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2.1.
Exclusão, um processo multidimensional
1
Criado em 2001, o Observatório de Favelas é desde 2003 uma organização da sociedade civil de
interesse público (OSCIP), com sede na Maré (RJ), mas sua atuação é nacional.
http://www.observatoriodefavelas.org.br/observatoriodefavelas/home/index.php - acesso em
10/01/11
16
Esta reflexão casa-se com um ponto crucial abordado por Aldaíza Sposati: o
significado que a exclusão tem para o sujeito. Segundo a autora, a exclusão social
caracteriza-se pela discriminação e atribuição de estigmas e, sendo assim, “seu
exame envolve o significado que tem para o sujeito, ou para os sujeitos, que a
vivenciam” (Sposati, 2006, p.2). Pode-se, a partir daí, pensar algumas questões:
Sentem-se os “excluídos”, excluídos? Que dimensão têm dessa classificação?
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que requer uma correlação de forças, está infiltrado mesmo nas relações pessoais.
Não é uma realidade que possua uma determinada natureza e não é caracterizado
por regras universais. O autor vê o poder para além do “esquema economicista”
(Foucault, 1979, p.176), não estando, portanto, necessariamente associado ao
Estado nem restrito às relações entre os donos dos meios de produção (capital) e a
massa trabalhadora (como na concepção marxista). Foucault entende também que
as relações de poder vão além das relações de força, das guerras. E não cessam
com o fim dos conflitos armados. Diz ele:
E se é verdade que o poder político acaba a guerra, tenta impor a paz na sociedade
civil, não é para suspender os efeitos da guerra ou neutralizar os desequilíbrios que
se manifestaram na batalha final, mas para reinscrever perpetuamente estas
relações de força, através de uma espécie de guerra silenciosa, nas instituições e
nas desigualdades econômicas, na linguagem e até no corpo dos indivíduos.
(Foucault, 1979, p.176)
E não pode ser diferente, porque além do fato de que o poder corrompe os homens,
os cálculos ou a tendência constante daqueles que o detêm terão sempre por
objetivo o máximo enfraquecimento possível dos violentados já que, quanto mais
estes estão fracos, menos esforços são necessários para dominá-los. (Tolstoi,
[1894], 1994, p.172)
2
Preciso aprender a só ser - http://www.gilbertogil.com.br/sec_disco_interno.php?id=51 – acesso
05/09/11.
19
2.1.1.
Os processos de exclusão e a pós-modernidade
3
No capítulo 2 abordamos mais detidamente a questão do acesso ao discurso, da posse da
linguagem e a mídia alternativa, representada por blogs, websites, rádios comunitárias, revistas e
jornais impressos, etc,, no contexto das novas relações sociais e das novas tecnologias.
20
4
Diversas manifestações populares ocorreram em 2011: no Oriente Médio e norte da África, o
movimento batizado de Primavera Árabe resultou na deposição de antigos regimes. Em vários
países da Europa a população também foi às ruas protestar contra o modelo econômico.
5
Exemplos dessas mudanças são a divisão da Iugoslávia (um processo marcado pela violência,
que se estendeu de 1990 a 2003) e da Tchecoslováquia (1993), que deram origem a outras nações,
repúblicas, territórios autônomos.
6
A revolta civil no Egito (fevereiro/2011) conseguiu mobilizar milhões de pessoas usando a rede
mundial de computadores - http://www.revistaforum.com.br/blog/2011/02/17/internet-foi-
fundamental-na-revolucao-contra-mubarak/ - acesso em 21/02/11
21
mudança radical na lógica de consumo, o autor acredita que está cada vez mais
arraigado o princípio da individualidade:
O efêmero recua? O ciclo de vida dos produtos não cessa de diminuir. O fato de se
desenvolverem os setores da educação, das viagens, da comunicação, do bem-estar
corporal e mental significa que o fútil ficou para trás? Não é o que realmente
sugerem os jogos de vídeo, os chats, os disfarces eletrônicos do Eu, a necessidade
de comunicar-se por comunicar-se...(Lipovetsky, 2007, p.125)
cada dia e detém considerável poder de compra - é preciso dar novos nomes à
chamada terceira idade, é preciso criar eufemismos, como “melhor idade”7.
