Funções Executivas Na Aprendizagem

WBA0250_v1_1
Funções Executivas no Processo de

Aprendizagem
Funções Executivas no Processo de Aprendizagem
Autoria: Tamires Araujo Zanão
Como citar este documento: ZANÃO, Tamires Araujo. Funções executivas no processo de aprendi-
zagem. Valinhos: 2016.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria 05
Unidade 2: Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de
28
informações e flexibilidade cognitiva
Unidade 3: Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória 50
Unidade 4: Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole 73
Unidade 5: Transtornos relacionados à linguagem e a memória 95
Unidade 6: Planejamento, organização e execução de tarefas 118
Unidade 7: Transtornos de aprendizagem relacionados ao planejamento, organização e execução
141
de tarefas
Unidade 8: Lesões cerebrais e síndromes disexecutivas 164
2/195
Apresentação da Disciplina
Como aprender se não utilizamos nossos ajudando você a compreender melhor o

sentidos para perceber o mundo que nos ro- complexo – mas fascinante – processo da
deia? Como memorizar conteúdos e experi- aprendizagem e processamento das infor-
ências se não focamos nossa atenção nos mações.
estímulos que interessam? Como alcançar Além do funcionamento normal dessas
metas se não somos capazes de estabele- funções, você também estudará os trans-
cer prioridades e objetivos? E, ainda, como tornos de aprendizagem, lesões cerebrais
passar o conteúdo aprendido e absorver o e síndromes disexecutivas relacionadas à
aprendizado dos outros se não através da aprendizagem. Todas essas etapas são de
linguagem e da comunicação? Na presen- fundamental importância para o aprendi-
te disciplina, você estudará os processos zado. Também serão apresentadas as Uni-
cognitivos envolvidos no planejamento, or- dades Funcionais de Luria, um neuropsicó-
ganização, regulação, controle e execução logo soviético muito importante tanto para
de tarefas através do estudo da atenção, a neuropsicologia propriamente dita como
percepção, memória, linguagem e funções para compreensão do funcional cerebral no
executivas. Serão estabelecidas relações que tange à aprendizagem.
entre essas funções e capacidades de modo
que essas perguntas sejam respondidas, Você verá que as neurociências e a aprendi-
zagem estão bastante entrelaçadas e com-
3/195
preender os processos cognitivos poderá ser
de grande ajuda para pensar em práticas pe-
dagógicas que busquem promover o máximo
de aproveitamento dos alunos.
4/195
Unidade 1
Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria
Objetivos
1. Apresentar as funções cognitivas e

executivas.
2. Apresentar as três unidades funcio-
nais de Luria.
3. Introduzir as relações entre as três
unidades funcionais.
5/195
Introdução
Funções cognitivas são habilidades mentais xos que precisam da integração de diver-
que permitem o raciocínio, a aquisição e a sas áreas. Para melhor compreensão desta
manutenção de conhecimentos que cons- parte de funcionamento cerebral, introdu-
tituem o intelecto. Entre essas funções es- ziremos as “Unidades Funcionais de Luria”.
tão a percepção, a memória, a linguagem, a Alexander Luria foi um neuropsicólogo so-
atenção e as funções executivas, que serão viético que se dedicou à neuropsicologia do
apresentadas de modo mais detalhado nes- desenvolvimento, tendo se formado tanto
ta leitura fundamental. Essas são de extre- em Ciências Sociais como em Medicina e
ma importância para a aprendizagem! Não obtido doutorado em Pedagogia e Ciências
é possível aprender um conteúdo novo sem Médicas. Entre seus principais trabalhos
que a atenção esteja voltada para os estí- estão as obras “Psicologia e pedagogia”, “O
mulos que se quer assimilar ou que a me- homem com um mundo estilhaçado. Textos
mória mantenha as informações guardadas fundamentais em educação” e “Fundamentos
para serem utilizadas quando requeridas. E de neuropsicologia”, este último no qual ele
como seria possível aprender sem utilizar os apresenta as três unidades funcionais das
sentidos? quais nos referimos anteriormente e que
As funções cognitivas envolvem partes dis- você poderá estudar de modo introdutório
tintas do cérebro e são processos comple- no presente texto.
6/195 Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria
mentos através da percepção, da memória,
Link da linguagem, da atenção e das funções exe-
cutivas. A seguir, você verá um pouco mais
KRUSZIELSKI, L. Resenha: “O homem com um sobre cada uma delas:
mundo estilhaçado”. Disponível em: <http://
www.dombosco.sebsa.com.br/faculdade/ • Percepção: relacionada com os senti-
revista_4ed/arquivos/pdf/set2009_resenha. dos como visão, audição e tato, per-
pdf>. Acesso em: 16 jan. 2017. mitindo que possamos perceber/co-
nhecer o mundo ao nosso redor, nos
1. Introdução às funções cogni- tornando capazes de reconhecer, or-
ganizar, dar significado e sentido aos
tivas
objetos e seres que nos cercam.
Como explicitado na introdução, as funções • Atenção: consiste na capacidade de
cognitivas são capacidades mentais que concentração que pode ser focada
permitem a constituição do intelecto e es- em um determinado estímulo/ infor-
tão diretamente relacionadas com a apren- mação ou dividida para mais de um
dizagem, visto que promovem o raciocínio elemento. Nas atividades do dia a
e a aquisição e a manutenção de conheci- dia dificilmente estamos focados em
apenas um elemento e muitas vezes
precisamos fazer várias tarefas ao
mesmo tempo. Quando dirigimos, por
Link
Artigo “Compreendendo os mecanismos fun-
exemplo, temos que prestar atenção
cionais”, de Ricardo Franco Lima. Disponível em:
no carro que está na frente, mas tam-
<http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v6n1/
bém na sinalização das ruas, no limi-
v6a13.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2017.
te de velocidade, nos pedestres e em
vários outros elementos. A atenção • Memória: processo de guardar infor-
ainda pode ocorrer de modo sublimi- mações e experiências para possível
nar, quando não estamos focando em
recuperação no futuro quando neces-
algo “de propósito”, mas o elemento
sário. Permite que informações ad-
é relevante para nós, nos chamando
quiridas sobre o mundo e sobre nós
a atenção. É o que acontece quando
mesmos sejam usadas para lidar com
você está em um local barulhento em
que não está prestando atenção em situações futuras baseadas em ex-
conversas alheias, mas passa a pres- periências passadas. Embora outras
tar atenção se alguém pronuncia seu funções cognitivas também estejam
nome. Este efeito é conhecido como envolvidas, os processos de pensar e
“efeito coquetel”. solucionar problemas estão bastante
atrelados com a memória. Não é mais • Linguagem: A habilidade para a lin-
fácil solucionar um problema quando guagem possui interconexões com
lembramos da solução de algo simi- outras capacidades cognitivas, mas
lar que já nos ocorreu? Sem memória trata-se também de uma habilidade
também não é possível adquirimos relativamente autônoma. Muitos dos
linguagem, como veremos a seguir. conhecimentos sobre o funcionamen-
A memória é uma função bastante comple- to da linguagem vieram de estudos de
xa e possui subdivisões, consistindo na ver- distúrbios de linguagem ocasionados
dade em memórias, no plural. Uma divisão por lesões cerebrais, realizadas, entre
possível leva em conta sua natureza, como outros, por Broca e Wernicke. Para
em declarativa/explícita, envolvida com co- a maioria dos indivíduos, principal-
nhecimento de fatos ou eventos autobio- mente para os destros, as funções de
gráficos e não declarativa/implícita, envolvi- linguagem ficam localizadas no he-
da com a memorização de habilidades e há- misfério esquerdo enquanto que indi-
bitos, geralmente envolvidas com aspectos víduos canhotos estão mais propen-
motores. As memórias também podem ser sos a terem as funções de linguagem
divididas pelo tempo de duração, em me- mais localizadas no hemisfério direi-
mórias imediatas, recentes e remotas. to. A linguagem simbólica é uma das
características tipicamente humanas
e a que mais diferencia o homem das Para saber mais
demais espécies, nos possibilitando Broca e Wernicke encontraram relações entre
a capacidade de atribuir significados funções cerebrais com áreas cerebrais. Isso ocor-
abstratos para comunicar sentimen- reu através do estudo de indivíduos com lesões
tos, emoções e coisas abstratas ou específicas e suas consequentes alterações de
realizar cálculos matemáticos de ca- comportamento. Devido a suas importantes con-
beça. A linguagem é uma das habili- tribuições tiveram áreas cerebrais nomeadas de
dades que permitiu ao homem passar seus respectivos nomes, ambas relacionadas a
conhecimentos de uma geração para linguagem, sendo que a área de Broca está rela-
outra, possibilitando que os conheci- cionada com a expressão e a de Wernicke com a
mentos adquiridos não fossem perdi- compreensão da linguagem.
dos, seja através da fala, seja através
da escrita. Funções executivas: estão relacionadas
principalmente ao lobo frontal. Envolvem
habilidades de planejamento, execução e
resolução de tarefas, incluindo habilidades
de tomada de decisões, raciocínio, estra-
tégias e lógica. Também incluem o auto-
controle, impedindo que sejam realizados Link
impulsos e vontades que podem não ser Acesse o artigo: AVILA, R.; MIOTTO, E. Funções
adequados para determinadas situações, executivas no envelhecimento normal e na do-
além de estarem relacionadas com a flexibi- ença de Alzheimer. Disponível em: <https://www.
lidade cognitiva, possibilitando pensar em researchgate.net/profile/Eliane_Miotto/publi-
soluções criativas para problemas, adap- cation/259197515_EXECUTIVE_FUNCTIONS_
tando-se a situações novas. É interessante IN_NORMAL_AGING_AND_ALZHEIMER%27S_
observar que o comprometimento dessas DISEASE/links/0c96052a64ca71b845000000.
funções se dá de modo precoce em doenças pdf>. Acesso em: 13 jan. 2017.
neurodegenerativas, como o Alzheimer.
FONSECA, V. Papel das funções cognitivas, cona-

tivas e executivas na aprendizagem: uma aborda-
gem neuropsicopedagógica. Disponível em: <http://
pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0103-84862014000300002>.
Acesso em: 18 jan. 2017.
2. As três principais unidades cognitiva, enquanto que as funções men-
funcionais de Luria tais superiores, como a linguagem, seria de-
sempenhado por todo o cérebro, com con-
Luria foi um pesquisador bastante impor- tribuição de todas as regiões para o ideal
tante para as neurociências e a neuropsi- funcionamento. Luria, no entanto, formu-
cologia, pois foi capaz de aprimorar e reunir lou um novo modelo: nem o localizacionis-
os modelos anteriormente vigentes. O lo- mo, nem o unitarismo (KRUSZIELSKI, 2009).
calizacionismo estreito de Gall (e seu mapa “Para Luria, a função cerebral não pode ser
frenológico), Wernicke e Broca buscavam entendida como a função de uma área em
localizar funções complexas em regiões res- particular, assim como a função respirató-
tritas do cérebro enquanto o unitarismo de ria não é ‘propriedade’ apenas do pulmão,
Hughlings Jackson e Flourens propunham mas de todo o sistema respiratório. A fun-
que as funções cerebrais são desempenha- ção passa a ser entendida como um sistema
das pelo cérebro como um todo, sendo divi- funcional completo e complexo, sem reduzir
dido por hierarquia funcional, ou seja, cada uma atividade cognitiva complexa a um ou
componente do encéfalo (medula, gânglios poucos agrupamentos neuronais específi-
basais, córtex cerebral) corresponderia a um cos” (FUENTES et al., 2008). Luria, portanto,
nível evolutivamente superior de atividade pensou no Sistema Nervoso Central como
organizado de forma hierárquica e também diferentes, ou seja, podem ser mais
vertical, ou seja, estruturas “inferiores” de- fracos ou mais fortes. Esta região é
veriam funcionar adequadamente para que importante para regular o estado de
estruturas superiores pudessem trabalhar vigília/sono, através da regulação do
adequadamente (LURIA, 1981). tônus cortical, que ocorre de modo
A seguir, veremos as três principais unida- gradual (não dormimos ou acordamos
des funcionais de Luria: “de uma vez”), devido à estimulação
ou desestimulação do tronco encefá-
1) Primeira unidade funcional (vigília/ lico. A primeira unidade funcional de
tônus muscular): a primeira unidade Luria consiste na regulação do tônus
funcional de Luria está relacionada ao muscular, adequando o tônus cortical
tronco encefálico, que fica localizado às funções que executa.
na “base” da cabeça, entre a medula
2) Segunda unidade funcional: está re-
e o cérebro. Esta região possui uma
lacionada ao recebimento, processa-
importante particularidade: diferen-
mento e armazenamento das infor-
temente da maioria dos neurônios
mações e está associada à parte pos-
que obedece a “lei do tudo ou nada”,
terior do córtex cerebral (região deli-
parte dos neurônios do tronco ence-
mitada pelo sulco central), incluindo
fálico respondem com intensidades
lobos occipital, parietal e temporal.
Como as áreas envolvidas na segun- Para saber mais
da unidade funcional indicam, entre Existem feixes de neurônio que ligam a primeira
as funções englobadas estão a visão, unidade funcional com a terceira. Esta conexão
percepção, tato, audição e orienta- chama-se Sistema Reticular Ascendente e leva
ção espacial, além de relações com informações da parte posterior para a região an-
a linguagem e memória. As funções terior (córtex pré-frontal) e é importante para o
dessa unidade incluem o recebimen- estado de alerta. Também há feixes que fazem o
to e análise de informações do mundo caminho inverso, levando informações da tercei-
através dos órgãos sensoriais. ra unidade funcional para a primeira. Este “cami-
3) Terceira unidade funcional: possui as nho” chama-se Sistema Reticular Descendente e
funções de programar, regular e veri- é através dele que podemos voluntariamente nos
ficar a atividade mental e engloba re- manter acordados mesmo em situações que sen-
giões do lobo frontal, ou seja, porções timos muito sono.
anteriores do cérebro e, portanto, in-
cluem funções motoras, de planeja- Além da divisão em três unidades funcio-
mento e execução de ações (funções nais, Luria também propôs uma divisão
executivas) e linguagem. para a segunda e terceira unidade funcio-
nal de acordo com os tipos de neurônios
encontrados. Esta outra classificação foi
realizada através da morfologia dos neurô-
nios. Na segunda unidade funcional são en-
contradas áreas primárias (ou de projeção)
que possuem capacidades bastante especí- Para saber mais
ficas, responsáveis apenas pelas sensações A lei do tudo ou nada implica que o estímulo re-
(exemplo: algumas áreas primárias visuais cebido pelo neurônio ou é efetivo para excitar o
são responsáveis apenas pela identificação neurônio, desencadeando o potencial de ação ou
de cores). As áreas secundárias já são res-
é insuficiente e o neurônio não é excitado e neste
ponsáveis pela percepção, gerando imagens
caso nada ocorre. Não há diferenças de intensi-
propriamente ditas. As áreas terciárias, por
dade, apenas ocorre ou não.
sua vez, são caracterizadas pela superposi-
ção e integração uma vez que relacionam
as informações, agrupando-as e possibi-
litando um nível maior de abstração, esta-
belecendo relações entre a linguagem e as
demais informações. É na área terciária que
ocorre a cognição.
Glossário
Simbólica: referente a símbolos. Atribuição de mais de um significado para um ser, coisa, obje-
to ou imagem. Qualquer coisa usada para representar ou substituir outra.
Neuropsicologia: interface entre a Psicologia e a Neurologia; ciência que estuda as relações
entre funcionamento cerebral e comportamento. O psicólogo Donald Hebb teria sido o primei-
ro a utilizar o termo.
Tônus muscular: estado não voluntário da contração natural dos músculos do corpo.
?
Questão
para
reflexão
Embora as funções cognitivas e executivas possam ser

estudadas de maneira individual, elas são interligadas
e conectadas de diversas maneiras. Você poderia citar
um exemplo de um comportamento do cotiado em que
mais de uma função cognitiva é necessária para a reali-
zação do comportamento em questão?
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Considerações Finais
• Funções cognitivas são habilidades mentais que permitem o raciocínio, a

aquisição e a manutenção de conhecimentos que constituem o intelecto.
• As funções cognitivas estão diretamente relacionadas com a aprendizagem;
promovem o raciocínio, a aquisição e a manutenção de conhecimentos atra-
vés da percepção, da memória, da linguagem, da atenção e das funções exe-
cutivas.
• A função cerebral é entendida por Luria como um sistema funcional comple-
to e complexo, não podendo ser reduzido a poucos agrupamentos neuronais
específicos.
• Além da divisão em 3 unidades funcionais, Luria também propôs uma divi-
são para a segunda e terceira unidade funcional de acordo com os tipos de
neurônios encontrados.
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Referências
AVILA, R., MIOTTO, E. Funções executivas no envelhecimento normal e na doença de Alzheimer.

Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 52, p. 53 - 62, 2003. Disponível em: <https://www.researchgate.
net/profile/Eliane_Miotto/publication/259197515_EXECUTIVE_FUNCTIONS_IN_NORMAL_AG-
ING_AND_ALZHEIMER%27S_DISEASE/links/0c96052a64ca71b845000000.pdf>. Acesso em: 27
dez. 2016.
FONSECA, V. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma aborda-
gem neuropsicopedagógica. Rev. Psicoped., v. 31, n. 96, São Paulo, 2014. Disponível em: <http://
pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000300002>. Acesso
em: 28 dez. 2016.
FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L. F.; CAMARGO, C. H. P. (Orgs.). Neuropsicologia: teoria e prática.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSELL, T. M. Fundamentos da neurociência e do comporta-
mento. Rio de Janeiro: Editora Prentice-Hall do Brasil, 1995.
LIMA, R. F. Compreendendo os mecanismos funcionais. Ciências e cognição, v. 6, p. 113-122. Rio
de Janeiro, 2005. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v6n1/v6a13.pdf>. Acesso em:
2 jan. 2017.
LURIA, A. R. Fundamentos de neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São
Paulo: EDUSP, 1981.
KRUSZIELSKI, L. Resenha: “O homem com um mundo estilhaçado”. PsicoDOM, n. 4, p. 69-70. São
Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.dombosco.sebsa.com.br/faculdade/revista_4ed/arqui-
vos/pdf/set2009_resenha.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2017.
SABBATINI, R. M. E. A. Evolução da inteligência. Parte 5: Linguagem e Evolução. Disponível em:

<http://www.cerebromente.org.br/n12/mente/evolution/evolution05_p.html>. Acesso em: 29
out. 2016.
Questão 1
1. Sobre as funções cognitivas é correto afirmar:
a) São habilidades sensoriais.

b) São capacidades inatas, não podem ser desenvolvidas.
c) Incluem o raciocínio, a aquisição e manutenção de conhecimentos.
d) Desenvolvem-se apenas na infância.
e) A escolaridade não é um fator que pode interferir nas habilidades sensoriais cognitivas.
21/195
Questão 2
2. Sobre Luria é correto afirmar:
a) Foi um filósofo do século XIX que estudou questões existenciais.

b) Foi responsável pela formulação de um novo modelo que não era nem o localizacionismo,
nem o unitarismo.
c) Era localizacionista como Gall, Wernicke e Broca.
d) Foi um unitarista como Hughlings Jackson e Flourens.
e) Postulou a existência de quatro unidades funcionais para explicar o funcionamento do sis-
tema nervoso.
22/195
Questão 3
3. Sobre a função cognitiva memória podemos afirmar que:
a) Consiste em um processo de guardar informações e experiências para possível recuperação

no futuro quando necessário.
b) Estão relacionadas principalmente ao lobo frontal.
c) Muitos dos conhecimentos sobre o funcionamento da memória vieram de estudos de dis-
túrbios de linguagem ocasionados por lesões cerebrais, realizadas, entre outros, por Broca e
Wernicke.
d) Consiste na capacidade de concentração que pode ser focada em um determinado estímu-
lo/ informação ou dividida para mais de um elemento.
e) Relaciona-se principalmente com os órgãos dos sentidos, como visão e audição.
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Questão 4
4. Escolha a alternativa que apresenta uma afirmação verdadeira sobre as
unidades funcionais de Luria:
a) A segunda unidade funcional possui as funções de programar, regular e verificar a atividade

mental e engloba regiões do lobo frontal, ou seja, porções anteriores do cérebro e, portanto,
incluem funções motoras, de planejamento e execução de ações.
b) Além da divisão em três unidades funcionais, Luria também propôs uma divisão para a pri-
meira e terceira unidade funcional de acordo com os tipos de neurônios encontrados.
c) A terceira unidade funcional está relacionada ao recebimento, processamento e armazena-
mento das informações e está associada a parte posterior do córtex cerebral.
d) A segunda unidade funcional de Luria consiste na regulação do tônus muscular, adequando
o tônus cortical às funções que executa.
e) A primeira unidade funcional de Luria está relacionada ao tronco encefálico, que fica locali-
zado na “base” da cabeça, entre a medula e o cérebro.
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Questão 5
5. Sobre as funções executivas é correto afirmar que:
a) Incluem percepção, memória, linguagem e atenção.

