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Processos

Psicossociais de
Exclusão

A exclusão social
ORIGENS
 A origem mais contemporânea do termo exclusão social é
atribuída ao título do livro de René Lenoir, Les exclus: un
français sur dix („Os excluídos: um em cada dez franceses‟),
publicado em 1974: noção de exclusão estava relacionada à
sua dimensão subjetiva e não à sua dimensão objetiva,
econômico-ocupacional.
 A partir de meados dos anos 80, frente a uma situação
objetiva de aumento das desigualdades e de mudança do
perfil de pobreza, a noção de exclusão social estabeleceu-se
no debate público e acadêmico e foi em solo francês que o
tema adquiriu preponderância e estatuto teórico, relevância e
publicidade.
 Exclusão social passou a ser usado para denominar o
fenômeno integrante de uma “nova questão social”
(Rosanvallon, 1995; Castel, 1991, 1998), problemática
específica do final de século XX, cujo núcleo duro foi
identificado na crise do assalariamento como mecanismo de
inserção social.
 Essa crise, por sua vez, era oriunda de mudanças no processo
produtivo e na dinâmica de acumulação capitalista gerando
a diminuição de empregos, inviabilizando essa via
de constituição de solidariedades e de inserção
social, constituindo os ’inválidos pela conjuntura’ e
provocando fraturas na coesão social.
EXCLUSÃO NO BRASIL
 No Brasil, na década de 1990, as análises tendem a considerar a
emergência do fenômeno contemporâneo como expressão de um
processo com raízes históricas ancestrais na sociedade
brasileira, ao longo do qual ocorreram situações de exclusão que
deixaram marcas profundas em nossa sociabilidade como a
escravidão. A partir dessa marca estrutural a sociedade apresentou,
nos diversos períodos históricos, faces diferenciadas, expressões de
processos sociais presididos por uma mesma „lógica‟ econômica
e/ou de cidadania excludente.
 Na década de 80, a transição do regime político e os
ciclos econômicos recessivos aumentaram a visibilidade
da ’questão social‟. Na década de 90, e não antes, surgiram os
sinais evidentes de uma piora das condições de vida. A exclusão
social tornou-se visível e contundente a partir da população de rua
e da violência urbana (Nascimento, 1993).
 A exclusão social integra o campo da pobreza e das
desigualdades embora seja diferente destes dois conceitos
e contenha em si situações e processos que podem se
desenvolver fora do âmbito da pobreza e das desigualdades
sociais, como por exemplo, a impossibilidade dos
homossexuais constituírem uniões estáveis e terem direito à
herança de seus companheiros ou companheiras.
 Entretanto, a maior parte dos processos de exclusão
social está relacionada e tem consequências diretas nas
condições econômicas dos grupos populacionais, e se fazem
mais presentes em situações de intensa pobreza e
desigualdades sociais.
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
 As três dimensões essenciais do processo de estratificação são a
riqueza, o prestígio e o poder (Cavalli, 1991). Nas sociedades
ocidentais e modernas, ou melhor, no modo de produção
capitalista, o fato fundamental que orienta a estratificação é a
propriedade dos meios de produção e a divisão social do trabalho,
conformando um sistema de classes sociais.
 Amartya Sen (2000) aponta os limites da abordagem das
desigualdades pelo critério de renda. No seu entender, o mais
importante é verificar como a renda e outros bens e serviços
contribuem para as capacidades das pessoas de atingir seus
objetivos de viver uma vida digna e satisfatória. Nesse sentido,
outro conceito importante é o de vulnerabilidade, pois permite
analisar a exposição de determinados grupos a riscos externos e
avaliar suas capacidades em responder a estes desafios (Gershman
& Irwin, 2000).
EXCLUSÃO EM SAÚDE
 A exclusão em saúde tem em sua origem três dimensões: falta de
acesso; problemas de financiamento; e baixa dignidade da
atenção (qualidade e oportunidade dos serviços). Portanto, a proteção
social em saúde (EPSS), direito dos cidadãos e dever do Estado, deve
garantir: o acesso aos serviços eliminando qualquer tipo de barreira; a
segurança financeira dos domicílios; e a atenção com qualidade e
dignidade.
 Pesquisas realizadas pela OPS (2003) identificaram, na região das
Américas, que a exclusão em saúde está fortemente associada com a
pobreza, a marginalidade, a discriminação racial e outras formas de
exclusão relacionadas a: características culturais, precariedade do
emprego, subemprego e desemprego, isolamento geográfico, falta de
acesso aos serviços públicos e baixo nível educacional das pessoas. O
perfil dos grupos e indivíduos vulneráveis a processos de exclusão nos
sistemas de saúde é, em sua maioria, de pobres, idosos, mulheres,
crianças, grupos étnicos, trabalhadores informais,
desempregados e subempregados e população rural, indicando
que a exclusão em saúde reitera os processos excludentes que estão
vigentes na sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Embora seja pequeno o número de pesquisas adotando o
conceito de exclusão social como alavanca analítica para
compreender as causas das desigualdades em saúde, é possível
identificar tanto no plano teórico quanto no empírico as
relações entre exclusão social e desigualdades em saúde. Essas
relações são de ordem constitucional e instrumental.
 Constitucional, pois a participação restrita nas relações
econômicas, sociais, políticas e culturais tem impacto
negativo na saúde e no bem-estar. Instrumental, na medida
em que essas restrições resultam em outras privações que
contribuem para o adoecimento e piores condições de saúde.

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