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O Contexto Socioeducacional na

Perspectiva da Inclusão
Débora Margot de Barros

Editora

1a Ed. | Julho | 2011


Impressão em São Paulo - SP
3▪
Fundamentos e Conceitos Históricos Sobre
a Educação Especial no Brasil e no Mundo
Caro (a) Aluno (a)
Seja bem-vindo (a)!
Nesta terceira unidade, vamos abordar os fundamentos e
conceitos históricos sobre a Educação Especial no Brasil
e no mundo. Os profissionais da Educação devem buscar
formação continuada para atuarem no cotidiano escolar,
pois possibilita a postura-reflexão/ação-reflexão que pode-
rá vir a acontecer, trazendo em seu bojo transformações
efetivas que estão longe de serem imediatas, pois, fazem
parte da construção de uma nova forma de ler o mundo,
distante dos valores arraigados tradicionais.
Bons estudos!!!
Objetivos da Unidade
Ao concluir esta unidade, você deverá ser capaz de:
▪ Proporcionar elementos históricos que sustentem re-
flexões sobre a Educação Especial no Brasil e no mundo;
▪ Promover discussões que levem à conscientização
de que a inclusão é um processo sócio-político;
▪ Oferecer informações que levem a compreensão do
conceito de Educação Especial no Brasil e no mundo.
▪ Proporcionar reflexão crítica, sensibilizadora, e, que
situe o agir do educador no processo histórico em
busca de uma prática inclusiva;
▪ Propor uma discussão mais ampla de forma que,
não só os profissionais da escola, mas também toda
a sociedade organizada abracem a meta de promover
para as pessoas com deficiência, melhor convívio nos
diversos grupos sociais.

Conteúdos da Unidade
A história nos mostra que as pessoas com defici-
ência têm causado inquietação na sociedade, que as
trataram sempre de formas diferentes. Todavia, é im-
portante salientar que as formas de tratamento são o
resultado da concepção de mundo, de homem e da
sociedade em cada período.
Ao longo do processo de construção pela sociedade e
no reconhecimento dos direitos das pessoas com defi-
ciência, nota-se que há uma mudança no discurso se-
gregador no enfoque social, buscando ações necessárias
para a qualidade de vida e para a inclusão das pessoas
deficientes, nos diversos espaços da sociedade. Para ob-
ter esta visão, nesta unidade, você terá informação dos
principais fatos marcantes na Educação Especial no
Brasil e no mundo, através de leis, decretos e eventos.
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“Amar é descobrir que a deficiência do próxi-
mo, faz parte do perfeito mosaico humano”.
Douglas Domingos Américo

Histórico sobre a
Educação Especial no Mundo
A Educação Especial se configurou a partir de
uma modalidade de ensino, de uma estrutura segrega-
da, para uma modalidade de direitos, onde toda crian-
ça deve frequentar uma escola comum, independente
do tipo e grau da deficiência.
Buscando melhor compreensão deste processo
é importante falar sobre o processo histórico, que, se-
gundo Shimazaki (2003) apresenta três momentos dis-
tintos: pré-história da Educação Especial, a era das ins-
tituições e época atual. Para ela, sempre existiu pessoas
diferentes, mas são poucos os relatos deixados. Sabe-se
que na Antiguidade, havia duas formas de perceber as
pessoas doentes: idosas ou deficientes; ou de aceitação
e tolerância, que era a minoria, ou, de eliminação, me-
nosprezo ou destruição. Este período se caracterizou
pela ignorância e não aceitação do ser deficiente. Al-
gumas tribos acreditavam que os maus espíritos habi-
tavam as pessoas com deficiência. Muitas tribos eram
nômades e acabavam abandonando idosos, doentes e
os deficientes, pois não conseguiam acompanhar o rit-
mo de caminhadas do grupo, estes morriam devorados
por animais ferozes ou por inanição.
Ariès (1978) constatou que na Antiguidade, a

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infância era como um período distinto da vida adulta,
um estágio específico do desenvolvimento do ser hu-
mano. Para ele, a constituição do conceito de infância
aconteceu na transição dos séculos XVII para o XVIII,
quando ela passa ser definida como um período de in-
genuidade e fragilidade do ser humano (1533-1592).
Já no século XVII, as perspectivas transitam para o
campo da moral, sob forte influência de um movi-
mento promovido por igrejas, leis e pelo Estado, onde
a educação ganha terreno: trata-se de um instrumento
que surge para colocar a criança "em seu devido lugar,
assim como se fez com os loucos, as prostitutas e os
pobres. A escola nasce com uma função disciplinado-
ra. A Ciência moderna ainda não havia triunfado e a
Educação nascia, portanto, com uma função prática,
ora de disciplinar, ora de proporcionar conhecimentos
técnicos. Havia uma escola para a elite e outra para
o povo. O abandono, as internações em hospitais e
sanatórios, o extermínio das crianças com deficiência
mental era uma prática que tinha a força segregadora.
Continuando com Shimazaki (2003), entre os
séculos XVII e XVIII, os Esquimós, deixavam seus
velhos e doentes em locais estratégicos para serem de-
vorados pelos ursos brancos. Os índios Ajores, elimi-
navam os recém-nascidos deficientes, especialmente
do sexo feminino. Os velhos e as pessoas que ficavam
deficientes eram enterrados vivos, com a justificativa
que a terra os protegeria contra tudo e contra todos.
Para os hebreus, toda doença crônica ou deficiência
simbolizava impureza ou pecado.
A Igreja, no período da Idade Média, condenou o
infanticídio, e também acreditava que as anormalidades,

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deficiências que as pessoas possuíam eram conferidas
por causas sobrenaturais, originárias do demônio, bru-
xas e outros espíritos maléficos, assim eram exorcizados.
Para ela, citando Mantoan (1997), o Cristianis-
mo trouxe uma nova postura em relação às pessoas
com deficiência, compreendendo-as como criaturas
de Deus, com alma, assim passam a ser assistidas em
suas necessidades básicas de alimentação e abrigo,mas
sem a compreensão de desenvolvimento e educação.
No Renascimento, século XV e XVI, era da
cultura e dos valores sobre o homem, começa-se a
falar em direitos e deveres do deficiente.
No século XVII e XVIII, nota-se o descaso
com os deficientes mentais que eram internados em
instituições como: orfanatos, manicômios, prisões
junto a deliquentes, velhos e pobres, e eram ignora-
dos, rejeitados e muitas vezes, perseguidos e explo-
rados. Personagens da cultura, ciência, arte e música
eram deficientes: Luís de Camões, que perdeu um
de seus olhos em luta, Galileu Galilei ficou cego no
final de sua vida, Johannes Kepleer aos quatro anos
de idade passou a ser deficiente visual, causado por
sarampo, Ludwig Von Beethoven no final de sua vida
fica surdo, Antônio Francisco Lisboa, ”O Aleijadi-
nho”, vítima de uma tromboangite obliterante. Todos
deficientes físicos, pois aos deficientes mentais eram
negadas as oportunidades de aprendizagem.
No segundo momento, no final do século XVIII
e começo do século XIX, são conhecidos como os perí-
odos das instituições ou fase de segregação institucional.
A Educação Especial surge quando a socieda-
de percebe a necessidade de prestar alguma assistência

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às pessoas com deficiências. Os deficientes continuam
discriminados e excluídos da sociedade e da família e
atendidos em instituições com postura assistencialista,
filantrópica e segregacionista, e pouca intenção edu-
cativa. Eram instituições voluntárias, em sua maioria
religiosa, com permissão do governo. No intuito de
proteger a pessoa normal da não normal, e vice-versa,
surge a necessidade de escolas e instituições para aten-
der estas pessoas, e ainda no cunho da segregação e
discriminação. Período importante, pois foi beneficia-
do com o desenvolvimento científico e técnico.
A expressão Educação Especial tem origem
nas experiências do médico francês Jean Itard, mé-
dico francês, nascido em 1774 e falecido em 1838,
que dirigiu a Instituição Imperial dos Surdos-Mudos,
destacou-se pelas suas concepções avançadas no que
se refere à relação com as crianças.
Desenvolveu um trabalho de reeducação de
uma criança selvagem encontrada em Aveyron. Acre-
ditava que o atraso que essa criança apresentava tinha
origem, não em fatores de ordem biológica, genética,
mas no fato de não ter estado integrada na socieda-
de humana. Seus relatos sobre os progressos obtidos
pela criança no processo de reeducação revelam que
o médico abriu caminhos para a educação de pessoas
com deficiência.
A Educação Especial começa a fundamentar
em princípios democráticos, e é regida por princí-
pios norteadores:
*da normalização que consiste em pro-
porcionar às pessoas com deficiência as mesmas
condições e oportunidades sociais, educacionais e

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profissionais,assim como para qualquer pessoa, bem
como o respeito que deve existir para com as diferen-
ças de qualquer pessoa, respeitando a individualidade
de cada um,“(...) referente às condições de vida(meios)
e outra à forma de viver(resultados)” Brasil-SEESP/
MEC,1994 P.13
*da integração (1960 até 1990), visa facilitar
a participação da pessoa com deficiência na socieda-
de, obedecendo aos valores democráticos de igual-
dade, participação ativa e respeito a direitos e deve-
res socialmente estabelecidos. O ideal de integração
acontece em níveis progressivos desde a aproximação
física,funcional e social nas instituições.
*individualização (desde a década de 90),
as diferenças individuais são valorizadas, pressupõe
a adequação do atendimento educacional a cada um
respeitando seu ritmo e características pessoais.
A terceira fase é o movimento de educação in-
clusiva, foi construído a partir de diversas lutas como
a dos direitos humanos. Determina que todos os alu-
nos façam parte do mesmo contexto escolar, partici-
pando das mesmas atividades comuns, embora adap-
tadas para atender as diferenças individuais.
A chamada Educação Inclusiva teve início nos
Estados Unidos através da Lei Pública 94.142, de
1975. A Lei tinha como meta melhorar o sistema edu-
cativo, criando estruturas que pudessem oferecer às
crianças com deficiência uma educação em ambiente
menos restritivo possível.
Em 1990 é realizada a Declaração Mundial so-
bre Educação para Todos, que é reforçada pelas decla-
rações das Nações Unidas, que culminaram na Decla-

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ração de Igualdade de Oportunidades para as Pessoas
com Deficiência, assinado em 1993 e publicado em
1994 como forma de garantir o acesso à Educação.
Em junho de 1994, o governo espanhol e a
UNESCO fazem a conferência mundial com o obje-
tivo de promover Educação para todos onde surge a
Declaração de Salamanca, documento com princípios,
política e prática para as pessoas com deficiência, com o
conceito de inclusão no contexto da educação comum.