7
Para Pierre Bourdieu, somos sempre o jovem ou o velho em relação a alguém e estas categorias
historicamente estão relacionadas à transferência de poder. Juventude e velhice seriam construções
sociais decorrentes da disputa entre os jovens e os velhos. A ‘juventude’ é apenas uma palavra é o
título de um artigo de Bourdieu, que gerou, em resposta, o texto A juventude é mais que uma
palavra, no qual os autores Mario Margulis e Marcelo Urresti questionam a abordagem do
sociólogo francês. http://pt.scribd.com/doc/16677551/Pierre-Bourdieu-A-Juventude-e-apenas-
uma-palavra e http://www.n-a-u.org/pontourbe01/PEREIRA-a-2007.html - acesso em 05/01/12
23
Este cenário irá impactar particularmente o jovem, não apenas por sua
condição biológica/emocional – um ser ainda em construção, em processo de
amadurecimento – mas por ser ele o principal alvo da mídia. Campanhas
publicitárias investem em segmentos cada vez mais jovens8, por motivos óbvios:
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8
Restrições na publicidade para crianças vêm sendo discutidas, com Projetos de Lei tramitando no
Congresso -
http://alinecorrea.com.br/noticias/101/2010/08/30/Deputada_Aline_Correa_sugere_proibir_propag
anda_para_crianca (matéria de 30/08/10) acesso em 05/08/11.
O Instituto Alana realiza pesquisas sobre a influência das propagandas sobre as crianças:
http://www.alana.org.br/banco_arquivos/arquivos/docs/educacao/palestras/a-ilegalidade-da-
publicidade-dirigida-a-crian%C3%A7a.pdf - acesso em 05/08/2011
24
Korman Dib, por sua vez, vê o conceito de vulnerabilidade social como uma
alternativa ao de exclusão, configurando-se numa zona intermediária, de caráter
movediço, onde não há fronteiras rígidas, entre a exclusão e a integração:
25
Esse "mal-estar", não podendo ser curado, deverá ser permanentemente gerenciado
pelo sujeito. A cultura de cada época e de cada lugar fornecerá o instrumental,
tanto extra como intra-psíquico, para que o sujeito realize esse gerenciamento.
Penso que o surgimento na atualidade, tanto de quadros depressivos quanto de
pânico, está na dependência do gerenciamento desse "mal-estar" constitutivo da
civilização.
Para Korman Dib, a insegurança dos jovens e mesmo seu desencanto com
relação a uma carreira que traga realização profissional e pessoal originam-se
desse panorama atual e também da trajetória do estudante na instituição
universitária. Se nas sociedades modernas o trabalho está associado ao sujeito de
tal forma que se cola à sua identidade, a integração desse sujeito no meio social
passa por seu papel na cadeia produtiva, por seu sucesso profissional, pelo êxito
em seus empreendimentos. Daí, o comportamento demonstrado pelos jovens
pesquisados, evidenciando dúvidas quanto à carreira a escolher, apontar para
situações mais graves do que apenas uma insegurança ou mera acomodação
juvenil. Como se sentir confiante se mesmo o grau de instrução já não é garantia
da obtenção de emprego seguro? Como saber o que quer se todos os caminhos se
mostram instáveis?
mudanças, como se estas fizessem parte de um processo natural, que não precisa
nem deve ser questionado. Ao contrário, o que se deve fazer é seguir as
prescrições para lidar com elas, pois apesar das dificuldades, “ainda assim haverá
emprego para determinados sujeitos que atentarem para algumas recomendações”
(Korman Dib, 2007, p.115).
As elites desfrutam de uma tranquilidade ideológica que não tinham antes. Livres
da oposição política de esquerda, dos combates dos sindicalistas e da contestação
de jovens e intelectuais, elas, por fim, respiram. Tudo parece em ordem, na paz do
mercado e do consumo. O desemprego, o aumento da miséria, a decadência da vida
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urbana ou a situação no campo e dos sem-terra são definidos como etapas infelizes
porém provisórias no inevitável e correto rumo do desenvolvimento. (Costa, 2001,
p.83).
