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Programas de intervenção cognitiva em funções executivas para escolares

Rochele Paz Fonseca - PUCRS


Janice da Rosa Pureza - PUCRS
Caroline de Oliveira Cardoso - Feevale e PUCRS
Hosana Alves Gonçalves - IENH e PUCRS

A neuropsicologia cresceu consideravelmente com ênfase principalmente em seu


eixo de avaliação de processos e de subprocessos cognitivos. Assim, muitos métodos e
ferramentas de avaliação foram desenvolvidos considerando fatores biológicos e
culturais em suas normas. Em contrapartida, no que tange à intervenção
neuropsicológica, a abordagem mais tradicional que fez a reabilitação neuropsicológica
se consolidar ainda é a que prevalece, sendo muito menos desenvolvida em termos de
procedimentos, estratégias e programas do que o nicho de avaliação neuropsicológica.
Neste contexto, destaca-se que as técnicas remediativas apresentam mais estudos de
eficácia, efeito terapêutico e efetividade (para uma revisão, consultar Gindri et al, 2012;
Wilson et al, 2017) do que os procedimentos de estimulação neuropsicológica precoce-
preventiva, ainda bem menos conhecida. Adicionalmente, Wilson (2013), em uma
revisão do estado da ciência da reabilitação neuropsicológica destaca como uma grande
inovação os desenvolvimentos recentes de métodos de intervenção infantil.

Dentre os componentes cognitivos com maior rede de investimento e de estudos


de evidências de efeito específico ou de transferência interna (para outros domínios e
subdomínios cognitivos) e externa (generalização para fora do âmbito clínico), estão as
complexas e desafiadoras funções executivas. Estas englobam uma circuitaria de
recursos cognitivos de todas as conexões frontais em prol da realização de múltiplas
tarefas com maior demanda de complexidade, dificuldade e inovação, envolvendo
organização, planejamento, metacognição, iniciação, inibição, flexibilidade mental,
velocidade de processamento, automonitoramento e autorregulação, abstração, teoria da
mente e processamento de inferências, resolução de problemas, tomada de decisão,
entre outros. Sua unidimensionalidade tem sido mais associada ao início do
desenvolvimento infantil, progredindo para uma multidimensionalidade, com
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participação transversal em todos seus subcomponentes do controle inibitório (para uma


revisão, consultar Friedman & Myiake, 2017). A importância do neurodesenvolvimento
destas habilidades é tamanha que há repercussões para o sucesso acadêmico,
socioemocional, e profissional, influenciando, inclusive, na prevenção ou no risco para
psicopatologias, quando as funções executivas encontram-se suficientemente ou
insuficientemente desenvolvidas, respectivamente (Diamond, 2013). As intervenções
precoce-preventivas, isto é, aquelas que procuram estimular habilidades executivas no
decorrer do desenvolvimento típico, durante ou um pouco antes da “abertura das janelas
ótimas de desenvolvimento”, tem despontado na literatura internacional como as que
mais evidenciam promoção de neurodesenvolvimento e de reserva cognitiva (Cardoso et
al, 2016; Diamond & Ling, 2015). Em contraponto, o termo treinamento cognitivo tem
sido muito mais ligado a programas e estratégias com menor potencial de generalização
para a vida diária. Em geral, os programa sde intervenção são para ambientes clínicos.
No entanto, no âmbito da estimulação precoce-preventiva, cada vez mais nota-se
investimento em estratégias adotadas na vida escolar (Cardoso et al, 2016).

No presente capítulo, tem-se por objetivo apresentar e ilustrar técnicas e


vinhetas de casos de três programas nacionais de estimulação precoce-preventiva de
funções executivas no ambiente escolar. Efeitos terapêuticos serão exemplificados à luz
de casos. Primeiramente, será abordado o Programa de capacitação de educadores
em neuropsicologia da aprendizagem - Programa CENA (Pureza & Fonseca, 2016),
desenvolvido e validado por Pureza e Fonseca (2017). Em um segundo momento, será
ilustrado o Programa de Estimulação Neuropsicológica da Cognição em Escolares:
ênfase nas funções executivas - Programa PENcE (Cardoso & Fonseca, 2016),
desenvolvido e validado por Cardoso et al (2017). Por fim, será apresentado o último
programa desenvolvido no Grupo Neuropsicologia Clínica e Experimental do Programa
de Pós-Graduação em Psicologia, área de concentração Cognição Humana, da PUCRS,
ainda em fase de publicação, o Programa de estimulação da compreensão leitora e
das funções executivas - Programa PECOLEFE (Gonçalves, 2019; Gonçalves &
Fonseca, no prelo). Estes três programas fazem parte da coleção NeuroPsi Aprende, em
prol de estimular funções executivas para a potencialização de uma aprendizagem mais
eficiente.
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Programa de capacitação de educadores em neuropsicologia da