Histórico sobre a
Educação Especial no Brasil
No Brasil, no final da década de 60, o movi-
mento de integração social iniciou a inserção das pes-
soas com deficiência nos sistemas sociais como a edu-
cação, o trabalho, a família e o lazer. Buscava que as
pessoas tivessem o direito de experimentar um estilo
ou padrão de vida que seria comum ou normal à sua
própria cultura.
Surge o conceito de Normalização que defen-
de a necessidade de introduzir uma pessoa com de-
ficiência na sociedade, procurando ajudá-la a buscar
novos padrões na vida diária, buscando um padrão
mais próximo possível ao colocado pela sociedade do
que é normal.
Na década de 70, vigência da Lei n.º 5692/71
com forte discurso de democratização do ensino, o
princípio da normalização passou a criar um mundo:
moradia, escola, lazer separado embora muito pare-

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cido com aquele em que vive qualquer outra pessoa.
Na década de 80 criou-se o princípio mains-
treaming que significa “educar colocando o indivíduo
na corrente da vida, levar os serviços disponíveis da
comunidade, aqueles específicos como: música, arte,
educação física” (atividades extra-curriculares). Os es-
tudantes, com deficiência, foram colocados em clas-
ses comuns só que não havia referência de grupo (ora
uma turma, ora outra). Montagem de salas de recur-
sos, serviço itinerante, verbas e recursos para as clas-
ses especializadas. Seria uma colocação física, prática
associada ao movimento de desinstitucionalização.
Nesta década surgem lutas pelos direitos das pessoas
portadoras de deficiência.
Evoluímos (Pereira-1980):
1 - da reabilitação vocacional restrita para a re-
abilitação humana como um todo;
2 - da caridade para o direito;
3 - da tomada de decisão individual ou profis-
sional para a decisão em equipe;
4 - do controle e decisão dos pais aos direitos
dos excepcionais;
5 - das associações de pais com operadoras ou
proprietárias para as associações como orientadoras;
Na década de 90, percebe-se que a tradicio-
nal prática de integração social não é suficiente para
acabar com a discriminação social e para proporcio-
nar a verdadeira participação plena com igualdade de
oportunidades.
Iniciou-se sob o impacto das conquistas na
Constituição do Brasil de 1988. O artigo 206 afirma
as condições de acesso e permanência na escola e o

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artigo 208, o dever do Estado com a Educação, En-
sino Fundamental obrigatório e gratuito para todos.
A Conferência Mundial sobre Educação para todos,
foi realizada na Tailândia em 1990, sobre a óptica da
universalização do acesso e a aquidade, com destaque
às pessoas portadoras de deficiência como parte inte-
grante do processo educativo.
Também o Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, assim como a Política Nacional de Educação
Especial proposta em 1992, 1994 e 1999. A Declara-
ção de Salamanca em 1994, a nova Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Brasileira - Lei n.º 9394/96 que
vem adotando o princípio da inclusão, que defende
que “o ensino seja ministrado a todas as crianças, jo-
vem e adulto com necessidades educativas especiais
preferencialmente no sistema comum de Educação”.
Com brecha na lei, ao colocar a palavra ”prefe-
rencialmente”, reafirma a manutenção de um sistema
paralelo de Educação Especial, vem a permitir que este
público permaneça em um modelo substitutivo a edu-
cação regular, segregado, com parâmetro na deficiência.
Não estava claro para os sistemas de ensino,
como devem ser os serviços de apoio especializado
previstos na LDB, criando um clima confuso e tenso
entre os profissionais. A constituição garante escola-
rização na escola regular e atendimentos especiais, no
Ensino Especial. Parece que há um buraco no enten-
dimento da lei pelas instituições.
A integração ocorria desde que as pessoas com
deficiência alcançassem um nível de competência
compatível com os padrões sociais apresentados, esti-
vesse de alguma forma capacitada a superar as barrei-

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ras físicas e atitudes exigidas pela sociedade.
A integração é um esforço da pessoa com de-
ficiência e sua família, instituição especializada, algu-
mas pessoas da comunidade que abraçam a causa da
inserção social, refletindo ainda um modelo médico
de deficiência.
Esta inserção ainda se dá:
▪ por mérito pessoal e profissional próprio, sem
nenhuma modificação por parte da sociedade (escola,
clube, empresa, governo);
▪ por modificação dos espaços físicos comuns
para que possam estudar, trabalhar, ter lazer, conviver
com pessoas não deficientes (aqui não há igualdade
de direitos);
▪ em ambientes separados dentro dos sistemas
gerais (classe especial, escola especial, setor separado
dentro da empresa comum, horário exclusivo num
clube comum).
Estas formas ainda têm caráter de segregação.
O movimento da inclusão entendido de forma
radical responsabiliza a escola e a sociedade por educar
adequadamente e acolher toda a diversidade humana.
A escola regular se vê incapaz de resolver toda
a problemática apenas com os recursos que dispõe.
Antes podia encaminhar este público para outras ins-
tâncias como exemplo: clínicas, escolas especializadas
para a escolarização, hoje tal prática tem sido criticada
devido a mudanças na legislação.
Os serviços de Educação Especial estabelecidos,
por insegurança em relação a mudanças e alterações de
legislação, que estão ocorrendo temem sua inutilidade.
Neste período há confusão e resistência naturais

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a todo processo de mudança radical instaurados, pois na
sociedade as mudanças ocorrem envolvendo muito es-
forço de conscientização e tempo de amadurecimento.
Transfere-se para a sociedade a responsabilida-
de de buscar e garantir o direito que o trabalho da
Educação Especial sempre tentou provar: todos têm
capacidades e necessidades.
Pensando no processo educacional, a escola
deve ser um ambiente rico em experiências e estimu-
lador de aprendizagens diversificadas permitindo o
desenvolvimento de todos. Deve respeitar a diversi-
dade de sua clientela, intenção que deve estar explícita
em seu Projeto Pedagógico, de modo que o currículo
proposto seja dinâmico e flexível.
Com as discussões atuais, a escola tende a se
tornar aberta, diversificada, permitindo o desenvolvi-
mento individual e coletivo de seus alunos e profis-
sionais. A Educação Especial amplia seu campo de
atuação quando visa trabalhar com todos na intenção
de analisar, sugerir, adaptar e compor a utilização dos
recursos favoráveis ao meio escolar na promoção do
desenvolvimento e aprendizagem de todos. Cabe ao
profissional de educação oferecer ampla riqueza de
experiências, num processo e exercício de reflexão so-
bre as condições de nossa escola, buscar adaptações e
ajuda, com contrapartida governamental, com apoio
necessário à implantação das novas diretrizes, a Edu-
cação pode traçar um caminho para todos.
A Educação será especial para todos com olhar
de dignidade e respeito para a individualidade de cada
um, pensando que diferenças, de fato, não se apagam,
elas podem ser “administradas na convivência social”.

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Fatos marcantes na Educação
Especial no Brasil
De acordo com os documentos e coletânea do
MEC/SEESP – 2003, série amarela.

▪ 1835 – O Deputado Cornélio Ferreira apresenta


à Assembleia Projeto de Lei objetivando a criação do
cargo de Professor de Primeiras Letras para o ensino
de cegos e surdo-mudos.
▪ 1854 – Decreto Imperial n.º 1.426 criou o Impe-
rial Instituto dos Meninos Cegos.
▪ 1855 – Chega ao Brasil Edouard Huet, professor
surdo francês que viria a dirigir o primeiro Instituto
Brasileiro para atendimento a surdos-mudos.
▪ 1857 – Instalado o Instituto surdos-mudos, sob a
direção de Edouard Huet.
▪ 1869 – Benjamin Constant assume a direção do
Imperial dos Meninos Cegos, no Rio de Janeiro em
24/01/1891 que, através do Decreto n.º 1.320, rece-
beria o seu nome.
▪ 1900 – O Dr. Carlos Eiras apresenta, no IV Con-
gresso de Medicina e Cirurgia, no Rio de janeiro, sua
monografia sobre doentes mentais intitulada “Educa-
ção e tratamento médico-pedagógico dos idiotas”.
▪ 1910 – Três cegos, após o Instituto Benjamin
Constant, conseguem ingressar na Faculdade de Di-
reito de São Paulo.
▪ 1913 – No Hospício D. Pedro II, na Praia Ver-
melha, Rio de Janeiro, começa o funcionamento in-
tensivo do Pavilhão Bourneville, com atendimento a
menores anormais.

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▪ Aparece o livro do Professor Clementino Qualio,
na Escola Normal de São Paulo, intitulado “A educa-
ção da infância anormal da inteligência”.
▪ 1915 – Inaugurada em Laranjeiras, no Rio de Ja-
neiro, a sede do Instituto Nacional de Surdos.
▪ 1926 – Inaugurado, em Belo Horizonte, o Insti-
tuto São Rafael para Cegos.
▪ 1927 – Surge, em Canoas, RS, a primeira Institui-
ção brasileira dedicada aos excepcionais, com o nome
de Pestalozzi.
▪ 1929 – No Rio de Janeiro, a reforma do Ensino
Primário, Profissional e Normal inclui seu Regulamen-
to disposições sobre a seleção de alunos brilhantes.
▪ 1930 – No Nordeste, o Dr. Ulisses Pernambuca-
no desenvolve trabalho pioneiro em favor dos excep-
cionais, unindo Psiquiatria, Psicologia e Pedagogia.
▪ 1931 – Criado, na Santa Casa de Misericórdia
de São Paulo, o Pavilhão Fernandinho Simonsens
com uma classe especial para alfabetização e ensino
primário de crianças internadas por longos períodos
naquele hospital.
▪ Fundada por Helena Antipoff a Sociedade Pes-
talozzi de Minas Gerais.
▪ 1943 – Inaugurados vários institutos para cegos
no Brasil: em São Paulo na Bahia, no Rio Grande do
Sul e no Ceará.
▪ 1933 – A comissão do Ensino Secundário do
Conselho Nacional de Educação através do Parecer
n.º 291, permite o ingresso de aluno cego em escola
do sistema regular de ensino, na cidade de Curitiba.
▪ 1935 – Criado, graças à iniciativa de Helena Anti-
poff, o Instituto Pestalozzi na cidade de Belo Horizonte.

