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MÓDULO 2

Conceitos e
necessidades dos
estudantes com
déficit cognitivo

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Autora
Shirley Aparecida dos Santos.

Designers instrucionais
Ana Caroline de Lazzari de Oliveira
Suelen Fernanda Machado

Revisão Textual
Ana Paula Istschuk
Tatiane Valéria Rogério de Carvalho

Ilustrações
Jocelin José Vianna

Projeto Gráfico e Diagramação


Fernanda Serrer
Edna do Rocio Becker

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Olá, professor!
Seja bem-vindo ao módulo 2 do curso Conexão Professor: Educação Especial
– Atendimento Educacional Especializado!
No módulo introdutório, você teve a oportunidade de estudar sobre as
legislações que amparam a Educação Especial, sobretudo com relação ao acesso, à
participação e à permanência dos estudantes que compõem esse público, no ensino
comum.
O compromisso brasileiro em tornar as escolas “territórios inclusivos” não
se designa, unicamente, por admitir que estudantes com perfis distintos convivam
em um mesmo ambiente e sim que esses estudantes sejam atendidos em suas
necessidades educacionais especiais.
Agora, no módulo 2, será o momento de conhecer os conceitos, as necessidades
e as práticas em sala de aula para os estudantes com déficit cognitivo nas áreas da
Deficiência Intelectual, Transtornos Globais do Desenvolvimento e Deficiência Física
Neuromotora.
Ao final deste módulo, esperamos que você, professor, possa saber como
os estudantes da Educação Especial se organizam para o processo de ensino e
aprendizagem.
Vamos então conhecer os pontos significativos que devem ser considerados
na ação pedagógica?

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1 INTRODUÇÃO

É fundamental entender que a aprendizagem para o estudante da Educação


Especial depende das intervenções pedagógicas voltadas a atender às necessidades
de acesso ao currículo. Se esta intervenção for apropriada, o estudante aprenderá
e apresentará avanços significativos, ainda que apresente déficit cognitivo, pois
os estudantes não aprendem do mesmo modo, cada um aprende no seu tempo e
de acordo com sua condição biopsicossocial. Então, vamos criar novos contextos
escolares, ou seja, práticas pedagógicas que atendam às individualidades
dos estudantes, partindo dos conhecimentos previamente adquiridos e das
potencialidades que apresentam?
Para isso, nesta unidade, vamos estudar sobre as especificidades dos
estudantes que apresentam déficit cognitivo. Iniciaremos pelo percurso histórico,
para evidenciar as ideias enraizadas acerca das pessoas com deficiência; e, após,
iremos contemplar as questões sobre a conceituação das áreas que têm em comum
o déficit cognitivo, bem como as principais características do funcionamento
cognitivo destes estudantes.
Consideramos importante esse conhecimento para informar, auxiliar e orientar
o processo de escolarização deste grupo de estudantes. Entendemos ser necessário
que os professores que atuam nas escolas da rede pública estadual aprofundem
conhecimento teórico recorrendo aos materiais de estudo dessa unidade e, do mesmo
modo, acessem os materiais complementares, compreendendo a importância
do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e do trabalho colaborativo para
a realização do Plano de Atendimento Educacional Especializado, que atenda às
especificidades de cada estudante, constando as ações pedagógicas específicas
aos estudantes que necessitam do AEE para o acesso ao currículo, bem como a
consolidação de uma escola inclusiva nas instituições da rede pública estadual de
ensino.

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2 AS MARCAS HISTÓRICAS

Você, professor, já deve ter ouvido falar sobre as


marcas históricas, em relação à pessoa com deficiência,
que predominavam em diferentes momentos, tais como: o
da segregação, o da incapacidade e o da improdutividade,
que, lamentavelmente, até nos dias atuais, ocorre em muitas
práticas sociais.
Antes de apresentar os conceitos relacionados ao déficit
cognitivo, é fundamental conhecer um pouco mais sobre essas
marcas históricas, os mitos e as ideias errôneas sobre pessoas
que possuem algum tipo deficiência.