aprendizagem – CENA
Entre as possíveis abordagens que objetivam a estimulação das funções
executivas no contexto escolar, a psicoeducação e capacitação de educadores vem a ser
uma alternativa interessante, pois as práticas e estratégias pedagógicas desenvolvidas
pelo(a) professor(a) em sala de aula contribuem para o incremento de habilidades
cognitivas e comportamentais por parte de seus alunos, refletindo no processo de
aprendizagem (Arruda, 2015; Consenza & Guerra, 2011; Meltzer, 2010; Pureza &
Fonseca, 2016). No entanto, a maioria dos estudos encontrados na literatura científica
contemplam intervenções para estimulação de funções executivas aplicadas diretamente
em crianças no âmbito escolar, por meio de da mediação do professor Dias & Seabra,
2013; Pureza, Martins, & Fonseca, 2016; Raver, Jones, Li-Grining, Zhai, & Pressler,
2011; Rosário, Núñes, & González-Pienda,2007).
De modo geral, esses programas apresentam como objetivo a preparação de
crianças pequenas para a prontidão escolar e visam estimular as funções executivas e
habilidades de autorregulação. Os resultados dessas intervenções são promissores,
evidenciando um incremento em habilidades acadêmicas e funções executivas por parte
das crianças (Dias & Seabra, 2013; Pureza, Martins, & Fonseca, 2016; Raver, Jones,
Li-Grining, Zhai, & Pressler, 2011; Rosário, Núñes, & González-Pienda,2007).
Entre os poucos programas de capacitação de professores encontrados na
literatura, o Projeto Neuroeduca foi uma abordagem de capacitação promovida para
professores de creches e escolas públicas de Belo Horizonte (MG), com o objetivo de
orientá-los para a utilização dos conhecimentos advindos das neurociências na prática
docente e no manejo de problemas de aprendizagem (Guerra, Pereira, & Lopes, 2004;
Pureza, Martins, & Fonseca, 2016). Na tentativa de atender uma demanda importante do
contexto educacional, o CENA - Programa de Capacitação de Educadores em
Neuropsicologia da Aprendizagem – com ênfase em funções executivas e atenção trata-
se de uma modalidade de intervenção neuropsicológica precoce-preventiva que tem por
objetivo psicoeducar e capacitar professores e demais profissionais da área da educação
para a estimulação das funções executivas em crianças do Ensino fundamental I (Pureza
& Fonseca, 2016).
O processo de desenvolvimento do CENA contemplou três etapas específicas,
como pesquisa aos pressupostos teóricos sobre neuropsicologia e educação; construção
do programa e brainstorming entre autores e análise de juízes. O programa apresentou
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adequação no que se refere aos critérios de objetivos, estrutura, linguagem e método,


demonstrando evidência de validade de conteúdo (Pureza & Fonseca, 2017). Por
conseguinte, o CENA foi planejado para ser realizado em 11 sessões, contemplando
temáticas específicas sobre neuropsicologia da aprendizagem. As duas sessões iniciais
abordaram temas e conceitos sobre neuropsicologia e sua relação com a área da
educação; funções cognitivas relacionadas ao processo de aprendizagem (atenção,
memória, linguagem e funções executivas); breve introdução sobre os processos de
autorregulação e metacognição; orientações gerais para estimular funções executivas em
sala de aula (Pureza & Fonseca, 2016).
Além disso, foram destinados módulos para quatro componentes executivos
devido sua importância para a aprendizagem na infância, como planejamento, controle
inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva (Diamond, 2012, 2013; Dias &
Seabra, 2013; Meltzer, 2010; Pureza & Fonseca, 2016). Inicialmente, em cada módulo,
foram trabalhados conceitos e fundamentos para o componente executivo alvo e foram
apresentadas sugestões de atividades que servem de base para que o(a) professor(a),
com entendimento, autonomia e criatividade, possa adaptar e desenvolver novas
estratégias de acordo com sua prática docente e currículo escolar. No final de cada
sessão, os(as) professores(as) responderam um questionário de avaliação de cada
encontro (aspectos metodológicos, operacionais e atividades implementadas em sala de
aula e críticas e sugestões). A última sessão desta intervenção foi destinada para uma
avaliação geral do programa e uma apresentação de atividades planejadas pelas
professoras para estimular funções executivas em seus alunos. Estas atividades foram
combinadas previamente no início do programa de capacitação (Pureza & Fonseca,
2016). A seguir, seguem exemplos de uma atividade de cada módulo trabalhado nesta
intervenção.

Atividade do módulo de planejamento: Organização de ideias e informações –


atividade de sequência lógica
Esta tarefa tem por objetivo estimular habilidades organização, sequenciamento
e planejamento por meio de da observação de detalhes de imagens apresentadas em
cartões fora de ordem sequencial. A criança necessita identificar a sequenciação das
ações apresentadas para organizar as imagens de modo que formem uma história com
início, meio e fim. Além dos componentes executivos, esta atividade demanda as
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funções de atenção, memória episódico-semântica e linguagem e pode ser realizada


coletiva ou individualmente.