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▪ 1940 - Instalada em Ibirité, nos arredores de Belo
Horizonte, a Granja-Escola da Fazenda Rosário per-
tencente à Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais.
▪ 1942 – Inaugurado o Hospital de Neuro Psiquia-
tria Infantil, em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro.
▪ Edição em Braile pelo Instituto Benjamin Cons-
tant da primeira Revista Brasileira para Cegos.
▪ 1943 – A Comissão de Legislação do Conselho
Nacional de Educação, através o Parecer n.º 144, au-
toriza a inscrição de aluno cego na Faculdade de Filo-
sófica, Ciências e Letras.
▪ O Decreto n.º 14.165 dá ao Instituto Benjamin
Constant competência para ministrar os ensino pri-
mário e secundário.
▪ 1945 – Por iniciativa de Helena Antipoff, é funda-
da no Rio de janeiro, a Sociedade Pestalozzi no Brasil.
▪ Helena Antipoff realiza, na sociedade Pestalozzi, no
Rio de Janeiro, experiências com alunos superdotados.
▪ 1946 – Criada a Fundação para o Livro do Cego no
Brasil, com a finalidade de divulgar o livro em Braille.
▪ 1949 – Portaria Ministerial n.º 504 garante a distri-
buição gratuita dos livros em Braille para todo o Brasil.
▪ 1950 – Começa o ensino integrado no Brasil, com
alunos que concluíram o curso ginasial no Instituto
Benjamin Constant. Em São Paulo, no Instituto Caeta-
no de Campos, criada, a título experimental, a primeira
classe Braille com alunos em regime escolar comum.
▪ Criada em São Paulo, a Associação de Assistência
à Criança Defeituosa (AACD), com classe para defi-
cientes físicos.
▪ 1953 – Portaria Ministerial n.º 12 autorizou a ma-
tricula de alunos cegos nos estabelecimentos de ensino

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secundário reconhecidos ou equiparados pelo Gover-
no Federal. Autoriza, ainda, a interpretação da legisla-
ção de ensino, pelo Conselho Nacional de Educação,
para facultar o acesso de cegos, os cursos universitários.
▪ Parecer n.º 50 da comissão de Legislação do
Conselho Nacional de Educação dá parecer favorável
ao ingresso de aluno cego no curso de Geografia e
História da Faculdade fluminense de Filosofia.
▪ 1954 – Fundada, no Rio de Janeiro, a primeira As-
sociação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).
▪ Fundada, no Rio de Janeiro, a Associação Brasi-
leira Beneficente de Reabilitação (ABBR).
▪ 1955 – Lançada à recomendação n.º 99, da Or-
ganização Internacional do Trabalho (OIT), sobre
programas de reabilitação profissional, obtenção e re-
tenção de empregos por deficientes.
▪ 1957 – Criadas em são Paulo, por inspiração da
AACD, classes especiais para deficientes físicos, nos
Grupos Escolares da rede escolar comum.
▪ Alunos cegos do Curso Primário são admitidos
nas escolas comuns.
▪ Lei 3.198 alterou a denominação do Instituto dos
Surdos e Mudos para Instituto Nacional de Educação
de Surdos (INES).
▪ Decreto n.º 42.728 criou a Campanha para Edu-
cação do Surdo Brasileiro (CESB).
▪ 1958 – Portaria Ministerial n.º 114 dá instruções
para a organização e execução do programa de ação
da campanha (CESB).
▪ Decreto 44.236 institui a Campanha Nacional de
Educação e Reabilitação de Deficientes da Visão.
▪ Portaria Ministerial n.º 477n fixa instruções para

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a organização e execução da Campanha Nacional de
Educação e Reabilitação de Deficientes da Visão,
campanha diretamente ligada à direção do Instituto
Benjamin Constant.
▪ Lei nº 5.029 cria o Instituto de Reabilitação, para
funcionamento junto à Cadeira de Ortopedia e Trau-
matologia da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo.
▪ 1960 – Decreto n.º 48.252 desvincula a Campanha
Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficientes
da Visão do Instituto Benjamin Constant, passando a
ser subordinada diretamente ao Gabinete do Ministro
da Educação e Cultura, com a denominação “Campa-
nha Nacional de Educação de Cegos” (CNEC).
▪ Decreto n.º 48.961 cria a Campanha Nacional
de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais
(CADEME).
▪ 1961 – A fundação para o Livro do Cego no Bra-
sil cria o Centro de Reabilitação de Cegos no Brasil.
▪ Lei 4.024 de Diretrizes e Bases para a Educação,
em seu Título X, enquadra a educação de excepcionais
no sistema geral de educação, visando à integração
desses alunos na comunidade e prevê apoio financeiro
às entidades privadas dedicadas a essa especialidade.
▪ 1963 – Criação da Federação Nacional da APAE’s.
▪ Decreto n.º 53.264 dispõe sobre a reabilitação
profissional na Previdência Social (SUSERPES).
▪ 1964 – Campanha Nacional de Educação de Ce-
gos obtém do MEC a destinação de fundos para sua
ação, recursos que foram incluídos no Plano Nacional
de Educação.
▪ Portaria Ministerial n.º 582 designa Grupo Exe-

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cutivo para reformular as atividades do MEC no cam-
po da Educação Especial. Conselheiros da CADEME,
integrantes desse grupo, sugerem, sem êxito, a criação
de uma Secretaria de Educação Especial no MEC.
▪ 1967 – Criada no Ministério da Educação e Cul-
tura junto ao Conselho Federal de Educação, comis-
são com a finalidade de estabelecer critérios para iden-
tificação e atendimento aos superdotados.
▪ 1968 - Criada a Associação Brasileira de Educa-
dores de Deficientes Visuais/ABEDEV.
▪ 1969 – Parecer n.º 252, do Conselho Federal de
Educação, determina que o Curso de Pedagogia deve-
rá ter uma ou duas habilitações em Educação Especial.
▪ Decreto n.º 64.920 cria no MEC Grupo de Tra-
balho para estudar o problema do excepcional em seus
vários aspectos. Esse Grupo produziu e encaminhou
à Direção do MEC vários anteprojetos objetivando a
criação de órgão em âmbito nacional para cuidar do
problema dos excepcionais.
▪ Emenda Constitucional n.º altera a Constituição
do Brasil de 1967 que, em seu Art. 175, parágrafo 4º,
passa a dispor sobre a educação de excepcionais.
▪ Decreto Lei n.º 1.044 dispõe sobre tratamento
especial para alunos de qualquer nível de ensino, por-
tadores de afecções congênitas e/ ou adquiridas, in-
fecções, traumatismos ou outras condições mórbidas
determinantes de distúrbios agudos ou agudizadores.
▪ 1970 – Criada a Federação Nacional das Socie-
dades Pestalozzi.
▪ 1971 – Oficio n.º 93/71 do Secretário de Apoio
do MEC ao Diretor do Departamento de Educação
Complementar recomenda a extinção das Campanhas

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de Educação Especial e sugere o estabelecimento de
um programa integrado de assistência a todas as cate-
gorias de excepcionais.
▪ Portaria n.º 86 cria o Grupo Tarefa Educação Es-
pecial no MEC, com vistas a implantar uma sistemática
de trabalho educacional dirigida aos excepcionais, em
todas as suas formas, em todo o território brasileiro.
▪ Portaria do Conselho Federal de Educação cria
Comissão Especial para estudar o currículo mínimo
para os curso de formação de pessoal em Educação
Especial no nível universitário.
▪ Lei 5,692 de diretrizes e bases para o ensino de
1º e 2º graus prevê em se artigo 9º tratamento especial
para os excepcionais.
▪ 1972 – Resolução n.º 7/72 Conselho Federal de
Educação fixa os conteúdos mínimos a serem obser-
vados na habilitação específica em educação de defici-
ência da áudio-comunicação, no Curso de Pedagogia.
▪ 1973 – Criada em Belo Horizonte, junto à fa-
zenda Rosário, a Associação Milton Campos para o
Desenvolvimento e Assistência a Vocações de Bem-
-Dotados (ADAV).
▪ Decreto n.º 72.425 cria o Centro Nacional de
Educação Especial (CENESP).
▪ 1974 – Inclusão do Projeto Prioritário n.º 35, so-
bre Educação Especial no I Plano Setorial de Educa-
ção e Cultura.
▪ Parecer n.º 3.763 do Conselho Federal de Educação
dispõe sobre o tratamento especial no exame vestibular.
▪ 1975 – Portaria n.º 550/MEC aprova o Regi-
mento interno do CENESP, como órgão central de
direção superior, gozando de autonomia administra-