b) Estão relacionadas principalmente com o lobo occipital.
c) É uma das habilidades que permitiu ao homem passar conhecimentos de uma geração para
outra, possibilitando que os conhecimentos adquiridos não fossem perdidos.
d) Envolvem habilidades de planejamento, execução e resolução de tarefas, incluindo habilida-
des de tomada de decisões, raciocínio, estratégias e lógica.
e) Permitem que informações adquiridas sobre o mundo e sobre nós mesmos sejam usadas
para lidar com situações futuras baseadas em experiências passadas.
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Gabarito
1. Resposta: C. poucos agrupamentos neuronais específi-
cos” (FUENTES, et al., 2008). Luria, portanto,
Funções cognitivas são habilidades mentais pensou no Sistema Nervoso Central como
que permitem o raciocínio, a aquisição e a organizado de forma hierárquica e também
manutenção de conhecimentos que consti- vertical, ou seja, estruturas “inferiores” de-
tuem o intelecto. veriam funcionar adequadamente para que
estruturas superiores pudessem trabalhar
2. Resposta: B. adequadamente.
Luria, no entanto, formulou um novo mode- 3. Resposta: A.

lo: nem o localizacionismo, nem o unitaris-
mo. “Para Luria, a função cerebral não pode A memória consiste em um processo de
ser entendida como a função de uma área guardar informações e experiências para
em particular, assim como a função respira- possível recuperação no futuro quando ne-
tória não é ‘propriedade’ apenas do pulmão, cessário.
mas de todo o sistema respiratório. A fun-
ção passa a ser entendida como um sistema
funcional completo e complexo, sem reduzir
uma atividade cognitiva complexa a um ou
26/195
Gabarito
4. Resposta: E. 5. Resposta: D.
A primeira unidade funcional de Luria está As funções executivas envolvem habilida-

relacionada ao tronco encefálico, que fica des de planejamento, execução e resolução
localizado na “base” da cabeça, entre a me- de tarefas, incluindo habilidades de tomada
dula e o cérebro. Esta região é importante de decisões, raciocínio, estratégias e lógica.
para regular o estado de vigília/sono, atra- Não confundir com funções cognitivas.
vés da regulação do tônus cortical, que
ocorre de modo gradual (não dormimos ou
acordamos “de uma vez”), devido à estimu-
lação ou desestimulação do tronco encefá-
lico. A primeira unidade funcional de Luria
consiste na regulação do tônus muscular,
adequando o tônus cortical às funções que
executa.
27/195
Unidade 2
Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informa-
ções e flexibilidade cognitiva
Objetivos
1. Apresentar os estágios da cognição

em relação ao processamento da in-
formação e as principais abordagens
do tema.
2. Estabelecer relações entre comporta-
mentos e ações auto-organizadas.
3. Apresentar como ocorre a seleção de
informações e a flexibilidade cognitiva.
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Introdução
Conforme temos contato com estímulos speito do que ocorre em nossa mente, bem
(sejam visuais, auditivos, táteis), nós os per- como isso se dá. Verá ainda como ocorre a
cebemos, podemos estabelecer aprendiza- seleção das informações e de que modo
dos e memorizar esses novos conhecimen- ocorre a flexibilidade de nossas funções
tos adquiridos, utilizando-os para pensar, cognitivas frente à diversidade de situações
juntando essas informações e atribuindo e como nossas ações são organizadas. Bons
sentido a elas. Parece simples, mas você já estudos!
se questionou como ocorre o processamen-
to dessas informações? 1. O processamento da infor-
Existe uma área da ciência que se dedica ao mação
estudo exatamente desta nossa questão:
Para compreender como o processamento
como o cérebro processa as informações.
da informação se dá vamos começar pela
Trata-se da Psicologia Cognitiva e você
compreensão dos estágios do processa-
poderá estudar, nesta aula, mais sobre os
mento cognitivo. O processamento cogni-
estágios e as diferentes abordagens da cog-
tivo consiste no modo como as informações
nição. São várias as áreas do conhecimento
do mundo externo fazem sentido e são com-
que contribuíram e continuam contribuindo
preendidas por nós. Inicialmente, são os
para a construção dos conhecimentos a re-
29/195 Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações
e flexibilidade cognitiva
órgãos dos sentidos que são responsáveis passando por diferentes formas de proces-
pelo recebimento das informações do mun- samento ao longo deste caminho (GROOME
do externo e é através da percepção que es- et al., 2008).
sas informações começam a fazer sentido.
Após a percepção, a informação poderá pas-
sar para o estágio de aprendizado e arma-
Link
zenamento na memória. Para uso posterior Acesse o artigo: BUTMAN, Judith; ALLEGRI, Ricardo
dessas informações é necessário que elas F. A cognição social e o córtex cerebral. Psicol.
sejam recuperadas. Através da recuperação Reflex. Crit. Porto Alegre, v. 14, n. 2, p. 275-279,
de memórias também é possível que ocor- 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/
ra o pensamento e a reflexão, como através scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
da lembrança de experiências prévias para 79722001000200003&lng=en&nrm=iso>.
solucionar problemas atuais. Claro que este Acesso em: 18 fev. 2017.
modelo de como as informações chegam e
são processadas é bastante simplificado. De Algumas abordagens principais para o estu-
fato, a cognição consiste em um fluxo con- do dos processos mentais e da informação
tínuo de informações desde a entrada da incluem (GROOME et al., 2008):
informação até sua “saída” (estágio final),

1) Psicologia Cognitiva Experimental: envolve o uso de experimentos psicológicos em huma-
nos, buscando investigar o modo como percebem, aprendem, lembram e pensam. Incluem,
entre outros, a Gestalt, (“forma” em alemão) uma abordagem que tem como princípio que
a percepção do objeto como um todo é mais do que a soma de suas partes.
Para saber mais

O estudo da Psicologia científica iniciou-se no século XIX com Wilhelm Wundt, em Leipzig, na Alemanha,
através de suas pesquisas sobre a percepção. Ainda no século XIX Hermann Ebbinghaus publicou o pri-
meiro trabalho experimental sobre memória. O início do estudo da cognição ainda é marcado pelo livro
“Princípios da psicologia”, de William James, do mesmo século.
2) Modelos computacionais: esta abordagem envolve simulações de certas funções cogniti-

vas humanas através de programas de computadores, trazendo novas ideias para a com-
preensão do processamento das informações através de testes computacionais de viabili-
dade de mecanismos de processamentos específicos.
Os modelos computacionais trouxeram grandes contribuições, entre elas esclarecimentos acer-
ca da atenção dividida. Broadbent realizou experimentos sobre esse tema e identificou que as

pessoas tem dificuldade em manter a atenção em dois focos ao mesmo tempo. Através de mod-
elos computacionais, percebeu que existe um “gargalo” que impede o fluxo de várias informações
devido à limitação do processamento das informações, tal como ocorre quando a capacidade de
processamento de um computador é ultrapassada. Broadbent referiu-se a esse processo como
“atenção seletiva” e trouxe grandes contribuições para a compreensão do processamento de
informações.
Para saber mais

Selgfridge e Neisser desenvolveram um sistema computacional capaz de identificar formas e padrões
que possibilitava distinguir certos componentes específicos do estímulo. A identificação das caracterís-
ticas simples puderam ser combinadas com sistemas capazes de identificar características cada vez mais
complexas tanto em formas como em padrões, sendo possível a identificação de estímulos muito com-
plexos, como faces. Estes pesquisadores concluíram que a percepção humana deveria funcionar de modo
similar ao simulado no computador e de fato, anos mais tarde, provou-se haver células com detectores de
características similares aos simulados no computador, mostrando que modelos computacionais podem
ser utilizados para estimar como processamento de informações pode ocorrer.

3) Neurociência Cognitiva e Neuropsi- maioria no entanto “não dá conta” de
cologia Cognitiva: essas abordagens explicar todos os elementos envolvi-
relacionam funções cerebrais com dos na capacidade de armazenamen-
cognição através do uso de imagens e to, acessibilidade ou durabilidade das
do estudo de indivíduos que sofreram informações. Donnald Hebb propôs a
injúrias cerebrais. O córtex cerebral é teoria que explica melhor essas ques-
responsável pela maioria dos proces- tões ao dizer que as memórias são ar-
sos cognitivos superiores. É impor- mazenadas através de novas conexões
tante lembrar que os lobos cerebrais entre neurônios.
estão extensivamente interconec-
tados e, principalmente em tarefas 2. As funções executivas e o com-
mais complexas, pode haver o envol- portamento: ações auto-organi-
vimento de diversas áreas corticais. zadas, a seleção de informações
O cérebro opera como um sistema de e a flexibilidade cognitiva
processamento de informações, tanto
para processar como para armazenar Você já deve ter observado que o seu com-
tais informações. Existem muitas teo- portamento pode se modificar de acordo
rias sobre como esse processo se dá, a com as circunstâncias, com o meio em que

se encontra e com os objetivos que quer meio de transporte utilizado? Se for de car-
atingir. Essas variedades de comportamen- ro este está abastecido e em condições de
tos são normais e necessárias para nos ade- uso? Se for de transporte público qual o lo-
quarmos ao meio social e obtermos sucesso cal que o ônibus/trem passa? Separar o di-
em diferentes âmbitos da vida. As funções nheiro ou pegar o cartão do ônibus também
executivas consistem, de modo abrangen- são exemplos de comportamentos que fa-
te, na capacidade de organizar ações em zem parte das funções de planejamento que
sequência de modo tal que estas possam integram as funções executivas).
atingir um determinado objetivo ou finali- Uma boa definição de função executiva ou
dades pré-definidos, contribuindo para nos funções executivas (a escolha pelo plural ou
comportarmos de maneira adequado tendo singular não alteram o significado do ter-
em vista o que se quer cumprir. Para chegar mo) é dada por Mourão Junior e Melo (2011,
ao trabalho, por exemplo, uma pessoa deve s.p.):
planejar o trajeto que percorrerá, qual o
meio de transporte utilizado e os materiais
que vai precisar para realizar tudo isso (al-
gumas das questões implícitas para a esco-
lha dos comportamentos poderia ser: qual o

A função executiva do cérebro vem sendo definida como um conjunto de
habilidades, que de forma integrada, possibilitam ao indivíduo direcionar
comportamentos a objetivos, realizando ações voluntárias. Tais ações são
auto-organizadas, mediante a avaliação de sua adequação e eficiência em
relação ao objetivo pretendido, de modo a eleger as estratégias mais eficien-
tes, resolvendo assim, problemas imediatos, e/ou de médio e longo prazo.
Link
Integração de três conceitos: função executiva, memória de trabalho e aprendizado. MOURÃO JUNIOR, C.
A.; MELO, L. B. R., 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v27n3/06.pdf>. Acesso em:
24 jan. 2017.
Assim, as funções executivas também estão envolvidas na flexibilidade das decisões e compor-
tamentos. Para você compreender de que a flexibilidade se trata, pense no exemplo dado acima.
Suponha que a pessoa em questão (uma mulher, por exemplo), que quer ir ao trabalho pela ma-
nhã, acorde e veja no telejornal que há partes da cidade que estão alagadas devido à chuva in-
tensa dos últimos dias. Na noite anterior ela Com o exemplo pode-se perceber que a fle-
pode ter planejado ir ao trabalho na manhã xibilidade e o planejamento das ações aju-
seguinte de carro, usando a via principal da dam na seleção de comportamentos (ações
cidade, mas agora ela se dá conta de que auto-organizadas) que levem até uma meta.
esta área foi atingida pela enchente e este Pela definição apresentada sabe-se então
caminho não é mais uma opção. Para man- que isto tudo está relacionado às funções
ter o cumprimento do objetivo inicial (che- executivas. Certo! Mas está faltando um de-
gar ao trabalho) algumas decisões e ações talhe importante: como selecionamos as
terão que ser modificadas e outras realiza- informações que são relevantes para as to-
das. Ela pode, por exemplo, procurar uma madas de decisões? São muitas as informa-
rota alternativa em que não haja pontos de ções e estímulos que chegam até nós e nem
alagamento ou decidir utilizar o transpor- todas são relevantes.
te público, sempre analisando a viabilidade
das novas alternativas. Caso ela se manti- A seleção de informações está intrinsica-
vesse fixa ao seu planejamento original pro- mente relacionada com a atenção. Ainda
vavelmente o objetivo “chegar ao trabalho” pensando no exemplo da personagem que
não seria realizado. A flexibilidade das ações quer ir ao trabalho podemos supor que en-
de acordo com os acontecimentos é uma quanto ela assistia ao telejornal também
capacidade importante para atingir metas. conversava com seu marido e preparava
seu pão com manteiga. Neste caso, vários to posterior ocorre a exclusão dos estímulos
elementos competiam por sua atenção e inúteis ou irrelevantes para a pessoa e a si-
ela poderia ter “prestado atenção” ou não à tuação em questão.
informação sobre o alagamento na cidade. Ambos os modelos anteriores apresentam
É provável que mesmo com a “competição” falhas e podem ser facilmente questiona-
de informações, ela prestasse atenção à in- dos. Assim, o modelo mais aceito é o pro-
formação que lhe afetaria diretamente (no posto por Treisman (TREISMAN, 1964), que
caso, sobre a enchente que dificultaria seu considera aspectos físicos, da natureza do
caminho até o trabalho). estímulo em relação à linguagem e com o
Existem diferentes modelos que explicam significado que este estímulo possui (pro-
como a seleção de informações ocorre, sen- cessamento de nível semântico). Para este
do que alguns consideram que a seleção se modelo, as informações não atendidas não
dá logo no início da exposição à informação, seriam completamente descartadas, mas
excluindo “de cara” informações não rele- sim atenuadas, como uma música que pode
vantes para o indivíduo, enquanto outros ter o volume aumentado ou diminuído.
consideram que a seleção de informações Lembremos mais uma vez do nosso exem-
se dá de modo tardio, ou seja, todos os es- plo: a mulher obteve informações da con-
tímulos são processados e só num momen- versa que tinha com o marido, das notícias
apresentadas na televisão e do seu pão com
manteiga, cada qual passando por cada um
dos três estágios mencionados acima (ca-
racterísticas físicas do estímulo, se o estí-
mulo faz parte da linguagem e qual signifi-
cado que possui). Evidências científicas têm Link
favorecido a explicação oferecida por este Análise de estudos sobre atenção publica-
modelo mais complexo no que tange à sele- dos em periódicos brasileiros. SIMÕES, P. M.
ção de informações. U., 2014. Disponível em: <http://www.scie-
lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1413-85572014000200321>. Acesso em:
18 fev. 2017.

Glossário
Cognitivo: referente à cognição. Processos mentais relacionados ao processamento de infor-
mações e incluem diversas funções, como a linguagem, a percepção, o aprendizado e a memó-
ria.
Semântico: relacionado à semântica, ramo da linguística que estuda o significado das palavras
de uma determinada língua.
Neurônios: são células do sistema nervoso capazes de conduzir impulsos nervosos e propagar
informações e estímulos do corpo. Possuem três divisões básicas: axônios, dendritos e corpo
celular. A comunicação entre os neurônios ocorre através da sinapse.

?
Questão
para
reflexão
O processamento da informação é um assunto bastan-

te complexo, constituído por muitas etapas e que está
intrinsicamente relacionado com a cognição. Qual é a
importância deste conhecimento para atuar frente a di-
ficuldades e déficits cognitivos?
40/195
• O processamento cognitivo consiste no modo como as informações

do mundo externo fazem sentido e são compreendidas por nós.
• Diferentes abordagens estudam os processos mentais e da informa-
ção, entre eles a Psicologia Cognitiva Experimental, Modelos Compu-
tacionais e a Neurociência Cognitiva e Neuropsicologia Cognitiva.
• As funções executivas consistem, de modo abrangente, na capacida-
de de organizar ações em sequência de modo tal que estas possam
atingir um determinado objetivo ou finalidades pré-definidos, contri-
buindo para nos comportarmos de maneira adequado tendo em vista
o que se quer cumprir.
• A seleção de informações está intrinsicamente relacionada com a
atenção.
41/195
Referências
ABENSUR, H. Uso da diálise peritoneal em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva. Rev.
Bras. Hipertens., v. 15, n. 3, p.162-165, jul./set. 2008.
BORDALLO, M. A. N.; GUIMARAES, M. M.; CARRICO, M. K.; DOBBIN, J. Função gonadal de sobrevi-
ventes de doença de Hodgkin tratados na infância e adolescência com quimioterapia. Arquivos
Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 45, n. 1, p. 87-95, 2001.
GROOME, D.; BRACE, N.; DEWART, H.; EDGAR, G.; EDGAR, H.; ESGATE, A., KEMP, R; PIKE, G e STA-
FFORD, T. An introduction to cognitive psychology: processes and disorders. British Library Ca-
taloging in Publication Data. 2. ed., p. 1-235, 2008.
MOURÃO JUNIOR, C.A & MELO, LBR. Integração de três conceitos: função executiva, memória
de trabalho e aprendizado. Psicologia: teoria e pesquisa. Jul-Set 2011, Vol. 27 n. 3, pp. 309-314,
2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v27n3/06.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2017.
TREISMAN, A.M. Verbal cues, language and meaning in selective attention. American Journal of
Psyvhology, 77, 206-219, 1964.
SIMOES, P. M. U. Análise de Estudos sobre Atenção Publicados em Periódicos Brasileiros. Psicol.
Esc. Educ., Maringá, v. 18, n. 2, p. 321-330, ago. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/sci-
elo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572014000200321&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26
jan. 2017.