2.2.
O caso brasileiro
9
Ver pesquisa do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, Suíça, que revela como se
estrutura o poder global das empresas transnacionais, sobretudo os bancos. Matéria disponível em
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18798&boletim_id=103
8&componente_id=16627 – acesso em 16/12/11.
10
Entre 1990 e 1994, o Governo Federal desestatizou 33 empresas. A partir de 1995, inicia-se uma
nova fase da privatização, e os serviços públicos (como transporte, rodovias, saneamento, portos e
telecomunicações) começam a ser transferidos ao setor privado. Fonte: BNDES
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimen
to/especial/Priv_Gov.PDF - acesso em 10/02/2011
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passam a ser oferecidos em larga escala por empresas privadas (planos de saúde e
escolas particulares).
11
O filme Abril Despedaçado (Walter Salles, 2001), inspirado no livro homônimo de Ismail
Kadaré, retrata esta realidade, onde famílias rivais cometem assassinatos mutuamente.
31
O inchaço das metrópoles brasileiras é porque não se fez reforma agrária. Grande
maioria das pessoas veio do interior do Nordeste, Minas Gerais e outras regiões
empobrecidas onde coronéis dominavam. Oligarquias fortes que não davam chance
de o povo progredir. Imagina se tivesse ocorrido a reforma agrária no tempo do
Jango (década de 60). Hoje teria muito mais gente morando no campo, nas cidades
pequenas do interior, teria tido muito mais agroindústria, teria tido um patamar de
desenvolvimento que aconteceu em partes do sul do Brasil onde teve a presença de
pequenos agricultores que logo geraram indústrias e capitalizaram essas regiões. A
história urbana do Brasil teria sido muito diferente se tivesse ocorrido uma reforma
agrária na década de 60 (Carter, 2010).
12
CARTER, Miguel (org.). Combatendo a desigualdade social: o MST e a reforma agrária no
Brasil. São Paulo: Editora UNESP, 2010
32
13
nos últimos dez anos, passando de 81,25% para 84,35% . Ainda que isso
signifique que houve maior urbanização no interior do país – e não apenas a
migração para as grandes cidades – a questão preocupante é que a demanda por
emprego nas cidades cresce, enquanto que no campo faltam mãos para plantar.
Como revela o referido censo, das mais de 190 milhões de pessoas que constituem
a população brasileira, menos de 30 milhões vivem em situação rural. É
interessante aqui destacar que há uma crescente demanda por alimentos orgânicos
no mundo e que a agricultura familiar é responsável por grande parte do
abastecimento das populações urbanas14. Neste contexto, a reforma agrária, como
observa Carter, seria uma forma de reduzir a desigualdade e a exclusão social,
gerando empregos diretos e indiretos no campo.
13
Dados disponíveis no website do IBGE - acesso em 04/02/11.
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1766&id_pagi
na=1
14
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário-MDA, no caso do Estado do Rio de
Janeiro, 92% dos produtores da região serrana são agricultores familiares que respondem por
28,5% do PIB rural do estado. http://www.mda.gov.br/portal/noticias/item?item_id=6873890 e
http://www.mda.gov.br/plano-safra/ – acesso em 11/02/11
15
Um exemplo é a declaração de uma estudante de Direito de São Paulo, após as eleições
presidenciais de 2010 Ver entrevista do Presidente da OAB-PE:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4770733-EI6578,00-
Discriminacao+a+nordestino+nao+e+fato+isolado+diz+OABPE.html - acesso em 10/02/2011. No
cinema, vários filmes abordaram o choque do nordestino com a cidade grande, entre eles “O
homem que virou suco” (João Batista de Andrade, 1981) e “A hora da estrela” (Suzana Amaral,
1985).
33
2.3.
