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EXCLUSÃO OU

INCLUSÃO PERVERSA?
Bader Sawaia
EXCLUSÃO OU INCLUSÃO PERVERSA?

Exclusão: tema muito usado, porém, pouco preciso e dúbio do


ponto de vista ideológico.

Analisar a ambiguidade constitutiva da exclusão é captar o enigma


da coesão social sob a lógica da exclusão na versão social,
subjetiva, física e mental.

A sociedade exclui para incluir! Essa transmutação é condição da


ordem social desigual, o que implica o caráter ilusório da inclusão.
EXCLUSÃO OU INCLUSÃO PERVERSA?
A dialética da inclusão/exclusão gesta subjetividades especificas
que vão desde o sentir-se incluído até o sentir-se discriminado ou
revoltado.

Processo de inclusão: sutil e dialético (envolve o homem por inteiro e


suas relações com os outros).

O que faz com que numa sociedade que cultua valores


democráticos, as pessoas aceitem a injustiça e as práticas de
discriminação?
EXCLUSÃO OU INCLUSÃO PERVERSA?
“O Descrédito atormenta os excluídos tanto quanto a fome”

“Alguns aceitam o projeto-doença para ter legitimada sua cidadania


e certa condição de sobrevivência e, assim, passam a ser incluídos
no sistema de seguridade, como pertencendo ao seu
disfuncionamento”.

A exclusão é cruel e a visão do futuro é assustadora como nunca foi.

O excluído não está a margem da sociedade, ele repõe e sustenta


a ordem social, sofrendo muito neste processo de inclusão social.
REFLETINDO SOBRE A
NOÇÃO DE EXCLUSÃO
Mariangela Belfiore Wanderley
Fim da Segunda Guerra Mundial
Luta de classes e desigualdades

CONTEXTUALIZAÇÃO
HISTÓRICA René Lenoir (1974)
Exclusão não mais como
Reflexão sociológica fenômeno individual, mas social

(debates políticos): Urbanização, inadaptação e uniformização


do sistema escolar, desenraizamento
causado pela mobilidade profissional,
desigualdades de renda e acesso a
serviços
Anos 80
Novas relações entre
economia, política e sociedade
Crise do Estado-providência,
CONTEXTUALIZAÇÃO transformação economia X sociedade
(crise do trabalho) e dos modos de

HISTÓRICA constituição das identidades individuais e


coletivas (crise do sujeito)

Reflexão sociológica Anos 90


(debates políticos): A maioria dos problemas
sociais, que se acumulam, são
apreendidos através da noção
de “exclusão”.
NO BRASIL...
Matriz escravista brasileira;
Questão social: “a pobreza acompanha a história brasileira”;
Noção de exclusão social aparece na segunda metade dos anos 80;
Exclusão: caráter estrutural.
MAS, AFINAL, O QUE É “EXCLUSÃO”?
Novo paradigma em construção (“fenômeno tão vasto que é quase
impossível delimitá-lo”);
NÃO é sinônimo de pobreza (“a passagem do termo pobreza para
exclusão significou (...) o fim da ilusão de que as desigualdades eram
temporárias”);
Necessidade de contextualizar o fenômeno no espaço e tempo.
MAS, AFINAL, O QUE É “EXCLUSÃO”?
1- Fraturas e rupturas do vínculo social;
2- Reproduzido através de mecanismos que o reforçam e o
expandem.
ALGUMAS DEFINIÇÕES POSSÍVEIS
Exclusão cultural: “Excluídos são todos aqueles que são rejeitados
de nossos mercados materiais ou simbólicos, de nossos valores”
(Xiberras,1993:21).
Privação coletiva: “Impossibilidade de poder partilhar que leva à
vivência da privação, (...) com violência, de um conjunto significativo
da população, por isso, uma exclusão social e não pessoal”
(Sposatti, 1996).
Privação de PODER e representação: questão da democracia.
4 CONCEITOS FUNDAMENTAIS
1-Desqualificação/Integração – Paugam (1991, 1993)
Pobreza = construção social + individual
“produto de uma construção social e problema de integração
normativa e funcional”

2-Desinserção - Gaujelac e Leonetti (1994)


Dimensão simbólica nos fenômenos de exclusão, fenômeno identitário
“Sistema de valores de uma sociedade que define os ‘fora de norma’
como não tendo valor ou utilidade social”
4 CONCEITOS FUNDAMENTAIS
3- Desafiliação – Castel (1995)
Ruptura de pertencimento, instabilidade do tecido relacional
“ausência de inscrição do sujeito em estruturas que tem um sentido”

4- Apartação social – Buarque (1993)


Separar o outro, não apenas como um desigual, mas como um “não
semelhante” - Intolerância social (Nascimento, 1995)
ÚLTIMAS CONSIDERAÇÕES
Naturalização do fenômeno: compreender como fatalidade;
Aceitação tanto ao nível social, como do próprio excluído;
Reforçamento do ciclo da exclusão: “direitos transformados em
ajuda, em favores”.
CAMINHOS POSSÍVEIS
Desnaturalização das formas como são encaradas as práticas
discriminatórias;
Prover níveis de proteção que garantam o exercício da
cidadania, possibilitando a autonomia de vida dos cidadãos.
“Se, por um lado, cresce cada
vez mais a distância entre os
incluídos e excluídos, de outro,
essa distância nunca foi tão
pequena, uma vez que os
incluídos estão ameaçados de
perder direitos adquiridos”

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