Questão 1
1. A área da ciência que se dedica ao estudo de como o cérebro processa as
informações é:
a) Psicologia Experimental.
b) Ciências da Computação.
c) Psicologia Cognitiva.
d) Ciências do Desenvolvimento.
e) Robótica.
43/195
Questão 2
2. A cognição consiste em:
a) Um fluxo contínuo de informações desde a entrada da informação até sua “saída” (estágio
final), passando por diferentes formas de processamento ao longo deste caminho.
b) Processos artificiais de computação de dados criados através da informática moderna.
c) O processamento cognitivo consiste no modo como as informações do mundo interno fa-
zem sentido para o mundo externo.
d) Ações auto-organizadas, mediante a avaliação de sua adequação e eficiência em relação ao
objetivo pretendido, de modo a eleger as estratégias mais eficientes.
e) Capacidade de organizar ações em sequência de modo tal que estas possam atingir um de-
terminado objetivo ou finalidades pré-definidos.
44/195
Questão 3
3. Algumas abordagens principais para o estudo dos processos mentais e da
informação incluem:
a) Psicologia Experimental e Social.

b) Psicologia Cognitiva Experimental, Modelos computacionais e Neurociência Cognitiva e
Neuropsicologia Cognitiva.
c) Neuromarketing e Modelos Computacionais.
d) Neurociência Cognitiva e Neuropsicologia Cognitiva.
e) Psicologia Cognitiva Experimental, Modelos computacionais e Neurociência Cognitiva e
Neuropsicologia Cognitiva e Biologia Experimental.
45/195
Questão 4
4. Existem diferentes modelos que explicam como a seleção de informações
ocorrem, sendo que:
a) A seleção se dá logo no início da exposição à informação.

b) As informações não atendidas seriam completamente descartadas.
c) A seleção de informações se dá de modo tardio.
d) Não há seleção de informações, todas são igualmente processadas.
e) O modelo mais aceito é o proposto por Treisman, que considera aspectos físicos, da natureza
do estímulo e com o significado que este estímulo possui.
46/195
Questão 5
5. Função executiva refere-se a:
a) Todas as funções cognitivas, como linguagem, atenção e percepção.

b) Atividades motoras.
c) Não podem ser consideradas como auto-organizadas.
d) Conjunto de habilidades, que de forma integrada, possibilitam ao indivíduo direcionar com-
portamentos a objetivos, realizando ações voluntárias.
e) São automáticas, instintivas e idênticas para todos os seres humanos. Outros animais já
possuem capacidades executivas semelhantes aos seres humanos.
47/195
Gabarito
1. Resposta: C. namento na memória. Para uso posterior
dessas informações é necessário que elas
A área da ciência que se dedica ao estudo de sejam recuperadas. Através da recuperação
como o cérebro processa as informações é a de memórias também é possível que ocorra
Psicologia Cognitiva. o pensamento e a reflexão, como através da
lembrança de experiências prévias para so-
2. Resposta: A. lucionar problemas atuais. A cognição con-
siste em um fluxo contínuo de informações
O processamento cognitivo consiste no desde a entrada da informação até sua “sa-
modo como as informações do mundo ex- ída” (estágio final), passando por diferentes
terno fazem sentido e são compreendidas formas de processamento ao longo deste
por nós. Inicialmente são os órgãos dos caminho.
sentidos que são responsáveis pelo recebi-
mento das informações do mundo exter- 3. Resposta: B.
no e é através da percepção que essas in-
formações começam a fazer sentido. Após Algumas abordagens principais para o estu-
a percepção, a informação poderá passar do dos processos mentais e da informação
para o estágio de aprendizado e armaze- incluem: Psicologia Cognitiva Experimental,
48/195
Gabarito
Modelos computacionais e Neurociência 5. Resposta: D.
Cognitiva e Neuropsicologia Cognitiva.
A função executiva do cérebro vem sendo
4. Resposta: E. definida como um conjunto de habilida-
des, que de forma integrada, possibilitam
O modelo mais aceito é o proposto por ao indivíduo direcionar comportamentos a
Treisman (TREISMAN,1964), que considera objetivos, realizando ações voluntárias. Tais
aspectos físicos, da natureza do estímulo ações são auto-organizadas, mediante a
em relação à linguagem e com o significa- avaliação de sua adequação e eficiência em
do que este estímulo possui (processamen- relação ao objetivo pretendido, de modo a
to de nível semântico). Para este modelo, eleger as estratégias mais eficientes, resol-
as informações não atendidas não seriam vendo assim, problemas imediatos, e/ou de
completamente descartadas, mas sim ate- médio e longo prazo.
nuadas, como uma música que pode ter o
volume aumentado ou diminuído.
49/195
Unidade 3
Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória
Objetivos
1. Apresentar a definição de percepção,

atenção, inibição, autocontrole, lin-
guagem e memória.
2. Estabelecer relações entre essas fun-
ções.
3. Apresentar como essas funções ocor-
rem.
50/195
Introdução
O ser humano é capaz de fazer coisas incrí- nossas habilidades. Mas nem tudo pode ser
veis! Não é maravilhoso que a nossa nature- como queremos e as obrigações se fazem
za permita que nos relacionemos de modo necessárias! Através do autocontrole e da
tão variado com o ambiente? Através de inibição de impulsos você está aqui, estu-
sons, cores, texturas podemos identificar o dando, ao invés de fazer algo que possa ser
que há ao nosso redor. Mas não para por aí. mais prazeroso, como passear ou assistir a
Ainda somos dotados da capacidade de nos um filme. Afinal, você consegue perceber
relacionarmos e nos comunicarmos com que a longo prazo o seu estudo trará mais
outros indivíduos semelhantes a nós. Além benefícios do que estes prazeres momentâ-
de vivenciarmos essas experiências, ainda neos, não é mesmo? Nesta aula falaremos
podemos guardá-las na memória e aces- sobre vários desses importantes aspectos
sá-las de diversos modos quando nos é ne- abordados nesta introdução e como eles
cessário (para resolver um problema similar são essenciais para a constituição das nos-
quando já passamos por algo parecido, por sas capacidades. São eles: percepção, aten-
exemplo) ou mesmo para lembrarmos de ção, inibição, autocontrole, linguagem e
bons momentos. Tudo isso é extraordiná- memória.
rio e não é difícil imaginar como seria bom Bons estudos!
apenas viver para desfrutar de todas essas
51/195 Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória

1. Importância do córtex cere- rietal, temporal e occipital. Cada um deles
bral possui características próprias e especifici-
dades. O lobo frontal está mais relacionado
Agora que você foi levado a refletir so- ao planejamento de ações futuras, controle
bre como a natureza humana é fascinante dos movimentos, fala, escrita e linguagem
e cheia de possibilidades é natural que se articulada, sendo o lobo com maior relevân-
pergunte quais são os aparatos biológicos cia cognitiva. O lobo parietal é fundamental
ou condições que permitem toda essa vas- para imagem corporal e sensações; já o lobo
ta gama de atividades, comportamentos temporal está ligado à audição, memória,
e habilidades. Embora muitos elementos emoções e o lobo occipital, por fim, a visão.
sejam importantes para que a percepção, Embora nosso córtex seja organizado des-
atenção, inibição, autocontrole, linguagem ta forma, funções complexas requerem que
e memória ocorram, nada disso é possível áreas distintas sejam coordenadas e apenas
na ausência do funcionamento do córtex tal coordenação permite o funcionamento
cerebral. O córtex consiste em uma camada adequado e o cumprimento de suas “tare-
enrugada que recobre os hemisférios direi- fas”. Lembre-se disso! As funções que vere-
to e esquerdo do cérebro, formando dobras. mos a seguir são consideradas superiores,
Ele é dividido em quatro lobos: frontal, pa- de alta complexidade e ocorrem devido à

integração de várias áreas corticais e cere- complexidade e que exigem a coordenação
brais, muitas vezes. de partes distintas do cérebro.
Percepção: como o próprio nome indica, a
Link percepção está relacionada com a capaci-
dade de percebermos as coisas a nossa volta
BUTMAN, Judith; ALLEGRI, Ricardo F. A cog-
e por isso está também diretamente envol-
nição social e o córtex cerebral. Disponível
vida com os sentidos (visão, audição, tato
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pi-
etc.). Os estímulos chegam até nós através
d=S0102-79722001000200003&script=sci_
dos sentidos e então podemos interpretá-
arttext&tlng=es>. Acesso em: 16 fev. 2017.
-los, identificando-os e atribuindo signifi-
cado para o que nossos órgãos captaram. É
2. Percepção, atenção, memória comum que a percepção caia em “armadi-
e linguagem lhas” do nosso cérebro, buscando padrões
(como rostos) mesmo onde eles não exis-
Percepção, atenção, memória e linguagem tem. A Gestalt é uma teoria psicológica que
são algumas das funções cognitivas, ou seja, deu bastante relevância para a percepção.
são funções mentais superiores, de maior

Para saber mais
Gestalt é uma teoria da Psicologia que considera que para perceber as partes constituintes de um deter-
minado elemento é antes necessário perceber o todo, ou seja, o todo é diferente do que a somatória das
partes. A Gestalt considera quatro princípios para a percepção de objetos, entre eles:
• Fechamento: nosso cérebro tende a unir elementos de modo que eles “fechem”.
• Proximidade: agrupamos sem perceber elementos que estão próximos um dos outros.
• Segregação: elementos diferentes são “separados” na nossa mente. Ao ler um texto com diferentes
tamanhos de letras, por exemplo, você percebe que se trata-se de partes diferentes do texto (título,
subtítulo, corpo do texto).
• Semelhança: o oposto ao exemplo acima. Elementos similares são facilmente agrupados por nosso
cérebro.
Atenção: consiste, basicamente, na capacidade de concentração. São muitos os elementos, per-

ceptos, imagens, sons que chegam até nós através da percepção e dos sentidos. Mas não seria
nada econômico se processássemos e nos ocupássemos de tudo que chega até nós. Até mesmo

porque nem tudo tem a mesma importân- Embora sejam relacionadas, a memória não
cia. A atenção faz essa seleção, impedindo verbal, para elementos visoespaciais é rela-
que “percamos tempo” com elementos sem tivamente independente da memória ver-
relevância. bal, relacionada à linguagem e vice-versa.
Podemos separar a atenção focada, quan- Outra divisão possível da linguagem con-
do nos dedicamos a apenas uma tarefa da siste em: Declarativas ou Explícitas, que es-
atenção dividida, quando mais de uma ta- tão relacionadas a eventos autobiográficos,
refa ocorre em conjunto. Naturalmente, a próprios, únicos e particulares de cada pes-
maioria das nossas atividades diárias são soa e conhecimentos de fatos do mundo e
divididas. Não Declarativas ou Implícitas, que ocorrem
através da repetição e do hábito, não po-
Memória: a memória possibilita que o que dendo ser passadas a outras pessoas atra-
foi vivenciado seja guardado, podendo ser vés de palavras, como saber nadar ou andar
acessado posteriormente. É de fundamen- de bicicleta.
tal importância e sem ela o aprendizado
não seria possível. É importante salientar
que existem diferentes tipos de memória e
é possível que haja comprometimento em
um subtipo e não em outro, por exemplo.
cados e símbolos para sons na extensão e
Link complexidade como fazemos. São várias as
regiões envolvidas na linguagem, consis-
Acesse o artigo: XAVIER, Gilberto Fernando. A tindo em uma função bastante complexa.
modularidade da memória e o sistema ner- Além de toda a importância no que se refe-
voso. Disponível em: <http://pepsic.bvsa- re à comunicação, alterações de linguagem
lud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi- foram fundamentais para a compreensão
d=S1678-51771993000100005>. Acesso em: do funcionamento cerebral no princípio das
20 fev. 2017. neurociências trazendo também uma im-
portância histórica para o tema.
Linguagem: essa função é de fundamen-
tal importância para nós, seres humanos.
Muitos dos conhecimentos que temos hoje
é devido ao acúmulo de centenas de anos
de vivências diversas e isso é só foi possível
através da transferência de conhecimentos
por meio da linguagem. Apenas humanos
possuem a capacidade de atribuir signifi-

3. Inibição e autocontrole
Para saber mais Para que as funções cognitivas anterior-

mente descritas estejam de acordo com as
Afasias são perdas de capacidades de linguagem
regras sociais é fundamental que utilizemos
após estas já terem sido adquiridas de modo nor-
alguns “filtros” e “freios”. Não podemos di-
mal pelo indivíduo. Dão-se geralmente por trau-
zer ou fazer tudo que temos vontade na
mas ou injúrias cerebrais que causam lesões en-
hora em que queremos. Uma criança pode-
cefálicas. Existem três tipos principais de afasias:
rá chorar e reclamar de fome, mas um adul-
afasia de Broca, que consiste no prejuízo de repetir
to deve ser capaz de aguentar essa mesma
ou produzir palavras, embora a compreensão se
sensação incômoda com maior resistência
mantenha preservada; afasia de condução, carac-
quando algum evento externo o impede
terizada por manutenção da compreensão, mas
de se alimentar momentaneamente. Esse
incapacidade de repetição de palavras e, por úl-
aprendizado do que se pode ou não dizer e
timo, afasia de Wernicke, em que a produção de
fazer em determinado contexto e ambiente
palavras se dá sem dificuldades, mas a compre-
se dá aos poucos, ao longo da vida. Crian-
ensão é bastante prejudicada.
ças costumam ser mais “espontâneas”, mas
à medida que crescem espera-se que elas

aprendam a inibir seus impulsos e se auto-
controlarem. Para saber mais
É interessante notar que inibição e auto- Alterações na inibição e no autocontrole são si-
controle esbarram em aspectos éticos e nais importantes. Mudanças comportamentais
culturais. Sociedades distintas podem pos- e de desinibição podem ser os primeiros sinais
suir regras igualmente divergentes do que de que uma demência está em curso; entre elas
é de bom tom, esperado ou não fazer. Para está a demência frontotemporal, caracterizada
algumas culturas comportamentos como o por distúrbios progressivos do comportamento,
de arrotar, por exemplo, pode não ser mal como comportamento antissocial e desinibição.
visto após uma refeição, enquanto para ou-
tras, esse ato seria extremamente ofensivo.
Assim, a inibição e autocontrole da mes- É fácil compreender quando pensamos
ma ação (arrotar) pode ser bem-vinda ou neste exemplo: estudar para uma prova em
não dependendo da sociedade em questão. uma tarde de sol pode ser bem pouco con-
Embora componentes sociais sejam funda- vidativo e certamente um convite para um
mentais para a determinação do que deve banho de piscina poderia ser facilmente
ser inibido e autocontrolado, existem com-
aceito pela maioria das pessoas, não fosse
ponentes e aparatos biológicos que possi-
a inibição e o autocontrole. O lobo frontal
bilitam tal discriminação e controle.
é, portanto, responsável por essa ponde- impulsos. Clinicamente, injúrias a região
ração e racionalização, possibilitando que, medial estão associadas a afeto inapro-
mesmo contra todas as suas vontades, você priado, baixa tolerância a frustração, com-
opte por estudar ao invés de ir para a piscina portamento social inadequado, inflexibili-
se refrescar. dade e pobreza de julgamento. Indivíduos
O lobo frontal, então, é de fundamental im- que possuam lesões nestas áreas poderão
portância. Estruturas do lobo frontal, como ter seus comportamentos profundamente
o córtex pré-frontal e o cingulado anterior modificados, levando familiares e amigos à
estão relacionadas com o autocontrole, ini- sensação de grande estranhamento.
bição, análise de consequências, possibi-
litando a supressão de vontades, levando
em conta não apenas os aspectos do que Link
se quer, mas também o que poderá aconte- Acesse o artigo: MOGRABI, Gabriel José Correa.
cer se aquela vontade for realizada. O cór- Vontade, inibição, razão e autocontrole: a atua-
tex pré-frontal pode ser ainda subdividido lidade de uma tese de Willian James. Disponível
em três regiões, que são: lateral, medial e em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/
ventral. A região ventral está faz conexões index.php/veritas/article/view/5066>. Acesso
com diversas partes do cérebro e está mais em: 23 fev. 2017.
diretamente relacionada com o controle de
4. Interação entre funções cog-
nitivas, inibição e autocontrole
Interessante notar como há relações entre
as funções cognitivas apresentadas, a inibi-
ção e o autocontrole. Temos componentes
biológicos, principalmente o encéfalo que
nos permite perceber o mundo ao nosso
redor, selecionar através da atenção o que
nos é de maior importância, memorizar es-
ses acontecimentos para uso posterior e
nos comunicarmos através da linguagem,
possibilitando que este conhecimento seja
passado adiante, para outros indivíduos.
Essa comunicação é fundamental para que
saibamos, de acordo com a cultura e socie-
dade em que estamos inseridos, quais com-
portamentos devemos inibir e em quais si-
tuações o autocontrole pode ser necessário.
Glossário
Aparato: instrumentos, mecanismos e/ou ferramentas indispensáveis para a realização de ago.
Gestalt: palavra de origem alemã que significa “forma” ou “figura”. Surgiu em meados do sécu-
lo XX, em oposição ao estruturalismo e possui como principal preceito que “o todo é diferente
da soma das partes”.
Autocontrole: capacidade de se autocontrolar, inibindo impulsos e vontades que o próprio in-
divíduo julga inadequados. O seu próprio julgamento deve sofrer interferência das regras da
sociedade em que vive.

?
Questão
para
reflexão
Aspectos culturais interferem em regras e na definição

do que é ou não aceitável e adequado dentro de deter-
minada sociedade, incluindo aspectos morais. Podemos
considerar que há aspectos morais universais? Qual é a
importância de relativizar essas regras quando nos de-
paramos com uma cultura diferente? Qual é a relação
dessas diferenças com comportamentos preconceituo-
sos?
62/195
• Embora muitos elementos sejam importantes para que a percepção, aten-

ção, inibição, autocontrole, linguagem e memória ocorram, nada disso é
possível na ausência do funcionamento do córtex cerebral.
• Percepção, atenção, memória e linguagem são algumas das funções cogni-
tivas, ou seja, são funções mentais superiores, de maior complexidade e que
exigem a coordenação de partes distintas do cérebro.
• Embora componentes sociais sejam fundamentais para a determinação do
que deve ser inibido e autocontrolado, existem componentes e aparatos
biológicos que possibilitam tal discriminação e controle.
• Estruturas do lobo frontal, como o córtex pré-frontal e o cingulado anterior
estão relacionadas com o autocontrole, inibição, análise de consequências,
possibilitando a supressão de vontades.
63/195
Referências
BARBOZA, Laura Mont Serra. Psicopedagogia e aprendizagem: Coletânea de Reflexões. Curitiba,

2002.
BUTMAN, Judith; ALLEGRI, Ricardo F. A cognição social e o córtex cerebral. Psicol. Reflex. Crit.,
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XAVIER, Gilberto Fernando. A modularidade da memória e o sistema nervoso. Psicol. USP, São Pau-
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Questão 1
1. O córtex consiste em:
a) Camada mais externa do cérebro.

b) Uma estrutura lisa e sem dobras.
c) Três lobos: parietal, temporal e frontal.
d) Camada mais interna do cérebro.
e) Um sinônimo para cérebro.
66/195
Questão 2
2. Sobre a percepção e a Gestalt é correto afirmar que:
a) A Gestalt considera que o conhecimento de uma parte do todo equivale ao conhecimento

do todo.
b) A percepção independe dos sentidos, trata-se de uma função racional.
c) Gestalt considera que o todo é diferente do que a somatória das partes.
d) Gestalt considera princípios para a percepção de objetos, entre eles a aversão a fechamen-
tos (nosso cérebro separa elementos, não os agrupa).
e) A Gestalt é uma corrente filosófica existente desde o século XIV.
67/195
Questão 3
3. Sobre a atenção podemos afirmar que:
a) Independe da percepção.
b) Pode ser subclassificada em atenção dividida ou focada.
c) A atenção focada é o tipo de atenção mais usado nas atividades cotidianas.
d) Capta e processa todos os perceptos da mesma forma.
e) Seleciona o mesmo tipo de informação para todas as pessoas.
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Questão 4
4. Sobre a função linguagem, sabemos que:
a) A linguagem se dá em humanos como em outros animais falantes, como papagaios.

b) Afasia é a incapacidade de adquirir linguagem.
c) Na afasia de Wernicke não há produção de palavras, mas a compreensão ocorre normalmente.
d) Na afasia de Broca há produção normal de palavras, mas o indivíduo não tem compreensão
da fala.
e) Podem ocorrer dificuldades e prejuízos nesta função devido a traumas e injúrias, como ocor-
re nas afasias.
69/195
Questão 5
5. Sobre inibição é autocontrole é correto afirmar que:
a) Dependem apenas do aprendizado de regras sociais.

