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INTRODUÇÃO

 O artigo tem como temática uma intervenção em funções


executivas (FEs) e o transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH);

 Ano de publicação: Março de 2015;

 Banco de dados: PubMED.


FUNÇÕES EXECUTIVAS

EF são responsáveis pela regulação da atenção, iniciação e inibição


do comportamento, cognição e emoções.
• Inibição - capacidade de controlar uma resposta automática ou
prepotente e de controlar a atenção e os pensamentos;
• Flexibilidade Cognitiva - a capacidade de mudar o foco da atenção
e assumir diferentes perspectivas;
• Memória de trabalho - a capacidade de manter e manipular
informações na mente;
• EF complexos - incluem habilidades como planejamento, raciocínio
e resolução de problemas.
O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE (TDAH)

É um transtorno do desenvolvimento, que se caracteriza como um


padrão persistente de desatenção e/ou
hiperatividade/impulsividade, mais frequente e grave do que o
tipicamente observado em indivíduos com nível de desenvolvimento
comparável.

Estudos relataram uma associações entre TDAH e déficits no controle


inibitório. (Menezes et al. 2014)
DIFICULDADES DE FE RELATADAS POR
PACIENTES COM TDAH

Elevada heterogeneidade de apresentação de sintomas entre os indivíduos

• Instabilidade de motivação;
• Dificuldade em regular as emoções;
• Não conclusão de tarefas;
• Baixa tolerância à frustação;
• Falta de monitoramento;
• Dificuldades em tomar a iniciativa e iniciar tarefas;
• Inibir estímulos, planejar, organizar e estabelecer prioridades;
• Estabelecer metas e administrar o tempo.
META-ANÁLISE

Willcut EG, Doyle AE, Nigg JT, Faraone SV, Pennington BF. Validity of
the executive function theory of attention-deficit/hyperactivity
disorder: a meta-analytic review

 Que validou a importância da FEs no TDAH;


 Os autores encontraram que o TDAH apresenta dificuldades
particularmente em memória de trabalho, inibição, monitoramento
e planejamento.
PROGRAMA DE TREINAMENTO COGNITIVO

O treinamento cognitivo é uma abordagem que busca estimular o


desenvolvimento de funções cognitivas específicas.

Encontram-se vários programas elaborados para crianças, adultos e


idosos com desenvolvimento típico e atípico, com diferentes
protocolos e um conjunto de tarefas repetidas e padronizadas, tendo
assim, o compromisso na manutenção ou melhora das habilidades
treinadas. (ALVES; SILVA, 2020).
OBJETIVO GERAL

Investigar se uma intervenção cognitiva pode promover ganhos de


EFs em crianças e adolescentes, alunos do ensino fundamental, com
TDAH.
MÉTODO

 Participantes tiveram a confirmação do diagnóstico feito por um


neurologista, psiquiatra ou neuropediatra.

 O recrutamento foi realizado em São Paulo por profissionais e


instituições especializadas na avaliação e tratamento de TDAH.

 O tamanho da amostra envolve 18 crianças e adolescentes (8 no


Grupo Experimental e 10 no Grupo de Controle)
MÉTODO

 A constituição dos grupos experimentais (GE) e controle (GC) foi


por conveniência.

 Devido ao tamanho da amostra, o uso de medicamentos


(Metilfenidato) não foi considerado na seleção dos participantes, na
divisão dos grupos ou na análise dos resultados.
MÉTODO

 O nível de inteligência não foi considerado como critério de


exclusão, mas foi medido com o quociente de inteligência estimado
(QI) do WISC- III e controlado estatisticamente por meio de análise
de covariância (ANCOVA)
OS CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO DOS
PARTICIPANTES

(1) Diagnóstico de TDAH;

(2) Frequência escolar regular;

(3) Idade cronológica entre 7 e 17 anos;

(4) Não uso de qualquer medicamento que possa interferir nos


comportamentos cognitivos/emocionais (exceto metilfenidato)
OS CRITÉRIOS PARA EXCLUSÃO DOS
PARTICIPANTES

(1) Frequência de aula especial (nenhuma participante foi excluído


com base nesse critério)

(2) Presença de comorbidades (segundo relato dos pais na entrevista


de anamnese)
DESCRIÇÕES DOS PARTICIPANTES
INSTRUMENTOS

• Uma entrevista de Anamnese - preenchidas pelas mães dos


participantes para obter mais informações sobre histórico familiar e
educacional.