“A vida só pode ser compreendida, olhando-se


para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para
frente. ” Acesso:
Soren Kierkegaard Confira o texto que
compõe o livro “O
2.1 MOMENTO DO EXTERMÍNIO À SEGREGAÇÃO direito à diferença –
uma reflexão sobre a
No início da nossa civilização, a deficiência foi atribuída deficiência intelectual e
à um castigo divino, as pessoas com deficiência eram educação inclusiva”, da
autora Miriam Aparecida
abandonadas à própria sorte, atitude, esta, compatível com os
Graciano de Souza Pan,
padrões morais da sociedade daquela época, em que a eugenia
disponível em:
e a perfeição do sujeito eram extremamente valorizadas. https://bit.ly/2xXz4sa
Segundo Pessoti (1984, p. 03), “em Esparta, crianças
portadoras de deficiências físicas ou mentais eram consideradas
sub-humanas, o que legitimava sua eliminação ou abandono”.
Desta forma, a pessoa diferente, com limitações funcionais e
necessidades diferenciadas, era considerada “não humana”,
o que não representava um problema de natureza ética ou
moral, pois os filósofos que debatiam a natureza do Homem
entendiam a presença ou a ausência da linguagem e de alma
para sua definição.
Com referência a esta fase, Barby diz:

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[...] grandes civilizações antigas, a exemplo das sociedades primitivas, mantiveram
os diferentes excluídos do convívio social, evitando, segregando, abandonando
ou sacrificando seus membros “desviantes”. Mas os motivos que impulsionaram
as ações excludentes, a partir deste momento, estão relacionados com a
elitização de determinadas camadas sociais, que constroem modelos e padrões
idealizados de pessoa, para justificar regalias e manter o poder em poucas mãos.
Os deficientes como tantas outras minorias sociais, tidas como pouco ou nada
produtivas, sofreram e ainda sofrem as consequências deste tipo de organização
social (2005, p. 23).

Vale lembrar que, com a mudança na concepção de homem e de sociedade,


oriunda da revolução burguesa, no final do século XV, foi possível proporcionar,
também, uma mudança na concepção de deficiência. Neste período, o sistema
econômico passa a ter uma influência mais direta com a produtividade, em que
os sujeitos não correspondentes ficavam à parte desse contexto. Desse modo, o
homem passa a ser visto dentro de um enfoque organicista, resultado do avanço
da medicina e, consequentemente, é esta, então, que responde sobre a deficiência
mental, deixando, parcialmente, a conotação espiritual.

2.2 MOMENTO DA CATEGORIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

No sistema capitalista, a produção é exigida igualmente para todos os sujeitos,


e aqueles que não conseguem atingir as expectativas dos depositários da produção
são vistos como desviantes, estando a condição de deficiência incluída nesta
categoria.
Os valores do sistema econômico foram determinados para levar à segregação e
estigmatização dos sujeitos deficientes. Estes, por sua vez, são vistos como incapazes
e fracos, não se enquadrando nos modelos produtivos do sistema capitalista.
Um século após a Revolução Francesa (Séc. XVIII) o capitalismo encontrava-se
totalmente instituído, a burguesia vivia um de seus melhores momentos e o caminho
para o “progresso” estava perfeitamente aberto, com boa parte percorrida.
O resultado dessa ascensão capitalista gerou um antagonismo social, indicado
pela miséria e pobreza e a burguesia - proletariado, que se tornava gritante, em
oposição, ao mesmo tempo, ao aparecimento do progresso e da riqueza para os
depositários dos meios de produção. Dada à precariedade em que vivia grande