b) Não sofrem variação de cultura para a cultura.
c) Dependem apenas de aspectos biológicos, como o funcionamento adequado do lobo fron-
tal.
d) Há componentes biológicos e sociais que definem comportamentos que devem ser inibidos
e a prática do autocontrole além de ser aprendido socialmente depende de aparatos bioló-
gicos.
e) Após o aprendizado dos impulsos que devem ser controlados o indivíduo adulto não perde
mais esta capacidade.
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Gabarito
1. Resposta: A. estão próximos um dos outros; segregação:
elementos diferentes são “separados” na
O córtex consiste em uma camada enruga- nossa mente. Ao ler um texto com diferen-
da que recobre os hemisférios direito e estes tamanhos de letras, por exemplo, você
querdo do cérebro, formando dobras. Ele é percebe que se trata de partes diferentes do
dividido em quatro lobos: frontal, parietal, texto (título, subtítulo, corpo do texto); se-
temporal e occipital. melhança: o oposto ao exemplo acima. Ele-
mentos similares são facilmente agrupados
2. Resposta: C. por nosso cérebro.
Gestalt é uma teoria da Psicologia que con-
3. Resposta: B.
sidera que para perceber as partes consti-
tuintes de um determinado elemento é antes A atenção consiste na capacidade de con-
necessário perceber o todo, ou seja, o todo centração. A atenção faz essa seleção, im-
é diferente do que a somatória das partes. pedindo que “percamos tempo” com ele-
A Gestalt considera quatro princípios para mentos sem relevância. Podemos separar a
a percepção de objetos, entre eles: fecha- atenção em focada, quando nos dedicamos
mento: nosso cérebro tende a unir elemen- a apenas uma tarefa da atenção dividida,
tos de modo que eles “fechem”; proximida- quando mais de uma tarefa ocorre em con-
de: agrupamos sem perceber elementos que
71/195
Gabarito
junto. Naturalmente, a maioria das nossas 5. Resposta: D.
atividades diárias são divididas.
O aprendizado dos comportamentos que
4. Resposta: E. devem ser inibidos se dá aos poucos, ao
longo da vida. A inibição e o autocontrole
Afasias são perdas de capacidades de lin- esbarram em aspectos éticos e culturais.
guagem após estas já terem sido adquiri- Sociedades distintas podem possuir regras
das de modo normal pelo indivíduo. Se dão igualmente divergentes do que é de bom
geralmente por traumas ou injúrias cerebrais tom, esperado ou não fazer. Embora com-
que causam lesões encefálicas. Existem 3 ti- ponentes sociais sejam fundamentais para
pos principais de afasia: afasia de Broca, que a determinação do que deve ser inibido e
consiste no prejuízo de repetir ou produzir autocontrolado, existem componentes e
palavras, embora a compreensão se man- aparatos biológicos que possibilitam tal
tenha preservada; afasia de condução, carac- discriminação e controle.
terizada por manutenção da compreensão,
mas incapacidade de repetição de palavras
e, por último, afasia de Wernicke, em que a
produção de palavras se dá sem dificuldades,
mas a compreensão é bastante prejudicada.
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Unidade 4
Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole
Objetivos
1. Definição de percepção, atenção, ini-

bição e autocontrole.
2. Apresentar principais transtornos re-
lacionados à percepção e atenção.
3. Apresentar principais transtornos re-
lacionados à inibição e autocontrole.
73/195
Introdução
Para percebermos o meio em que estamos mente. Nesta aula, você verá transtornos
inseridos necessitamos da visão, audição, dessas funções. O estudo do mau funciona-
tato, olfato, gustação, ou seja, dos sentidos. mento é bastante importante para a com-
São muitas as informações que chegam até preensão do que ocorre no cérebro saudá-
nós e não daríamos conta de processar de vel, trazendo maiores informações acerca
modo completo e perfeito todos os percep- dos componentes que integram o encéfalo
tos. Mais do que isso, não seria nada econô- de modo que a percepção, atenção, inibi-
mico. Gastaríamos muita “energia” em algo ção e autocontrole sejam possíveis, levando
que não nos seria útil. A atenção possibilita à compreensão de como esses processos se
que selecionemos o que deve ser importan- dão e não exatamente onde ocorrem. Va-
te no contexto em que estamos inseridos mos lá?
e a inibição e o autocontrole nos permite
agirmos de modo adequado em socieda- 1. Conceitos de percepção, aten-
de, suprimindo vontades em momentos ção, inibição e autocontrole
que atendê-las pode ser inoportuno. Como
o cérebro está envolvido em todas essas Brevemente, a definição de percepção con-
funções apresentadas, é fácil perceber que siste na capacidade de percebermos as coi-
injúrias e traumas podem afetá-las grave- sas a nossa volta, estando diretamente en-
74/195 Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole

volvida com os sentidos. Os estímulos che- Agora que já sabe um pouco sobre o que são
gam até nós através dos sentidos e então essas funções, você irá entender, através de
podemos interpretá-los, identificando-os exemplos, o que ocorre quando algo não vai
e atribuindo significado a essas informa- bem no funcionamento delas.
ções. Como são muitos os estímulos, temos
a atenção para selecionar aqueles aos quais 2. Transtornos e distúrbios de
devemos de fato nos concentrar. Basica-
percepção e atenção
mente, a atenção pode ser focada em um
único estímulo ou dividida em mais de um 2.1. Sinestesia
(ocorre em multitarefas, quando fazemos
mais de uma coisa ao mesmo tempo). Você sabe dizer que cor é o número 5? Isso,
Percebemos o mundo e atribuímos signi- você entendeu corretamente a pergunta:
ficados, nos atentando ao que se faz im- qual a cor do número 5? E do número 23?
portante em determinados contextos, mas Pode parecer estranho, mas para pessoas
também é importante que utilizemos da com sinestesia números podem ter cores e
inibição e do autocontrole para que não ha- não para por aí. Indivíduos sinestésicos são
jamos de modo inadequado, seguindo re- pessoas que quando expostas a uma mo-
gras sociais já que nem sempre é possível dalidade sensorial experimentam de modo
atender às nossas vontades. automático e consistente outra sensação,
de uma modalidade diferente. A forma mais transtornos podem ser ofensivos. A preva-
comum de sinestesia consiste em enxergar lência ainda não é totalmente definida, mas
cores em letras e palavras do alfabeto. alguns autores consideram que pode ser da
magnitude de 1 em cada 20 pessoas da po-
Para saber mais pulação.
Muitos sinestésicos reportam que além de ver 2.2. “Blindsight”

cores ao ouvir palavras ou números (um dos ti-
pos mais comuns de sinestesia) outras formas in- “Blindsight” é um termo em inglês que po-
cluem sentir sons, ver gostos, ver notas musicais deria ser traduzido para algo como “visão
e ver cores em rostos familiares. Muitos sinesté- cega”. Trata-se da capacidade parcial de
sicos dizem ainda que itens sequenciais, como indivíduos que possuem lesão do córtex es-
letras do alfabeto, sequência de números ou dias triado, uma região essencial para a percep-
da semana possuem arranjos e formas espaciais ção visual, de responderem a alguns estí-
específicas. mulos visuais que estão presentes em seus
pontos cegos. Resumindo, esses pacientes
Muitas pessoas que são sinestésicas consi- conseguem responder a estímulos que não
deram que se trata de um “presente”, algo são capazes de ver. Podem detectar presen-
bom, por isso termos como desordens ou
ça de objetos, distinguir algumas formas A hipótese mais aceita para a ocorrência do
(como a letra “O” da letra “X”), apontar para “blindsight” consiste na existência de dois
determinada direção indicando a localiza- sistemas visuais distintos: um primitivo, in-
ção de um determinado objeto, por exem- dependente da área estriatal e outro mais
plo, mesmo quando estes aparecem em complexo e avançado. O sistema primitivo
regiões correspondentes a áreas do córtex pode ser sensível a algumas características,
estriado lesionadas, sem ter consciência do como movimentos e velocidade, sem que
que estão “vendo”. ocorra a consciência dessa percepção.
Para saber mais 2.3. Negligência espacial unila-

teral
Uma explicação para esse distúrbio reside na hi-
pótese de haver “ilhas de visão” espalhadas, ou Diferentemente dos pacientes com “blind-
seja, pequenas regiões em que a visão primária sight”, que respondem a objetos que não
estaria intacta, possibilitando a visão parcial. Esta podem ver, no indivíduo com negligência
hipótese não foi comprovada e tem sido refutada espacial unilateral ocorre algo oposto: eles
já que estudos de neuroimagem não comprova- podem ver, mas falham em responder a es-
ram essas “ilhas”. ses estímulos vistos. Eles possuem acuida-
de visual normal, mas negligenciam o que
ocorre em um determinado lado do campo Primeiramente, acreditou-se que esta ne-
de visão. Lembrando que o cérebro é “tro- gligência se devia a um prejuízo de aten-
cado”, temos que quando a lesão ocorre do ção, mas hoje se sabe que não é isso. Um
lado direito a negligência se dá do lado es- indivíduo que negligenciou determinados
querdo do corpo e vice-versa. É como se o elementos responderá a estes mesmos ele-
que ocorre do lado negligenciado não exis-
mentos se eles forem colocados no lado não
tisse: esses pacientes não comerão a comida
que estiver do lado negligenciado do prato, negligenciado. Hoje se acredita que o que
não perceberão os números do relógio no ocorre na negligência espacial é devido a
lado negligenciado e assim por diante. um grupo de deficiências e não de uma úni-
ca. Alguns pesquisadores consideram que
pessoas com negligência espacial unilate-
Link ral sofrem prejuízos na atenção perceptual,
Acesse o artigo: MESQUITA, Edgar Martins. Hemi- enquanto outros acreditam que a falha é
negligência: influência dos processos pré-aten- motora, ou seja, esses indivíduos percebem
cionais no fenômeno da extinção e contributos esses estímulos, mas são incapazes de res-
para reabilitação. Disponível em: <www.psico- ponder a eles. Existem ainda tipos diferen-
logia.pt/artigos/textos/A0385.pdf>. Acesso tes de negligência espacial unilateral, com
em: 25 fev. 2017. diferentes déficits.

2.4. Agnosia 2.5. Prosopagnosia
O termo agnosia significa não conhecimen- O reconhecimento de faces é uma tarefa
to. Pacientes com agnosia visual possuem bastante complexa: não basta identificar
memória, linguagem, inteligência e inclusi- elementos comuns, como olhos, boca e na-
ve acuidade visual em bom funcionamento, riz. Pelo contrário! Esses elementos estão
mas são incapazes de reconhecer objetos de presentes em todos os indivíduos. Além
uso comum e diário. Podem perceber os ob- disso, as expressões faciais que utilizamos
jetos, não esbarrar neles, manuseá-los, mas a todo momento modificam nossos rostos
não os reconhecem. Esta condição pode frequentemente. Algumas injúrias cerebrais
ser definida como um prejuízo de processa- podem prejudicar a habilidade de reconhe-
mento visual superior que é necessário para cimento facial. Trata-se da prosopagnosia,
o reconhecimento de objetos, com preser- uma desordem de processamento e reco-
vação relativa das outras capacidades visu- nhecimento de faces. Indivíduos com pro-
ais. Existem outros tipos de agnosia, como sopagnosia podem ser incapazes de reco-
a tátil, em que o indivíduo não reconhece o nhecer faces mesmo de familiares próximos
objeto através do toque e na agnosia audi- e em alguns casos os seus próprios rostos.
tiva o paciente é incapaz de reconhecer os A inabilidade de reconhecimento refere-se
objetos pelo som.
unicamente às faces, havendo o reconheci- executivas que envolvem planejamento de
mento através das vozes, por exemplo. tarefas, análise de consequências, inibição
de impulsos e autocontrole. Podemos facil-
mente supor que injúrias neste lobo podem
Link causar uma grande variedade de prejuízos.
Acesse o texto escrito por Tarso Araújo, na Revista Muitas das mudanças de comportamen-
Super Interessante: “As pessoas que não reco- to estão relacionadas com lesões no cór-
nhecem rostos”. Disponível em: <http://super. tex pré-frontal, resultando em uma ampla
abril.com.br/saude/as-pessoas-que-nao- gama de alterações comportamentais.
-reconhecem-rostos/>. Acesso em: 25 fev.
2017.
3. Transtornos e distúrbios de
inibição e autocontrole
O lobo frontal é de fundamental importân-

cia para diversas características humanas:
habilidades motoras, funções cognitivas e
4. Funções executivas do lobo
Para saber mais frontal e suas alterações
Um caso que ficou bem famoso é o do sr. Phineas
Gage. Este homem sofreu um acidente em que um
As funções executivas englobam diferentes
ferro perfurou o seu crânio, atingindo o lobo fron-
aspectos da tomada de decisões e planeja-
tal. Ele sobreviveu e aparentemente sem maiores
mento de ações, estando diretamente rela-
comprometimentos, exceto por mudanças drás-
cionadas com o lobo frontal. Entre suas ca-
ticas em sua personalidade. Phineas passou a se
racterísticas estão a habilidade de inibição
comportar de modo inadequado, mais malicioso
ou de supressão de uma vontade ou impul-
e propenso a dizer coisas inapropriadas como pia-
so e, portanto, indivíduos com comprome-
das ruins e provocantes.
timento de lobo frontal podem apresentar
impulsividade e desinibição. Ainda está re-
lacionado à intencionalidade para criação e
Em outros casos de injúrias de lobo frontal
manutenção de metas para atingir um de-
foram retratados ausência de preocupa-
terminado objetivo e a memória executiva,
ções e apatia ou mesmo ausência de dis-
que quando prejudicada pode gerar confa-
tração anormal, embora a inteligência geral
bulação e inabilidade de lembrar correta-
permaneça não afetada.
mente a ordem dos eventos ocorridos.

Um distúrbio importante de funções execu-
tivas é a síndrome disexecutiva que, como Para saber mais
nome indica, é caracterizado pela disfun-
Estudos neuropsicológicos encontraram relações
cionalidade das funções executivas. Entre
entre prejuízo no desenvolvimento da atenção,
as principais características desta síndrome
em pensamentos abstratos e conceituais e na
estão a inabilidade ou prejuízo em resolu-
formação de estratégia devido a injúrias no lobo
ção de problemas abstratos, impulsividade,
perseveração, inabilidade de inibir respostas, frontal, revelando ainda que a atenção pode estar
pobre habilidade de tomar decisões, au- ligada a mecanismos necessários para que a ini-
sência de preocupação a respeito de regras bição e o autocontrole ocorram.
sociais, motivação variada, desinibição. Vá-
rias dessas características apresentadas na
síndrome disexecutiva estão relacionadas
à ausência de inibição e de autocontrole e
Link
podemos dizer que essas duas funções im- Acesse o artigo: BORGES, Manuela et al. Síndro-
portantes para a vida em sociedade “mo- mes disexecutivas do desenvolvimento e ad-
ram” no lobo frontal e são extremamente quiridas na prática clínica: três relatos de caso.
importantes para que as funções executivas Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
se realizem de modo adequado. rpc/v37n6/a07v37n6>. Acesso em: 3 mar. 2017.

É interessante notar que comportamentos
“desajustados” socialmente podem ocorrer
pela ausência de internalização de regras,
ou seja, devido a uma educação pobre do
que é aceitável ou não para um determi-
nado grupo em que se está inserido. Mas o
aparato biológico é fundamental para que
os indivíduos entendam essas regras, as
memorizem de modo a torná-las constan-
tes e ainda as utilizem em contextos diver-
sos.

Glossário
Percepto: aquilo que foi percebido.
Sinestesia: transtorno da percepção em que o indivíduo “percebe junto” mais de uma modali-
dade de percepção, como enxergar cores em números ou palavras.
Negligência: termo que refere à desatenção, falta de cuidado, desleixo, ignorância.

?
Questão
para
reflexão
Mudanças comportamentais e de personalidade podem

ser consequências de injúrias e traumas cerebrais. Es-
ses comportamentos, muitas vezes, são desagradáveis,
tornando o indivíduo mais agressivo, impulsivo, sem au-
tocontrole. Como o conhecimento da existência desses
componentes biológicos devem mudar a forma como a
sociedade e principalmente os familiares desses indiví-
duos os veem?
85/195
Considerações Finais (1/2)
• Indivíduos sinestésicos são pessoas que quando expostas a uma modalida-
de sensorial experimentam de modo automático e consistente outra sensa-
ção, de uma modalidade diferente.
• “Blindsight” é um termo em inglês que poderia ser traduzido para algo como
“visão cega”. Trata-se da capacidade parcial de indivíduos que possuem le-
são do córtex estriado, uma região essencial para a percepção visual, de res-
ponderem a alguns estímulos visuais que estão presentes em seus pontos
cegos.
• Indivíduos com negligência espacial unilateral podem ver, mas falham em
responder a esses estímulos vistos. Acredita-se que isso se deve a uma com-
binação de um grupo de deficiências.
• Pacientes com agnosia visual possuem memória, linguagem, inteligência e
inclusive acuidade visual em bom funcionamento, mas são incapazes de re-
conhecer objetos de uso comum e diário.
86/195
Considerações Finais (2/2)
• As funções executivas englobam diferentes aspectos da tomada de deci-
sões e planejamento de ações, estando diretamente relacionadas com o
lobo frontal. Entre suas características estão a habilidade de inibição ou de
supressão de uma vontade ou impulso e, portanto, indivíduos com compro-
metimento de lobo frontal podem apresentar impulsividade e desinibição,
como na síndrome disexecutiva.
87/195
Referências
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em: <http://super.abril.com.br/saude/as-pessoas-que-nao-reconhecem-rostos/>. Acesso em: 3
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DeGROOT, Jack. Neuroanatomia. 21. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994.

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FORD, T. An introduction to cognitive psychology: processes and disorders. British Library Cat-
aloging in Publication Data. 2. ed. 2008. 235 p.

Questão 1
1.Sobre indivíduos sinestésicos é correto afirmar:
a) Não são capazes de reconhecer sons.

b) Não são capazes de reconhecer rostos.
c) Experimentam mais de uma modalidade sensorial ao mesmo tempo.
d) Apresentam dificuldades na leitura e escrita.
e) Apresentam síndromes disexecutivas.
89/195
Questão 2
2. “Blindsight” é um termo em inglês que poderia ser traduzido para:
a) Visão cega.
b) Visão boa.
c) Audição cega.
d) Ponto cego.
e) Lado cego.
90/195
Questão 3
3. O termo agnosia significa não conhecimento. É correto afirmar que pa-
cientes com:
a) Agnosia visual não possuem acuidade visual.

b) Agnosia tátil não reconhecem objetos ao tocá-los.
c) Agnosia não são capazes de reconhecer rostos.
d) Agnosia negligenciam um dos hemisférios.
e) Agnosia não enxergam os objetos conscientemente, mas podem andar sem esbarrar neles.
91/195
Questão 4
4. Pessoas que apresentam negligência espacial unilateral tem como ca-
racterística marcante:
a) Enxergarem de modo inconsciente.

b) Não reconhecer rostos.
c) Não reconhecer objetos ao tocá-los.
d) Não possuir acuidade visual adequada.
e) Negligenciar o que ocorre em um determinado lado do campo de visão.
92/195
Questão 5
5. A síndrome disexecutiva é caracterizada por:
a) Prejuízo na percepção.
b) Não reconhecimento de pessoas próximas.
c) Está relacionada com a personalidade do indivíduo e não com traumas ou injúrias cerebrais.
d) Alterações na personalidade, com prejuízo em inibição e autocontrole.
e) Perda de acuidade visual.
93/195
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: E.
Indivíduos sinestésicos são pessoas que Indivíduos com negligência espacial unila-
quando expostas a uma modalidade senso- teral possuem acuidade visual normal, mas
rial experimentam de modo automático e negligenciam o que ocorre em um determi-
consistente outra sensação, de uma moda- nado lado do campo de visão.
lidade diferente.
5. Resposta: D.
2. Resposta: A.
As características apresentadas na síndro-
“Blindsight” é um termo em inglês que po- me disexecutiva estão relacionadas à au-
deria ser traduzido para visão cega. sência de inibição e de autocontrole.
3. Resposta: B.
Na agnosia tátil o indivíduo não reconhece

o objeto através do toque.
94/195
Unidade 5
Transtornos relacionados à linguagem e a memória
Objetivos
1. Apresentar os principais transtornos

de linguagem.
2. Enunciar tratamentos e interferências
possíveis para os transtornos de lin-
guagem.
de memória.
4. Enunciar tratamentos e interferências
possíveis para os transtornos de me-
mória.
95/195
Introdução
É bem fácil perceber a importância da lin- Outro ponto a se considerar a respeito da

guagem e da memória. Utilizamos essas linguagem e da memória é que as duas fun-
funções todo o tempo de modo tão fre- ções estão diretamente relacionadas: não é
quente que podemos não nos atentar para possível aprender uma língua (seja qual for,
a grande importância de ambas no nosso incluindo a língua de sinais) sem que haja
cotidiano. Mas basta termos algum com- memorização dos sons, sinais, movimentos.
prometimento dessas funções para perce- Mas a comunicação proporcionada pela lin-
ber a falta que nos fazem. Talvez você já te- guagem também auxilia na memorização,
nha ficado rouco ou mesmo afônico devido através da repetição, por exemplo.
a uma gripe, por exemplo, e pode ter tido São muitos os eventos que podem gerar al-
dificuldades para que os outros o compre- terações e comprometimentos na memória
endesse. Algumas pessoas também expe- e na linguagem e na presente aula você será
rimentam sensações de amnésia devido ao levado a desvendar e compreender, através
uso excessivo de álcool ou outras drogas. do estudo dos transtornos, como essas fun-
Embora essas experiências sejam passagei- ções ocorrem também em indivíduos sau-
ras e parciais, elas podem dar uma sugestão dáveis.
de como comprometimentos maiores po-
dem ser debilitantes. Bons estudos!
96/195 Unidade 5 • Transtornos relacionados à linguagem e a memória