Figura 1: Atividade 2.5a Sequência - fotógrafa - módulo planejamento do livro


CENA - Programa de capacitação de educadores em neuropsicologia da aprendizagem.

Atividade do módulo de controle inibitório: Ora sim, ora não 1


O objetivo desta atividade é estimular, primeiramente, o controle inibitório,
assim como atenção visual e flexibilidade cognitiva (indiretamente). Deve ser
apresentada uma sequência de imagens para as crianças, por exemplo, animais ou
bandeiras, e elas devem dizer SIM sempre que virem uma imagem qualquer, exceto,
quando aparecer uma imagem de algum estímulo previamente combinado (bandeira do
Brasil ou gato). Neste caso, devem permanecer em silêncio. Sugere-se que esta
atividade seja realizada coletivamente.

Figura 2: Atividade 3.7 Ora sim, ora não 1 - módulo controle inibitório do livro CENA -
Programa de capacitação de educadores em neuropsicologia da aprendizagem.

Atividade do módulo de memória de trabalho: Hora do conto – criando um


final diferente
A hora do conto tem por intuito estimular a memória de trabalho e flexibilidade
cognitiva numa atividade já conhecida pelos professores. Neste caso, são lidas histórias
para as crianças e estas devem recontar as histórias apresentando um final diferente,
utilizando as informações essenciais e buscando novas alternativas para produzir um
desfecho. Esta atividade pode ser realizada coletivamente, em pequenos e grandes
grupos (estimulando a interação e troca de ideias entre as crianças).

Atividade do módulo de flexibilidade cognitiva: E agora ... O que fazer?


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Esta tarefa pretende estimular a flexibilidade cognitiva (reflexão, raciocínio e


tomada de decisão). São apresentados cartões com situações de convivência social e as
crianças são solicitadas a refletir sobre cada situação e decidir sobre a conduta mais
adequada a ser adotada. Esta atividade pode ser realizada individual ou coletivamente,
finalizando com uma reflexão em grande grupo.

Figura 3: Atividade 5.5 E agora ... O que fazer? - módulo flexibilidade cognitiva do
livro CENA - Programa de capacitação de educadores em neuropsicologia da
aprendizagem.

Este programa de intervenção foi desenvolvido como tema de estudo de


doutorado e foi publicado pela Editoria BookToy (Pureza, 2017; Pureza & Fonseca,
2016). No que se refere às evidências de efetividade do CENA, pode-se observar um
efeito de transferência para habilidades acadêmicas, ou seja, as crianças cujas
professoras participaram do programa de capacitação apresentaram melhores
desempenho em tarefas que demandam habilidades aritméticas. Observou-se, ainda, que
as professoras participantes da intervenção demonstraram um olhar mais acurado sobre
o comportamento executivo dos seus alunos, evidência registrada nos resultados do
Behavior Rating Inventory of Executive Function (BRIEF) respondido pelas docentes
antes e após a intervenção. Neste inventário, as professoras apresentaram um melhor
entendimento sobre ações e atitudes sugestivas de dificuldades executivas por parte de
seus alunos em relação às habilidades de planejamento, controle inibitório e memória de
trabalho quando comparadas com suas avaliações realizadas na fase anterior à
implementação do programa de capacitação (Pureza, 2017).
Complementando a análise quantitativa, foram registrados relatos e observações
das professoras participantes da capacitação, por meio de de instrumentos destinados à
avaliação por parte do grupo docente. Destacaram-se relatos sobre a aplicação das
atividades, como a observação de uma professora sobre o comportamento de uma aluna
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na atividade do diário de classe (registrar acontecimentos e aspectos importantes na