O Estado do Rio de Janeiro e a Cidade Partida
cada vez mais evidentes, vemos surgir a expressão Belíndia16 para designar um
Brasil de duas faces opostas: uma exibindo a riqueza de uma minoria – a Bélgica
– e outra com pobreza semelhante à existente na Índia. Trazendo esta dicotomia -
um corpo social mutilado por um corte que separa os cidadãos, dividindo-os em
duas categorias - para nosso universo de pesquisa – o município do Rio de Janeiro
e a macrorregião chamada Grande Rio – temos uma metrópole que foi,
apropriadamente, batizada de Cidade Partida, pelo escritor e jornalista Zuenir
Ventura. De sua análise, vemos surgir uma cidade que, já nos anos 1950 – tidos
como dourados, pacíficos, de grande efervescência cultural – gestava as sementes
da violência urbana que explodiria nas décadas seguintes. A segregação que
marca nossa história, no Rio de Janeiro não permaneceria silenciosa, inerte. Sobre
a ocupação dos morros e o crescente domínio, dentro das favelas, de facções
criminosas, diz o autor:
16
A expressão é atribuída ao economista Edmar Bacha que a utilizou em 1974 para “definir o que
seria a distribuição de renda no Brasil, à época (uma mistura entre uma pequena e rica Bélgica e
uma imensa e pobre Índia)”. http://www.economiabr.net/colunas/henriques/belindia.html - acesso
em 19/12/10.
35
Sem cinturão de segurança ou cordão sanitário para isolar o mundo dos pobres do
mundo dos ricos, o Rio não cedeu ao inimigo apenas a vista mais bonita. Os nossos
bárbaros já estão dentro das muralhas e suas tropas detêm as melhores armas e a
melhor posição de tiro.
Rio de Janeiro. Com a reforma urbana de Pereira Passos, no início do século XX,
a população pobre da cidade foi transferida para morros próximos ao Centro, entre
eles o da Providência, que teve assim sua população aumentada. Como observa
Jailson Souza e Silva (2007), a existência de espaços nobres e populares, tal como
a distinção entres os sujeitos a partir do consumo, se dá mesmo nos países mais
desenvolvidos. O que faz a diferença é a atuação do Estado, sua soberania.
17
O nome favela seria uma associação ao morro da Favela, na Bahia, nome originado de uma
planta nativa, o faveleiro. http://pt.wikipedia.org/wiki/Morro_da_Provid%C3%AAncia – acesso
em 20/12/10
36
governo de Carlos Lacerda que surgiram, por exemplo, a Vila Kennedy e a Vila
Aliança, conjuntos habitacionais construídos na zona oeste do então Estado da
Guanabara, para receber os moradores das favelas.
Com o passar dos anos, o tráfico de drogas, egresso das favelas que ali se
instalaram, passou a atuar na Cidade de Deus. Iniciou-se, então, uma batalha
territorial travada por facções rivais, que buscavam dominar o fornecimento de
drogas para a cidade. A Cidade de Deus, nos anos 1980 e 1990, passou a ser um
símbolo da violência carioca.
Primeiro pelo livro do antropólogo Paulo Lins (2003) e, em 2002, pelo filme nele
inspirado e dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, a Cidade de Deus teve
os meandros do tráfico retratados de maneira realista. (Pereira, 2008, pp.37-38)
18
A população da CDD diminui nos últimos anos, embora tenha sido observado um aumento no
número de moradores de outras favelas, conforme o censo IBGE 2010.
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia/2011/07/01/ibge-populacao-em-favela-carioca-
cresce-acima-da-media.jhtm - acesso em 12/09/11.
37
cidade se expande, mas os serviços públicos tornam-se cada vez mais precários,
há uma degradação urbana. O poder público não se faz presente nessas “regiões
de sombra” como se faz nas regiões onde vivem pessoas de maior poder
aquisitivo e de maior visibilidade dentro do país e no exterior.20
19
Consideramos aqui os bairros de classe média baixa/média, que se espalham pelas Zonas Norte
e Oeste, não especificamente as áreas de favela, mas de urbanização precária, carente de áreas de
lazer e espaços culturais.
