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As características individuais constituem a identidade do sujeito e o diferencia dos demais. A
deficiência, como uma destas características pode ser concebida de várias formas. Sendo que, os
mecanismos de exclusão têm como base a não aceitação dessas diferenças e os sujeitos com essas
especificidades podem ter sua identidade influenciada a partir da vivência desses processos.
Seções de estudo
Seção 1
Ser diferente, ser deficiente
Objetivos de aprendizagem
Você já pensou por que observamos as diferenças das pessoas que nos envolvem?
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Diferença e deficiência
Sempre que se “biologizar” a deficiência, seja ela qual for, tende-se a eximir-
se e centrar no sujeito a responsabilidade por sua existência. Ele passa a ser
responsável por seu déficit, ele é o anormal, aquele que não é adequado,
que não produz, que não aprende, que não se porta como o esperado
socialmente. Enquadram-se, neste mesmo grupo, todos que possuem as
mesmas características médico-biológicas e se entende que as pretensas
soluções criadas servem para todos indistintamente.
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Seção 2
Deficiência: enfoque biológico e social
Objetivos de aprendizagem
»» Deficiência auditiva:
Perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou
mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz,
2.000Hz e 3.000Hz. (BRASIL, 2004a, Art. 4º).
»» Deficiência visual:
[...] a cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05
no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que
significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a
melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida
do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60°;
ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.
(BRASIL, 2004a, Art. 4º).
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»» Deficiência física:
[...] alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do
corpo humano, acarretando o comprometimento da função
física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia,
monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia,
triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência
de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade
congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as
que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. .
(BRASIL, 2004a, Art. 4º).
»» Deficiência multipla
Deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências.
(BRASIL, 2004a, Art. 4º).
Figura 2.4
Pedro é um menino de seis anos, moreno, olhos
amendoados, cabelos encaracolados, cego, rosto
arredondado, alegre, curioso e questionador. Adora
música e gosta de tocar música clássica no teclado,
principalmente Beethoven. É dinâmico, gosta de brincar
no parque, especialmente no escorregador. Faz birra
quando é contrariado e disputa com seus irmãos o seu brinquedo preferido. Pedro é uma
criança feliz. Ao ler esta história, o que lhe pareceu estranho ou adverso?
Talvez que ele toque música clássica no teclado. Perceba, a cegueira é constitutiva da
identidade de Pedro, mas ela é só uma característica dentre várias outras. Ao se reduzir
Pedro a ela não se estará falando de Pedro, pois ele é muito mais que sua deficiência.
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A deficiência pode ser analisada por meio de duas dimensões, por um lado
o “defeito” provoca a limitação, por outro estimula o movimento intenso
para a superação dessa limitação, alcançando o desenvolvimento de outra
maneira. Nesse movimento, está a compensação social, pode-se dizer
que é a reação da pessoa frente à deficiência, ou seja, o processo que se
desenvolve para eliminar as dificuldades criadas pelo “defeito”. Entretanto,
este não é um processo natural, que ocorre livremente, pois é constituído
por meio da mediação social. É necessária a intervenção do meio para que
esse processo se constitua.
Conceito de compensação
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Seção 3
A perspectiva sócio-histórica e a Educação Inclusiva
Objetivos de aprendizagem
Como foi visto anteriormente, Vigotsky alicerçou seus estudos acerca das
deficiências, principalmente, no aspecto social, dando menos ênfase ao
aspecto biológico. Destacou que o desenvolvimento da aprendizagem
ocorre, principalmente, por meio das interações sociais. Para ele, o
funcionamento psíquico, tanto das pessoas com deficiência quanto dos não
deficientes, obedece a mesma lei, onde a diferenciação se dá na forma de
organização.
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Conceito de inclusão
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Sabe-se que construir uma escola inclusiva é uma tarefa social que envolve
o corpo interno da escola, articulado com órgãos e instituições externas,
sociedade civil e família. Então, o que se propõe é que você, professor,
busque parceiros dentro e fora da escola, formando uma rede de apoio para
trocar experiências, buscar novas informações e conhecimentos, ou seja,
pensar em conjunto o fazer pedagógico.
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Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
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Atividades de aprendizagem
1. Você deve ter ouvido ao longo de sua vida palavras e frases que
categorizam as pessoas com deficiência e que, simultaneamente, as
excluíam, tais como: “debiloide”, “doentinho da APAE”, “surdo-mudo”,
entre outros. Esses “apelidos” apontam para o preconceito existente nas
pessoas que se julgam superiores por serem “normais”. Esses discursos
estão presentes em nossas falas, nos diferentes âmbitos da sociedade.
Reflita e construa um texto que aponte as possibilidades de superação
do preconceito e dos mecanismos de exclusão vividos pelas pessoas com
deficiência.
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Aprenda mais...
Para que você se aprofunde nas discussões levantadas neste capítulo assista
aos vídeos Borboleta de Zagorsk (parte I a VI) que estão disponíveis no
Youtube.
»» À Primeira Vista
»» O escafandro e a borboleta.
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Seções de estudo
Seção 1 – Acessibilidade
Bom estudo!