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tiva e financeira.
▪ 1976 – Resolução 31/123, através da Assembleia
Geral das Nações Unidas (ONU), proclama o ano de
1981 como o ano internacional das Pessoas Deficientes.
▪ 1977 – Portaria Interministerial n.º 477 (MEC/
MPAS) estabelece diretrizes básicas para a ação integrada
do MEC e do MPAS no campo do atendimento a ex-
cepcionais, dispondo sobre atendimento integrado com
ações complementares de assistência médico-psicosso-
cial e Educação Especial. Menciona o atendimento no
sistema regular de ensino e em instituições especializadas.
▪ 1978 – Portaria Interministerial n.º 186 (MEC/
MPAS) regulamenta a Portaria Ministerial n.º 477, de
10/08/77 que define e delimita a clientela a ser aten-
dida pela Educação Especial, e dispõe sobre diagnós-
tico, encaminhamento, supervisão e controle.
▪ Emenda Constitucional n.º 12 assegura aos defi-
cientes e melhoria de sua condição social e econômi-
ca, inclusive com Educação Especial.
▪ 1979 – Plano Nacional de Educação Especial
(PLANESP) estabelece diretrizes de ação para a Edu-
cação Especial.
▪ 1980 – Decreto n.º 84.819 cria no Brasil a Co-
missão Nacional do Ano Internacional das Pessoas
Deficientes (CNAIPD), com o objetivo de ação com-
patibilizada da ONU, sintetizado no lema igualdade e
Participação Plena.
▪ Discussão na Comissão Econômica para a Amé-
rica Latina (CEPAL), no Chile, de um Plano de Ação
a longo Prazo, em favor dos excepcionais.
▪ 1981 – Resolução n.º 2 do Conselho Federal de
Educação, autoriza a concessão de dilatação de pra-

104
zo de conclusão de curso de graduação dos alunos
portadores de deficiências físicas, afecções congêni-
tas ou adquiridas.
▪ Instrução Normativa n.º 123, do Departamento
Administrativo do Serviço Publico (DASP) estabelece
as normas para adaptação e elaboração de novos pro-
jetos de edificações, de modo a permitir o acesso de
pessoas portadoras de deficiência.
▪ Portaria n.º 696 aprova o Regimento do CE-
NESP como órgão autônomo.
▪ 1985 – Realizada, em Brasília, cerimônia para
assinatura do Decreto que institui o Comitê para o
Aprimoramento da Educação Especial. Discursaram
o Presidente da República, o Ministro da Educação, a
Diretor-Geral do CENESP e representante dos pais
dos deficientes. O comitê sugeriu ao Presidente da
República a transformação do CENESP em Secreta-
ria de Educação Especial e a criação de um órgão de
coordenação da política voltado para pessoa portado-
ra de deficiência.
▪ Decreto n.º 91.827 institui o Comitê Nacional
para traças política de ação conjunto, destinada a apri-
morar a Educação Especial e a integrar, na sociedade,
as pessoas portadoras de deficiências, problemas de
conduta e superdotadas.
▪ 1986 – Lançamento do Plano Nacional de Ação
Conjunta, elaborado pelo Comitê Nacional instituído
pelo Decreto n.º 91.872, de 04/11/85.
▪ Portaria n.º 69/MEC expede normas para a fi-
xação de critérios reguladores da prestação de apoio
técnico e/ou financeiro à Educação Especial nos sis-
temas de ensino público e particular.

105
▪ Decreto n.º 93.481 institui a Coordenadoria
para a integração da Pessoa Portadora de Deficiência
(CORDE), dispondo sobre a atuação da Administra-
ção Federal no que concerne às pessoas portadoras
de deficiência.
▪ Indicação n.º 15/86/MEC propõe criação de
uma Comissão composta por membros do Conselho
Federal de Educação e do CENESP para incentivar
ações de atendimento ao aluno superdotado.
▪ Portaria 88/86/MEC constitui a Comissão para
elaboração de subsídios que permitia aos Conselhos
Estaduais de Educação incentivar ações de atendi-
mento ao superdotado.
▪ 1987 – Lançamento da Revista Integração com
circulação em todo o território nacional.
▪ 1988 – Constituição Federal Brasileira garante a
Educação como direito de todos, instituindo no Inciso
III, do Art. 208, do Capitulo III que, o atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência
deve ser, preferencialmente, na rede regular de ensino.
▪ Criação da União Brasileira de Cegos.
▪ 1990 – Extinta a Secretaria de Educação Es-
pecial. As atribuições relativas à Educação Especial
passam a ser da Secretaria Nacional de Educação Bá-
sica/SENEB.
▪ Criada a estrutura da SENEB do Departamento
de Educação Supletiva e Especial/DESE, com com-
petências específicas em relação à Educação Especial.
▪ Incluída na estrutura da DESE a Coordenação
de Educação Especial.
▪ 1992 – Recriada a Secretaria de Educação Espe-
cial na estrutura do Ministério da Educação.

106
▪ 1993 – Dec. 914/89 Coordenadoria de Integra-
ção da Pessoa Portadora de Deficiência. CORDE es-
tabelece direitos dos portadores de Deficiência Visual.
▪ 1994 – Lançamento da Política de Educação
Especial/MEC.
▪ Port. 1793/94 recomenda nos cursos de forma-
ção de professores de nível superior.
▪ 1995 – Criação da Associação Brasileira de Sín-
drome de Down.
▪ Decreto n.º 1.744/95 institui beneficio de prestação
continuada à pessoa portadora de deficiência e ao idoso.
▪ Veiculação da Serie sobre Educação Especial no
programa Salto para o Futuro, TVE.
▪ Reunião técnica com os países componentes do
MERCOSUL e OIT, visando incluir o tema “Educa-
ção Especial” na agenda do MERCOSUL Educativo.
▪ 1996 – Criação do Fórum Permanente dos IES
sobre as questões relativas às pessoas com necessida-
des especiais.
▪ Aviso Ministerial 277 do GM recomenda a cria-
ção de condições próprias para possibilitar acesso e
permanência dos alunos com necessidades especiais
nas Instituições de Ensino Superior.
▪ Criação do Programa de Distribuição de Mate-
riais Didáticos para Deficientes Visuais.
▪ Lançamento do Programa de Implantação de
Apoio Pedagógico para Deficientes Visuais/CAP.
▪ Elaboração do Programa de Capacitação de Pro-
fessores do Ensino Regular para atuação com alunos
com necessidades educacionais especiais.
▪ 1997 – Veiculação da Campanha de Sensibiliza-
ção da Sociedade para a Inclusão do Aluno com Ne-

107
cessidades Educacionais Especiais.
▪ Inclusão na TV Escola da Série Educação Espe-
cial. Implementação de um Programa de Capacitação
de Educadores com o material da UNESCO – Neces-
sidades Especiais em Sala de Aula.
▪ Implantação da Tecnologia do DOS-VOX no
Sistema Sintetizador de voz, para suporte na educa-
ção dos cegos.
▪ 1998 – Realização do Congresso Internacional e
III Ibero Americano sobre Superdotação, em Brasília.
▪ Realização do III Congresso Ibero Americano de
Educação Especial, em Foz do Iguaçu.
▪ Elaboração do documento Adaptações Curricula-
res para Alunos com Necessidades Educacionais Espe-
ciais, no Âmbito dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
▪ 1999 – Produção e lançamento do Programa de
Capacitação, pela TVE sobre Educação Especial.
▪ Criação da Comissão Brasileira de Braille, junto
a SEESP.
▪ 2000 – Lançamento da produção do Livro Didá-
tico em Braille.
▪ Realização do V congresso Nacional de Arte-
-Educação na Escola Para Todos.
▪ 2001 – Definição do Programa Nacional de
Apoio à Educação de Surdos, elaborado pelo Minis-
tério da Educação/Secretaria de Educação Especial,
com representantes de Organizações de e para Surdos.
▪ Decreto n.º 3.956 promulga a Convenção Intera-
mericana para eliminação de todas as formas de discri-
minação contra as pessoas portadoras de deficiência.
▪ Parecer CNE/CEB n.º 17/2001 e Resolução CNE/
CEB n.º 02 de 11/09/2001, institui Diretrizes Nacionais

108
para a Educação Especial na Educação Básica.
▪ 2002 – Portaria 657/MEC institui a Comissão
Brasileira de Estudo e Pesquisa do Sorobã.
▪ Integração da Secretaria de Educação Especial
(SEESP) à Rede Nacional de Formadores, da Secreta-
ria de Educação Fundamental (SEF).

Fatos e Eventos
Internacionais
▪ 1981 – Declaração de Cuenca sobre novas ten-
dências na Educação Especial UNESCO/OREALC
– Equador.
▪ Declaração de Sunderberg –resultado da Con-
ferência Mundial sobre as Ações e Estratégias para a
Educação, Prevenção e Integração dos Impedidos –
Torremolinos, Espanha.
▪ XXIII Conferencia Sanitária Panamericana –
Análise da situação do atendimento em reabilitação
de pessoas com incapacidade.
▪ 1990 – Conferência Mundial de Educação Para
Todos – Jomtien, Tailândia. Declaração Mundial de
Educação para Todos, 1990.
▪ 1992 – Declaração de Cartagena de Índias sobre
Políticas integrais para Pessoas com Deficiências na
Região Ibero-Americana – Colômbia.
▪ 1993 – Conferência Hemisférica de pessoas com
deficiências. Agenda para o futuro – Washington, EUA.
▪ Declaração de Santiago – resultou da V Reunião
do Comitê Regional Intergovernamental do Projeto

109
Principal de Educação na América Latina e Caribe,
com o objetivo de melhorar os níveis globais da qua-
lidade de aprendizagem.
▪ 1994 – Declaração Salamanca e Linha de Ação
sobre Necessidades Educativas Especiais – Salaman-
ca, Espanha.
▪ 1996 – Normas Uniformes sobre a igualdade de
oportunidades para pessoas com deficiência, aprova-
das pela Assembleia Geral da Organização das Na-
ções Unidas – ONU.