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parte da população – com fome e desemprego –, a injusta vida
na sociedade burguesa tornara-se ponto de pauta, e mais uma
vez a pessoa com deficiência sofreu as consequências dessa
instabilidade social e econômica.
Nos séculos XVII e XVIII, ampliaram-se as concepções a
respeito da deficiência em todas as áreas do conhecimento,
favorecendo diferentes atitudes frente ao problema, isto é, da
institucionalização ao ensino especial. Você sabia ?
Principalmente, no começo do século XIX, decorrente No final do século XVIII, os
da Revolução Industrial, aparece o interesse pela educação médicos Philipe Pinel (1806)
nos países desenvolvidos. Esse interesse provocou o início e Dominique Esquirol (1845)
do atendimento aos deficientes mentais, bem como o denominaram as pessoas
com deficiência mental
aparecimento do modelo educacional destinado a um
como idiotas, cretinas e
movimento de exclusão escolar e social. imbecis, trazendo a marca
A seleção e o treinamento no trabalho tinham por do irreversível, incurável e
objetivo encontrar pessoas mais adequadas para a atividade e inapelável, estabelecendo
ajustar aqueles que não eram muito hábeis. Assim, o resultado a distinção entre o caráter
do desenvolvimento industrial gerou a necessidade de mão de transitório da doença men-
tal e o caráter permanente
obra mais qualificada, e o aumento da escolarização colocaram
dos déficits cognitivos da
a psicologia e, mais ainda, a psicometria em destaque. deficiência mental.
Nesse processo, no início do séc. XIX, na França, Binet
e Simon criam a Escala Métrica de Inteligência, passando
a considerar o fator quantitativo da inteligência (Q.I.) para
classificação e diagnóstico, bem como para prognóstico em
termos de educabilidade. O surgimento desses instrumentos,
marca, até hoje, as diferentes concepções da intervenção
educacional e vem trazendo, para milhares de estudantes
com necessidades educacionais especiais, o estereótipo de
deficientes mentais, classificados como: deficiência mental
leve ou educável, moderada ou treinável, severa ou profunda.
A partir dos anos 50, inicia-se o movimento que defende
a importância da avaliação das capacidades sociais na
determinação da elegibilidade para o Ensino Especial. Desta

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maneira, a psicologia passa a classificar e categorizar as diferenças ditando as regras
para onde se deve ser atendido aquele que apresenta um baixo potencial intelectual.
O encontro da psicologia com a educação torna evidente o propósito de
contribuir para a manutenção da ordem social, ou seja, o sistema produtivo requer
sujeitos capazes e produtivos, somando ao “Exército de Reserva” que emerge do
sistema capitalista.
Desta forma, a psicometria ocupou lugar de destaque, legitimando a perspectiva
da sociedade capitalista, na medida em que possibilitava a distinção dos sujeitos
desviantes do padrão burguês – característica que passou a ser referenciada pela
psicologia com o termo “padrão de normalidade”.
Durante várias décadas, o QI (quociente de inteligência) foi considerado
como sendo a perfeita medida da inteligência humana, abrangendo a totalidade
do potencial intelectual de um indivíduo. De fato, inúmeros estudos apontaram
para uma clara relação entre o nível de QI e o sucesso acadêmico e profissional.
Como consequência, disseminou-se rapidamente a sua utilização pelas escolas,
universidades, instituições governamentais e empresas privadas, particularmente
nos EUA, em que o referido teste foi usado tanto para acompanhamento quanto
para seleção dos discentes.
Na última década do séc. XX, observamos que a sociedade apresentava uma
visão padronizada de homem e classificava as pessoas de acordo com essa visão,
elegendo um padrão de normalidade e se esquecendo que sua constituição é de
homens diversos, devendo, portanto, assumir as diferenças humanas. A dificuldade
de superar a visão padronizada de homem se deu pelo fato de serem concebidas
as diferenças numa perspectiva qualitativa. Em outros termos, a escola produziu e
reproduziu uma visão determinista de sociedade, classificando seus estudantes em
mais inteligentes e menos inteligentes.
Muitos pesquisadores surgiram contrapondo-se a essa abordagem quantitativa
de avaliação, considerando que a dimensão intelectual não é mais suficiente para
caracterizar a deficiência mental, assim outros fatores também foram analisados,
como o funcionamento adaptativo, os fatores psicológicos, emocionais, ambientais,
físicos, etiológicos e de saúde.

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3 CARACTERIZAÇÃO

Nos documentos legisladores e orientadores, o público-alvo da Educação


Especial são sujeitos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades/superlotação.
Neste módulo, estaremos abordando as áreas em que o estudante pode
apresentar déficit cognitivo: a deficiência intelectual, os transtornos globais do
desenvolvimento e a deficiência física neuromotora.
Então, professor, vamos conhecer quais são elas, como se definem e suas
principais características?

3.1 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

O conceito de deficiência intelectual se modificou ao longo dos anos sendo


amplamente discutido mundialmente. Antigamente prevalecia uma visão médico-
organicista, focada no déficit do sujeito, atualmente a deficiência passa a ser
compreendida na perspectiva bioecológica, quer dizer, em relação ao contexto em
que o sujeito vive, sempre atento para as oportunidades e os apoios recebidos ao
longo da vida.
A deficiência intelectual deve ser compreendida considerando o funcionamento
do sujeito na relação com o mundo em que vive, sempre atento para as oportunidades
e os apoios recebidos ao longo da vida.