• Teste de Stroop Computadorizado – mede a atenção seletiva e o


controle inibitório.

• Teste de Atenção por Cancelamento (TAC) - avalia a atenção em


um teste de busca visual.
INSTRUMENTOS

• Teste de Trilha – Avalia a flexibilidade cognitiva.

• Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST) - mede a FE,


como flexibilidade cognitiva, controle inibitório, memória de
trabalho e monitoramento.

• Teste de Memória de Trabalho Auditivo (MTA) - é um teste


computadorizado e avalia a memória de trabalho auditiva.
INSTRUMENTOS

• Teste de Memória de Trabalho Visual - é um teste computadorizado


que avalia a memória operacional visual.

• Teste de Fluência Verbal - mede a fluência fonêmica e fluência


semântica.

• Inventário de Funcionamento Executivo de Crianças – avalia as


funções Executivas (foi respondido pelos pais dos participantes.)
INSTRUMENTOS

• SNAP-IV - é um questionário formulado com o objetivo de avaliar os


sintomas do TDAH.

• Escala Wechsler de Inteligência para Crianças 3ª edição (WISC-III) -


tem como objetivo avaliar o desempenho intelectual global em
crianças de 6 a 16 anos.
O PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PARA AUTORREGULAÇÃO E FUNÇÕES EXECUTIVAS (PIAFEX)

 Desenvolvidos por Dias e Seabra (2013);

 Primeiro programa curricular brasileiro desenvolvido


especificamente para o treinamento de autorregulação e FE para
crianças da educação infantil;

 Possui 43 atividades divididas em 10 módulos básicos e um


módulo complementar.
PIAFEX – MÓDULOS

Módulo 1 - Organização de materiais/rotina e manejo do tempo;


Módulo 2 - Organização de ideias, definição de metas e
planejamento: Estratégias para o dia-a-dia;
Módulo 3 - Organização de ideias, definição de metas e
planejamento: Atividades de estimulação;
Módulo 4 - EFs em Atividades Físicas/ Motoras;
Módulo 5 - Comunicação e Gestão de Conflitos;
PIAFEX – MÓDULOS

Módulo 6 - Regulação das emoções;


Módulo 7 - Trabalho com colegas: oportunidades de exercício da
hetero e autorregulação;
Módulo 8 - Brincando com os significados das palavras;
Módulo 9 - Falar sobre as atividades;
Módulo 10 - O Jogo Planejado.
PIAFEX – MÓDULO

Módulo Complementar: Diário de Nina – narrativas constituídas de


dez capítulos.

A adaptação do programa
 As atividades do PIAFEx foram adaptadas para participantes mais
velhos. A adaptação foi feita elevando o nível de complexidade da
atividade (mudando os estímulos e o contexto de cada atividade).
Mantendo seu objetivo geral.
PROCEDIMENTO

 O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética.


 Foi estabelecido duas ordens de aplicação dos testes, de modo
que em cada avaliação a ordem dos testes fosse invertida.
 A avaliação foi individual e em uma única sessão, com dois
intervalos de dez a quinze minutos. Todo o procedimento durou
cerca de duas horas e meia a três horas
 Os pais foram orientados a responder à entrevista de anamnese.
PROCEDIMENTO: INTERVENÇÃO

 O GE teve encontros de uma hora duas vezes por semana;


 Foram formados três subgrupos, dois com três sujeitos e um com
quatro sujeitos (dois sujeitos do GE não permaneceram até o final
do estudo);
 As atividades foram realizadas por um período de 8 meses;
 O GC não teve nenhum tipo de intervenção;
 Após esse período, os 8 participantes do GE e 10 do GC foram
reavaliados em cada instrumento, exceto o WISC III.
ANÁLISE ESTATÍSTICA

Uma ANCOVA foi realizada para cada medida pós-teste para determinar
quaisquer efeitos de grupo nos desempenhos.