20
Nos últimos anos alguns grupos, utilizando principalmente as redes sociais, vêm trabalhando
para dar maior visibilidade às regiões suburbanas, lutando pela preservação do patrimônio cultural
e histórico e reivindicando mais atenção do poder público. Alguns exemplos são os coletivos
Subúrbio Carioca e Movimento Cine Vaz Lobo – acesso em 07/01/12.
21
O Mapa, elaborado pela PUC-SP, destinou-se à implantação da LOAS-Lei Orgânica da
Assistência Social (Lei 8742, de 1993), que garante a assistência social como direito do cidadão e
dever do Estado. - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8742.htm - acesso em 11/02/11
38
22
Ver Boletim Segurança e Cidadania do CESeC - http://pt.scribd.com/doc/51424319/Boletim-
CESeC-No-13-Meninos-do-Rio-2 - acesso 09/01/12
23
Mário Sérgio de Brito Duarte pediu exoneração do cargo no final de setembro/2011, alegando
problemas na Corregedoria interna da PM após assassinato da juíza Patrícia Acioli, em São
Gonçalo-RJ (matéria de O Globo, 30/09/11, Seção Rio, p.19). Foi comandante do Batalhão de
Operações Especiais (Bope) e do Batalhão da Maré. É autor do livro Incursionando no inferno: A
verdade da tropa, sobre o Bope. http://marius-sergius.blogspot.com/ - acesso em 08/02/12.
24
Fórum de Segurança Pública e Cidadania: o papel da sociedade na luta contra a violência.
Informações apuradas na cobertura do evento e publicadas em:
http://tecelan.blogspot.com/2008/12/rio-de-paz-possvel-ainda-1.html. Ver também website da
ABI: http://www.abi.org.br/primeirapagina.asp?id=2871 – acesso em 21/01/11
39
coletividade criminosa, conexões estas que não raramente vêm à tona, expondo
ligações entre setores da polícia e criminosos25.
favela.
25
Como a Operação Guilhotina, desencadeada em fevereiro/2011 pela Polícia Federal (PF) e
Ministério Público/RJ a fim de desarticular grupo de policiais civis e militares envolvido com o
tráfico de armas, drogas e milícias. http://extra.globo.com/noticias/rio/comeca-depoimento-de-
allan-turnowski-policia-federal-1089067.html - acesso em 17/02/11
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Quando os lugares e os papéis não são definidos nas relações sociais, as histórias se
mesclam e as funções são invertidas. Instaura-se a violência que, vivida na sua
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Esta dupla exclusão é tema de Prisões, crime organizado e exército de esfarrapados. 2006, de
Marcelo Freixo -
https://www2.mp.pa.gov.br/sistemas/gcsubsites/upload/60/Pris%C3%83%C2%B5es,%20crime%2
0organizado%20e%20ex%C3%83%C2%A9rcito%20de%20esfarrapados.pdf - acesso em
17/02/11. Ver também o livro Acionistas do nada: quem são os traficantes de drogas, de Orlando
Zaccone (Ed.Revan, 2007) - http://www.revan.com.br/catalogo/0382.htm e
http://www.comunidadesegura.org/pt-br/node/37775 - acesso em 16/02/11
41
Podemos concluir que não só estes conceitos, mas mesmo seus sonhos têm
limites estreitos em função do universo onde transitam, também de fronteiras
exíguas, demarcadas pela ausência de oportunidades. Sabemos que o acesso ao
conhecimento desperta o desejo de novos conhecimentos, daí o contato com
diferentes culturas e outras visões de mundo, com a arte, o esporte, é apontado
neste estudo como uma ampla janela que daria, não apenas aos
jovens/adolescentes em situação de risco ou vulnerabilidade social, mas também a
eles, novas perspectivas, constituindo-se um o caminho para alargar aquelas
fronteiras.