3.1.1 Indicativos de Deficiência Intelectual

Professor, a deficiência intelectual é um funcionamento cognitivo considerado


significativamente abaixo da média, mas, afinal, o que isso significa?
Devemos compreender o funcionamento intelectual significativamente abaixo
da média um QI entre 70 e 75 ou menos, acompanhado de prejuízos nas habilidades
adaptativas.
Acompanhe a seguir as principais características!

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Acesse:
Para saber mais
sobre os indicativos
de deficiência
intelectual, acesse o
“Manual Diagnóstico
e Estatístico de
Transtornos Mentais
- DSM V” (2014).
Disponível em:
https://tinyurl.com/
yy5qdbyc

Acesse o
infográfico no
site NeuroSaber.
Disponível
em: https://
neurosaber.
com.br/tdah-
tem-associacao-
com-o-tea-e-
deficiencia-
intelectual/

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3.1.2 Funcionamento adaptativo

As autoras Zutião, Boueri e Almeida ressaltam que “o funcionamento adaptativo


deve ser investigado mediante uso tanto da avaliação clínica quanto de medidas
individualizadas, culturalmente e psicometricamente adequadas” (2016, p. 29). E ainda
relevam que o critério B do DSM V (2014)

[...] somente é preenchido quando pelo menos um domínio do funcionamento


adaptativo (conceitual, social e/ou prático) está extremamente prejudicado, sendo
necessário apoio contínuo para que a pessoa tenha desempenho adequado em um
ou mais de um local (casa, escola, comunidade etc.). (ZUTIÃO; BOUERI; ALMEIDA,
2016, p. 29.).

A seguir, no Quadro 1, apresentamos os campos implicados em cada domínio do


funcionamento adaptativo no momento da avaliação investigativa.
Quadro 1 - Habilidades do Funcionamento Adaptativo

DOMÍNIO HABILIDADES ENVOLVIDASS

Habilidades acadêmicas como: memória, linguagem, leitura,


escrita, raciocínio matemático, aquisição de conhecimentos
Conceitual
práticos, solução de problemas, julgamento em situações
novas etc.

Percepção de pensamentos, sentimentos e experiências dos


Social outros, empatia, habilidades de comunicação interpessoal,
habilidades de amizade, julgamento social etc.

Aprendizagem e autogestão em todos os cenários da vida,


inclusive cuidados pessoais, responsabilidades profissionais,
Prático
controle do dinheiro, recreação, autocontrole comportamen-
tal e organização de tarefas escolares e profissionais etc.

Fonte: ZUTIÃO; BOUERI; ALMEIDA, 2016, p. 29.

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3.2 TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO

Professor, no campo da educação especial, de


acordo com os documentos legais educacionais vigentes, IMPORTANTE!
estaremos utilizando a nomenclatura “transtornos globais do
A identificação da
desenvolvimento”. No entanto, compreendam que está inserido deficiência intelectual é
aqui os estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). realizada por psicólogos,
Cabe destacar que no manual da psiquiatria, denominado “DSM no entanto é definida,
- V” (2014), ocorreu a “fusão de transtorno autista, transtorno de no contexto educacional
Asperger e transtorno global do desenvolvimento no transtorno paranaense, como uma
avaliação pedagógica,
do espectro autista”.
que visa a valorizar a
percepção do professor,
pois se acredita na
Saiba mais real importância e na
Para compreender melhor as mudanças no DSM - V e a “fusão” entre notoriedade das condições
transtorno autista, transtorno de Asperger e transtorno global do que este profissional
desenvolvimento no transtorno do espectro autista, indicamos o apresenta em verificar os
vídeo do professor Wilson Candido Braga. Disponível em: https:// obstáculos e as facilidades
www.youtube.com/watch?v=vSEyU6dWO9c que o estudante apresenta
diante de situações de
aprendizagem.

3.2.1 Caracterização

Professor, é muito importante que você contemple a


caracterização do DSM-V para compreender as perturbações
significativas no desenvolvimento das pessoas, que requer a Acesse:
existência de padrões restritos e repetitivos: déficits persistentes na Acesse o folder
comunicação social e na interação social; déficits na reciprocidade com informações
social, em comportamentos não verbais de comunicação usados sobre os Trans-
tornos Globais do
para interação social e em habilidades para desenvolver, manter
Desenvolvimento
e compreender relacionamentos. em: <http://bit.
ly/2MadBER>.