Legislação Específica /
Documentos Internacionais
LEIS
Constituição Federal de 1988 - Educação Especial -

Lei nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educa-


ção Nacional - LDBN
Lei nº 9394/96 – LDBN - Educação Especial –
Lei nº 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescen-
te - Educação Especial –
Lei nº 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Lei nº 10.098/94 - Estabelece normas gerais e crité-
rios básicos para a promoção da acessibilidade das
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências.
Lei nº 10.436/02 - Dispõe sobre a Língua Brasileira
de Sinais - Libras e dá outras providências
Lei nº 7.853/89 - CORDE - Apoio às pessoas porta-

110
doras de deficiência -
Lei Nº 8.859/94 - Modifica dispositivos da Lei nº
6.494, de 7 de dezembro de 1977, estendendo aos alu-
nos de Ensino Especial o direito à participação em
atividades de estágio -

DECRETOS
Decreto Nº 186/08 - Aprova o texto da Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de
seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque,
em 30 de março de 2007.
Decreto nº 6.949 - Promulga a Convenção Interna-
cional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York,
em 30 de março de 2007.
Decreto Nº 6.094/07 - Dispõe sobre a implementação
do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação.
Decreto Nº 6.215/07 - institui o Comitê Gestor de Polí-
ticas de Inclusão das Pessoas com Deficiência – CGPD
Decreto Nº 6.214/07 - Regulamenta o benefício de
prestação continuada da assistência social devido à
pessoa com deficiência.
Decreto Nº 6.571/08 - Dispõe sobre o atendimento
educacional especializado.
Decreto nº 5.626/05 - Regulamenta a Lei 10.436 que
dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.
Decreto nº 2.208/97 - Regulamenta Lei 9.394 que es-
tabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional
Decreto nº 3.298/99 - Regulamenta a Lei no 7.853,
de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá

111
outras providências.
Decreto nº 914/93 - Política Nacional para a Integra-
ção da Pessoa Portadora de Deficiência.
Decreto nº 2.264/97 - Regulamenta a Lei nº 9.424/96.
Decreto nº 3.076/99 - Cria o CONADE.
Decreto nº 3.691/00 - Regulamenta a Lei nº 8.899/96.
Decreto nº 3.952/01 - Conselho Nacional de Comba-
te à Discriminação.
Decreto nº 5.296/04 - Regulamenta as Leis n° 10.048
e 10.098 com ênfase na Promoção de Acessibilidade.
Decreto nº 3.956/01 – (Convenção da Guatemala)
Promulga a Convenção Interamericana para a Elimi-
nação de Todas as Formas de Discriminação contra as
Pessoas Portadoras de Deficiência

PORTARIAS
Portaria nº 976/06 - Critérios de acessibilidade os
eventos do MEC.
Portaria nº 1.793/94 - Dispõe sobre a necessidade de
complementar os currículos de formação de docentes
e outros profissionais que interagem com portadores
de necessidades especiais e dá outras providências.
Portaria nº 3.284/03 - Dispõe sobre requisitos de aces-
sibilidade de pessoas portadoras de deficiências, para
instruir os processos de autorização e de reconheci-
mento de cursos, e de credenciamento de instituições.
Portaria nº 319/99 - Institui no Ministério da Educação,
vinculada à Secretaria de Educação Especial/SEESP a
Comissão Brasileira do Braille, de caráter permanente.
Portaria nº 554/00 - Aprova o Regulamento Interno
da Comissão Brasileira do Braille.
Portaria nº 8/01 - Estágios.

112
RESOLUÇÕES
Resolução nº4 CNE/CEB -
Resolução CNE/CP nº 1/02 - Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Formação de Professores.
Resolução CNE/CEB nº 2/01 - Normal 0 21 Insti-
tui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na
Educação Básica.
Resolução CNE/CP nº 2/02 - Institui a duração e a
carga horária de cursos.
Resolução nº 02/81 - Prazo de conclusão do curso
de graduação.
Resolução nº 05/87 - Altera a redação do Art. 1º da
Resolução nº 2/81.

AVISO
Aviso Circular nº 277/96 - Dirigido aos Reitores das IES
solicitando a execução adequada de uma política educa-
cional dirigida aos portadores de necessidades especiais

DOCUMENTOS INTERNACIONAIS
Convenção da ONU Sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência 2007.
Carta para o Terceiro Milênio Declaração de Salamanca.
Conferência Internacional do Trabalho.
Convenção da Guatemala.
Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes.
Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão.

MEC/SEESP - Política Nacional de Educação Es-


pecial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Docu-
mento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela
Portaria Ministerial nº 555, de 5 de junho de 2007, pror-
rogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007.
113
Atividades
1) Leia:
História, cultura & memória.
"O que permaneceu incompreendido retorna: como
uma alma penada, não tem repouso até que seja encon-
trada resolução e libertação."
Sigmund Freud

Domingo, 26 de julho de 2009


Selvagem/Civilizado:
Sobre Jean Itard e o menino Selvagem

No início do Consulado de Napoleão Bonaparte,


virada do século XVIII para o XIX, um evento curioso
chamou a atenção do médico Jean Itard (1774-1838): a
descoberta, por um grupo de caçadores, de um menino,
com idade entre 10 e 12 anos, de hábitos selvagens, er-
rando pelas florestas de Caune, distrito de Aveyron, sul
da França. Mudo, aparentemente surdo, alimentando-se
de nozes, castanhas e raízes, isolado de todo convívio

114
humano, e indiferente tanto às pessoas que lhe propor-
cionam algum afeto ou satisfação de necessidades, como
também aos que o maltratam. Talvez, contemporanea-
mente, seria considerado "autista". O menino selvagem
de Aveyron, como ficou popularmente conhecido, de-
pois de várias peripécias, foi finalmente enviado a Paris.
Sob os cuidados da Instituição Nacional dos Surdos-Mu-
dos, onde foi confiada a guarda do menino, mediante o
pagamento de uma pensão ao médico Itard e a gover-
nanta, Madame Guerin.
Itard escreveu dois relatórios, em 1801 e 1806,
para prestar contas às autoridades ministeriais de Paris,
dos resultados de seu empreendimento pedagógico. Bem
escritos e muito detalhistas, estes textos tornam Jean
Itard um dos fundadores da Educação Especial.

Contrariando os prognósticos negativos de Phili-


ppe Pinel, que considera o garoto "idiota" (no sentido da
psiquiatria da época), portanto irrecuperável, Jean Itard
acredita que o menino pode ser educado e "civilizado".
O menino recebeu o sugestivo nome de Victor.
Formado nos ideais político-sociais e na episteme
do século XVIII, Itard tem como fundamentos teóricos
a produção filosófica de John Locke, Condillac, além da
medicina moral dos ingleses. Portanto, uma pedagogia
fundamentada na observação e na experimentação para
decidir que caminhos devem ser percorridos na educação
do "selvagem", embora Itard reitere, no primeiro relató-
rio, que adaptou os ensinamentos científicos e filosóficos
às condições de educação de uma criança dita "anormal".
Itard constituiu estratégias de socialização: desen-
volver a sensibilidade dos órgãos dos sentidos (visão, ol-

115
fato, tato, paladar e audição), estimular Victor a participar
da vida social, ensinar a falar, ler, escrever. Desenvolver
noções de moralidade e justiça e proporcionar-lhe novos
gostos e necessidades.

Agora reflita, e, responda a partir das discussões e


leituras realizadas na unidade um:
a. Qual é a importância da leitura e análise deste caso
para os dias de hoje?
b. Por que e para que educar?
c. Por que não deixar o menino como estava antes?
d. Em sua opinião, qual é o melhor local para se efe-
tivar a educação das pessoas com deficiência?

Incluir, um ato de justiça na sociedade para o in-


divíduo, e de formação dos sujeitos. Oportunidade de
tornar-se civil, participar da vida pública.
Vivemos numa sociedade em bruscas mudanças
e ascensão do indivíduo e seus direitos, da escolarização
pública e universal e a reorganização da vida familiar. Um
processo onde existiram erros e acertos, perdas e ganhos.

Assista a cenas do belo filme de François Truffaut


"O Garoto Selvagem”, inspirado nos escritos de Itard,
que está disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=b5CKltq3Uf4

116
2) Verificou-se, pela retrospectiva histórica realizada
que a descriminação e segregação dos "deficientes", bem
como a concepção de que a "deficiência" ou deformação
física é um sinal de desarmonia, de impureza ou pecado.
Esta e outras formas estigmatizantes foram sempre utili-
zadas pelos povos, em diferentes épocas, como mecanis-
mo diferenciador dos homens.

Identifique formas discriminatórias na atualidade,


que dificultem a inclusão de pessoas com deficiência na
sociedade, e, nos diversos espaços de possíveis intera-
ções, principalmente nas escolas atendendo às individu-
alidades com dignidade, e, acesso ao currículo escolar.

117
4▪
Evolução Histórica da Educação Especial:
Diferentes Enfoques
Caro (a) Aluno (a)

Seja bem vindo (a)!


Nesta quarta unidade, faremos uma retrospectiva his-
tórica da Educação Especial buscando diferentes en-
foques.

Assista ao vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=blhs6s_3rh4

Bons estudos!!!
Objetivos da Unidade
▪ Conhecer e contextualizar a Educação Especial des-
de os primórdios até a atualidade.
▪ Abordar a segregação das pessoas com deficiên-
cia em diversos períodos históricos da humanidade,
apontando o processo de exclusão
▪ Indicar o paradigma da inclusão para as pessoas com
deficiência na sociedade.

Conteúdos da Unidade
A unidade quatro propõe falar da história da Educação
Especial no mundo, comentando as fases de exclusão
das pessoas com deficiência. Movimentos internacio-
nais e nacionais apontam o caminho da inclusão.

120
Amaioriadosproblemasdahumanidadeocorredevido
à deficiência de interpretação de texto.
Milena Leão

Filme:http://www.youtube.com/watch?v=3TfKyMtcPJE
http://www.youtube.com/watch?v=pZ8ri7ohZGQ

Cardoso (2003,p.137) relata que desde a Idade


Antiga, a sociedade ignorava, rejeitava, perseguia e ex-
plorava as pessoas portadoras de deficiência. Em Es-
parta, as crianças eram abandonadas nas montanhas,
em Roma eram atiradas em rios. A resistência a acei-
tação social das pessoas com deficiência vem de longa
data. Cardoso (2003, p.137) cita Misés (1977, p.14):
“Nós matamos os cães danados e touros fero-
zes, degolamos débeis ou anormais, nós afogamos, não
se trata de ódio, mas da razão que nos convida a sepa-
rar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las.”
Na Idade Média, nos países europeus, as pesso-
as deficientes eram comparadas ao diabo, aos atos de
feitiçaria, perseguidas, mortas. As formas de exclusão
eram por afastamento do convívio social e até mesmo,
sacrificá-las.
Carvalho (2000, p.92) diz que a filosofia huma-
nista contribuiu para alterar esse quadro, na medida
em que pensadores se preocupavam em discutir o di-
reito, do homem, a igualdade e a cidadania. Foi impor-
tante, mas de rejeitados, excluídos, inúteis, passaram a
serem considerados coitados, indefesos, alguém que
precisava ser protegido.