Seção 1
Acessibilidade
Objetivos de aprendizagem
Atualmente, não se discute mais sobre a entrada ou não das crianças com
deficiência na escola de ensino regular, se discute como deve ser a proposta
para a consolidação de uma escola para todos. Ainda surgem muitas
dúvidas sobre a permanência destas crianças no espaço escolar e como
possibilitar a elas e aos outros alunos uma educação de qualidade. Para
superação de todas estas questões, é preciso romper com as barreiras de
acessibilidade existentes.
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Além disto, destacam-se ações que têm como público alvo as crianças,
como os gibis de Maurício de Sousa que apresentam personagens com
deficiência, esse projeto que envolve a Turma da Mônica e a Acessibilidade
encontra-se disponível também em meio digital, possuindo site na internet.
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EXEMPLOS
velcro nas roupas
para facilitar a
abertura;
talheres adaptados
para uso no lanche
na escola.
Tecnologia destinada a atender pessoas sem fala ou com fala reduzida, e ainda
escrita funcional em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua
habilidade em falar e/ou escrever.
Sistema que permita ou facilite para pessoas com limitações motoras, ligar, desligar
e ajustar aparelhos eletroeletrônicos como a luz, o som, televisores, ventiladores,
executar a abertura e fechamento de portas e janelas, receber e fazer chamadas
telefônicas.
6. Órteses e próteses
EXEMPLOS
aparelho para surdez
(órtese);
perna mecânica
(prótese).
Peças artificiais que substituem partes ausentes do corpo ou são colocadas junto
a partes do corpo para garantir um melhor posicionamento, estabilização e/ou
função.
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7. Adequação Postural
EXEMPLOS
assento e encosto
da cadeira de rodas
que levem em
consideração suas
medidas e conforto;
estabilizador.
Recursos que garantam posturas alinhadas, estáveis e com boa distribuição do peso
corporal e promovam adequações em todas as posturas, seja deitado, sentado ou
de pé.
8. Auxílios de mobilidade
EXEMPLOS
andadores;
cadeiras de rodas;
skooter.
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Acessórios e adaptações que possibilitam uma pessoa com deficiência física dirigir
um automóvel e facilitadores de embarque e desembarque.
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Como a acessibilidade tem que ser para todos, não se pode reduzi-la apenas
ao uso das pessoas com deficiência. Nesse sentido, busca-se apoio no
Desenho Universal para Aprendizagem, que apresenta como pressuposto
a construção de recursos, materiais e espaços educativos flexíveis para o
uso de todos os alunos, contemplando diferentes formas de aprender e
diferentes ritmos de aprendizagem.
Rose e Meyer (2002 apud BERSCH 2008, p. 15) apresentam que o Desenho
Universal para Aprendizagem (Universal Design for Learning – UDL)
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Seção 2
Trabalho pedagógico: aprendizagens e diferenças
Objetivos de aprendizagem
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»» Teclado Intellikeys
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Síntese do capítulo
Ao estudar Inclusão e Educação, você pode verificar que a uma escola aberta
as diferenças propõem algumas mudanças no seu contexto, possibilitando
equidade nas condições de aprendizagem para todos. Veja a seguir alguns
pontos enfatizados no texto.
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Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
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Atividades de aprendizagem
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Assista aos filmes indicados abaixo, eles lhe ajudarão a compreender melhor
os temas abordados neste capítulo!
»» Temple Grandin
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Seções de estudo
Seção 1
Educação para a cidadania:
um exercício de direitos humanos
Objetivos de aprendizagem
»» Caso sua resposta tenha sido sim, pense sobre o que você tem
preconceito: origem étnica, língua falada, categoria social, grupo
religioso, orientação sexual, preferência musical etc.
»» Caso você tenha respondido não à pergunta inicial saiba que você
é uma exceção em nosso país.
No ano de 2009, José Afonso Mazzon realizou uma pesquisa em 501 escolas
de redes públicas, contemplando todos os Estados do País. Nela, investigou
Professor da Faculdade de
Economia, Administração e
18.599 estudantes, pais e mães, professores e funcionários, onde foi revelado
Contabilidade da USP. que o preconceito como ação social, coletiva, é assustadoramente difundido
em todos os espaços sociais. Uma das conclusões da pesquisa foi que
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Preconceito
Figura 4.1
É muito comum quando uma pessoa cega
vai a um restaurante, acompanhada de outra
que enxergue, o garçom perguntar para o
vidente: O que ela quer comer? Isso denota
um preconceito, pois mesmo ele sabendo
que a pessoa ouve e sabe falar, o que significa
que poderia respondê-lo, ele (o garçom) tem
a ideia cristalizada de que uma pessoa com
deficiência é incapaz de tomar decisões e é
dependente do outro.
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A busca pelos direitos humanos apregoados pela lei tem como base o
exercício pleno da cidadania. Referir-se aos direitos humanos significa
propor um olhar mais amplo que apreende os conceitos éticos das relações,
assim como, um forma específica de conceber as relações existentes no
convívio com as diferenças que são inerentes a condição humana.
“Não sabemos o que fazer com ‘aquele’ aluno, afinal o lugar dele não é aqui!”.