1. Transtornos relacionados à Doenças neurológicas ou traumas cerebrais
linguagem podem acarretar em distúrbios e transtor-
nos diversos. A seguir, você conhecerá as
A linguagem é tão fascinante que diferen- principais características das principais al-
tes profissionais se dedicam ao seu estudo, terações da linguagem, mas antes disso é
como linguistas, fonoaudiólogos, psicólo- importante compreender o termo afasia.
gos, neurologistas, pedagogos, entre ou- Afasia consiste na perda da memória depois
tros. As abordagens são, no entanto, bas- que esta já foi adquirida pelo indivíduo de-
tante diferentes. Aqui iremos apresentar vido a algum trauma ou doença que atinja
principalmente os componentes biológicos áreas cerebrais relacionadas à linguagem.
da linguagem e suas implicações. São diversos tipos de afasia, principalmente
(GROOME, 2008):
O processamento da linguagem é complexo
e diverso, incluindo identificação de sons e I. I. Afasia de Broca: esta afasia ocor-
atribuição aos seus significados, resolução re quando a porção posterior do lobo
de problemas, encadeamento de pensa- frontal esquerdo (área de Broca) é
mento, além do mais óbvio: comunicação atingido. Os sintomas incluem dificul-
com outras pessoas. dades de produzir palavras e incapa-
cidade de utilizar flexões e conectivos.
Embora o planejamento da fala e a
produção da mesma sejam deficien-
tes, a compreensão está praticamente
Para saber mais
intacta. Indivíduos com afasia de Bro- Os discursos de pessoas com afasias de Broca
ca apresentam, portanto, a compre- e Wernicke são bastante diferentes. A afasia de
ensão preservada, mas a fala prejudi- Broca pode ser ilustrada pelo caso de David Ford,
cada e as poucas palavras que conse- que teve a seguinte conversa com seu psicólogo:
guem dizer costumam ser dotadas de “Perguntei ao Sr. Ford sobre seu trabalho antes
significado. de vir para o hospital.
II. Afasia de Wernicke: é a afasia oposta Eu sou um sin... não... homem... ah, bem,... de
à de Broca, ou seja, o discurso da fala novo” (GARDNER, 1974, p. 60-61; BEAR, 2008, p.
é fluente, com flexões de verbos e uso 622).
de conjunções e conectivos, mas po-
O Sr. Ford tentava contar que era um sinaleiro
bre em significado. O indivíduo con-
(operador de rádio da guarda costeira). Embora
segue produzir a fala, mas o discurso
dissesse com dificuldade cada uma das sílabas,
não faz sentido. Isso ocorre quando a
compreendia o que lhe havia sido perguntado e
metade posterior do córtex temporal
sabia o que responder.
(área de Wernicke) é atingida.
III. Afasia de condução: para compreen-
Para saber mais der este tipo de afasia é necessário
antes compreender as afasias de Bro-
Outro caso famoso é o do Sr. Philip, que tinha afa-
ca e Wernicke, pois na afasia de con-
sia de Wernicke. Note a diferença entre o discurso
dução o déficit está na comunicação,
deste senhor e do Sr. Ford:
na condução de uma área para outra.
“O que o trouxe para o hospital? Isso significa que os indivíduos com
Menino, estou suando, estou terrivelmente ner- afasia de compreensão são capazes
voso, de vez em quando eu sou pego [...] há um de compreender o significado da fala e
mês, bem pouco, me dei bem, eu me impus bem, também são capazes de produzir fala,
enquanto, por outro lado, você sabe o que eu que- mas não conseguem repetir frases
ro dizer, tenho que correr por aí, dar uma olhada, quando solicitados, cometendo erros
explorando e todo esse tipo de coisa” (GARDNER, fonológicos, substituindo palavras ou
1974, p. 67-68; BEAR, 2008, p. 623-624). até mesmo tendo dificuldade para di-
zer qualquer coisa. A área comprome-
Conseguiu perceber a diferença? O Sr. Philip apre-
tida neste tipo de afasia é o fascículo
senta um discurso fluido, eloquente, mas carente
arqueado.
de significado.

Isolamento da zona de linguagem: este tipo metidos e é caracterizado pelo com-
de afasia é praticamente o oposto da afasia prometimento de todos os processos
de condução, pois o indivíduo que a possui de linguagem.
apresenta como sintoma dificuldade para
produzir fala e também para compreender 2. Tratamentos e intervenções
a linguagem, mas apresenta relativa pre- disponíveis para as afasias
servação na capacidade de repetir frases. O
que acontece neste tipo de afasia também Existem diversos tratamentos e interven-
é um tipo de desconexão entre áreas do ções para melhorar os efeitos danosos das
anel do tecido cortical que envolve áreas de afasias. São vários os profissionais que po-
linguagem, responsáveis pela produção de dem colaborar para o tratamento dos afá-
sons de palavras e áreas responsáveis por sicos, como fonoaudiólogos, psicólogos e
mecanismos de produção de discurso. médicos. Além das terapias fonoaudioló-
gicas e psicológicas, existem também in-
IV. Afasia Global: como o nome indica,
tervenções como a estimulação magnéti-
este tipo de afasia envolve distúrbios
ca transcraniana repetitiva e tratamentos
em todas as funções de linguagem.
farmacológicos.
Ocorre quando uma grande porção do
lobo frontal e temporal são compro-
Link
Acesse o artigo: BOOGIO, Paulo Sérgio. Estimulação magnética transcraniana na neuropsicologia: novos
horizontes em pesquisa sobre o cérebro. Rev Bras Psiquiatr., v. 28, n. 1, p. 44-9, 2006. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbp/v28n1/a10v28n1.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2017.
Para saber mais

A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) consiste em uma técnica que utiliza uma bobina para ge-
rar um campo magnético variável. Para gerar o campo magnético, a bobina recebe uma carga elétrica que
é capaz de através a pele e o crânio e chegar até o córtex, podendo ser utilizada em áreas particulares. É
importante salientar que a EMT difere bastante da eletroconvulsoterapia, sendo a primeira praticamente
indolor e, portanto, o paciente a recebe consciente, acordado, geralmente sentado em uma cadeira. Ao
atingir o córtex a corrente pode gerar mudanças. Isso é bem óbvio para o córtex motor: ao estimular áreas
motoras o indivíduo responderá imediatamente com o movimento da área contralateral correspondente
à área estimulada pela corrente. Hoje se sabe que alterações cognitivas e emocionais também podem
ocorrer dependendo da região estimulada. No caso das afasias, a estimulação mais indicada é a EMT re-
petida, com pulsos sendo aplicados através das bobinas com intervalos fixos (BOGGIO, s.p., 2006).

3. Transtornos e distúrbios rela-
cionados à memória Para saber mais
Ronald Reagan foi um homem bastante influente.
Os distúrbios de memória são chamados de Foi ator no início de sua carreira e tornou-se pre-
amnésias. Esse termo é bastante conhecido sidente dos Estados Unidos. Era conhecido por ser
pelo público geral e de fato é um tema bas- um bom comunicador. Poucos anos após sair da
tante interessante e explorado pelas artes, presidência, Ronald começou a apresentar sinais
em filmes, teatros, programas de televisão da Doença de Alzheimer. Sua doença atingiu nível
etc. A doença de Alzheimer é outro exem- muito grave e ele não era capaz de se lembrar que
plo de assunto relacionado à perda de me- havia sido famoso, estranhando quando as pes-
mória bastante presente na mídia devido soas o cumprimentavam.
ao aumento significativo de casos devido
à longevidade crescente das pessoas. Mas As amnésias podem ter diversas etiologias
o que é amnésia? Assim como não existe que, por sua vez, podem ser divididas em
uma única memória (são vários “subtipos”), dois grandes grupos:
também não há um único tipo de amnésia.
a) Amnésias orgânicas: este tipo de am-
A seguir trataremos das principais caracte-
nésia é causada por danos físicos de
rísticas das amnésias (GROOME, 2008).
causas diversas, como traumas ce-
rebrais ocasionados por acidentes, As amnésias orgânicas são, portanto, mais
infecções cerebrais e desordens de- severas. Essas serão mais detalhadas nesta
gerativas, como ocorre na Doença seção por serem mais elucidativas sobre o
de Alzheimer. As amnésias orgânicas funcionamento da função da memória.
costumam ser bastante severas, pro-
gressivas e irreversíveis. 3.1. Causas de amnésia orgânica
b) Amnésias psicogênicas: estas amné-
É importante salientar que as amnésias or-
sias estão geralmente ligadas à re-
gânicas trazem como característica o pre-
pressão de eventos traumáticos e me-
juízo das memórias de longo prazo, ou seja,
mórias consideradas inaceitáveis pelo
aquelas memórias consolidadas no passa-
sujeito acometido por ela. Ocorre, por
do. Estes pacientes também têm dificuldade
exemplo, com pessoas que sobrevi-
para formar novas memórias de longo pra-
vem a acidentes muito graves. Estas
zo, mas continuam capazes de utilizar a me-
amnésias raramente são totalmente
mória de curto prazo, podendo se lembrar
desabilitantes e embora possam cau-
do que aconteceu nos segundos anteriores,
sar desorientação e confusão, costu-
completar frases, participar de conversas
mam ser reversíveis, visto que não há
que não requeiram muitas informações de
lesão cerebral.
um passado mais distante. A dificuldade re- II. Síndrome de Korsakoff: esta síndrome
side em passar essas informações recém- acomete principalmente alcoolistas
-adquiridas, no curto prazo, para memórias crônicos e causa prejuízo de memória
de longo prazo que poderão ser acessadas tanto para memórias recentes como
no futuro (GROOME, 2008). memórias bastante antigas. Trata-se
Entre as principais causas de amnésia orgâ- de um tipo de amnésia sem interfe-
nica estão: rência de demências mais abrangen-
tes e preservação da inteligência de
I. Doença de Alzheimer: é a causa prin- modo geral.
cipal de desordem de memória. Tra-
III. Encefalite (Herpex Simples): infecção
ta-se de uma desordem degenerati-
do vírus herpex simples que pode dei-
va do cérebro. Os primeiros sintomas
xar o paciente severamente amnési-
consistem em lapsos de memória, que
co. É uma infecção bastante rara, mas
se agravam progressivamente, afe-
muito deletéria. Geralmente apresen-
tando todos os aspectos da cognição.
ta início abrupto, sendo muitas vezes
É a principal causa da demência senil e
possível determinar com precisão o
afeta principalmente idosos com pelo
início da amnésia, diferentemente do
menos 60 anos. Mais raramente pode
acometer pessoas jovens. que ocorre com a Doença de Alzhei-
mer ou com a Síndrome de Korsako-
ff. Essas diferenças são importantes, eletroconvulsoterapia ocorre através
pois permitem aprender sobre aspec- da aplicação de um choque elétrico
tos diferentes do funcionamento da na parte frontal da cabeça do pacien-
memória. te e em alguns casos esses indivídu-
IV. Cirurgia de lobo temporal: embora o os podem apresentar amnésia após a
número de pacientes acometidos por intervenção, que por sua vez pode ser
este tipo de amnésia seja relativa- passageira ou, menos frequentemen-
mente pequeno, estes indivíduos tem te, permanente.
sido exaustivamente estudados, pois
pode-se determinar com exatidão
quando a amnésia teve início e tam-
Outras causas possíveis que trazem
Link
bém qual a extensão do dano cerebral Acesse e leia o artigo: ANTUNES, Paula Barros
a qual esta amnésia está relacionada. et al. Eletroconvulsoterapia na depressão
V. Amnésia pós eletroconvulsoterapia: maior: aspectos atuais. Disponível em: <http://
é uma técnica utilizada principal- www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
mente em tratamento de pacientes arttext&pid=S1516-44462009000500005&ln
com depressão severa em casos que g=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 mar. 2017.
outros tratamentos menos invasivos
não geraram melhora do quadro. A
danos ao cérebro também podem ocasio- sendo possível para esses indivíduos lem-
nar amnésia orgânica. Entre essas causas brarem de acontecimentos passados. Isso
estão tumores, injúrias, infecção por HIV e ocorre porque diferentes estruturas estão
condições degenerativas, como doença de envolvidas com as amnésias anterógradas e
Parkinson. retrógradas.
3.2. Amnésias anterógrada e re-

trógrada
Outra diferenciação importante entre as Link

amnésias é a caracterização em amnésia Acesse o artigo: Neves, M. C. L. et al. Amnésia
anterógrada, quando a perda de memória retrógrada funcional grave: relato de caso. Rev.
ocorre a partir do início da amnésia, com o Psiq. Clín., v. 35, n. 1; p. 26-30, 2008. Disponível
sujeito não conseguindo formar memórias em: <http://www.scielo.br/pdf/rpc/v35n1/
de longo prazo a partir do início desta e am- v35n1a05.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2017.
nésia retrógrada, quando a perda de me-
mórias de longo prazo afeta memórias que
ocorreram antes do início da amnésia, não

Glossário
Afasia: consiste na perda da fala após essa ter sido adquirida devido a injúrias, traumas cere-
brais ou doenças neurológicas. Existem diferentes tipos de afasia dependendo da região aco-
metida. As principais afasias são: afasia de Broca, afasia de Wernicke, afasia de condução, iso-
lamento de áreas de linguagem e afasia global.
Amnésia: nome dado para as desordens de memória. Pode ocorrer por causas orgânicas, quan-
do há lesões ou degenerações no cérebro ou por causas psicogênicas, devido à incapacidade de
se lembrar de eventos traumáticos.
Etiologia: termo originário do grego, significa algo como “busca das causas”. Utilizado por di-
versas ciências como a Biologia e a Psicologia para buscar a origem dos eventos e objetos estu-
dados.

?
Questão
para
reflexão
A eletroconvulsoterapia já foi bastante utilizada no passado. Hoje

ela é realizada apenas quando métodos menos invasivos já foram
tentados sem sucesso, para casos de depressão muito debilitantes
em que o paciente não responde a tratamentos medicamentosos
ou técnicas de estimulação menos invasivas, como a estimula-
ção magnética transcraniana, por exemplo. Quando necessária, a
aplicação deve ser acompanhada por um profissional qualificado
e com uso de anestesia. Você considera que métodos como a ele-
troconvulsoterapia devem ser utilizados como primeira opção?
Por quê? Qual é a importância da memória nesta decisão?
108/195
• Afasia consiste na perda da memória depois que esta já foi adquirida pelo
indivíduo devido a algum trauma ou doença que atinja áreas cerebrais rela-
cionadas à linguagem.
• Os principais tipos de afasia incluem Afasia de Broca, Afasia de Wernicke,
Afasia de Condução e Afasia Global.
• As amnésias podem ter diversas etiologias que, por sua vez, podem ser divi-
didas em dois grandes grupos: amnésias orgânicas, com alterações neuro-
lógicas físicas e amnésias psicogênicas, de origem psicológica.
• Amnésias podem ser divididas, ainda, em anterógrada e retrógrada. A am-
nésia anterrógrada ocorre quando a perda de memória se dá a partir do iní-
cio de dado evento desencadeador da amnésia, com o sujeito não conse-
guindo formar memórias de longo prazo a partir do início desta e amnésia
retrógrada, quando a perda de memórias de longo prazo afeta memórias
que ocorreram antes do início da amnésia, não sendo possível para esses in-
divíduos lembrarem de memórias de longo prazo anteriormente formadas.
109/195
Referências
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o sistema nervoso.

Porto Alegre 2. ed., Artmed Editora, 2002.
BOOGIO, Paulo Sérgio. Estimulação magnética transcraniana na neuropsicologia: novos hori-
zontes em pesquisa sobre o cérebro. Rev Bras Psiquiatr. V. 28, n. 1, p. 44-9.
NEVES, M. C. L. et al. Amnésia retrógrada funcional grave: relato de caso. Rev. Psiq. Clín. V. 35,
n. 1, p. 26-30, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpc/v35n1/v35n1a05.pdf>. Acesso
em: 23 fev. 2017.
LIMA SI, Cury EMG. Afasia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ. 2007.
GROOME, D.; BRACE, N.; DEWART, H.; EDGAR, G.; EDGAR, H.; ESGATE, A., KEMP, R; PIKE, G e STAF-
aloging in Publication Data. 2. ed., p. 1-235, 2008.

Questão 1
1. São vários os profissionais que se ocupam do estudo da linguagem, entre
eles, estão:
a) Linguistas, neurologistas, fisioterapeutas, pedagogos e psicólogos.

b) Fonoaudiólogos, enfermeiros e neurologistas.
c) Linguistas, fonoaudiólogos, psicólogos, neurologistas e pedagogos.
d) Neurologistas, engenheiros da computação, nutrólogos e pedagogos.
e) Apenas fonoaudiólogos.
111/195
Questão 2
2. Afasia consiste na perda da memória depois que esta já foi adquirida
pelo indivíduo devido a algum trauma ou doença que atinja áreas cere-
brais relacionadas à linguagem. São diversos os tipos de afasia. Qual alter-
nativa lista corretamente alguns destes tipos?
a) Afasia de Broca, Afasia de Wenicke, Afasia de Condução e Afasia Global.

b) Afasia de Broca, Afasia Lateral, Afasia amiotrófica e Afasia momentânea.
c) Afasia de Rosca, Afasia de Ragnar, Afasia de Irradiação e Afasia Geral.
d) Afasia de Condução, Afasia Global, Afasia Regional e Afasia Total.
e) Afasia de Rosa, Afasia de Wernicke, Afasia Total e Afasia amiotrófica.
112/195
Questão 3
3. Sobre a amnésia, é correto afirmar que:
a) Consiste na dificuldade de fala após esta já ter sido adquirida.

b) Afetam principalmente a memória de curto prazo, sendo que a memória de longo prazo
mantêm-se preservada.
c) As amnésias orgânicas possuem remissão mais provável.
d) As amnésias psicogênicas possuem causas físicas devido a traumas ou doenças neurológi-
cas.
e) Podem ser classificadas como orgânicas e psicogênicas.
113/195
Questão 4
4. Com relação à doença de Alzheimer, leia e analise as alternativas. Em se-
guida, assinale aquela cujo enunciado está correto:
a) Possui início abrupto com perdas de linguagem acentuadas.