121
Ao final do século XVIII e início do século XIX,
dá-se início nos países escandinavos e na América do
Norte, o período da institucionalização especializada das
pessoas com deficiências, assim surge a Educação Espe-
cial. A sociedade percebe que é necessário atender essas
pessoas, mas o faz com caráter assistencial, em centros
destinados, continuando sem o contato nos grupos so-
ciais. Começa aí o período da segregação, criaram escolas
especiais cujo objetivo era separar e isolar as crianças do
grupo principal e majoritário da sociedade.
Excluídas da sociedade e da família pessoas defi-
cientes eram atendidas na maioria das vezes em institui-
ções religiosas ou filantrópicas e estas tinham pouco ou
nenhum controle sobre a qualidade da atenção dada.
Philippe Pinel,em 1800, escreve os primeiros
tratados sobre os atrasos mentais, Esquirol, entre
1780 e 1820, estabelece uma diferença entre idiota e
demência, Seguin,de 1840 até 1870, elaborou um mé-
todo para a educação de crianças com atraso mental
chamado método fisiológico.
No século XX criam-se programas escolares
para os deficientes mentais leves e moderados, há uma
relativa abertura das instituições, ampliam-se os servi-
ços especiais, na época eram chamados de excepcionais.
No Brasil, na década de 50, praticamente não
se falava em Educação Especial, mas na educação de
ANEE (alunos com necessidades educacionais espe-
ciais. Na década de 70, com a proliferação das institui-
ções públicas e privadas de atendimento aos ANEE
e a criação de órgãos normativos federais e estaduais
criam-se as classes especiais, fase que inicia a categori-
zação e classificação dos deficientes mentais, aplicação

122
da escala métrica de inteligência por Binet e Simon,em
1905, os testes de quociente intelectual (QI).
Em 1978, Heron E Skinner dizia que o ambien-
te educacional deveria ser o menos restritivo possível,
deveria buscar formas para favorecer as relações sociais
aceitáveis entre os alunos com necessidades educacio-
nais especiais, se possível no âmbito da escola regular.
O uso da nomenclatura “excepcionais” foi lar-
gamente usada sendo substituída por outras expres-
sões consideradas mais adequadas. O termo pessoa
portadora de deficiência se popularizou na literatura
da década de 80, criticada foi substituída por pessoa
com necessidade especial ou pessoa com necessidade
educacional especial.
Segundo a UNESCO (1994, p.40), nos últimos
anos, mudanças importantes estão ocorrendo na con-
ceituação da Educação Especial, gerando novos enfo-
ques educativos em muitas partes do mundo. O con-
ceito Necessidades Educativas Educacionais, segundo
Coll, Palácios E Marchesi (1995), que começou a ser
usado no final dos anos 60, não foi capaz de modificar
a concepção dominante. Para eles NEE seria:

...”o aluno que apresenta algum problema


de aprendizagem ao longo de sua escolariza-
ção, que exige uma atenção mais específica
e maiores recursos educacionais do que os
necessários para os colegas de sua idade.”
Cardoso (2003, p.139)

Na década de 80, surge no Brasil, no Rio Gran-

123
de do Sul, os estudos de Estimulação Precoce, em be-
bês de zero a três anos de idade, apresentam alteração
global no desenvolvimento na área hospitalar, nas es-
colas especiais nas creches e escolas infantis. Assim, o
tratamento de bebês com deficiência mental inicia-se
o mais precocemente possível para os aspectos neuro-
-motores, cognitivos e afetivos desses sujeitos, modi-
ficando o prognóstico de aprendizagem. Identificadas
as dificuldades no desenvolvimento, a ênfase era ofe-
recer ao aluno mediação em suas demandas, cuja fi-
nalidade é analisar a potencialidade da aprendizagem,
como sujeito integrado no sistema de ensino regular,
avaliando os recursos necessários para um desenvolvi-
mento satisfatório e assim evitar dificuldades.
Cardoso (2003, p.140) diz que:

“Então, os programas de Ensino Especial


ganham forca, na medida em que a maioria
daqueles indivíduos não tem outra opção na
sociedade normalizada. Embora, do ponto
de vista legal e teórico, o discurso seja da
igualdade de oportunidades, o que parece
ocorrer na verdade é a falta de acesso aos
meios regulares de ensino. Este sistema de
Ensino Especial paralelo, criado para educar
os possuidores de uma diferença, contribui
também para que sejam segregados e excluí-
dos da sociedade que os nega.”

Cardoso cita Tomasini (1998,p.124):

124
“ Essa atitude acaba por reforçar a criação de
escolas especiais, o que faz com que as esco-
las regulares de ensino consigam se livrar com
mais eficácia daqueles que consideram inaptos
para usufruir de seus serviços.O discurso de
que, ao serem educados,devem ser separados
dos normais,em virtude de certas especificida-
des, na pratica não contribui numa mudança
de postura por parte da sociedade no que diz
respeito aos seus direitos de cidadania.”

Cardoso (2003, p.140) diz que a repetência es-


colar no Brasil produz o processo de exclusão escolar
das camadas populares, parte dessa parcela de alunos
são encaminhados à Educação Especial, identificados
como deficientes mentais leves ou portadores de dis-
túrbios de aprendizagem ou linguagem, fato que leva
a Educação Especial reproduzir, no seu âmbito de
ação, o processo de participação- exclusão.
Na medida em que os conceitos de igualdade e
justiça vão evoluindo, as crianças e as famílias saem de
uma situação de passividade para questionamento aos
procedimentos escolares que conduzem à segregação
e exclusão das crianças ditas deficientes.
A Educação Especial passa por grandes refor-
mulações, crises e mudanças no final do século XX e
início do século XXI. Neste contexto histórico que
se intensifica o processo de exclusão e que o termo
excepcional passa a ser utilizado.
Na Europa há inquietação em relação à exclusão,
para reafirmar o direito de Educação para todos, acon-

125
tece a Conferência Mundial de Educação patrocinada
pela Espanha e UNESCO, conhecida como Declaração
de Salamanca (1994,p.9) que tinha como pressuposto:

“A escolas regulares com orientação


para a Educação Inclusiva são o meio
mais eficaz no combate às atitudes
discriminatórias,propiciando condições
para o desenvolvimento de comunidades
integradas,base da construção da sociedade
inclusiva e obtenção de uma real educação
para todos.”

Seu objetivo (1994, p.11):

“A escola é o lugar onde todas as crianças


devem aprender juntas, sempre que possível,
independentemente de quaisquer dificuldades
ou diferenças que elas possam ter,conhecendo
e respondendo às necessidades diversas de
seus alunos,acomodando ambos os estilos
e ritmos de aprendizagem e assegurando
uma educação de qualidade a todos atra-
vés de um currículo apropriado, arranjos
organizacionais,estratégias de ensino,uso de
recurso e parceria com as comunidades.”

A Declaração de Salamanca e a Política em


Educação Especial geraram um documento das Na-
ções Unidas, ”Regras Padrões sobre Equalização de
Oportunidades para Pessoas com deficiências”, de-

126
mandando aos estados assegurar a educação às pes-
soas com NEE dentro do sistema regular de ensino.
Proclamam que (1994, p.8):

*” Toda criança tem direito fundamental à


educação, e deve ser dada a oportunidade de
atingir e manter o nível adequado de apren-
dizagem;
* Toda criança possui características, interes-
ses, habilidades e necessidades de aprendiza-
gem que são únicas;
* Aquelas com necessidades educacionais
especiais devem ter acesso à escola regular,
que deveria acomodá-los dentro de uma Pe-
dagogia centrada na criança, capaz de satis-
fazer tais necessidades.”

Coube à Declaração de Salamanca ressaltar que


os alunos com NEE necessitam de apoio suplemen-
tar para garantir educação eficaz e acreditando que a
Educação Inclusiva é a melhor forma de promover a
solidariedade entre os alunos com deficiência e aque-
les considerados “normais”.
Carvalho (2003, p.142) diz que, na sociedade
moderna, a Educação Especial tem cumprido duplo
papel, de complementaridade da educação regular.
Atende à democratização do ensino quando responde
a demanda da população que não consegue usufruir
dos processos regulares de ensino, por outro lado, res-
ponde ao processo de segregação da criança diferente,
endossando a ação seletiva da escola regular. Para ele,
é evidente que a Educação Especial tem crescido no

127
sentido de atender as crescentes exigências da socie-
dade em processo de renovação e de busca da demo-
cracia, que só será alcançada quando todas as pessoas,
sem discriminação, tiverem acesso à informação, ao
conhecimento e aos meios necessários para a forma-
ção de sua plena cidadania. É claro que o discurso nem
sempre corresponde à realidade, alguns segmentos da
comunidade continuam à margem, discriminados,
exigindo ordenamentos sociais específicos, que lhes
garantam o exercício dos direitos e deveres humanos.
A Educação Especial tomou para si práticas onde
o ANEE deveria frequentar escolas e classes especiais,
contribuindo para que estes fossem identificados como
diferentes e se mantivessem afastados do convívio com
as demais pessoas seja na escola, na rua, no trabalho. A
criação e a manutenção dessa estrutura paralela tinham
como viés “beneficiar” mais a sociedade do que o su-
jeito com deficiência, pois mantinha afastada a maioria
deles do processo de interação social e escolar.
Cardoso (2003, p.142), considera que numa
política de atendimento, na sociedade, muitas vezes a
Educação Especial, tem servido para manter o âmbito
do assistencialismo para as pessoas com deficiência
sem o devido entendimento de seus direitos. É de
suma importância a compensação de déficits funcio-
nais, independente de suas causas, desde que não fi-
ram o bem comum ou tornem-se privilégios, compro-
metendo a igualdade de direitos. Expressões recentes
buscam dar melhor entendimento a situações antigas,
procurando construir uma sociedade melhor.
A sociedade inclusiva vem para garantir espa-
ços adequados e de direito para todos. Ela fortalece