vivência do dia de aula – planejamento e reflexão sobre seu comportamento e emoções):
“Uma aluna, que costuma mentir sempre, resistiu muito para fazer essa atividade.
Porém, um dia, ela resolveu escrever no seu diário. Aí, me chamou, e disse: professora,
eu minto muito, né? Mas hoje não vou mais mentir.” Outra docente reforçou o impacto
intervenção na sua vida: “Essa capacitação está ajudando, não somente no meu
trabalho com as crianças, mas na minha vida pessoal. Me dei conta que, mesmo nesta
fase da minha vida, eu não sabia me organizar e planejar. Estou aprendendo agora.”
Nas avaliações finais, os relatos evidenciaram o impacto da capacitação nas
professoras e alunos. Uma professora salientou que “o curso que nós fizemos das
funções executivas foi importante para reforçar alguns conhecimentos que a gente
tinha, algumas práticas, para dar um embasamento teórico das ações que a gente fazia,
relembrar e inovar atividades. O reflexo nos alunos foi bem importante, vimos o
crescimento deles, o planejamento das atividades e vimos que estamos no caminho
certo.” A seguir, será apresentado um caso ilustrativo de desfecho do programa.
P. (31 anos) era professora de uma turma do 2º ano do Ensino Fundamental I em
uma escola pública estadual na cidade de Porto Alegre (RS). Durante a capacitação do
módulo planejamento do CENA, ela realizou com seus alunos as atividades de
organização da mochila escolar e organização da sala de aula, pois constatava que as
crianças esqueciam e perdiam materiais escolares com frequência. No início, sentiu
certa resistência por parte dos alunos, mas com a implementação e sistematização destas
atividades, pode perceber resultados interessantes. Notou que diminuiu
consideravelmente o número de materiais esquecidos ou perdidos em aula. Além disso,
ao exercitar e trabalhar juntamente com as crianças a organização da sala, percebeu
iniciar um processo de conscientização sobre o ambiente escolar. Um dia, a escola ficou
sem funcionário para limpeza geral. As crianças, ao observarem o pátio e áreas comuns
da escola sem limpeza, decidiram, por livre e espontânea vontade, organizar e colocar
nas lixeiras objetos que foram descartados nesses espaços. Este fato exemplifica a
transferência de habilidades estimuladas em aula para outros ambientes e contexto de
vida das crianças.
Percebe-se, por meio de destes registros, a importância de mais investimentos
em estudos e programas de intervenção precoce-preventiva para estimulação de
habilidades cognitivas no contexto escolar. A adoção de políticas que promovam a
interface entre neuropsicologia e educação pode contribuir para a formação de uma rede
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multiplicadora para a transferência de conhecimentos em neuropsicologia com


aplicabilidade direta na comunidade escolar, podendo contribuir para o processo de
ensino e aprendizagem.

Programa de Estimulação Neuropsicológica da Cognição em Escolares: ênfase nas


funções executivas (PENcE)

Por meio de intervenções e treinos as FE podem ser estimuladas e desenvolvidas


(Cardoso et al., 2016, Diamond & Lee, 2011). Diamond e Lee (2011) ressaltam que há
6 tipos de intervenções que melhoram as FE em crianças: 1) treino computadorizado; 2)
jogos computadorizados e não-computadorizados; 3) exercícios aeróbicos; 4) artes
marciais e mindfulness; 5) currículos; e 6) programas curriculares complementares. Ao
apresentar e discutir os prós e contras dos diferentes métodos que buscam melhorar as
FE, Diamond & Ling (2015) destacaram que para algumas abordagens, como por
exemplo os treinos computadorizados, não há evidência de transferência de ganhos para
outras áreas ou habilidades cognitivas. Em contrapartida, efeitos de transferências são
encontrados principalmente nas abordagens artes marciais, mindfulness e currículos
escolares/complementos curriculares. De forma mais específica, para conhecer e
caracterizar as intervenções neuropsicológicas de FE para crianças com
desenvolvimento típico, Cardoso et al. (2016) elaboraram uma revisão sistemática.
Nesse estudo foram incluídas 19 pesquisas, sendo que a maioria foi desenvolvido para
crianças em idade pré-escolar e os programas computadorizados foram os mais
utilizados. Entre os programas classificados na abordagem currículo escolar ou
complemento curricular (programas de intervenção inseridos no currículo escolar, ao
longo do ano letivo e geralmente, mediado pelo professor) destacam o Tools of the Mind
(Ferramentas da Mente) (Barnett et al., 2008; Bodrova & Leong, 2007; Diamond et al.,
2007); PATHS - Promoting Alternative Thinking Strategies (Riggs, Greenberg, Kusch,
& Pentz, 2006); Serrilho do Amarelo (Rosário et al., 2007); Programa de Intervenção
em Autorregulação e Funções Executivas – PIAFEx (Dias & Seabra, 2013). Todos
esses programas apresentam análise de efetividade, demonstrando que as crianças que
participaram das intervenções melhoraram suas habilidades executivas. No entanto,
grande parte centrou-se sobre os anos pré-escolares ou 1º ano do Ensino Fundamental e
poucos programas foram direcionados a crianças que cursam o Ensino Fundamental I.
Essa foi uma das justificativas e interesse que motivou a construção do Programa de
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Estimulação Neuropsicológica da Cognição em Escolares: ênfase nas funções


executivas (PENcE) (Cardoso & Fonseca, 2016).

O PENcE é uma intervenção neuropsicológica precoce-preventiva que tem como


foco a promoção de FE em crianças do Ensino Fundamental I. Para a sua construção,
etapas e procedimentos foram seguidos, buscando um rigor técnico-científico: [1] Fase
interna de organização do programa; [2] Construção do programa; [3] Análise dos juízes
especialistas; [4] Integração da análise de juízes e finalização do programa. Na análise
de juízes especialistas, com um nível elevado de concordância, é possível afirmar que o
programa tem evidência de validade de conteúdo (Cardoso, Dias, Seabra, & Fonseca,
2017).

