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PSICOPATOLOGI

A DO ADULTO
Profª Margarete S. Marques
DIAGNÓSTICO
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MANUAIS
DIAGNÓSTICOS
 A fim de tratar os transtornos psicológicos os clínicos devem ser
primeiro capazes de diagnosticá-los

 Um manual diagnóstico serve para fornecer diagnósticos consistentes


entre pessoas como base na presença e ausência de um conjunto de
sintomas específicos

 Manual diagnósticos devem cumprir as funções:

 Confiabilidade – grau de consistência com que os clínicos fornecem


diagnóstico

 Validade – diagnóstico caracterizar com precisão e clareza o estado


psicológico de uma pessoa
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HISTÓRIA
 Na Grécia antiga, desde o século 5 a.C.,

Hipócrates buscou estabelecer um sistema de


classificação para as doenças mentais.
Palavras como histeria, mania e melancolia
eram usadas para caracterizar algumas delas

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HISTÓRIA
 Ao longo dos séculos seguintes, diversos

termos foram sendo incorporados ao jargão


médico, como, por exemplo: loucura circular,
catatonia, hebefrenia, paranóia, etc. Entretanto,
o primeiro sistema de classificação abrangente
e de cunho verdadeiramente científico surgiu
com os estudos de Emil Kraepelin (1856-
1926), que reuniu diversos distúrbios mentais
sob a denominação de demência precoce

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HISTÓRIA
 O que Emil Kraepelin chamou de demência

precoce, Bleuler definiu como esquizofrenia, ao


lado de outros transtornos psicóticos, separando-os
do quadro clínico da psicose maníaco-depressiva

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HISTÓRIA
 Freud (1895), quase ao mesmo tempo,
destacava da neurastenia uma síndrome,
denominada neurose de angústia, que passou a
ser classificada e estudada juntamente com
outros tipos de neurose: hipocondríaca,
histérica, fóbica e obsessivo-compulsiva. Esta
terminologia perdurou até os anos 80, do
século 20.

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HISTÓRIA
 No ano de 1952, a Associação Psiquiátrica

Americana (APA) publicou a primeira edição do


“Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais” (DSM-I), e as edições seguintes,
publicadas em 1968 (DSM-II), 1980 (DSM-III),
1987 (DSM-III-R) e 1994 (DSM-IV), 2013 (DSM-
5) foram revistas, modificadas e ampliadas
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HISTÓRIA
 O DSM-III (1980) foi o mais revolucionário de todos e tornou-se um
marco na história da psiquiatria moderna.
 Novas categorias diagnósticas foram descritas, como, por exemplo:

 Neurose de angústia - transtorno de pânico com e sem agorafobia

 Transtorno de ansiedade generalizada; a fobia social tornaram-se


entidades nosológicas própria
 Psicose maníaco-depressiva - transtorno do humor bipolar, com ou sem
sintomas psicóticos.
 O termo neurose deixou de ser usado, para não suscitar questões
etiológicas, a palavra histeria desapareceu do texto, pelo mesmo
motivo, a expressão doença mental foi substituída por transtorno
mental, etc.

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HISTÓRIA
 Em 1987, com a publicação do DSM-III-R, esta

hierarquia foi abolida, e o manual passou a incentivar o


uso simultâneo de dois ou mais diagnósticos num
mesmo paciente. Surgiu, assim, o conceito de
comorbidade, em psiquiatria, que foi confirmado pelo
DSM-IV e amplamente difundido nos anos 90, sendo
utilizado regularmente nos dias atuais

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HISTÓRIA
 O DSM IV foi um sistema classificatório multiaxial – publicado

nos anos 90 organizado de maneira a agrupar 16 classes


diagnósticas distintas, que recebem códigos numéricos
específicos e se distribuem por cinco grandes eixos.