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3.2.2 Identificando o TEA

Outro aspecto relevante com relação ao TEA, segundo


o DSM-V (2014), é que a deficiência intelectual é comum.
No entanto, sua identificação pode ser difícil em razão dos
impasses comunicacionais e comportamentais inerentes a esse
enquadramento clínico - fator que pode alterar a compreensão
dos procedimentos de testes padronizados.
Com certeza você, professor, deve estar curioso para saber
um pouco mais sobre o TEA. Então, vamos assistir ao vídeo IMPORTANTE!
“Autismo: causas, sintomas, diagnóstico, tratamento”, disponível
Acreditamos que você
em: https://www.youtube.com/watch?v=fokyS8KVC6c deva estar se perguntando
sobre o aumento
3.3 DEFICIÊNCIA FÍSICA NEUROMOTORA
significativo do espectro
Sou constituído por elementos que desconheço e conheço. autista. Mas compreenda,
Dizem que me pertencem. professor, que, em
Cabe a decidir: será? parte, esse crescimento
Não vou arriscar! pode ser explicado
Conformismo ou estar confortável?
pela abrangência dos
Melhor é deixar pra lá!
critérios diagnósticos,
O importante é o caminhar...
A estrada é longa, sem fim. um maior esclarecimento
O que quero pra mim? sobre o transtorno e,
Nos desencontros da vida, acabo a encontrar, consequentemente, um
A constituição de ‘meus eus’, que não quero decifrar. maior reconhecimento
Medos ou alegrias? pelos profissionais.
Já disse, não quero falar!
São interpretações subjetivas que cabe à minha personalidade
interiorizar!
(ALMEIDA JUNIOR, 2018, p. 19)

Na deficiência física neuromotora estão inseridos estudantes


com paralisia cerebral e, especificamente para fins deste módulo,
com déficit cognitivo, que em alguns casos pode não ocorrer.
É importante que você saiba, professor, que é possível
elencar os principais quadros clínicos neuromotores de alta
especificidade, ou seja, que requerem um apoio intensificado
para o seu processo de ensino e aprendizagem, tais como: lesão

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cerebral (paralisia cerebral ou deficiência neuromotora); lesão
medular (paraplegia/tetraplegia); deficiências neuromusculares –
miopatias (distrofias musculares).
Para refletir:
Assista uma animação
Para uma melhor compreensão sobre essa área, vamos
de curta-metragem
assistir três recortes de vídeo da professora Fernanda Polônio: intitulada “O Presente”.
“The Present” (O
• Desenvolvimento do estudante com deficiência física Presente) é uma
neuromotora. Parte I -https://www.youtube.com/ animação de curta-
metragem de Jacob
watch?v=h0TF1cnZ35s
Frey que apresenta
• Desenvolvimento do estudante com deficiência física
dois personagens que
neuromotora. Parte II - https://www.youtube.com/ cativam os nossos
watch?v=bFs7lQld_aA corações: uma criança
• Desenvolvimento do estudante com deficiência física e um cachorro. Jacob
neuromotora. Parte III - https://www.youtube.com/ Frey baseou-se na
história em quadrinhos
watch?v=kp_spLN7_NY
“Perfeição”, do
4 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) ilustrador brasileiro
– SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS (SRM): DA Fábio Coala. A
animação conta a
OBRIGATORIEDADE AO DIREITO
história de um menino
As Salas de Recursos Multifuncionais têm o objetivo de que passa muito tempo
jogando video-game,
ofertar o apoio complementar aos estudantes com déficit cognitivo
até que sua mãe traz
em relação ao acesso ao currículo, e devem, necessariamente,
um presente.
serem trabalhadas com a elaboração do Plano Educacional https://www.youtube.
Especializado, tendo como foco as expectativas de aprendizagem com/watch?time_con-
da série/do ano de matrícula do estudante. tinue=1&v=WWZjICL-
zKnY

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4.1 CONCEITO E TRABALHO PEDAGÓGICO