b) É uma desordem degenerativa do cérebro.
c) Ocorre somente em etilistas.
d) É uma infecção bastante rara, mas muito deletéria.
e) Acomete principalmente jovens.
114/195
Questão 5
5. Sobre amnésias orgânicas, podemos concluir que:
a) É necessário que os traumas causadores sejam tratados para que a memória seja recupera-
da.
b) Sua causa mais comum é a infecção por um vírus.
c) Não podem ser consideradas como auto-organizadas.
d) São causadas por Doença de Alzheimer, Síndrome de Korsakoff, cirurgia de lobo temporal,
encefalite e amnésia pós-eletroconvulsoterapia.
e) Não estão relacionadas a danos estruturais e físicos do cérebro, visto que se trata de reações
de pós-vivência de um evento traumático. Psicoterapia é o tratamento mais indicado.
115/195
Gabarito
1. Resposta: C. vididas em dois grandes grupos: amnésias
orgânicas e amnésias psicogênicas. As am-
Diferentes profissionais se dedicam ao seu nésias orgânicas são mais severas. As am-
estudo, como linguistas, fonoaudiólogos, nésias orgânicas trazem como característi-
psicólogos, neurologistas, pedagogos, en- ca o prejuízo das memórias de longo prazo,
tre outros. As abordagens são, no entanto, ou seja, aquelas memórias consolidadas no
bastante diferentes. passado. Estes pacientes também têm di-
ficuldade para formar novas memórias de
2. Resposta: A. longo prazo, mas continuam capazes de
utilizar a memória de curto prazo, podendo
Existem quatro tipos principais de afasias: se lembrar do que aconteceu nos segundos
Afasia de Broca, Afasia de Wenicke, Afasia anteriores, completar frases, participar de
de Condução e Afasia Global. conversas que não requeiram muitas infor-
mações de um passado mais distante.
3. Resposta: E.
Os distúrbios de memória são chamados de

amnésias. As amnésias podem ter diversas
etiologias que, por sua vez, podem ser di-
116/195
Gabarito
4. Resposta: B.
A Doença de Alzheimer é a principal causa

de desordem de memória. Trata-se de uma
desordem degenerativa do cérebro.
5. Resposta: D.
Doença de Alzheimer, Síndrome de Kor-

sakoff, cirurgia de lobo temporal, encefalite
causada pelo vírus Herpex Simples, cirurgia
de lobo temporal e amnésia pós-eletrocon-
vulsoterapia são alguns exemplos de alte-
rações cerebrais que causam amnésia or-
gânica.
117/195
Unidade 6
Planejamento, organização e execução de tarefas
Objetivos
1. Introduzir aspectos do planejamento,

organização e execução de tarefas:
resolução de problemas.
2. Apresentar estratégias e abordagens
sobre resolução de problemas; e
3. Colocando planos em ação: a execu-
ção de tarefas planejadas.
118/195
Introdução
Já parou para pensar sobre todas as etapas para o trabalho, para a faculdade etc. São
necessárias até colocar planos em ação? exemplos de atividades muito corriqueiras
Mesmo atitudes pequenas precisam de pla- as quais muitas vezes não damos atenção.
nejamento e organização e, claro, execução. Todas elas necessitam de planejamento, or-
Para sair da ideia e chegar na atitude final ganização e execução ou não ocorreriam.
são muitos os passos. Uma atitude simples, Falhas em qualquer uma dessas três etapas
como tomar café da manhã requer peque- farão com que o comportamento não seja
nos planejamentos: é preciso comprar os plenamente realizado.
alimentos no supermercado, acordar num Pensemos agora na resolução de proble-
horário adequado para que se tenha tem- mas mais complexos. Para isto é necessária
po de preparar e se alimentar sem se atrasar dedicação de tempo, análise das condições
para seus compromissos. com o envolvimento de vários processos
Consegue perceber que se você não se or- cognitivos e representações mentais. A se-
ganizar para passar no supermercado (ou guir, você estudará mais sobre os processos
pedir para que outra pessoa passe) não te- envolvidos no pensamento da resolução de
ria o leite ou o café para esta manhã hipoté- problemas que incluem planejamento, or-
tica? Se não tivesse colocado o despertador ganização e o modo como estes são execu-
para tocar talvez não tivesse acordado no tados. Vamos lá?
horário hábil para se alimentar antes de ir
119/195 Unidade 6 • Planejamento, organização e execução de tarefas
1. Processamento de informa- representação que pode incorporar
ções na resolução de problemas diagramas e esquemas visuais para
facilitar a elucidação do problema.
Alguns estudiosos desenvolveram na déca- II. A segunda etapa consiste na seleção
da de 60 teorias sobre a resolução de proble- de ações a serem realizadas para que
mas e através de modelos computacionais o objetivo seja atingido. Na etapa an-
postularam que a forma como resolvemos terior tivemos um “esquema” do pro-
problemas e buscamos soluções é constitu- blema, nesta, a seleção do que fazer
ída por estágios, que são, essencialmente: para atingir a meta.
I. Representação espacial do problema: III. Ação! Nesta etapa, as ações pensadas
neste estágio incluem-se os estágios são colocadas em prática.
inicial e o objetivo final; todas as in- IV. Avaliação da situação-problema pós-
formações importantes, o que se tem -implementação das ações planeja-
de informação acerca da questão a ser das. Nesta etapa, uma reavaliação é
resolvida, incluindo informações que realizada e caso o objetivo tenha sido
possam não estar explícitas, mas se- atingido o problema foi solucionado.
jam acessíveis através da memória de
longo prazo. Trata-se mesmo de uma
Este modelo foi proposto por Newell e Si-
mons, dois estudiosos importantes sobre a Link
resolução de problemas e mostra de modo Acesse o link: SILVA, Maria José de Castro. O
simplificado como ocorre o planejamento, jogo como estratégia para a resolução de
organização e execução de problemas ge- problemas de conteúdo matemático. Psicol.
rais. Este modelo geral se aplica à maioria Esc. Educ. v. 12, n. 1, p. 279-282, 2008.
da resolução de problemas, mas existem Disponível em: <http://www.scielo.br/
também estratégias diferentes que podem scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
ser utilizadas, ou seja, formas diferentes de 85572008000100021&lng=en&nrm=iso>.
“encarar” resolução de problemas. Este é o Acesso em: 2 mar. 2017.
tema da nossa próxima sessão!
1.1. Estratégias para resolução
de problemas
Os próprios Newell e Simons propuseram

que a maioria dos problemas são soluciona-
dos através de propósitos heurísticos que
seriam como “regras de ouro”. O método

heurístico difere da resposta numérica, al- Outro método utilizado para resolução de
gorítmica, que tem apenas um valor correto. problemas é a “means-ends analysis”, que
Não são todos os problemas que possuem poderia ser traduzida como “análise do fim”.
uma resposta única e numérica. Para alguns Trata-se de um tipo de estratégia heurística
problemas é possível construir um diagrama que considera o caminho do objetivo final
contendo cada uma das possíveis sequên- até o estágio inicial de “trás para frente”;
cias de cada uma das possíveis ações. Claro portanto, buscando estabelecer os passos
que para problemas mais complexos ou com do final para o início. Através da escolha de
muitas possibilidades (como em um jogo de submetas apropriadas, os passos anteces-
xadrez) pode não ser nada econômico. sores à solução final podem ser estabeleci-
Ao invés de pensarmos da maneira mais ex- dos.
pandida, podemos fazer o oposto: reduzir o
Imagine que um engenheiro quer cons-
problema em elementos centrais e funda-
truir um carro. São inúmeros os passos. Não
mentais. Esses elementos seriam subdivi-
adiantaria nada fazer um motor sem ter uma
sões do problema central e cada uma dessas
partes pode passar por novas subdivisões lataria apropriada, sem que a parte elétrica
caso seja necessário. Caso elas sejam solu- funcionasse ou sem que o carro fosse está-
cionadas novas subdivisões não são neces- vel e seguro. Muitos elementos deverão ser
sárias e passa-se para o passo seguinte. planejados, arquitetados, visualizados, or-
ganizados e executados. É possível que este como estes são solucionados. A represen-
engenheiro e sua equipe se baseiem em um tação pode proporcionar lembranças, me-
carro já existente e através da manipulação mórias que ajudem a encontrar estratégias
deste, desmontando-o, chegue até os es- para essa resolução, baseando-se em ex-
tágios iniciais deste carro. Este caminho se periências passadas similares. Mas caso as
daria através de um “means-ends analysis”. experiências passadas não auxiliem na elu-
São formas diferentes de abordar a resolu- cidação da questão-problema, um impas-
ção de problemas, mas você consegue per- se ocorrerá e uma nova representação será
ceber que elas possuem elementos comuns? necessária para que se prossiga na resolu-
Problemas complexos requerem divisões e ção do problema. Essa ideia de arranjar as
resolução de etapas graduais, sejam elas questões novamente, reorganizando e rees-
das iniciais para as finais, sejam como “me- truturando o enunciado do que se quer so-
ans-ends analysis”. lucionar, já fazia parte dos pressupostos da
Gestalt.
1.2. Representação do problema Uma forma de reorganização é organizar o
enunciado do problema “quebrando-o” em
A forma como os indivíduos representam os pequenos pedaços e planejando a resolu-
seus problemas interferem muito no modo ção de cada um deles. Outra estratégia que
pode auxiliar na resolução é conhecida por gerar um relaxamento nas restrições. Muitas vezes
não conseguimos resolver questões por colocarmos muitos empecilhos baseados na nossa ex-
periência de vida e naquilo que é mais corriqueiro para nós.
Para saber mais

Imagine a seguinte situação-problema: um homem mora no 10º andar de um prédio. Quando está cho-
vendo ele utiliza o elevador até o 10º andar, mas em dias de sol ele vai até o 6º andar de elevador e sobe o
restante de escada. Por quê? Para solucionar este problema conhecido como “enigma do elevador”, pre-
sente em diversos sites da internet, é preciso utilizar tanto de relaxamento de restrições como de reorga-
nização e de decomposição do problema inicial em problemas menores. A solução do problema consiste
em resolver primeiro perguntas como: o homem utiliza um guarda-chuva em dias de chuva e não o utiliza
em dias de sol? Ele faz algo no 6º andar em dias de sol? O elevador do prédio funciona normalmente em
dias de sol? Ao obter essas respostas (sim, não e sim, respectivamente) podemos imaginar uma solução
plausível: o homem é anão e não possui altura suficiente para apertar o número 10 no elevador, mas
quando está de guarda-chuva pode usá-lo para apertar o botão correspondente ao seu andar. Pode ser
difícil pensar em um anão caso não se considere uma alteração de altura como empecilho.

2. Resolução de problemas por
analogia
Para resolver problemas por analogia são

Para saber mais
O químico August Kekulé teve grande influência
necessárias algumas etapas:
na química, principalmente por ter revoluciona-
1. Compreender, interpretar e represen- do a química orgânica ao descobrir a fórmula do
tar o problema em questão. benzeno. A composição deste elemento já era
2. Uma analogia possivelmente útil deve conhecida (6 átomos de carbono e 6 átomos de
ser recrutada da memória. hidrogênio), mas a organização estrutural desses
átomos ainda era um mistério. Kakulé teria tido
3. Presença de similaridades devem ser
um sonho com uma cobra mordendo o próprio
encontradas nas duas situações (pro-
rabo e supôs que os átomos do benzeno se com-
blema original e problema previamen-
portariam de modo análogo a cobra que morde o
te solucionado).
próprio rabo: fazendo um círculo. Kakulé checou
essa possibilidade e deste modo descobriu a es-
trutura do benzeno: uma cadeia fechada.

Resumidamente, pesquisas em resolução
Link de problemas têm indicado que problemas
bem definidos podem ser resolvidos usando
Acesse o artigo: BARCO, Luis. A força sutil das diferentes métodos, como propósitos heu-
analogias para resolver problemas. Revista Su- rísticos. Experiências e lembranças podem
perinteressante. 31 out. 2016. Disponível em: nos auxiliar na resolução de problemas, mas
<http://super.abril.com.br/comportamen- um impasse pode ocorrer caso nada venha
to/a-forca-sutil-das-analogias-para-resol- a nossa mente. Neste caso, a representação
ver-problemas/>. Acesso em: 20 mar. 2017. do problema não nos permite uma solução
e o uso de analogias para resolução e exe-
A resolução de problemas por analogia não cução das tarefas torna-se inviável.
parece ser, no entanto, automática. Fica
mais fácil pensar em analogias se tiver- 3. Raciocínio dedutivo e indutivo
mos algumas pistas de semelhanças entre
as situações ou se deliberadamente procu- Parece haver três princípios para se estar
rarmos por elas. Pedir a pessoas que gerem engajado na resolução de problemas:
analogias parece encorajá-las a procurar
1. As atividades devem ter um objetivo,
em suas memórias por situações análogas.
com uma meta final.
2. A resolução do problema ou execução 1- Ana é mais velha que Maria.
da tarefa deve incluir uma sequência 2 - João é mais novo que Maria.
de processos mentais, com mais de
uma etapa. 3- Portanto, Ana é mais velha que João.
3. Esses processos devem ser de caráter Para resolver a questão acima apenas é ne-
cognitivo. cessário saber que o conceito de idade, mais
velho, mais novo é transitivo. No exemplo
3.1. Raciocínio dedutivo dado sabemos que João tem que ser neces-
sariamente mais novo que Ana, já que ele é
O raciocínio dedutivo envolve a avaliação também mais novo que Maria que por sua
de argumentos em válidos ou inválidos a vez é mais nova que Ana.
partir de premissas. No raciocínio dedutivo,
O pensamento dedutivo passa de uma afir-
todas as informações necessárias para a re-
mação geral (a idade é algo que sempre
solução do problema estão disponíveis, sem
aumenta) para o particular (se João é mais
que haja necessidade de recrutar informa-
novo que Maria e Maria é mais nova que
ções complexas da memória de longo pra-
Ana, logo João é mais novo que Ana).
zo, apenas pressupostos básicos, como no
exemplo:

3.2. Raciocínio indutivo
O raciocínio indutivo ocorre através da ger-

ação e teste de hipóteses, identificando o
que “faz sentido” e o que “não faz sentido”
na resolução. O raciocínio indutivo parte de
Para saber mais
Um exemplo de pensamento indutivo inclui afir-
um conhecimento particular para uma con-
mações particulares, como: (I) os patos são aves,
statação mais ampla, geral. É partir de uma
os patos possuem asas; (II) as galinhas são aves
premissa particular e encontrar elementos
e as galinhas possuem asas; (III) o pinguim é
que permitem “expandir” tal afirmação.
uma ave e o pinguim possui asas. Através desses
exemplos particulares do pato, galinha e pinguim,
o pensamento indutivo permite concluir que aves
possuem asas.

Link
Acesse a reportagem: Lógica – Indução: casos
particulares se tornam lei geral. UOL educação.
Pesquisa Escolar. Filosofia. Disponível em: <ht-
tps://educacao.uol.com.br/disciplinas/fi-
losofia/logica---inducao-casos-particula-
res-se-tornam-lei-geral.htm>. Acesso em: 20
mar. 2017.

Glossário
Heurístico: referente à busca pela descoberta de fatos. Hipóteses adotadas provisoriamente
para direcionar investigação de fatos. Método pedagógico autodidata.
Gestalt: teoria psicológica de origem alemã. O termo Gestalt refere-se à forma.
Analogia: trata-se de uma relação de semelhança, análoga, presença de elementos comuns em
situações distintas.

?
Questão
para
reflexão
Vimos, nesta aula, que há muitas maneiras de executar

tarefas e resolver problemas. Alterando a organização e
o planejamento das questões-problemas pode-se che-
gar a respostas que antes poderiam não ser acessíveis.
Como este conhecimento pode contribuir para a atua-
ção de um professor que tem alunos com dificuldade de
aprendizagem?
131/195
• Alguns estudiosos desenvolveram teorias sobre a resolução de problemas e

através de modelos computacionais postularam que a forma como resolve-
mos problemas e buscamos soluções é constituída por estágios.
• A maioria dos problemas são solucionados através de propósitos heurísticos
que seriam como “regras de ouro”. O método heurístico difere da resposta
numérica, algorítmica, que tem apenas um valor correto. Não são todos os
problemas que possuem uma resposta única e numérica.
• A forma como os indivíduos representam os seus problemas interferem
muito no modo como estes são solucionados.
• O pensamento dedutivo passa de uma afirmação geral para o particular e
o pensamento indutivo faz o oposto, indo de afirmações particulares para
formulação de uma regra geral.
132/195
Referências
BARCO, Luis. A força sutil das analogias para resolver problemas. Revista Superinteressante.
31 out. 2016. Disponível em: <http://super.abril.com.br/comportamento/a-forca-sutil-das-ana-
logias-para-resolver-problemas/>. Acesso em: 20 mar. 2017.
LÓGICA: Indução – casos particulares se tornam lei geral. Da página 3 pedagogia e educação.
Uol educação Pesquisa Escolar. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filoso-
fia/logica---inducao-casos-particulares-se-tornam-lei-geral.htm>. Acesso em: 20 mar. 2017.
SILVA, Maria José de Castro. O jogo como estratégia para a resolução de problemas de conteúdo
matemático. Psicol. Esc. Educ. 2008, v. 12, n. 1, p. 279-282. Disponível em: <http://www.scie-
lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572008000100021&lng=en&nrm=iso>. Acesso
em: 23 mar. 2017.

Questão 1
1. Alguns estudiosos desenvolveram na década de 1960 teorias sobre a reso-
lução de problemas e através de modelos computacionais postularam que a
forma como resolvemos problemas e buscamos soluções é constituída por
estágios, que são, em ordem:
a) Seleção de ações, conjunto de variáveis, reavaliação da situação-problema e representação

espacial.
b) Projeção espacial, seleção de ações, seleção de recursos e reavaliação da situação-proble-
ma.
c) Seleção de objetos, Seleção de ações e reavaliação da situação-problema.
d) Representação espacial, seleção de ações, ações e reavaliação da situação-problema.
e) Reavaliação da situação-problema.
134/195
Questão 2
2. Sobre a resolução de problemas, é correto afirmar que:
a) A resolução de problemas por analogia ocorre de forma automática.

b) A forma como os indivíduos representam os seus problemas interferem muito no modo como
estes são solucionados.
c) “Means-ends analysis” é um método de solucionar problemas que partem do enunciado do
problema, ou seja do início, para chegar à resolução do mesmo.
d) Analogia e “means-ends analysis” são sinônimos.
e) No raciocínio indutivo todas as informações necessárias para a resolução do problema estão
disponíveis, sem que haja necessidade de recrutar informações complexas da memória de
longo prazo.
135/195
Questão 3
3. Uma das formas de se realizar a reorganização do problema através
de conhecimentos fornecidos pela Gestalt é organizando o enunciado do
problema:
a) Somando novas partes.

b) Adicionando novas etapas.
c) Dividindo o problema central em subpartes.
d) Buscando resolver o problema como um todo.
e) Enrijecendo as restrições.
136/195
Questão 4
4. Sobre o raciocínio dedutivo, é correto afirmar que:
a) Passa de uma afirmação geral para o particular.

b) É utilizado apenas em raciocínios matemáticos.
c) É realizado somente por crianças.
d) Passa de uma afirmação particular para uma conclusão geral.
e) Pode ser utilizado apenas em questões muito complexas.
137/195
Questão 5
5. Sobre o raciocínio indutivo, podemos afirmar que:
a) Passa de uma afirmação geral para o particular.

b) Ocorre apenas para cálculos matemáticos, pois nas demais habilidades, o raciocínio dedu-
tivo é o importante.
c) Apenas adultos possuem esse tipo de raciocínio, pois demanda formação cognitiva superior.
d) É igual ao raciocínio dedutivo, parte de um conhecimento amplo para uma constatação mais
específica.
e) O raciocínio indutivo parte de um conhecimento particular para uma constatação mais am-
pla, geral.
138/195
Gabarito
1. Resposta: D. que fazer para atingir a meta. c) Ação. Nesta
etapa, as ações pensadas são colocadas em
A resolução de problemas inclui os se- prática. d) Avaliação da situação-problema
guintes passos: a) Representação espacial pós-implementação das ações planejadas.
do problema: neste estágio incluem-se os Nesta etapa, uma reavaliação é realizada e
estágios inicial e o objetivo final; todas as caso o objetivo tenha sido atingido o prob-
informações importantes, o que se tem de lema foi solucionado.
informação acerca da questão a ser resolvi-
da, incluindo informações que possam não 2. Resposta: B.
estar explícitas, mas sejam acessíveis at-
ravés da memória de longo prazo. Trata-se A forma como o problema é representado
mesmo de uma representação que pode interfere diretamente em sua solução.
incorporar diagramas e esquemas visuais
para facilitar a elucidação do problema. b) A 3. Resposta: C.
segunda etapa consiste na seleção de ações
a serem realizadas para que o objetivo seja Um problema complexo pode ser dividido
atingido. Na etapa anterior temos um “es- em pequenos problemas. As soluções de
quema” do problema. Nesta, a seleção do suas partes poderão auxiliar na resolução
do problema original.
139/195
Gabarito
4. Resposta: A.
O pensamento dedutivo passa de uma afir-

mação geral para o particular.
5. Resposta: E.
O raciocínio indutivo parte de um conheci-

mento particular para fazer generalizações.
140/195
Unidade 7
Transtornos de aprendizagem relacionados ao planejamento, organização e execução de tarefas
Objetivos
1. Diferenciar as classificações gerais

dos transtornos de aprendizagem.
de aprendizagem.
3. Relacionar transtornos de aprendiza-
gem com planejamento, organização
e execução de tarefas.
141/195
Introdução
Funções executivas constituem um conjunto de processos cognitivos que

permitem a regulação da cognição e do comportamento, possibilitando o
engajamento do indivíduo em ações complexas. Essas habilidades estão
comprometidas em uma diversidade de condições clínicas (DIAS et al., 2010).
Quando falamos em planejamento, organização e execução de tarefas estamos falando em fun-
ções executivas, englobando a seleção de ações motivadas a atingir um objetivo. Essas habilida-
des e capacidades são fundamentais para estabelecer novos conhecimentos e aprendizagens.
As funções executivas são realizadas majoritariamente pelo lobo frontal, mais especificamente
pelo córtex pré-frontal. São várias as condições que podem levar ao prejuízo das funções execu-
tivas as quais interferem em muitos aspectos da aprendizagem. Entre essas, estão transtornos
psiquiátricos, lesões, injúrias e traumas cerebrais, entre outros. Nesta aula, você verá como alte-
rações da organização, do planejamento e da execução de tarefas interferem na capacidade de
aprendizagem (DIAS et al., 2010).
142/195 Unidade 7 • Transtornos de aprendizagem relacionados ao planejamento, organização e execução de tarefas