• Eixo I – síndromes maiores


• Eixo II – transtornos de personalidade + retardo mental (hoje, deficiência intelectual)
• Eixo III – condições clínicas do cliente
• Eixo IV – estresses psicossociais
• Eixo V- nível de funcionamento global do cliente

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DSM - 5
 Publicado pela Associação Americana de
Psiquiatria em 2013

 A organização atual inicia com transtornos

do neurodesenvolvimento e então segue os


“transtornos internalizantes” seguidos pelos
“externalizantes”.

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TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO
 O TEA (transtorno do espectro autista) é considerado um dos Transtornos do

Neurodesenvolvimento. Existem vários transtornos do neurodesenvolvimento, como


a Deficiência intelectual, TEA, Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH), e Dislexia. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-5) agrupa tais transtornos sob o nome de Transtornos do
Neurodesenvolvimento, mas o que todos eles tem em comum que fazem todos
serem Transtornos do Neurodesenvolvimento?

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TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO
 Esses transtornos são condições que têm início no período do desenvolvimento (infância ou

adolescência) e são caracterizados por déficits que acarretam prejuízo nas atividades de
vida diária, como na vida pessoal, social, acadêmico ou profissional. Esses prejuízos podem
ser extensos e significativos, como nas deficiências intelectuais, em que há um atraso no
neurodesenvolvimento de maneira global, como os prejuízos podem ser específicos, como na
Dislexia, em que há apenas prejuízo na leitura.

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Transtornos Externalizantes
• Transtornos que envolvem sintomas impulsivos, de conduta disruptiva e de uso de substância.

Transtornos Internalizantes
• Transtornos como ansiedade, depressivos e somáticos.

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DSM - 5

 Temos 22 capítulos – organizados de modo que os

transtornos relacionados apareçam próximos uns dos


outros

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VANTAGENS DSM
 Indivíduos anteriormente diagnosticados como “histéricos” eram ridicularizados, nas salas de

atendimento de urgência, por não terem o seu sofrimento reconhecido pelos médicos.

 Muitos deles sofriam, na verdade, de ataques de pânico e eram desmoralizados porque os seus

sintomas eram mal interpretados por quem os atendia

 A fobia social, negligenciada por todas as classificações anteriores ao DSM-III, foi descrita

como uma entidade nosológica separada, e os estudos subsequentes mostraram tratar-se do


mais comum dos transtornos de ansiedade, atingindo cerca de 12% da população geral

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VANTAGENS DE
DIAGNÓSTICOS
 Tratamento – inclusive em
hospitais

 Reembolso planos de saúde

 Benefícios - lesgislação

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LIMITAÇÕES
 Não deve ser usado como uma lista infalível, que,

sendo preenchida, fornece automaticamente um


diagnóstico psiquiátrico. Em mãos inexperientes, os
resultados são desastrosos.

 Diagnóstico clínico – percepções diferentes

 Pode causar estigma uma vez que divide “normal e

anormal”

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CID – 10 / CID-11
 A Organização Mundial de Saúde desenvolveu a CID (Classificação
Internacional de Doenças) como um sistema diagnóstico comum para as 110
nações membro

 A CID-11, que será apresentada para adoção dos Estados Membros em maio de

2019 (durante a Assembleia Mundial da Saúde), entrará em vigor em 1º de


janeiro de 2022. Essa versão é uma pré-visualização e permitirá aos países
planejar seu uso, preparar traduções e treinar profissionais de saúde.

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DIAGNÓSTICOS

Principal Comorbido Diferencial

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PROCESSOS NO DIAGNÓSTICO
Conhecimento da queixa

Conhecimento da sua história pessoal e entrevistas

Exame psíquico e testes

Exames médicos, complementares

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A ENTREVISTA COM O
PACIENTE
 Posturas que o entrevistador deve evitar:

1. Posturas rígidas, estereotipadas - deve buscar uma atitude flexível, que seja
adequada à personalidade do doente, aos sintomas que apresenta no momento, à sua
bagagem cultural, aos seus valores e à sua linguagem

2. Atitude excessivamente neutra ou fria – muito frequentemente em nossa cultura,


transmite ao paciente sensação de distância e desprezo
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3. Reações exageradamente emotivas ou artificialmente calorosas, que produzem,
na maioria das vezes, uma falsa intimidade.