No total, o PENcE é composto por 36 atividades, conduzido em contexto


escolar, pelo professor. Importante destacar também que há uma proposta de adaptação
para o contexto clínico (Rysdyk, Pureza, Gonçalves, Cardoso &, Fonseca, 2016), para
que o profissional da saúde possa utilizá-lo em consultórios ou ambulatórios, na
modalidade individual. As atividades do PENcE são organizadas em 4 módulos, sendo
que cada módulo visa estimular principalmente um componente executivo: (1)
Planejamento, (2) Controle Inibitório, (3) Memória de Trabalho, (4) Flexibilidade
Cognitiva. Porém, importante ressaltar que outros componentes e funções cognitivas
também são estimuladas, de forma indireta. Para tornar o programa mais interessante e
lúdico para as crianças, uma história foi desenvolvida. Nessa história, são apresentadas
às crianças quatro personagens formigas – Formiga Bia, Formiga Pedro, Formiga
Patrícia e Formiga Fábio, sendo que cada um representa um módulo do programa.
Abaixo é possível visualizar a imagem de cada uma das formigas. Esses personagens
oferecem os modelos e as estratégias para que as crianças possam exercitar e aprender a
se planejarem, a controlar o impulso, armazenar e manipular as informações
mentalmente e pensar de forma mais flexível. Assim, por meio da narrativa de uma
história, do ensino da estratégia executiva de forma explícita, da modelagem, de
atividades lúdicas e escolares, busca-se incentivar os alunos a pensar sobre os próprios
processos cognitivos e se apropriam das estratégias ensinadas, para que utilizem em
outras situações do cotidiano e nas demais disciplinas escolares. Na Figura 4, são
apresentadas as personagens base da psicoeducação e na Figura 5, são apresentadas as
atividades propostas para cada um dos módulos do PENcE e abaixo segue uma breve
descrição de uma atividade de cada módulo.
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Formiga Bia - Módulo 1: Organização e Planejamento

Formiga Pedro - Módulo 2: Controle Inibitório

Formiga Paty- Módulo 3: Memória de Trabalho

Formiga Fábio - Módulo 4: Flexibilidade Cognitiva

Figura 4. Insetos base da psiucoeducação e da modelagem de funções executivas do


PENcE
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Figura 5. Organização do Programa PENcE

Módulos Atividades dos módulos

Módulo 1 – Planejamento Arrumando a mochila escolar, Construindo a capa


e Organização do caderno, Encaixando os números; Jogo dos
pontos; Em busca do diamante; Sequência lógica;
Construindo um inseto; Cozinhando, Produzindo
um texto.

Módulo 2 – Controle Jogo do Oposto, Dançando; À procura do alvo;


Inibitório Controlando a vontade; O mestre mandou; Jogo de
carta Bate-Bate; Cada som, um movimento, Festa
de aniversário, Construindo um Objeto Em Boca
Fechada Não Entra Mosca

Módulo 3 – Memória de Sequência de imagens: partes do corpo,


Trabalho Organizando as sequências; Jogo das diferenças;
Falta 1; Completando a frase; Numerando a
sequência, Seguindo as instruções, Frases loucas.

Módulo 4 – Flexibilidade Como podemos resolver?, Desenho Coletivo,


Cognitiva Olhando de outra perspectiva; Troca-Troca;
Combinando as cartas; Descubra o código; Um
novo final, Construindo uma Torre, Piquenique.
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Módulo 1 - Organização e Planejamento - Atividade: Em busca do diamante (Figura


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Nesta tarefa, os alunos devem encontrar uma maneira de pegar o diamante. Cada
dupla recebe um tabuleiro e um boneco, que deve posicionar no local indicado.
Primeiramente, os alunos precisam planejar o melhor caminho para chegar até o
diamante. Antes de movimentar o boneco, os alunos devem planejar e anotar, em
uma folha, os movimentos que irão realizar, por meio de de flechas, e o número de
passos necessários. No final, os alunos irão movimentar o boneco, conforme
planejado.

Figura 6. Módulo 2 - Controle Inibitório - Atividade: A procura do alvo

Nessas atividades envolvem encontrar a figura alvo entre os distratores. É necessário


riscar a figura alvo e os alunos são instruídos a fazer o mais rápido possível, tentando
não cometer erros (importante explicar que é mais importante parar, pensar e seguir
para fazer de forma correta, do que ser rápido e cometer erros).