128
as atitudes de aceitação das diferenças individuais e de
valorização da diversidade humana e enfatiza a impor-
tância do pertencer, da convivência, da cooperação e
da contribuição que todas as pessoas podem dar para
construírem vidas comunitárias mais justas, mais sau-
dáveis e mais satisfatórias.
A inclusão social não está acontecendo por
acaso. É o resultado de fatores e tendências irreversí-
veis, tais como: (Sassaki 1997):
▪ solidariedade humana;
▪ consciência de cidadania;
▪ necessidade de melhoria da qualidade de vida,
▪ investimento econômico;
▪ necessidade de desenvolvimento da sociedade;
▪ pressão internacional;
▪ cumprimento de legislação;
▪ crescimento do exercício do EMPOWERMENT
(processo pelo qual a pessoa ou um grupo de pessoas
utiliza o seu poder pessoal, inerente à sua condição,
para fazer escolhas, tomar decisões e assumir o con-
trole de sua vida);
▪ mídia: assumir papel de educador social, um
agente da história, fundamentalmente das histórias
silenciosas (minorias).Impedir que algumas histórias
continuem seu registro ou com deturpações ou omis-
sões, pois, o real deve aparecer para a melhor condu-
ção da humanidade.
Para que as escolas possam receber os alunos
com deficiência em classes regulares, é importante que
os professores acreditem que é possível, que percebam
a ampliação do campo de atuação. Envolve uma escola
eficiente, diferente, aberta, comunitária, solidária e de-

129
mocrática, onde aprender juntos sempre que possível,
leva em consideração as dificuldades e diferenças, e em
classes heterogêneas. Os estudos mais recentes no cam-
po da Educação Especial enfatizam que as definições e
uso de classificações devem ser contextualizados, não se
esgotando na mera especificação ou categorização atri-
buída a um quadro de deficiência, transtorno, distúrbio,
síndrome ou aptidão. Considera-se que as pessoas se
modificam continuamente, transformando o contexto
no qual se inserem. Esse dinamismo exige uma atuação
pedagógica voltada para alterar a situação de exclusão,
reforçando a importância dos ambientes heterogêneos
para a promoção da aprendizagem de todos os alunos.
É meta, a inclusão das pessoas com deficiên-
cia na escola regular, isto pressupõe que é o sistema
educacional como um todo que assume a responsabi-
lidade de Educação e não uma parte dele, a Educação
Especial. É necessária a discussão sobre a inserção
dessas pessoas no ensino regular, pois envolve ques-
tões como as diferentes concepções de deficiência e
todo o problema de avaliação, diagnóstico, prognós-
tico daqueles que não correspondem à expectativa de
normalidade colocada pelos padrões sociais vigentes.
É sábio, lembrar que antes de serem alunos
com deficiência, são sujeitos, pessoas, que precisam
receber um atendimento escolar adequado, suas po-
tencialidades precisam ser desafiadas, e deve-se ate-
nuar o preconceito acerca da capacidade intelectual.
Exige do professor um esforço individual de
atualização profissional para todos. O ensino dicoto-
mizado em regular e especial perpetua a ideia de que o
ensino de alunos com deficiência e com dificuldades

130
de aprendizagem exige conhecimentos e experiências
que não estão à altura dos professores regulares. Há
um discurso que exagera tudo que se relaciona à Edu-
cação Especial e que desqualifica o ensino regular e
os professores de terem a habilidade de ensinar essa
clientela. Recuperar a confiança que o professor per-
deu, de saber ensinar todos os alunos, sem exceção,
com o entendimento que não há aluno que aprende
diferente, mas diferentemente envolve novos valores
e atitudes pessoais e profissionais, que se choca com a
cultura conservadora da escola, como também com a
nossa maneira de conceber as pessoas excluídas.
A inclusão gera mudanças, reflexões na pers-
pectiva educacional, pois não se limita apenas aos
alunos que apresentam dificuldades na escola, mas
propõe envolvimento de toda a comunidade escolar
(professores, alunos, pessoal administrativo, governo,
mídia, ONGS), para que tenhamos sucesso no pro-
cesso educativo geral.
O papel da escola não se resume ao desenvol-
vimento de habilidades essenciais para a conquista de
autonomia, mas também na possibilidade de poder
contribuir com a sua evolução enquanto pessoa.

O Movimento
de Escolarização

É necessário lembrar que muitas crianças pas-


saram a vida inteira dentro das instituições, o que traz
um perfil de conduta, certa passividade para enfrentar
os desafios que a sociedade inclusiva coloca.

131
Surgem Escolas Especiais, centros de reabili-
tação e oficinas protegidas de trabalho. A sociedade
começou a perceber que pessoas deficientes poderiam
ser produtivas se recebessem escolarização e treina-
mento profissional.
É forte o fenômeno de globalização, que se
estende às dimensões da vida humana: política, eco-
nomia, sociedade, cultura, educação, que é um mo-
vimento de homogeneização e normalização, mas, a
inclusão é um movimento que está se processando,
dinâmico e de defesa da diferença, da heterogeneida-
de e da diversidade.
A lógica da heterogeneidade traduz-se pelo re-
conhecimento e aceitação das diferenças individuais.
São diferentes suas motivações, expectativas, interes-
ses, conhecimentos, vivências e experiências prévias
e as diferenças são resultantes de características físi-
cas, étnicas, cultural ou sócio - econômicas que são
visíveis e evidentes, o mesmo não podemos falar das
características cognitivas, do ritmo e os percursos de
aprendizagem, do tempo necessário para aprender e
os modos mais eficazes de fazê-lo.
O movimento de escolarização universal de-
monstra dificuldades, na prática, em considerar as di-
ferenças individuais entre os alunos e se ocupar em
buscar estratégias de ensino-aprendizagem diferen-
ciadas e adequadas que visem atender às diferenças
individuais. Os alunos com deficiência são um caso
no seio da diversidade da população escolar. Para as
classes heterogêneas, os alunos com as mais variadas
e diversas expectativas, competências e possibilidades
não só convivem como são pretexto e contexto de

132
própria definição e organização do processo ensino-
-aprendizagem. Na organização e gestão dos sistemas
educativos e das escolas em geral, e, para a prática co-
tidiana da sala de aula, são necessários recursos ade-
quados à satisfação das necessidades educativas, isto
é, que a escola seja de fato para todos.
Tratar a diferença como ponto positivo, traba-
lhar o potencial das pessoas produz avanços, cresci-
mento tanto para alunos com deficiência, como, para os
de conduta típica, com dificuldades de aprendizagem,
com déficit de atenção, com dislexia, pois faz refletir,
repensar velhos conceitos, metodologias, concepções
de Educação, traz informações, diferentes estratégias
de aprendizagem que são importantes para todos.
Carvalho (2000, p.92) salienta que mundial-
mente, a Educação Especial tem sido vista como in-
tegrante da Educação geral. Entretanto dificuldades
podem ser (re) conhecidas pelos profissionais da Edu-
cação, são elas:

*”articulação insuficiente, quanto à organização


de ações nas esferas federal, estadual, municipal
e particular;
*planejamento distanciado da realidade educacio-
nal;
*falta de continuidade dos planejamentos e
ações,em virtude de mudanças administrativas;
*recursos financeiros insuficientes para os pro-
gramas de Educação Especial;
*divulgação de informações sobre necessidades
educacionais dos portadores de deficiências, acar-
retando desinteresse das escolas em aceitá-los;

133
*atendimento aos portadores de necessidades es-
peciais, além de insuficiente, é precário, na maio-
ria dos estados;
*numero de técnicos, insuficientes para orienta-
ção e avaliação da programação pedagógica de-
senvolvida com o aluno;
*dificuldade de consenso na operalização do pro-
cesso de integração escolar dos portadores de
deficiências, e condutas típicas;
*despreparo dos docentes e técnicos das escolas
regulares, provocado pela inadequação curricular
dos cursos de formação de magistério, tanto no
segundo quanto no terceiro grau.”

Papel da Escola
Diante das questões colocadas, cabe à escola:
▪ preparar o aluno para o sucesso profissional
e vida independente;
▪ preparar a própria escola para incluir nela o
aluno com deficiência.
Para isto, é necessário sensibilização e treina-
mento dos recursos humanos, reorganização dos re-
cursos materiais e físicos da escola, sensibilização de
pais e alunos para um papel mais ativo em prol da
escola e de uma sociedade ambas inclusivas, sensibili-
zação de empresas, entidades, associações da comuni-
dade através de palestras, exposições etc.
Estas discussões podem ocorrer na sala de
aula, nos espaços da escola e comunidade.