 A designação de grupos (GC ou GE) foi utilizada como variável


independente;

 Desempenho prévio (medidas pré-teste), QI estimado e idade foram


utilizados como covariantes.

O nível de confiança foi fixado em 0,05.


RESULTADOS
RESULTADOS

 GE apresentou melhores resultados em relação ao GC, mesmo no pré-


teste (provavelmente está relacionado ao fato da maioria dos participantes
do GE serem de escolas particulares);

Efeitos significativos foram observados na parte 3 do Stroop-Comp e AWM.

Efeitos marginalmente significativos na parte 2 e interferência no Stroop-


comp.
DISCUSSÃO

Stroop-Comp - os participantes precisam inibir o comportamento automático


de leitura e selecionar o estímulo adequado para responder corretamente.

AWM - cada participante deve lembrar e manipular informações auditivas em


sua mente.

GE apresentou ganhos em relação ao GC em atenção seletiva e controle


inibitório. Além disso, o GE tornou-se hábil na manutenção e manipulação
mental das informações auditivas.
DISCUSSÃO

 Não foram encontrados outros efeitos na flexibilidade, memória


de trabalho visual ou em testes complexos, como o Teste
Wisconsin de Classificação de Cartas e o Teste de Fluência Verbal.

 O estudo revelou resultados inconclusivos, mas promissores,


mostrando que é possível promover controle inibitório e atenção
seletiva e memória de trabalho auditiva em crianças e adolescentes
com TDAH.
DISCUSSÃO

 Intervenção mais intensa, frequente ou mais longa possa ter efeitos


não apenas em tarefas simples, mas também em tarefas complexas e
medidas funcionais, refletindo uma maior generalização dos
resultados.

 A falta de controle de déficits específicos de FE em nossa amostra


(não temos um grupo controle saudável) possa ter contribuído para o
efeito reduzido da intervenção em nossos participantes com TDAH.
DISCUSSÃO

 Os achados de ganhos específicos na inibição e memória de


trabalho auditiva podem ter alguma importância, pois estão
coerentes com outros estudos da literaturas.

 Pesquisas de intervenção também relataram resultados efetivos na


estimulação da atenção seletiva, controle inibitório e/ou memória de
trabalho em sujeitos com TDAH.
DISCUSSÃO

Há evidências de que tais intervenções são eficazes em melhorar a FE


em amostras de crianças com desenvolvimento típico.

Diamond A, Barnett WS, Thomas J, Munro S. Preschool program improves


cognitive control. Science. 2007;318(5855):1387-8. http://
dx.doi.org/10.1126/science.1151148

Dias NM, Seabra AG. Programa de Intervenção sobre a Autorregulação e


Funções Executivas – PIAFEx. Sao Paulo: Memnon; 2013.
REFERÊNCIA

Menezes A, Dias NM, Trevisan BT, Carreiro LRR, Seabra AG. Intervention for executive functions in
attention deficit and hyperactivity disorder. Arq Neuro-Psiquiatr[Internet]. 2015[cited 2015 Aug
09];73(3):227-36. Available from: http://www.scielo. br/pdf/anp/v73n3/0004-282X-anp-73-3-0227.pdf

Mansur-Alves; Júlia Beatriz Lopes-Silva. (Org.). Intervenção cognitiva: dos conceitos e métodos às
práticas baseadas em evidências para diferentes aplicações. 1ed.Belo Horizonte: T.Ser, 2020, v. 1, p.
341-370.

Dias NM, Menezes A, Seabra AG. Age differences in Executive Functions within a sample of Brazilian
children and adolescents. Span J Psychol 2013; 16:E9.

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