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Sempre que se restringir o sujeito a sua limitação está se propondo que ele
“é” a sua diferença. Isola-se a característica não desejada e se responsabiliza
o sujeito por sua presença. Nessa ótica, mesmo que “aceitando” conviver
com esse sujeito, a perspectiva de relação tem como base o fato de que
quem aceita é superior, normal, generoso, aquele que “permite” que esses
sujeitos estejam no mesmo meio. Assim, defini-se o limite até onde esse
sujeito irá.
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É reacionária a afirmação segundo a qual o que interessa aos Mineiro, nascido em 1935,
operários é alcançar o máximo de sua eficácia técnica e não perder formou-se em Sociologia e
Política de Administração
tempo com debates “ideológicos” que a nada levam. O operário
Publica. Após o golpe
precisa inventar, a partir do próprio trabalho, a sua cidadania que militar de 1964, lutou
não se constrói apenas com sua eficácia técnica, mas também com contra a Ditadura, sendo
sua luta política em favor da recriação da sociedade injusta, a ceder exilado, pode voltar ao
seu lugar a outra menos injusta e mais humana. (FREIRE, 1997, p. 114). Brasil em 1979. Aos 61
anos de idade, seu corpo
não mais correspondia aos
A postura crítica e política deste autor coloca a cidadania como condição tratamentos da hemofilia
e da AIDS, adquirida nas
humana de modificação efetiva da realidade excludente e injusta. inúmeras transfusões de
Perceba que a cidadania é um processo social que se constitui a partir das sangue. Em 09 de agosto
individualidades, do envolvimento pessoal em prol de questões sociais de 1997, Betinho faleceu,
no Rio de Janeiro. Sua
coletivas. história de vida é uma
referencia de solidariedade
Outro expoente brasileiro no âmbito da inclusão social é o sociólogo e alteridade.
Herbert José de Souza, o Betinho. Em 1993, fundou a Ação da Cidadania, um
programa que combate a fome e o desemprego por meio da democratização
da terra. Fundou também o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas), de caráter governamental, que objetiva analisar a realidade
social, econômica e política do país.
O que motiva pessoas a lutar por direitos que lhes são próprios
e por aqueles que não o possuem? O que faz com que algumas
pessoas saiam da acomodação “natural” para engrossar fileiras,
empunhando bandeiras para garantir direitos a grupos minoritários
que são desprovidos historicamente desses direitos?
Em alguns casos, a aproximação de vínculos com esses grupos minoritários A capacidade humana
(família, amigos, alunos) motiva a luta pelos direitos não garantidos. Outras de colocar-se no lugar do
vezes, pelo sentimento de humanidade desenvolvido, que faz com as outro, capaz de aproximar
sujeitos com realidades
pessoas mais favorecidas nos seus direitos sintam-se sensibilizadas pelas distintas e envolvê-los na
necessidades alheias. Em ambos os casos, o sentimento que precede a ação busca dos direitos negados.
e o envolvimento é a alteridade.
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Seção 2
Dicas, mitos e verdades sobre as diferenças
Objetivos de aprendizagem
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Transtorno do Déficit de
Atenção/Hiperatividade
Figura 4.3
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Jover (1999, p. 10) compara essas duas formas de organização escolar para o
atendimento educacional, inclusão e integração, afirmando que
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Dessa forma, uma das tarefas mais difíceis para o educador é conhecer
como cada aluno aprende para que assim possa propor objetivos de
aprendizagem possíveis e reais para todos os alunos.
O AEE não deve ser confundido com reforço escolar ou apoio pedagógico.
A definição deste serviço é apresentada na Política Nacional da Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
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Na grande maioria das vezes, não há cura para as deficiências, como é o caso
das deficiências permanentes, mas há aquelas chamadas de temporárias,
que podem ter reversão.
Catarata congênita
Figura 4.7
Camila nasceu com catarata congênita, sendo
diagnosticada com uma deficiência visual: baixa
visão. No entanto, houve a possibilidade de realizar
uma cirurgia, removendo-se e substituindo o
cristalino opaco por um cristalino artificial novo e
claro. Após a cirurgia, ela recuperou a visão e saiu da
situação de deficiência, a qual era transitória.
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Síntese do capítulo
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Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
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Atividades de aprendizagem
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Aprenda mais...
»» O Oitavo Dia
»» Loucos de Amor
»» Nell
»» Amistad
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Você foi convidado durante esta disciplina a trilhar uma jornada teórica
nos diferentes aspectos que envolvem a vida das pessoas com deficiência,
aproximando-se, assim, da realidade destas pessoas. Isso ajuda a
compreender o quanto, através das relações sociais, influenciamos e
somos influenciados pela presença daqueles que consideramos diferentes
de nós. Aqui, partiu-se do princípio que a presença do preconceito para
com as pessoas com deficiência, existente no contexto social, ainda é
fortalecida pela ignorância no que tange aos diferentes aspectos da
vida e realidade dessas pessoas. As barreiras atitudinais reforçam as
dificuldades vividas por esses sujeitos à medida que impedem o exercício
da sua cidadania.