27
Ubiratan Angelo é coronel da Polícia Militar, onde atua há mais de 30 anos. Mantém na internet
o Forum Ubiratan Angelo de Segurança Cidadã - http://fubasc.ning.com/ - acesso em 25/01/11
28
Carlos Magno Nazareth Cerqueira esteve no comando da Polícia Militar de 1982 a 1986 e de
1990 a 1994, durante os governos de Leonel Brizola. Foi assassinado em 1999 e o crime não foi
esclarecido. http://www.comunidadesegura.org/pt-br/MATERIA-coronel-nazareth-cerqueira-
presente - acesso em 15/06/11
29
Luiz Eduardo Soares é co-autor do livro A elite da tropa, no qual foi baseado o filme Tropa de
Elite (José Padilha, 2007). Foi Secretário Municipal de Valorização da Vida e Prevenção da
Violência de Nova Iguaçu-RJ.
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Em abril, vivi uma dessas experiências iluminadoras, raras, dolorosas e vitais, que
mudam nossas vidas pela intensidade, pela qualidade. Visitei o Jacarezinho, com a
vice-governadora Benedita da Silva [...]. Prometemos uma polícia respeitosa, que
deveria merecer o respeito da comunidade [...]. Invocamos a solidariedade de todos
para não permitir que as dificuldades nos dividam, no futuro, destruindo a crença
de que é possível construir uma polícia que trate o morador do Jacarezinho da
mesma forma que o morador da Vieira Souto. [...] Pedimos que a audiência se
pronunciasse: começou, inesperadamente, nossa viagem ao fundo da noite. [...]
Desdobrou-se uma avalanche de vozes e testemunhos que ganharam,
gradualmente, volume e carga emocional, a ponto de provocar o recolhimento dos
fotógrafos e repórteres. Fez-se um silêncio de morte. [...] Tragédias desfiaram-se,
uma a uma, com toda a crueza de sua brutalidade original: “No dia tal, do mês
qual, do ano tal, diante de mim e de minha casa, desarmado e inocente, meu filho
foi morto pela polícia a sangue frio...” (Soares, 2001, pp.67-69).
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A primeira UPP foi instalada no Morro Santa Marta (Botafogo) em 2008. Em janeiro/2012 foi
inaugurada a 19ª UPP do município do Rio de Janeiro - http://upprj.com/wp/ - acesso em 20/01/12
31
http://www.cultura.rj.gov.br/projeto/programa-de-ocupacao-cultural-poc - acesso em 09/01/12
43
determinado para ela. Assim, aquele que consegue ascensão econômica e social, é
visto como um indivíduo que difere dos demais de seu grupo, quase como uma
figura exótica. Contudo, o estigma frequentemente permanece, ainda que
veladamente.
32
http://www.uppsocial.com.br/?s=ver%C3%A3o+das+upps – acesso em 16/02/11
33
No segundo semestre de 2011, conflitos armados nas comunidades pacificadas (com UPPs)
levaram novas inquietações à população. http://noticias.uol.com.br/ultimas-
noticias/agencia/2011/09/10/oito-homens-sao-presos-no-morro-da-providencia-no-rio.jhtm e
http://www.jb.com.br/rio/noticias/2011/09/06/upps-passam-por-processo-de-adaptacao-afirma-
cabral/ - acesso em 10/09/11. Ver também notícia sobre disparidades nos serviços oferecidos:
http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/ultima-a-ser-pacificada-mangueira-tem-mais-
projetos-sociais-que-outras-favelas-20111224.html -
44
Antes de tudo, é preciso compreender que não existe apenas “a” favela, mas
favelas, como aponta Jailson Silva (2007, p.93): se está num terreno plano ou num
morro; se é grande ou pequena; se está na Zona Sul ou na periferia da cidade; se
sua população é majoritariamente negra e carioca ou oriunda do Nordeste; se é
controlada por traficantes de drogas ou milicianos. Segundo Jailson, a percepção
homogeneizadora dos moradores de favelas e periferias não permite que se
percebam as mudanças em seu perfil educacional, por exemplo. Citando políticas
públicas, como a criação do Programa Universidade para Todos (Prouni), o autor
destaca o aumento do número de universitários moradores de favelas, certamente
um percentual bem maior do que o de criminosos, embora estes tenham mais
visibilidade na mídia (Silva, 2007, p.94).
45