Módulo 3 - Memória de Trabalho - Atividade: Falta 1 (Figura 7)

Essa atividade é formada por 3 blocos com sequências de imagens. Em cada bloco há
um número específico de imagens. Essas imagens serão apresentadas e após alguns
segundos, serão retiradas e reapresentadas, mas com uma figura a menos. Os alunos
serão solicitados primeiro a falar qual a figura está faltando em cada imagem e após a
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finalização do bloco, será perguntado qual a sequência de figuras que estavam


faltando, em ordem.

Figura 7. Módulo 3 - Flexibilidade Cognitiva - Atividade: Olhando por outra


perspectiva

O(a) professor(a) apresenta uma série de palavras ambíguas, metáforas, frases com
duplo sentido e discute com os alunos sobre os diferentes significados que elas
possuem e sobre como utilizá-las em diferentes contextos/frases.

Evidências de efetividade do PENcE: Com intuito de investigar a efetividade do


programa, 8 turmas do ensino fundamental de duas escolas públicas estaduais, da cidade
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de Porto Alegre, participaram do estudo (4 turmas de 3o ano do Ensino Fundamental e 4


turmas de 4o ano do Ensino Fundamental). Dessas 8 turmas, 4 turmas fizeram parte do
grupo experiemental, ou seja, participaram do PENcE e 4 turmas permaneceram com o
conteúdo escolar regular, formando o grupo controle. A amostra final foi de n=64
crianças no grupo experimental e n=49 no grupo controle. Todos os alunos passaram
por um processo de avaliação pré e pós intervenção onde foram avaliadas as funções
executivas, habilidades acadêmicas (leitura, escrita e matemática) e pais e professores
responderam escalas funcionais comportamentais. Quando comparado ao currículo
escolar regular, as crianças que participaram do PENcE apresentaram ganhos
significativos de controle inibitório, memória de trabalho e planejamento. Houve efeito
de transferência para outras habilidades cognitivas (atenção, iniciação, velocidade de
processamento, memória de curto prazo, raciocínio fluido), habilidades acadêmicas
(matemática e escrita de palavras) e mudança no comportamento (maior índice de saúde
mental, menor índice de problemas de relacionamento e de conduta) (Cardoso, 2017).

Qualitativamente, diante da observação e relatos dos professores, percebe-se que


as crianças conseguiram compreender as estratégias e utilizá-las em diferentes situações
do seu cotidiano. Na entrevista após finalização do programa a professora R. (45 anos),
do 3o ano do ensino fundamental referiu que “foi fantástico participar, porque agora
percebe que eles (alunos) conseguem ter consciência do que estão fazendo”. A
professora S. (40 anos) do 4o ano do ensino fundamental ressaltou que “no início foi
mais difícil de implantar as atividades e juntar com o conteúdo escolar, mas que na
medida em que o programa foi se desenrolando conseguiu realizar as atividades com os
alunos e percebeu o engajamento e motivação deles e o quanto estavam conseguindo
colocar em prática durante as aulas”. Em relação aos alunos, ao longo das aulas e
principalmente na etapa de discussão dos módulos, evidenciou o quanto conseguiram
aprender a estratégia e transferir para outros contextos, para além da sala de aula. No
módulo de Planejamento, por exemplo, o aluno P. (8 anos) mencionou que utilizou a
estratégia para arrumar a mala, já que ia viajar nas férias, o aluno Y. (9 anos) trouxe que
durante o jogo de futebol precisou planejar a jogada e usou o PPS (parar, pensar e seguir
– estratégia ensinada no módulo Controle Inibitório) para controlar a vontade de chutar
a bola e passar para o colega que estava melhor posicionado. Em casa, o aluno R. (9
anos) trouxe que seu irmão estava se intrometendo na conversa com os pais e não
conseguia parar quieto, e em função disso, apresentou a Formiga Pedro para ele dizendo
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que quando vem uma vontade primeiro precisa parar, depois pensar e por agir seguir.
Em sala de aula, o aluno F. (8 anos) comentou que a professora passou uma atividade e
ele já queria adivinhar o que teria que fazer e que nesse momento, a professora pediu
para esperar, fazendo com que lembrasse da estratégia ensinada pela Formiga Pedro. No
módulo de Flexibilidade Cognitiva, por exemplo, aluna C. (9 anos) referiu que na
semana anterior havia faltado luz na escola e que em função disso, precisaram pensar
em alternativas para que a aula pudesse acontecer. Com isso, além da evidência
quantitativa de que o grupo que participou do PENcE superou seus pares do grupo
controle em algumas medidas de desfechos utilizadas na pesquisa, fica ainda mais
evidente, diante de alguns exemplos e observação, que as crianças conseguiram
compreender, se apropriar e transferir o conhecimento para diversas áreas de suas vidas.
Assim, é possível considerar que a partir do PENcE as FE podem ser aperfeiçoadas,
mesmo com uma amostra com baixo nível socioeconômico.

