de 2017.
- As RAS são sistematizadas para responder a condições específicas de saúde, por meio
de um ciclo completo de atendimentos que implica a continuidade e a integralidade da
atenção à saúde nos diferentes níveis Atenção Primária, Secundária e Terciária
- Todos os pontos de atenção à saúde são igualmente importantes e se relacionam
horizontalmente (Atenção 1ª, 2ª e 3ª)
- Promovem atenção integral (promoção, prevenção, reabilitação)
- APS como ordenadora de toda a rede
- Foco no ciclo completo de atenção à uma condição de saúde

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