4. Comentários valorativos ou emitir julgamentos sobre o que o paciente relata ou


apresenta

5. Reações emocionais intensas de pena ou compaixão

6. Responder com hostilidade ou agressão às investidas hostis ou agressivas de


alguns pacientes.

7. Entrevistas excessivamente prolixas, nas quais o paciente fala, fala, fala, mas, no
fundo, não diz nada de substancial sobre seu sofrimento 28
“Uma dificuldade comum nas entrevistas realizadas em serviços públicos é a
falta de tempo dos profissionais, excesso de trabalho, estresse e condições
físicas (arquitetônicas) de atendimento precárias. Assim, muitas vezes o
profissional de saúde está impaciente para ouvir pessoas com queixas pouco
precisas (os “poliqueixosos”), rejeita aqueles doentes que informam de forma
vaga ou que estão muito desorganizados psiquicamente. Entretanto, no
atendimento em saúde, a paciência do entrevistador é fundamental”.

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Aspectos do
Paciente

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INFORMANTE

 Pacientes com quadro demencial, déficit


cognitivo, em estado psicótico grave e em
mutismo geralmente não conseguem informar
dados sobre sua história, sendo, nesses casos,
fundamental a contribuição do acompanhante.

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CONFIABILIDADE DOS DADOS
 Dissimulação - o ato de esconder ou negar
voluntariamente a presença de sinais e sintomas
psicopatológicos.

 Simulação - tentativa do paciente de criar,

apresentar, como o faria um ator, voluntariamente,


um sintoma, sinal ou vivência que de fato não tem

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TRANSFERÊNCIA E
CONTRATRANSFERÊNCIA
 Segundo Jung (1999), a transferência não é mais que o processo comum de

projeção: o paciente tende a projetar inconscientemente no médico os afetos básicos


que nutria (e nutre) pelas figuras significativas de sua vida.

 A contratransferência é, em certo sentido, a transferência que o profissional

estabelece com seus pacientes. Da mesma forma que o paciente, o profissional de


saúde projeta inconscientemente, no paciente, sentimentos que nutria no passado por
pessoas significativas de sua vida

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consciência da doença
INSIGHT EM
David (1990) propôs ser
modo de nomear ou
RELAÇÃO A
o insight composto por
três componentes:
renomear os sintomas SINTOMAS E
TRANSTORN
adesão a tratamentos OS
propostos

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SUGESTÃO DE
PROTOCOLO DE
AVALIAÇÃO
PSICOPATOLÓGICA

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EXAME DO ESTADO MENTAL
 O Exame do estado mental (EEM) é o processo através do qual o profissional que trabalha

com saúde mental (geralmente psiquiatras e psicólogos) examina sistematicamente o estado


mental de um paciente.

 Cada função mental é considerada separadamente de uma forma paralela a um exame físico.

Muito do material do EEM é coletado durante a história clínica. O resultado do exame e da


entrevista clínica são combinados para se formular o diagnóstico psiquiátrico.

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DIFICULDADES
1. Internet - Facilidade para os pacientes forjarem sintomas e diagnósticos, com variadas intenções e
ganhos

2. A ânsia pela rapidez e pela objetividade estimulou o desenvolvimento de entrevistas de 30 minutos,


com etapas cronometradas, em que quatro minutos são dedicados ao EEM

3. Cerca de dois terços deles o instrumento de pesquisa é o Miniexame do Estado Mental (MEEM) –
serve para rastreamento e monitoramento da evolução, e não de diagnóstico, sua sensibilidade
deixa muito a desejar quando usado isoladamente, como indica a revisão da literatura no tema

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REFERÊNCIAS

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