Programa de estimulação da compreensão leitora e das funções executivas


(PECOLEFE)

Muitos estudos falam da importância dos componentes executivos para a


compreensão leitora (CL) (Cartwright, 2012; Lan, Legare, Ponitz, Li, & Morrison,
2011; León, Rodrigues, Seabra, & Dias, 2013). O principal foco das intervenções parece
estar sendo no papel da inibição (Hooper et al., 2002; Verhoeven, Reitsma, & Siegel,
2011), da flexibilidade cognitiva (Latzman, Elkovitch, Young, & Clark, 2010) e,
principalmente da memória de trabalho (Locascio, Mahone, Eason, & Cutting, 2010;
Schuchardt, Maehler, & Hasselhorn, 2008). Observa-se que em geral os estudos se
propõem a investigar o efeito que uma estratégia específica exerce na capacidade para
compreender textos (por exemplo, Loosli et al., 2012). Porém, a literatura é enfática ao
defender que a compreensão leitora aumenta com o uso de um repertório de estratégias.
A diversidade de estratégias, inclusive, está associada à maior transferência para outros
contextos de leitura (Brevick, 2014) e à possibilidade de aumentar sistematicamente o
nível de dificuldade das tarefas intra e entre sessões, uma das principais premissas da
estimulação cognitiva.
O que se identifica é que não existe um padrão nas propostas de intervenção em
CL considerando o papel das FE nesse processo, tanto no que diz respeito aos estímulos
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utilizados, ao número de sessões, ao público alvo (se portadores ou não de dificuldades


de aprendizagem ou transtornos neurodesenvolvimentais), ao local e à modalidade da
intervenção (se na própria escola, se individual ou em grupo), entre outros. As
intervenções propostas nem sempre utilizam textos como principal estímulo, por
exemplo. Este é o caso do estudo de Mason (2004) (inibição), de Harris, Graham e
Mason (2003) (planejamento da produção textual), de Cartwright (2002) e de Jacobson
e Spiro (1995) (flexibilidade cognitiva), de Karbach, Strobach e Schubert (2015),
Loosli, Buschkuehl, Perrig e Jaeggi (2012) e Dahlin (2010) (memória de trabalho). Em
função dessas realidades, o Programa de estimulação da compreensão leitora e das
funções executivas (PECOLEFE), é composto de uma série de estratégias colocadas em
prática a partir de tarefas de leitura. Os estímulos que o compõe envolvem palavras,
frases e textos de diferentes níveis de complexidade e que visam a estimular os três
principais componentes de FE conforme os modelos mais atuais (Diamond, 2013;
Fridman & Miyake, 2017).
Sabe-se que diferentes conclusões podem ser tiradas dependendo do método de
intervenção que for utilizado, das medidas de avaliação, da faixa etária, se os
participantes apresentam ou não dificuldades de aprendizagem, e de diversas condições
socioculturais. Nesse sentido, verificamos os efeitos da intervenção grupal com
PECOLEFE em um caso específico, uma vez que nem sempre as análises estatísticas de
grupos amostrais são sensíveis para identificar os ganhos individuais obtidos na
intervenção. Da mesma forma, embora em muitos casos de estudos de tratamento
neuropsicológico os ganhos não sejam evidentes em termos estatísticos, no dia a dia do
participante os pequenos ganhos podem fazer grande diferença em sua funcionalidade e
em seu processo de aprendizagem.

Descrição do caso
Francisco está no quarto ano do ensino fundamental e sua idade no momento do
início da intervenção era de 9 anos e 5 meses. Seu nível intelectual avaliado pela Escala
Wechsler Abreviada de Inteligência (WASI) é de 86, classificado em média inferior. Os
pais e a professora responderam à SNAP-IV e não identificam sinais sugestivos de
desatenção e/ou hiperatividade. O nível socioeconômico da família é D-E, o que
corresponde a uma renda média domiciliar de 768,00 (http://www.abep.org/criterio-
brasil) e à baixa escolaridade dos pais. Assim, Francisco faz parte de um grupo de
crianças que, embora sem queixas dos pais e dos professores, representam, por si só, um
17

grupo de risco por estarem submetidos a diversos fatores que interferem no desempenho
escolar. As condições socioeconômicas, acesso aos serviços de saúde e de lazer e a
baixa escolaridade dos pais são alguns desses fatores. Nesse capítulo, será ilustrado o
aproveitamento de Francisco em algumas atividades do módulo de controle inibitório.

Descrição do PECOLEFE
O Programa se baseia numa narrativa com três personagens principais com
dificuldades para compreender textos devido à prejuízos em um dos componentes de FE
(Vic, Gui e Ique) e o Sábio Samuel, um escritor que passa a auxiliar seus amigos a
compreender os conteúdos dos seus próprios livros. O PECOLEFE foi desenvolvido
para ser aplicado em sala de aula durante o ano letivo, com atividades que aumentam de
complexidade durante a sessão e ao longo dos encontros. A Figura 8 ilustra a estrutura
geral da intervenção.