134
Diretrizes da Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
Considera-se pessoa com deficiência aquela que
tem impedimentos de longo prazo, de natureza física,
mental ou sensorial que, em interação com diversas
barreiras, podem ter restringida sua participação plena
e efetiva na escola e na sociedade. Os alunos com trans-
tornos globais do desenvolvimento são aqueles que
apresentam alterações qualitativas das interações so-
ciais recíprocas e na comunicação, um repertório de in-
teresses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo.
Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndro-
mes do espectro do autismo e psicose infantil. Alunos
com muitas habilidades/superdotação demonstram
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áre-
as, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, li-
derança, psicomotricidade e artes, além de apresentar
grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e
realização de tarefas em áreas de seu interesse.
A Educação Especial é uma modalidade de en-
sino que perpassa todos os níveis, etapas e modalida-
des, realiza o atendimento educacional especializado,
disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto à
sua utilização no processo de ensino e aprendizagem
nas classes comuns do ensino regular.
O atendimento educacional especializado tem
como função identificar, elaborar e organizar recur-
sos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as
barreiras para a plena participação dos alunos, consi-
derando suas necessidades específicas. As atividades
desenvolvidas no atendimento educacional especia-
lizado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de

135
aula comum, não sendo substitutivas à escolarização.
Esse atendimento complementa e/ou suplementa a
formação dos alunos com vistas à autonomia e inde-
pendência na escola e fora dela.
Dentre as atividades de atendimento educacio-
nal especializado são disponibilizados programas de
enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e
códigos específicos de comunicação e sinalização e
tecnologia assistiva. Ao longo de todo o processo de
escolarização esse atendimento deve estar articulado
com a proposta pedagógica do ensino comum. O
atendimento educacional especializado é acompanha-
do por meio de instrumentos que possibilitem moni-
toramento e avaliação da oferta realizada nas escolas
da rede pública e nos centros de atendimento educa-
cionais especializados, públicos ou conveniados.
O acesso à educação tem início na Educação
Infantil, na qual se desenvolvem as bases necessárias
para a construção do conhecimento e desenvolvimen-
to global do aluno. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às
formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de es-
tímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos,
psicomotores e sociais e a convivência com as dife-
renças favorecem as relações interpessoais, o respeito
e a valorização da criança.
Do nascimento aos três anos, o atendimento
educacional especializado se expressa por meio de ser-
viços de estimulação precoce, que objetivam aperfei-
çoar o processo de desenvolvimento e aprendizagem
em interface com os serviços de saúde e assistência
social. Em todas as etapas e modalidades da Educação
básica, o atendimento educacional especializado é or-

136
ganizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos,
constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensi-
no. Deve ser realizado no turno inverso ao da classe
comum, na própria escola ou centro especializado que
realize esse serviço educacional.
Desse modo, na modalidade de educação de
jovens e adultos e educação profissional, as ações da
Educação Especial possibilitam a ampliação de opor-
tunidades de escolarização, formação para ingresso
no mundo do trabalho e efetiva participação social.
Na Educação Superior, a Educação Especial se
efetiva por meio de ações que promovam o acesso, a
permanência e a participação dos alunos. Estas ações
envolvem o planejamento e a organização de recursos
e serviços para a promoção da acessibilidade arquite-
tônica, nas comunicações, nos sistemas de informa-
ção, nos materiais didáticos e pedagógicos, que devem
ser disponibilizados nos processos seletivos e no de-
senvolvimento de todas as atividades que envolvam o
ensino, a pesquisa e a extensão.
Para o ingresso dos alunos surdos nas escolas
comuns, a Educação bilíngue – Língua Portuguesa/
Libras desenvolve o ensino escolar na Língua Portu-
guesa e na língua de sinais, o ensino da Língua Por-
tuguesa como segunda língua na modalidade escrita
para alunos surdos, os serviços de tradutor/intérprete
de Libras e Língua Portuguesa e o ensino das Libras
para os demais alunos da escola. O atendimento edu-
cacional especializado para esses alunos é ofertado
tanto na modalidade oral e escrita quanto na língua de
sinais. Devido à diferença linguística, orienta-se que
o aluno surdo esteja com outros surdos em turmas

137
comuns na escola regular.
O atendimento educacional especializado é
realizado mediante a atuação de profissionais com
conhecimentos específicos no ensino da Língua Bra-
sileira de Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade
escrita como segunda língua, do sistema Braille, do
Soroban, da orientação e mobilidade, das atividades
de vida autônoma, da comunicação alternativa, do de-
senvolvimento dos processos mentais superiores, dos
programas de enriquecimento curricular, da adequa-
ção e produção de materiais didáticos e pedagógicos,
da utilização de recursos ópticos e não ópticos, da tec-
nologia assistiva e outros.
A avaliação pedagógica como processo dinâmi-
co considera tanto o conhecimento prévio e o nível
atual de desenvolvimento do aluno quanto às possi-
bilidades de aprendizagem futura, configurando uma
ação pedagógica processual e formativa que analisa o
desempenho do aluno em relação ao seu progresso
individual, prevalecendo na avaliação os aspectos qua-
litativos que indiquem as intervenções pedagógicas do
professor. No processo de avaliação, o professor deve
criar estratégias considerando que alguns alunos po-
dem demandar ampliação do tempo para a realização
dos trabalhos e o uso da língua de sinais, de textos
em Braille, de informática ou de tecnologia assistiva
como uma prática cotidiana.
Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a
Educação Especial na perspectiva da Educação Inclu-
siva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/
intérprete de Libras e guia-intérprete, bem como de
monitor ou cuidador dos alunos com necessidade de

138
apoio nas atividades de higiene, alimentação, locomo-
ção, entre outras, que exijam auxílio constante no co-
tidiano escolar.
Para atuar na Educação Especial, o professor
deve ter como base da sua formação, inicial e con-
tinuada, conhecimentos gerais para o exercício da
docência e conhecimentos específicos da área. Essa
formação possibilita a sua atuação no atendimento
educacional especializado, aprofunda o caráter inte-
rativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns
do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros
de atendimento educacional especializado, nos nú-
cleos de acessibilidade das instituições de educação
superior, nas classes hospitalares e nos ambientes do-
miciliares, para a oferta dos serviços e recursos de
Educação Especial.
Os sistemas de ensino devem organizar as con-
dições de acesso aos espaços, aos recursos pedagógi-
cos e à comunicação que favoreçam a promoção da
aprendizagem e a valorização das diferenças, de forma
a atender às necessidades educacionais de todos os
alunos. A acessibilidade deve ser assegurada mediante
a eliminação de barreiras arquitetônicas, urbanísticas,
na edificação – incluindo instalações, equipamentos e
mobiliários – e nos transportes escolares, bem como
as barreiras nas comunicações e informações.

139
Atividades
“Se eu pudesse deixar algum presente a você,
deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos
seres humanos”.
A consciência de aprender tudo o que foi ensi-
nado pelo tempo a fora.
Lembraria os erros que foram cometidos para
que não mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você se pudesse, o respeito àqui-
lo que é indispensável:
Além do pão, o trabalho.
Além do trabalho, a ação.
E, quando tudo mais faltasse, um segredo: o de
buscar no interior de si mesmo a resposta e a força
para encontrar a saída.”
Mahatma Gandhi

Filme: Como estrelas na Terra


http://www.youtube.com/watch?v=-yfRIypln40

1) A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De-


ficiência, aprovada pela ONU em 2006 e da qual o Brasil é
signatário, estabelece que os Estados-Partes devem assegu-
rar um sistema de Educação Inclusiva em todos os níveis de
ensino, em ambientes que maximizem o desenvolvimento
acadêmico e social compatível com a meta da plena partici-
pação e inclusão, adotando medidas para garantir que:

I - As pessoas com deficiência não sejam excluídas


do sistema educacional geral sob alegação de deficiência

140
e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do
Ensino Fundamental gratuito e compulsório, sob alega-
ção de deficiência;
II - As pessoas com deficiência possam ter acesso
ao Ensino Fundamental inclusivo, de qualidade e gratui-
to, em igualdade de condições com as demais pessoas na
comunidade em que vivem (Art.24).

A partir destas informações, responda as indaga-


ções abaixo:

a. Quais são as principais razões para a exclusão de crian-


ças com deficiências nas escolas regulares?

b. Quais são os obstáculos à inclusão?

c. Em sua opinião, a legislação em separado sobre Edu-


cação Especial é necessária?

2) A Secretaria Especial dos Direitos Humanos, os Mi-


nistérios da Educação e da Justiça, juntamente com a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ci-
ência e a Cultura – UNESCO lançam o Plano Nacional
de Educação em Direitos Humanos, que objetiva, dentre
as suas ações, contemplarem, no currículo da Educação
Básica, temáticas relativas às pessoas com deficiência e
desenvolver ações afirmativas, que possibilitem acesso e
permanência na Educação superior. Para isto, se efetivar-
-se é preciso:

( ) Ter como meta a inclusão das pessoas com deficiên-

141
cia na escola regular, isto pressupõe que a Educação Es-
pecial, como um todo, deve assumir a responsabilidade
de Educação das crianças com deficiência.

( ) Ter como meta a inclusão das pessoas com deficiên-


cia na escola regular, isto pressupõe que é o sistema edu-
cacional como um todo que assume a responsabilidade
de Educação e não uma parte dele, a Educação Especial.

( ) Ter como meta a inclusão de todas as pessoas inde-


pendente da deficiência na escola regular, que o sistema
educacional como um todo assuma a responsabilidade
de Educação e não uma parte dele, a Educação Especial.

( ) Ter como meta a inclusão de todas as pessoas com


deficiência, independente do grau de deficiência, na escola
especial, assumindo a responsabilidade de Educação.

Marque duas afirmativas corretas, e reescreva o


texto de duas afirmativas incorretas.

3) É sábio lembrar que, antes de serem alunos com


deficiência, são sujeitos, pessoas, que precisam receber
um atendimento escolar adequado, suas potencialidades
precisam ser desafiadas, e deve-se atenuar o preconceito
acerca da capacidade intelectual. Sobre o atendimento
educacional especializado, marque a alternativa incorreta:

( ) O atendimento educacional especializado é organi-


zado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, consti-
tuindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino. Deve

142
ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na
própria escola ou centro especializado que realize esse
serviço educacional?

( ) As atividades desenvolvidas no atendimento educa-


cional especializado não se diferenciam daquelas reali-
zadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à
escolarização.

( ) Esse atendimento complementa e/ou suplementa a


formação dos alunos com vistas à autonomia e indepen-
dência na escola e fora dela.

( ) O atendimento educacional especializado é realizado


mediante a atuação de profissionais com conhecimentos
específicos no ensino da Língua Brasileira de Sinais, da
Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda
língua, do sistema Braille, do Soroban, da orientação e
mobilidade, das atividades de vida autônoma, da comu-
nicação alternativa, do desenvolvimento dos processos
mentais superiores, dos programas de enriquecimento
curricular, da adequação e produção de materiais didá-
ticos e pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e
não ópticos, da tecnologia assistiva e outros

143

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