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UNIDADE CURRICULAR: Igualdade, Exclusão Social e Cidadania (IESC)

CÓDIGO: 41102

DOCENTE: Rosário Rosa

A preencher pelo estudante

NOME: Bruna Letícia Mota Gonçalves

N.º DE ESTUDANTE: 2000959

CURSO: Licenciatura em Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 15 de novembro de 2021

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Podemos definir pobreza como “condição humana caraterizada por privação


sustentada ou crónica de recursos, capacidades, escolhas, segurança e poder
necessários para o gozo de um adequado padrão de vida e outros direitos civis,
culturais, económicos, políticos e sociais.” (Comissão sobre Direitos Sociais,
Económicos e Culturais, das Nações Unidas, 2001), isto é, a privação das
condições necessárias para o acesso a uma vida digna.
A complexidade deste fenómeno explica as diferentes perspetivas e definições,
consequentes da crescente desmultiplicação do conceito em várias dimensões.
Torna-se evidente que, à primeira vista, a forma mais fácil de identificar a
pobreza, seja pelo seu lado mais visível, o das necessidades materiais/imateriais
insatisfeitas. Atualmente, é consensual a ideia de que esta não representa
apenas a insuficiência de recursos económicos, referente à distribuição de
riqueza e de rendimentos. A sua conceção é abordada como a privação das
capacidades social, económica, cultural e política (Borba & Lima, 2011, p.227).
Fazem parte do grupo dos mais vulneráveis os desempregados, idosos,
imigrantes, sem-abrigo, doentes e deficientes, ex-reclusos, crianças, membros
de minorias étnicas, de famílias grandes ou monoparentais.
Com a evolução do conceito de pobreza, surgiram dicotomias relacionadas ao
seu significado. Sociólogos e investigadores têm discutido duas abordagens
distintas, porém complementares: a de pobreza absoluta e a de pobreza relativa.
Considera-se que a pobreza absoluta é aquela que põe em causa a subsistência
de uma pessoa, a não satisfação das necessidades básicas à sua sobrevivência
física.
A pobreza absoluta tem exteriorizações semelhantes em qualquer coordenada
espácio-temporal, considerando-se o conceito universalmente extensível (i.e.,
qualquer que seja o tempo e/ou espaço, os padrões de subsistência do ser
humano são idênticos).
Por sua vez, a pobreza relativa remete para uma situação na qual o estilo de
vida e os rendimentos que uma pessoa possuí, não serem adequados para um
padrão de vida prevalecente na sociedade em que reside. Esta realidade pode
diferir de sociedade para sociedade, pelo que o que pode ser considerado uma

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necessidade para uma sociedade desenvolvida, pode ser considerado um luxo
para uma sociedade em desenvolvimento.
Partindo do princípio que a desigualdade é inerente a qualquer forma de
estruturação social, torna-se expectável diferentes circulações e acumulações
de recursos entre membros de uma determinada sociedade.
Concomitantemente, a exclusão surge com o aumento desta desigualdade.
A exclusão social é o afastamento do indivíduo na participação e envolvimento
na sociedade, sendo o seu conceito totalmente oposto ao de integração social.
Situações de vulnerabilidade como desemprego, pertença a uma minoria ética,
discriminação, envelhecimento, pobreza, entre outros, são definitivamente
fatores que determinam e interferem na exclusão de um indivíduo da sociedade
em que se encontra inserido, sendo a pobreza, possivelmente, a dimensão mais
visível.
Numa situação de exclusão, o indivíduo é privado de recursos materiais e
sociais, padecendo de estigmas que culminarão num sentimento de
autoexclusão, marcado por um sentimento de inutilidade. O excluído perde a
identidade social no emprego, na família ou na sociedade, assistindo a uma
desintegração social, desintegração do sistema de atividade e a uma
desintegração das relações sociais e familiares (Rodrigues et al., 1999, p.66).
Este fenómeno pode ter formas superficiais ou formas mais extremas. Quanto
maior for a privação, maior será o número de sistemas sociais envolvidos e maior
será o estado de exclusão. Uma forma extrema de exclusão, e.g. pessoas sem
abrigo, resulta numa rutura com todos os sistemas sociais básicos.
A pobreza e a exclusão social estão intimamente relacionadas, reforçando-se
mutuamente. Uma situação de privação financeira, i.e., uma situação de
pobreza, resulta numa iminente dificuldade de acesso ao mercado de bens e
serviços, ao sistema de saúde, sistema educativo e à participação política e
cívica.

Quando o conceito de pobreza se rege pela dimensão financeira, assume-se a


existência de um limiar, abaixo do qual se estará face a uma situação de
pobreza. No caso da União Europeia, a população com rendimento inferior a
60% do rendimento mediano, estará estatisticamente em risco de pobreza. Em

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Portugal, estima-se que 18% da população é pobre ou encontra-se em risco de
pobreza.
De forma a justificar a pobreza, foram desenvolvidas teorias que consideram que
os indivíduos são os responsáveis pela sua própria pobreza, ou seja, esta tem
causas estritamente individuais, e teorias que consideram a pobreza o resultado
de processos sociais e desequilíbrios estruturais (Giddens, s.d.).
A primeira abordagem remete para uma ausência de capacidades, motivação e
uma dependência de ajuda, e.g., Segurança Social, ao invés de uma luta por
uma vida melhor, tirando as responsabilidades à sociedade. Por sua vez, a
segunda abordagem dá ênfase se e aos processos sociais que produzem as
condições de pobreza.
O ano de 2010 é o ano de combate à pobreza e exclusão social, tendo como
objetivo mobilizar mais pessoas e mais recursos para apoiar quem vive nesta
situação.
Existem imensas organizações que apoiam as pessoas pobres e que são vítimas
de exclusão social (Damas, 2010). Contudo, não são suficientes, pelo que é
necessário mobilizar mais recursos para esta luta ser mais eficaz. Clarificar
conceitos, conhecimentos sobre a realidade da pobreza, constitui um
instrumento fundamental para uma intervenção interpelativa e crítica da
realidade social.

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Referências bibliográficas:

Borba, A. A. & Lima, H.M. (2011). Exclusão e inclusão social nas sociedades
modernas: um olhar sobre a situação em Portugal e na União Europeia.
Serv.Soc.Soc., n.106, pp. 219-240.

Carmo, R.M. & Cantante, F. (2015). Desigualdades, Redistribuição e o Impacto


do desemprego. Sociologia, Problemas e Práticas, n.77, pp.33-51.

Damas, S.N. (2010). Pobreza e Exclusão Social. Disponível em


http://www4.fe.uc.pt/fontes/trabalhos/2009017.pdf. [acedido a 10-11-2021]

Giddens, A. (s.d.). Pobreza, Previdência e Exclusão social. Lisboa, Portugal:


Fundação Calouste Gulbenkian.

Lopes, J.T. (2014, abril 29). Uma visão sociológica sobre a pobreza [Vídeo].
YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=hxyPJeted44.

Rodrigues, E.V., Samagaio, F., Ferreira, H., Mendes, M.M., Januário, S. (1999).
A Pobreza e a Exclusão social: Teorias, Conceitos e Políticas Sociais em
Portugal. pp. 63-101. Porto: Universidade do Porto. Faculdade de Letras.

Silva, F.C., Vieira, M.B. & Cabaço, S. (2013). Direitos iguais, vidas desiguais: as
atitudes dos portugueses sobre a desigualdade. Qualidade Democracia. Cap.7,
pp.1-32.

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