Figura 8. Estrutura no PECOLEFE


18

Na segunda atividade do módulo de controle inibitório chamada A pegadinha


das palavras Francisco trabalha com frases incompletas que podem ser preenchidas
com uma palavra de múltiplos significados. A instrução é que todas as frases e
possibilidades de respostas sejam analisadas antes da criança iniciar a completar as
frases, porque haverá uma delas que só poderá ser completada com uma palavra (Figura
9). No exemplo a seguir, as palavras para completar as frases são CABEÇA - LÍNGUA
- TORTA - VELAS - ESTRELAS - CHAMA - CASA. Identifica-se que Francisco não
realiza essa análise prévia dos estímulos, ocasionando erros e incongruências nas frases.

Figura 9. Exemplo de estímulo da atividade A pegadinha das palavras

Na quarta atividade chamada Onde está o intruso? Francisco não cometeu


nenhum erro no primeiro nível, o da frase. No entanto, no nível textual ele teve
dificuldades para identificar a informação intrusa. A demanda nessa atividade era de
que os alunos lessem frases (nível 1) e textos (nível 2) e então identificassem o mais
rápido possível as palavras ou expressões que só foram incluídas para prejudicarem a
compreensão. Então na frase “Os galhos eram fortes, e as folhas descoloridas eram
verdes”, o intruso é a palavras descoloridas, por exemplo.
Durante os encontros ficava bastante evidente a importância de oferecer às
crianças diferentes possibilidades para exercitar a mesma estratégia e dos feedbacks
após a realização de cada etapa de execução da atividade. Na nona atividade intitulada
Em busca de pistas pequenos textos eram apresentados para que as crianças
identificassem trechos incompletos, sinalizem-os e então elaborassem a pergunta cuja
resposta poderia completar aquele trecho. Na figura 10, é possível identificar que as
respostas de Francisco (traços em caneta marca-texto) ainda são imprecisas.
19

Figura 10. Exemplo de estímulo da atividade Em busca de pistas

Observou-se que à medida que os participantes da intervenção foram sendo


psicoeducados a respeito do processamento do controle inibitório e de como ele está
envolvido na capacidade de leitura, mais facilmente eles aplicavam esse conhecimento
nas tarefas realizadas nos encontros. Raciocine sobre a pista!, que envolvia a
identificação de marcadores textuais indicativos de que o autor estava inserindo uma
explicação para algo exposto anteriormente (Figura 11). As crianças foram desafiadas a
encontrar as “palavras-chave” dentro de um tempo limite.

Figura 11. Exemplo de estímulo da atividade Raciocine sobre a pista!

O módulo de controle inibitório do PECOLEFE é composto de 12 tarefas com


diferentes etapas e níveis de complexidade. Em termos qualitativos identificou-se
evolução importante na capacidade de Francisco processar inferências a partir da leitura
textual, de generalizar o uso das estratégias para outros textos e de se dar conta do papel
que a inibição exerce na leitura. Além da interpretação qualitativa, a comparação do
desempenho de Francisco nas notas escolares e nos testes neuropsicológicos no
momento pré-intervenção e pós-intervenção aponta os ganhos em matemática
(conforme nota trimestral publicada no boletim escolar), na velocidade de leitura de
palavras, no controle inibitório, na flexibilidade cognitiva e na memória de trabalho,
conforme pode ser visualizado na Figura 12.
20

Figura 12. Resultados da avaliação neuropsicológica comparativa pré e pós-


intervenção com o PECOLEFE

Considerações finais

Neste capítulo, procurou-se sintetizar pela primeira vez os três programas de


estimulação precoce-preventiva de FE para escolares, do alvo como professor (CENA)
aos próprios estudantes (PENcE e PECOLEFE). Uma breve overview do que tem na
literatura e os pilares que embasam cada programa é apresentada, seguida da explicação
de cada um e de vinhetas de casos com evidências de desfechos.

A transposição ou a translação da clínica para a escola é ainda muito


desafiadora, com uma importante ponte a ser atravessada. A promoção de fatores
neuroprotetores de neuroplasticidade positiva e de reservas cognitiva e cerebral é um
dever ético e moral, para além de técnico-científico, de pesquisadores que evidenciam
em seu cotidiano o quando o desenvolvimento cognitivo pode otimizar uma
aprendizagem mais eficiente e duradoura como base do futuro de crianças hoje para
adultos amanhã. É necessário, ainda, que se debruce mais sobre o desenvolvimento de
formação para professores em neuropsicologia da aprendizagem, sobre métodos de
inclusão à luz da neuropsicologia e de mais estudos de evidências dos efeitos de
programas e de estratégias em sala de aula. Estudos com subgrupos clínicos dentro das
21

classes escolares ou em atividades de contraturno devem também ser alvo do


planejamento de investimento nesta área de neuropsicologia escolar.

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