O atendimento educacional especializado de natureza


pedagógica complementa a escolarização de alunos que
apresentam DI, DFN, TGD e TFE, matriculados no ensino
fundamental/médio e EJA (Instrução n.º 09/2018).
O trabalho pedagógico da Sala de Recursos Multifuncionais
(SRM) se diferencia da escolarização da classe comum e deve Acesse:
propiciar condições de acesso ao currículo e desenvolver Para saber mais sobre
habilidades cognitivas básicas indispensáveis à aprendizagem o Plano de Atendimento
dos conteúdos trabalhados na escola, bem como habilidades Educacional
Especializado,
práticas, sociais e conceituais.
confira os slides do
Departamento de
4.2 ATENDIMENTO E O PLANO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL Educação Especial com
ESPECIALIZADO “Orientações para o
trabalho pedagógico
A ação pedagógica da SRM deve investir na potencialidade na Sala de Recursos
do estudante, estimular o conhecimento acadêmico e intervir Multifuncionais” ,
disponível em:
positivamente para o desenvolvimento de suas habilidades
https://bit.ly/2loow2t
cognitivas e adaptativas. Para tanto, faz-se necessário o Plano
de Atendimento Educacional Especializado, tendo como foco as
expectativas de aprendizagem da série/do ano de matrícula do
estudante.
O Plano de Atendimento Educacional Especializado
é o planejamento das intervenções pedagógicas a serem
desenvolvidas na SRM, sendo que a sua elaboração deve envolver
o professor da SRM, os professores das disciplinas, a equipe
pedagógica e os profissionais externos à escola que acompanham
o desenvolvimento do estudante e familiares.

4.2.1 Trabalho colaborativo

A Educação Especial e o ensino comum devem estabelecer


um trabalho de proximidade, pois, se de um lado a Educação
Especial dispõe de serviços para atender as especificidades dos

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estudantes, por outro lado, o ensino comum tem a incumbência
da escolarização desses estudantes.
Mas, afinal, o que isso significa?
Significa que o trabalho colaborativo é uma estratégia
pedagógica em que os professores planejam de forma colaborativa
procedimentos para a aprendizagem do estudante mediante
ajustes em suas ação pedagógica.
Acesse:
4.2.2 Práticas em sala de aula Saiba mais sobre o
trabalho colaborativo
Dentre muitas práticas retratadas para os estudantes lendo o texto “O
da Educação Especial, vamos resumir algumas que julgamos trabalho colaborativo
importante no cotidiano escolar. São elas: entre o professor
especialista e
• Explorar as pistas visuais. o professor das
• Estabelecer a organização da sala de aula e as rotinas disciplinas - o
diárias. fortalecimento das
• Promover interações colaborativas nos espaços da políticas públicas
para a Educação
escola.
Especial no Paraná” ,
• Estabelecer regras de forma que sejam compreendidas
disponível em:
pelo estudante.
https://bit.
• Possibilitar formas variadas de participação nas ly/2kKMC7g
atividades escolares e avaliações.
• Utilizar todos os recursos que possam auxiliar as novas
aquisições.

5 SÍNTESE DO MÓDULO

Neste módulo buscamos elucidar conceitos, definições,


características e práticas pedagógicas aos estudantes com déficit
cognitivo. Para isso, ressaltamos fragmentos históricos, sobretudo,
evidenciamos o direito dos estudantes da Educação Especial
em relação ao acesso ao ensino comum e ao Atendimento
Educacional Especializado.

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Em relação à educação inclusiva, pontuamos aspectos fundamentais para o
processo de escolarização, no que diz respeito ao trabalho colaborativo e às práticas
em sala de aula. Tais aspectos contribuem para a melhoria da educação de forma geral
e, principalmente, possibilitam aos estudantes da Educação Especial não somente o
acesso à escola, mas também a participação com qualidade no cotidiano escolar.

REFERÊNCIAS CONSULTADAS

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. DSM – V: Manual diagnóstico e estatístico


de transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2014.

BOBATH, B. Actividad postural refleja anormal causada por lesiones cerebrales.


Buenos Aires: Panamericana, 1971.

BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de


Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008.

TEIXEIRA, G. Manual do Autismo. Rio de Janeiro: Best Seller, 2016.

ZUTIÃO, P.; BOUERI, I. Z.; ALMEIDA, M. A. A avaliação das áreas adaptativas de jovens e
adultos com deficiência intelectual. Revista de Educação, Batatais, v. 6, n. 3, p. 25-49,
jul/dez. 2016.

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