1. Distúrbios da aprendizagem que causem sofrimento psicológico, defici-
ências mentais ou sensoriais, entre outros.
Ao falarmos em distúrbio de aprendizagem Vale notar que mesmo sendo secundárias
é importante fazer uma primeira diferen- as soluções para melhores condições de
ciação: se o distúrbio possui caráter ines- aprendizagem podem não ser fáceis ou em
pecífico (também chamado de secundário alguns casos não recomendáveis.
ou sintomático) daqueles que são primários
É o que ocorre no caso de alterações cau-
(ou específicos).
sadas pelo uso de medicação prolongada,
Para os transtornos inespecíficos as causas como na epilepsia. Sabe-se que algumas
são identificáveis e, quando tratadas, ge- medicações podem prejudicar a memória,
ram uma melhora da aprendizagem como a velocidade do processamento das deci-
consequência. Entre eles estão os distúr- sões e o próprio juízo, mas esses remédios
bios de comportamento como o transtorno são também fundamentais para controlar
do déficit de atenção e hiperatividade, do- as crises que por si só já causam prejuízos
enças crônicas como a epilepsia que neces- cognitivos. Os distúrbios de aprendizagem
sita do uso de medicações que podem alte- inespecíficos constituem a maioria dos ca-
rar a cognição, mudanças na constituição, sos de alterações de aprendizagem.
convivência familiar ou outras situações
Já as dificuldades primárias afetam crianças
que possuem condições de aprendizagem Link
adequadas (frequentam escola, não pos- DIAS, Natália Martins; MENEZES, Amanda; SEA-
suem alterações psicológicas incapacitan- BRA, Alessandra Gotuzo. Alterações das funções
tes etc.). Os termos utilizados (transtorno, executivas em crianças e adolescentes. Est. In-
distúrbio, deficiência) são variados e con- ter. Psicol. [online], v. 1, n.1, p. 80-95, 2010. ISSN
troversos. Para serem classificados como tal 2236-6407. Disponível em: <http://pepsic.bv-
é necessário que o indivíduo passe por ava- salud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
liação neuropsicológica, com rebaixamento d=S2236-64072010000100006>. Acesso em:
significativo em habilidades de leitura, ma- 26 mar. 2017.
temática ou expressão escrita (com com-
prometimento além do esperado em caso Nesta aula, daremos maior atenção aos dis-
de existir déficit sensorial), sendo o compro- túrbios de aprendizagem que alteram espe-
metimento persistente ao longo do desen- cificamente a organização, planejamento e
volvimento. execução de tarefas, ou seja, os distúrbios
de aprendizagem que afetam as funções
executivas. As funções executivas estão en-
volvidas em diferentes operações, mas es-

sas estão relacionadas entre si, envolvendo 2. Classificação dos distúrbios
atenção seletiva, controle de impulsos, pla-
nejamento e avaliação de ações para atin- Disfunções das funções executivas acar-
gir um objetivo ou meta. Da mesma forma, retam diversas alterações comportamen-
alterações e prejuízos nessas habilidades tais em crianças e adolescentes, afetando
poderão gerar diversas alterações compor- a aprendizagem em graus variados. Entre
tamentais ou cognitivas, com dificuldade eles estão Transtorno de Déficit de Atenção
de seleção de informação, dificuldades de e Hiperatividade, transtornos invasivos ou
organização, planejamento e execução de globais do desenvolvimento (espectro au-
tarefas, bem como incapacidade de ante- tista, transtornos de aprendizagem, como a
cipar adequadamente consequências, com dislexia e a discalculia, síndromes genéticas,
imediatismos, impulsividade e prejuízo para como Síndrome de Prader-Willi, Síndrome
a vida social. de Williams e Síndrome de Down, quadros
neurológicos crônicos, como epilepsia etc).

2.1. Transtorno de déficit de
Para saber mais atenção e hiperatividade
A Síndrome de Williams é uma doença neuroge-
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hip-
nética rara com prevalência de cerca de 1:20.000.
eratividade (TDAH) consiste em um distúr-
Clinicamente, esses indivíduos apresentam al-
bio do comportamento que afeta principal-
terações cardiovasculares, de fácies e um per-
mente crianças. Trata-se de uma combi-
fil neuropsicológico bastante curioso: apesar de
nação da tríade déficit de atenção, impul-
apresentarem a linguagem relativamente pre-
sividade e hiperatividade que podem ocor-
servada, possuem distúrbios cognitivos graves.
rer em graus variados. Essas alterações afe-
O estudo de pessoas com Síndrome de Williams
tam vários âmbitos da vida da criança em
proporcionou esclarecimentos importantes acer-
suas relações sociais, além de acarretar em
ca das relações entre genes, comportamentos e
rendimento escolar abaixo do esperado. O
funções cognitivas.
prejuízo escolar costuma ser maior quando
Falaremos a seguir de algumas das disfun- o déficit é predominantemente de atenção.
ções e transtornos de funções executivas Entre os principais sintomas estão a inca-
que mais afetam a aprendizagem: pacidade de manter atenção focada por
tempo suficiente para realizar tarefas que
exijam uma quantidade relativamente
grande de informações. A distração ocorre Para saber mais
com muita facilidade para crianças com É importante que o diagnóstico diferencial de
TDAH e a capacidade de autocontrole e de TDAH para outras causas de alterações de com-
julgamento de consequências são falhas. portamentos seja feito de modo adequado e para
Levando tudo isto em conta, fica fácil per- isso se deve descartar algumas situações que
ceber que a vida escolar desses indivíduos possam gerar os mesmos sintomas, entre eles: al-
pode ser muito difícil: eles não possuem a terações da dinâmica familiar, estresse pós-trau-
atenção necessária para prestarem atenção mático, alterações na tireoide, epilepsia, abuso
nos conteúdos mais complexos, distraem-se ou dependência de drogas, doenças neurodege-
facilmente e com o julgamento prejudicado nerativas, entre outros.
muitas vezes não percebem a importância
de estudar e persistir no aprendizado. Mui- Comorbidades ao TDAH são bastante fre-
tas vezes, inclusive, o convívio social com os quentes, embora seja difícil precisar exata-
professores e com os demais alunos é ruim mente quanto. Entre as comorbidades mais
visto que muitas das situações escolares são frequentes estão o transtorno opositor de-
aversivas para os indivíduos que têm TDAH. safiante, distúrbios de conduta, depressão,
ansiedade, transtorno bipolar, distúrbios do
sono, distúrbios da personalidade e distúr-
bios de aprendizagem. De especial interes- Link
se para esta aula, vale notar que distúrbios MERCADANTE, Marcos T; VAN DER GAAG,
de aprendizagem também possuem alta Rutger J; SCHWARTZMAN, José S. Non-
prevalência em indivíduos com TDAH (50%, autistic pervasive developmental disorders:
sendo que 20-30% apresentam distúrbios Rett syndrome, disintegrative disorder
específicos de aprendizagem). and pervasive developmental disorder not
otherwise specified. Rev. Bras. Psiquiatr., São
2.2. Transtornos invasivos ou
Paulo, v. 28, supl. 1, p. s12-s20, maio 2006.
globais do desenvolvimento Disponível em: <http://www.scielo.br/
O autismo é um transtorno que possui scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
grande variedade de graus e intensidades, 44462006000500003&lng=en&nrm=iso>.
não podendo ser classificada como uma Acesso: 29 mar. 2017.
doença única, portanto. Possui prevalên-
cia relativamente alta (de 2 a 5 casos em Em comum, pessoas do espectro autista
1000), sendo o terceiro dentre os distúrbios apresentam déficit na comunicação e in-
de desenvolvimento, à frente da Síndrome teração social, padrão de comportamen-
de Down, por exemplo. tos repetitivos e pequeno repertório de
atividades tidas como prazerosas. Devido
a essa grande variedade da manifestação Link
desses sintomas passou-se a utilizar o ter- GADIA, C. A. et al. Autismo e doenças invasivas de
mo “Transtornos Invasivos do Desenvolvi- desenvolvimento. Jornal de Pediatria - Vol. 80,
mento” (TID). Em relação à linguagem, no- nº 2 (supl), 2004. Disponível em: <http://www.
vamente as habilidades são variadas, tanto scielo.br/pdf/jped/v80n2s0/v80n2Sa10>.
para capacidades verbais como não verbais, Acesso em 27 mar. 2017.
podendo ir desde a incapacidade total da
fala, passando por ecolalia, uso de jargões, Os subgrupos dos transtornos invasivos
aquisição de fala, mas com dificuldade para do desenvolvimento, segundo o DSM-IV
entender metáforas e sutilezas da língua, (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Tran-
com dificuldades também para interpretar stornos Mentais), incluem o autismo, a sín-
expressões faciais e corporais. drome de Rette, Transtorno Desintegrativo
da Infância, Transtorno Invasivo do Desen-
volvimento não Específico e a Síndrome de
Asperger.
O autista apresenta déficits qualitativos na
interação social, de comunicação e de pa-
drões de comportamento. No que se refere
às capacidades cognitivas, na Síndrome de
Asperger, diferentemente do autismo, o in-
divíduo não apresenta atraso significativo Para saber mais
de linguagem nem há atraso significativo
O termo “transtorno invasivo do desenvolvimen-
no desenvolvimento cognitivo, com preser-
to” começou a ser utilizado no final dos anos 1960,
vação de habilidades de autoajuda, com-
com a publicação do DSM-III e com a mudança do
portamentos adaptativos e de curiosidade
título de um jornal especializado em autismo e
em relação ao meio, mas há déficits sig-
nificativos na interação social e padrão de esquizofrenia para “Journal of Autism and Develop-
comportamentos estereotipados. ment Disorders” - algo como “Jornal do Autismo e
Desordens do Desenvolvimento, ao invés de utili-
No Transtorno Desintegrativo da Infância
zar os termos anteriores que eram “autismo e es-
o que ocorre é uma perda de capacidades
quizofrenia infantil”. O uso do termo “desordens
previamente adquiridas, como de lingua-
do desenvolvimento” trazem maior abrangência e
gem, habilidades sociais, lúdicas e motoras.
compreensão sobre a variedade de sintomas en-
Essas habilidades são adquiridas até aprox-
globadas nessas desordens.
imadamente os dois anos de idade, mas an-
tes dos dez ocorrem perdas significativas
nesses âmbitos.
Para fazer o diagnóstico diferencial entre os É importante salientar que embora estes
TIDs, muitas vezes, é necessário que uma transtornos apresentem dificuldades de
equipe multidisciplinar realize exames e tes- organização, planejamento e execução de
tes, com avaliação neuropsicológica, com tarefas, seus déficits envolvem também
avaliação de linguagem e exames comple- outros aspectos, como dificuldades de so-
mentares, incluindo testes genéticos. cialização.
Link
MOREIRA, G. E. Resolvendo problemas com alu-
nos com transtornos globais no desenvolvimen-
to: Desafios e Conquistas. EMR-RS, v. 1, n. 15,
p. 38-48, 2014. Disponível em: <http://www.
sbemrs.org/revista/index.php/2011_1/arti-
cle/view/106/87>. Acesso em: 27 mar. 2017.

Glossário
Comorbidade: consiste na associação de duas condições que possuem maior probabilidade de
ocorrem em conjunto. Exemplo: transtornos de ansiedade são comorbidades comuns do trans-
torno depressivo maior (depressão).
Espectro autista: termo referente à variedade de expressão de sintomas relacionados à dificul-
dade de comunicação por deficiência na linguagem, limitação para uso de simbologias e restri-
ções em socialização, com comportamentos estereotipados.
Ecolalia: repetição repetitiva dos últimos sons, palavras ou frases, como um eco.

?
Questão
para
reflexão
O uso de termos médicos e biológicos sofrem alterações

frequentes ao longo do tempo. É o que ocorre com trans-
tornos, desordens, déficits etc. O termo transtornos inva-
sivos do desenvolvimento é outro exemplo relativamen-
te recente de alteração terminológica. Por que você acha
que essas mudanças ocorrem? Você as considera impor-
tantes?
153/195
• As funções executivas são realizadas majoritariamente pelo lobo frontal,

mais especificamente pelo córtex pré-frontal.
• As funções executivas estão envolvidas em diferentes operações, mas essas
estão relacionadas entre si, envolvendo atenção seletiva, controle de impul-
sos, planejamento e avaliação de ações para atingir um objetivo ou meta.
• O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) consiste em um
distúrbio do comportamento que afeta principalmente crianças com uma
combinação da tríade déficit de atenção, impulsividade e hiperatividade
que podem ocorrer em graus variados.
• Em comum, pessoas do espectro autista apresentam déficit na comunica-
ção e interação social, padrão de comportamentos repetitivos e pequeno
repertório de atividades tidas como prazerosas. Devido a essa grande varie-
dade da manifestação desses sintomas passou-se a utilizar o termo “Trans-
tornos Invasivos do Desenvolvimento” (TID).
154/195
Referências
BARCO, Luís. A força sutil das analogias para resolver problemas. Revista Superinteressante.
31 out. 2016. Disponível em: <http://super.abril.com.br/comportamento/a-forca-sutil-das-ana-
logias-para-resolver-problemas/>. Acesso em: 20 mar. 2017.
DIAS, Nathalia Martins, MENEZES, Amanda e SEABRA, Alessandra Gotuzo. ALTERAÇÕES DAS
FUNÇÕES EXECUTIVAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES. Estudos Interdisciplinares em Psicolo-
gia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 80-95, jun. 2010. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.
php/eip/article/viewFile/8619/7238>. Acesso em: 31 maio 2017.
DSM-IV Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.
LÓGICA: Indução – casos particulares se tornam lei geral. Da página 3 pedagogia e educação.
Uol educação Pesquisa Escolar. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filoso-
fia/logica---inducao-casos-particulares-se-tornam-lei-geral.htm>. Acesso em: 20 mar. 2017.

SILVA, Maria José de Castro. O jogo como estratégia para a resolução de problemas de conteúdo
matemático. Psicol. Esc. Educ. 2008, v. 12, n. 1, p. 279-282. Disponível em: <http://www.scie-
lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572008000100021&lng=en&nrm=iso>. Acesso
em: 25 mar. 2017.
MERCADANTE, Marcos T; VAN DER GAAG, Rutger J; SCHWARTZMAN, José S. Non-autistic per-
vasive developmental disorders: Rett syndrome, disintegrative disorder and pervasive de-
velopmental disorder not otherwise specified. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 28, supl.
1, p. s12-s20, maio. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex-
t&pid=S1516-44462006000500003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 mar. 2017.

Questão 1
1. Quando falamos em planejamento, organização e execução de tarefas es-
tamos falando em:
a) Atenção.
b) Percepção.
c) Linguagem.
d) Funções executivas.
e) Funções cognitivas.
157/195
Questão 2
2. Sobre o TDAH, podemos afirmar que:
a) Crianças inquietas são acometidas necessariamente pelo TDAH, uma vez que este é o prin-
cipal sinal de desordem.
b) Nenhum caso é beneficiado pelo uso de ritalina.
c) Assim como a Doença de Alzheimer, o TDAH afeta principalmente os idosos.
d) O TDAH afeta principalmente adultos.
e) Trata-se de uma combinação da tríade déficit de atenção, impulsividade e hiperatividade
que pode ocorrer em graus variados.
158/195
Questão 3
3. Os subgrupos dos transtornos invasivos do desenvolvimento segundo o
DSM-IV incluem:
a) O autismo, a síndrome de Rette, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno Invasivo

do Desenvolvimento não Específico e a Síndrome de Asperger.
b) O autismo e a Síndrome de Asperger.
c) Síndrome de Rette, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno Invasivo do Desenvol-
vimento não Específico e Síndrome de Asperger.
d) Autismo, Transtorno Invasivo do Desenvolvimento não Específico e a Síndrome de Asperger.
e) Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno Invasivo do Desenvolvimento não Especí-
fico, autismo e Síndrome de Asperger.
159/195
Questão 4
4. Em relação à Síndrome de Asperger:
a) Diferentemente do autismo, não há movimentos estereotipados.

b) Diferentemente do autismo, o indivíduo não apresenta atraso significativo de linguagem
nem há atraso significativo no desenvolvimento cognitivo.
c) Não há preservação de habilidades de autoajuda.
d) Há ausência de comportamentos adaptativos e de curiosidade em relação ao meio.
e) Não há déficits significativos na interação social.
160/195
Questão 5
5. Sobre os TIDs podemos afirmar:
a) Não incluem o autismo.

b) É sinônimo para autismo e todos os indivíduos com esse diagnóstico apresentam os mesmos
sintomas em mesmo grau de gravidade.
c) Apresentam déficit na comunicação e interação social, padrão de comportamentos repeti-
tivos e pequeno repertório de atividades tidas como prazerosas.
d) O termo significa Transtornos Intrusivos do Desenvolvimento.
e) O termo significa Transtorno Desintegrativo da Infância.
161/195
Gabarito
1. Resposta: D. sividade e hiperatividade que pode ocorrer
em graus variados. Essas alterações afetam
Quando falamos em planejamento, orga- vários âmbitos da vida da criança em suas
nização e execução de tarefas estamos fa- relações sociais, além de acarretar em ren-
lando em funções executivas, englobando dimento escolar abaixo do esperado. O pre-
a seleção de ações motivadas a atingir um juízo escolar costuma ser maior quando o
objetivo. Essas habilidades e capacidades déficit é predominantemente de atenção.
são fundamentais para estabelecer novos
conhecimentos e aprendizagens. As fun-
3. Resposta: A.
ções executivas são realizadas majoritaria-
mente pelo lobo frontal. Os subgrupos dos transtornos invasivos
do desenvolvimento segundo o DSM-IV
2. Resposta: E. incluem: o autismo, a síndrome de Rette,
Transtorno Desintegrativo da Infância,
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hipe-
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
ratividade (TDAH) consiste em um distúrbio
não Específico e a Síndrome de Asperger.
do comportamento que afeta principal-
mente crianças. Trata-se de uma combi-
nação da tríade déficit de atenção, impul-
162/195
Gabarito
4. Resposta: B.
Na Síndrome de Asperger, diferentemente

do autismo, o indivíduo não apresenta atra-
so significativo de linguagem nem há atraso
significativo no desenvolvimento cognitivo.
5. Resposta: C.
Os Transtornos Invasivos do Desenvolvi-

mento (TID) apresentam déficit na comu-
nicação e interação social, padrão de com-
portamentos repetitivos e pequeno reper-
tório de atividades tidas como prazerosas.
163/195
Unidade 8
Lesões cerebrais e síndromes disexecutivas
Objetivos
1. Apresentar lesões cerebrais do lobo

frontal.
2. Apresentar a síndrome disexecutiva.
3. Relacionar lesões cerebrais com sín-
dromes disexecutivas.
164/195
Introdução
As funções executivas (FE) englobam um (talvez escolhendo algo agradável imedia-

grande número de habilidades cognitivas tamente, mas com o comprometimento do
de grande importância para a realização de objetivo a médio/longo prazo), desatenção,
uma grande variedade de atividades fre- déficits de memória operacional, alterações
quentes no nosso dia a dia. Entre elas es- comportamentais, entre outros. Nesta aula,
tão a atenção, autocontrole, planejamen- você estudará as lesões do lobo frontal e as
to, análise de riscos, tomada de decisões funções disexecutivas (pelo nome, você tem
e memória operacional, funções impor- alguma sugestão do que se trata?). É um
tantes para a realização de metas e obje- tema bastante complexo, mas igualmente
tivos futuros. Essas funções estão associa- interessante!
das principalmente ao lobo frontal e como
você provavelmente pode supor, lesões 1. Funções executivas
nessa região poderá causar déficits dessas
funções. Sabendo disso, você pode imagi- Como dito na introdução, as FE estão rela-
nar quais são os déficits? Lesões em regiões cionadas a habilidades de direcionar o com-
frontais geralmente resultam em pobre ju- portamento para atingir objetivos, balance-
lgamento, com tomada de decisões des- ando o que se quer fazer no momento per-
vantajosas para o cumprimento de metas ante o que será mais adequado e vantajoso
165/195 Unidade 8 • Lesões cerebrais e síndromes disexecutivas

a médio e longo prazo. Essas funções carac- As FE, além de englobarem um grande
terizam um importante marco na evolução, número de habilidades e capacidades já
pois os humanos são os animais que as pos- bastante importantes, também se relacio-
suem de modo mais complexo e avançado. nam com outras funções cognitivas, como
As FE permitem muitos comportamentos a linguagem.
humanos que são importantes para a vida
social, como o altruísmo e as capacidades
de imitar e aprender com o comportamento Link
dos outros, capacidades fundamentais para TONIETTO, Lauren et al. Interfaces entre funções
uma espécie como a nossa que é essencial- executivas, linguagem e intencionalidade. Paideia
mente social. Por serem mais complexas, o (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v. 21, n. 49, p.
seu desenvolvimento também é mais len- 247-255, ago. 2011. Disponível em <http://
to: inicia-se já no primeiro ano de vida, mas www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
desenvolvem-se intensamente entre os 6 e arttext&pid=S0103-863X2011000200012&l
os 8 anos de idade, continuando a se apri- ng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 30 mar. 2017.
morarem e se desenvolverem até o início da
vida adulta (FUENTES, et al., 2008).

2. Lobo frontal (a vontade e o engajamento na tarefa), o
planejamento, a ação proposital, que é o pró-
As FE são atribuídas ao lobo frontal, mais prio comportamento, devendo este passar
especificamente da região pré-frontal, que por avaliações e ser adequado sempre que
funcionaria como um maestro para Gol- necessário para o desempenho efetivo.
dberg (2012). Seguindo essa metáfora do
maestro, podemos perceber que a orquestra
continuaria existindo sem o maestro, assim
Para saber mais
como as atividades neurais sem o córtex Barkley (2001) propõe que as diferentes habili-
pré-frontal. No entanto, a ausência do ma- dades executivas se relacionam entre si, sendo
estro (e do córtex pré-frontal) fariam com (apud FUENTES et al., 2008):
que a eficiência e a organização das partes • Memória operacional: também chamada de
relacionadas fossem prejudicadas. E x i s - memória de trabalho é uma memória de curto
tem diferentes modelos para explicar como prazo responsável pela manutenção de infor-
as FE ocorrem e se relacionam. Lezak (apud mações na memória por tempo suficiente para
FUENTES et al., 2008) propõe que ocorrem serem manipuladas, como em cálculos mate-
etapas sequenciais e interdependentes en- máticos em que é necessário manter os núme-
tre quatro componentes, que são a volição ros na mente para realizar os cálculos.

Link
BORGES, Manuela et al. Síndromes disexecutivas
do desenvolvimento e adquiridas na prática clíni-
Para saber mais ca: três relatos de caso. Rev. psiquiatr. clín., São
• Fala internalizada: consiste na fala “apenas Paulo, v. 37, n. 6, p. 295-300, 2010. Disponível
para si”, pensamento. Auxilia na autoinstru- em: <http://www.scielo.br/pdf/rpc/v37n6/
ção, orientação a partir de regras, raciocínio a07v37n6.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2017.
moral e reflexão.
• Reconstituição: fluência, criatividade, ensaios Não há uma definição única para FE e os

mentais e avaliação do comportamento. diferentes aspectos destas estão bastante
interligados, caracterizando-se por serem
• Autorregulação: regulação própria, envolve
como maestros que organizam, planejam,
controle, possibilita que objetivos sejam aten-
executam, readéquam, controlam as ações
didos.
para atingirmos objetivos, mesmo os mais
simples do dia a dia como fazer comida ou ir
às compras.

2.1. Córtex pré-frontal entre outros. Trata-se de uma via muito im-
portante para as FE.
Como dito anteriormente, o lobo frontal é
Circuito lateral orbitofrontal: esta área faz
que é o responsável pelas FE, mas uma sub-
conexões extensivas com outras áreas en-
divisão importante deste lobo é essencial
volvidas em processamento emocional e
quando se trata deste assunto: estamos nos
cognitivo; áreas límbicas, incluindo amíg-
referindo ao córtex pré-frontal, localizado
dalas, hipotálamo e tronco cerebral. Devido
no lobo frontal e grande “culpado” das FEs
ao envolvimento dessas áreas, este circuito
ocorrerem (que bom que temos o córtex
relaciona-se com comportamentos sociais,
pré-frontal!). Vários circuitos neurais parti-
como a empatia (capacidade de se colocar
cipam deste “trabalho”.
no lugar do outro) e o controle inibitório, ne-
Circuito dorsolateral: esta região faz liga- cessário para se adequar às regras sociais.
ções com muitas áreas, e cognitivamente
está relacionado com planejamento, so-
lução de problemas, estabelecimento de
metas, memória operacional, flexibilidade
cognitiva, julgamento, tomada de decisões,

2.2. Lesões no lobo frontal: sín-
Para saber mais drome disexecutiva
O sistema límbico é composto por várias estru-
turas, entre elas estão a amígdala, o hipocampo,
A síndrome disexecutiva, como o próprio
o tálamo, o hipotálamo, o córtex pré-frontal e o nome indica, refere-se a prejuízos e altera-
tronco cerebral, que estão intimamente relaciona- ções nas funções executivas que podem ser
dos com as emoções. Cada uma dessas áreas está ocasionadas por lesões cerebrais ocorridas
mais relacionada com um tipo de emoção e mui- especificamente no lobo frontal, região res-
tas dessas relações foram estabelecidas através ponsável pelas FEs. Devido à complexidade
da ocorrência de lesões e manipulações das regi- e variedade de FE as manifestações da sín-
PARA SABER MAIS:
ões pertencentes ao sistema límbico. A retirada da drome disexecutiva podem ser também di-
amígdala, por exemplo, torna animais mais dóceis versas, com uma ou várias dificuldades pre-
e indiferentes ao sexo, já sua estimulação através judiciais as atividades cotidianas.
de impulsos elétricos os tornam mais agressivos.
Quando a região acometida por lesão é per-
Em humanos,
Circuitoa do
deleção da amígdala
cíngulo pode
anterior: estáprovo-
en- tencente ao circuito orbitofrontal lateral,
car ausência
volvido comdearespostas
motivação, emocionais,
controlecom
da apatia
aten- por exemplo, geralmente ocorre alteração
frenteseleção
ção, a estímulos e pessoas
e controle deque em situação nor-
respostas.
mal desencadeariam reações emocionais.
de comportamentos para maior frequência
em envolvimento em atividades de risco,
alterações de personalidade, principalmen-
te, com desobediências a regras sociais, in- Para saber mais
fantilização e baixa tolerância a frustração. Um paciente com síndrome disexecutiva, ocasio-
Como estes indivíduos têm dificuldade para nada por lesão do tálamo, pertencente ao circuito
avaliar situações e analisar riscos, suas to- dorsolateral, apresentava prejuízos significativo
madas de decisões ficam muito prejudica- de evocação, planejamento e categorização, sem
das. Ecolalia, ou seja, a repetição das últi- que houvesse mudanças comportamentais refe-
mas palavras ou sons também pode ocor- rentes à sua personalidade ou que sua atenção
rer, assim como a ecopraxia, que consiste na sofresse alterações. Este caso é importante por
repetição ou imitação de movimentos. revelar o caráter integrado do circuito pré-fron-
tal, mostrando que algumas FE podem ser altera-
das sem que as outras sofram prejuízos.
Se o comprometimento cerebral atingir

porções do circuito do cíngulo anterior, por
exemplo, os déficits são mais relacionados
a dificuldade na realização de atividades,
visto que a motivação estará prejudicada.
O indivíduo pode apresentar-se apático, questão com dados normativos. Esses dados
com dificuldade para focar a atenção, falhar são adquiridos através da extensa aplicação
em apresentar respostas instintivas e ter de testes em uma população heterogênea.
dificuldades em identificar e corrigir erros O desempenho dessa população é contabi-
(FUENTES et al., 2008). lizado e várias análises são feitas. Os resul-
tados são então divididos por critérios como
3. Avaliação das síndromes di- gênero, escolaridade, idade etc.
sexecutivas Assim, é possível comparar o resultado do
paciente com queixas de FE com uma pop-
Para diagnosticar um indivíduo com sín-
ulação parecida com ele (mesma idade,
drome disexecutiva é necessário realizar al-
gênero ou escolaridade) e saber quanto ele
guns testes e exames. Devido ao nosso in-
desvia da população saudável.
teresse nas FE, nesta aula nos atentaremos
às avaliações neuropsicológicas, pertinen-
tes à cognição. Essas avaliações são feitas
através de testes que buscam medir as ca-
pacidades e habilidades das FE de modo a
comparar o desempenho do indivíduo em

requerem as FE para serem bem executa-
Link das. Entre as características avaliadas estão
HAMDAN, Amer Cavalheiro; PEREIRA, Ana Paula de a flexibilidade de respostas frente à mu-
Almeida. Avaliação neuropsicológica das funções dança das condições, avaliação de escolhas
executivas: considerações metodológicas. Psicol. e como estas são selecionadas, capacidade
Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 22, n. 3, p. 386-393, de estimar o tempo que seria necessário
2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/ para realizar diversas tarefas, planejamen-
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- tos de ações e automonitorização das mes-
79722009000300009&lng=en&nrm=iso>. mas.
Acesso em: 31 mar. 2017. Além deste teste, muitos outros são utiliza-
dos, como a Torre de Londres, que avalia a
Entre os testes mais utilizados para esse tipo capacidade de decisão estratégica e de res-
de avaliação estão o “Behavioral Assessment olução de problemas para crianças e o tes-
of the Dysexecutive System”, uma bateria de te de Stroop, em que a pessoa deve falar a
testes para avaliar comportamentos na sín- cor que as palavras estão pintadas e não as
drome disexecutiva através de simulação de ler. Essa tarefa é dificultada devido ao fato
situações do dia a dia, buscando encontrar das palavras escritas serem nomes de cores,
déficits nessas atividades corriqueiras que ou seja, se temos a palavra escrita “VERDE”
pintada da cor vermelha o indivíduo deverá
dizer vermelho e não verde! Esta tarefa é
difícil, pois para pessoas alfabetizadas ler é
uma atitude automática e não ler é algo que
necessita de inibição e controle. Para saber mais
Vamos simular o teste de Stroop? Tente dizer as
cores que estão escritas abaixo e não ler as pala-
vras. Exemplo: para a palavra VERDE você diz ver-
melho, combinado?
VERDE AZUL AMARELO ROSA ROSA VERMELHO

AZUL AMARELO VERMELHO AZUL ROSA VERDE
AZUL AMARELO VERMELHO AZUL VERDE

Glossário
Altruísmo: oposto ao egoísmo, considerar o que será melhor para o outro ao tomar uma deci-
são, filantropia.
Volição: vontade, capacidade de se engajar nas atividades, comportamento consciente de es-
colhas.
Evocação: recuperação de informações da memória, produzir informações da memória.

?
Questão
para
reflexão
As funções executivas começam a se desenvolver já no

primeiro ano de vida, mas continuam o seu desenvolvi-
mento até um período relativamente tardio da vida, no
início da adolescência. Qual é a importância do incen-
tivo ao engajamento em atividades que envolvem FE?
Você poderia imaginar algumas brincadeiras que neces-
sitariam de FE e que poderiam ser facilmente realizadas
por pais ou responsáveis com seus filhos?
176/195
• Funções executivas (FE) estão relacionadas a habilidades de direcionar o
comportamento para atingir objetivos.
• O lobo frontal, mais especificamente o córtex pré-frontal, é o principal “res-
ponsável” pelas FE.
• A síndrome disexecutiva, como o próprio nome indica, refere-se a prejuízos
e alterações nas funções executivas que podem ser ocasionadas por lesões
cerebrais ocorridas especificamente no lobo frontal, região responsável pe-
las FEs.
• Vários circuitos neurais participam das FE: circuito dorsolateral, circuito la-
teral orbitofrontal e circuito do cíngulo anterior:
177/195
Referências
BORGES, Manuela et al. Síndromes disexecutivas do desenvolvimento e adquiridas na prática clí-

nica: três relatos de caso. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 37, n. 6, p. 295-300, 2010. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rpc/v37n6/a07v37n6.pdf >. Acesso em: 30 mar. 2017.
FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ L. F.; CAMARGO, C. H. P.; COSENZA, R. M. et al. (2008). Neuropsico-
logia – Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed.
HAMDAN, Amer Cavalheiro; PEREIRA, Ana Paula de Almeida. Avaliação neuropsicológica das
funções executivas: considerações metodológicas. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 22, n.
3, p. 386-393, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0102-79722009000300009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 31 mar. 2017.
TONIETTO, Lauren et al. Interfaces entre funções executivas, linguagem e intencionali-

dade. Paidéia) (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v. 21, n. 49, p. 247-255, ago. 2011. Disponível
em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2011000200012&l-
ng=pt&nrm=iso>. Acessos em 30 mar. 2017.

Questão 1
1. As funções executivas estão relacionadas a(à):
a) Habilidades de direcionar o comportamento para atingir objetivos, balanceando o que se quer

fazer no momento perante o que será mais adequado e vantajoso a médio e longo prazo.
b) Habilidades de produzir fala com sentido e repetir palavras quando requerido.
c) Cognição, são as funções cognitivas como atenção, linguagem e percepção.
d) Capacidade de pensar no aqui e agora, valorizando o que o momento pode oferecer sem re-
alizar planos, similar a ideia de “carpe diem” (aproveite o dia).
e) Considerar apenas planos futuros sem considerar o que seria vantajoso no momento.
179/195
Questão 2
2. Sobre o desenvolvimento das funções executivas podemos dizer que a
alternativa mais completa é:
a) Inicia e termina o seu desenvolvimento por volta dos 15 anos de idade.

b) Inicia-se no início da vida adulta e se desenvolve até aproximadamente os 30 anos.
c) Inicia-se por volta dos 6 anos e continua até o início da idade adulta.
d) Inicia-se no primeiro ano de vida e atinge seu ápice por volta dos 7 anos, cessando o desen-
volvimento após esta data.
e) Inicia-se já no primeiro ano de vida, mas desenvolvem-se intensamente entre os 6 e os 8
anos de idade, continuando até o início da vida adulta.
180/195
Questão 3
3. O(s) circuito(s) que envolve(m) o córtex pré-frontal e que está(ão) rela-
cionado(s) as FE são:
a) Circuito dorsolateral.
b) Circuito lateral orbitofrontal.
c) Circuito dorsolateral, circuito lateral orbitofrontal e circuito do cíngulo anterior.
d) Circuito do cíngulo anterior.
e) Circuito dorsolateral, circuito lateral orbitofrontal.
181/195
Questão 4
4. Escolha a alternativa que melhor explica a síndrome disexecutiva:
a) A síndrome disexecutiva manifesta-se da mesma forma em todos os indivíduos que apre-

sentam este diagnóstico.
b) Quando a região acometida por lesão é pertencente ao circuito orbitofrontal lateral geral-
mente ocorre alteração de comportamentos para maior frequência em envolvimento em
atividades de risco e alterações de personalidade principalmente com desobediências a re-
gras sociais.
c) Indivíduos com a síndrome disexecutiva mantêm a capacidade de julgamento.
d) Lesões e alterações em regiões cerebrais não são capazes de explicar a ocorrência da síndro-
me disexecutiva.
e) Lesões no lobo occipital estão diretamente relacionadas às alterações comportamentais
que ocorrem na síndrome disexecutiva.
182/195
Questão 5
5. Entre os testes utilizados para avaliar funções executivas, podemos afir-
mar que:
a) Testes neuropsicológicos não são capazes de avaliar FE. São necessários exames fisiológicos
para tanto, como exames de sangue, imagens de ressonância magnética etc.
b) Testes que avaliam a memória verbal e visual são adequados para analisar FE.
c) Torre de Londres é um teste que simula várias situações do dia a dia para analisar como o
indivíduo se engaja na resolução de problemas e na inibição de vontades.
d) Estão o “Behavioral Assessment of the Dysexecutive System”, Torre de Londres e o Teste de
Stroop.
e) O teste “Torre de Londres” apresenta palavras coloridas. Ao participante é requerido que ele
fale a cor que a palavra está pintada ao invés de a ler.
183/195
Gabarito
1. Resposta: A. 3. Resposta: C.
As Funções Executivas estão relacionadas a Circuito dorsolateral, circuito lateral orbito-
habilidades de direcionar o comportamento frontal e circuito do cíngulo anterior são os
para atingir objetivos, balanceando o que se circuitos relacionados às funções executi-
quer fazer no momento perante o que será vas.
mais adequado e vantajoso a médio e longo
prazo. 4. Resposta: B.
2. Resposta: E. A síndrome disexecutiva, como o próprio

nome indica, refere-se a prejuízos e altera-
Devido a sua complexidade, as FE apresen- ções nas funções executivas que podem ser
tam um desenvolvimento mais lento, ini- ocasionadas por lesões cerebrais ocorridas
ciando-se no primeiro ano de vida, atingin- especificamente no lobo frontal, região res-
do seu ápice de desenvolvimento por vol- ponsável pelas FEs. Devido à complexidade
ta dos 7 anos de idade, permanecendo em e variedade de FE as manifestações da sín-
progresso até o início da vida adulta. drome disexecutiva podem ser também di-
versas, com uma ou várias dificuldades pre-
judiciais as atividades cotidianas. Quando a
184/195
Gabarito
região acometida por lesão é pertencente ao
circuito orbitofrontal lateral, por exemplo,
geralmente ocorre alteração de compor-
tamentos para maior frequência em envol-
vimento em atividades de risco, alterações
de personalidade principalmente com de-
sobediências a regras sociais, infantilização
e baixa tolerância à frustração. Como estes
indivíduos têm dificuldade para avaliar si-
tuações e analisar riscos, suas tomadas de
decisões ficam muito prejudicadas.
5. Resposta: D.
“Behavioral Assessment of the Dysexecutive

System”, Torre de Londres e o teste de Stro-
op são testes que podem ser utilizados para
avaliar FE.
185/195

Funções Executivas Na Aprendizagem

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Funções Executivas Na Aprendizagem

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Funções Executivas no Processo de

Como aprender se não utilizamos nossos ajudando você a compreender melhor o

1. Apresentar as funções cognitivas e

FONSECA, V. Papel das funções cognitivas, cona-

Embora as funções cognitivas e executivas possam ser

• Funções cognitivas são habilidades mentais que permitem o raciocínio, a

AVILA, R., MIOTTO, E. Funções executivas no envelhecimento normal e na doença de Alzheimer.

SABBATINI, R. M. E. A. Evolução da inteligência. Parte 5: Linguagem e Evolução. Disponível em:

a) São habilidades sensoriais.

a) Foi um filósofo do século XIX que estudou questões existenciais.

a) Consiste em um processo de guardar informações e experiências para possível recuperação

a) A segunda unidade funcional possui as funções de programar, regular e verificar a atividade

a) Incluem percepção, memória, linguagem e atenção.

Luria, no entanto, formulou um novo mode- 3. Resposta: A.

A primeira unidade funcional de Luria está As funções executivas envolvem habilida-

1. Apresentar os estágios da cognição

30/195 Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações

Para saber mais

2) Modelos computacionais: esta abordagem envolve simulações de certas funções cogniti-

31/195 Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações

Para saber mais

32/195 Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações

33/195 Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações

34/195 Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações

38/195 Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações

39/195 Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações

O processamento da informação é um assunto bastan-

• O processamento cognitivo consiste no modo como as informações

42/195 Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações

a) Psicologia Experimental e Social.

a) A seleção se dá logo no início da exposição à informação.

a) Todas as funções cognitivas, como linguagem, atenção e percepção.

1. Apresentar a definição de percepção,

51/195 Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória

52/195 Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória

53/195 Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória

Atenção: consiste, basicamente, na capacidade de concentração. São muitos os elementos, per-

54/195 Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória

56/195 Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória

Para saber mais Para que as funções cognitivas anterior-

57/195 Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória

61/195 Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória

Aspectos culturais interferem em regras e na definição

• Embora muitos elementos sejam importantes para que a percepção, aten-

BARBOZA, Laura Mont Serra. Psicopedagogia e aprendizagem: Coletânea de Reflexões. Curitiba,

LURIA, A. R. Fundamentos da neuropsicologia. São Paulo: Rd da USP, 1981.

64/195 Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória

65/195 Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória

a) Camada mais externa do cérebro.

a) A Gestalt considera que o conhecimento de uma parte do todo equivale ao conhecimento

a) A linguagem se dá em humanos como em outros animais falantes, como papagaios.

a) Dependem apenas do aprendizado de regras sociais.

1. Definição de percepção, atenção, ini-

74/195 Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole

Muitos sinestésicos reportam que além de ver 2.2. “Blindsight”

Para saber mais 2.3. Negligência espacial unila-

78/195 Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole

O lobo frontal é de fundamental importân-

81/195 Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole

82/195 Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole

83/195 Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole

84/195 Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole

Mudanças comportamentais e de personalidade podem