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Concepção de deficiência ao

longo da história
A deficiência sempre fez parte da
condição humana
A deficiencia na pre história

Uma questão de sobrefivência


A vida do homem na pré história
• Não havia o domínio de técnicas de cultivo e
domesticação de animais

• Eram nômades

• As doenças e os acidentes

• Abandono e extermínio do mais fraco era uma


solução para a garantia da espécie
A deficiência para o homem pré histórico

• A origem das enfermidades está em crendices


de natureza mística ou fantasiosa, de origem
demoníaca ou resultante de atitudes punitivas
das divindades ou seres superiores
O destino das pessoas com
deficiência na pré história
• Povos primitivos eliminavam crianças, homens
e mulheres com deficiências
comprometedoras e idosos em decorrência
das dificuldades enfrentadas durante a
movimentação à procura de alimentos
Necessidade de sobrevivência
• As atitudes e práticas do homem na pré
história, de eliminação da pessoa com
deficiência, são diferentes das atitudes e
práticas de destruição habitual, intencional e
sistemática, adotadas pelos grupos sociais
mais complexos e dedicados à agricultura, ao
pastoreio e à pecuária.
Concepção de deficiência na
antiguidade clássica
• Os indícios de práticas em relação a pessoa
com deficiência são encontrados
principalmente nos registros históricos dos
povos:
• Egípcios
• Hebreus
• Gregos
• Romanos
A exclusão da pessoa com
deficiência
• A organização política e social na Antiguidade
Clássica era influenciada pelos aspectos:

• Místicos e religiosos

• Ideal de guerreiro e de beleza


padrões do ideal de perfeição

• Pessoas com deficiência – Eliminadas por


motivos religiosos ou crenças comuns
Explicação das causas da
deficiência na Antiguidade Clássica

• Maus espíritos
• Demônios
• Consequência de pecados, impureza
• Castigo de Deus ou dos deuses
Cura da deficiência na Idade clássica

• Intervenção dos sacerdotes

• Intervenção dos deuses


Deficiências culturalmente mais toleradas

• Pessoas com deficiência podiam ser usadas


como entretenimento como:

(anões tinham habilidades para a dança,


ourivesaria)

(aos cegos eram atribuídos poderes de


advinhação )
Deficiências culturalmente mais toleradas

• Pessoas com deficiência intelectual– bobos da


corte

• Pessoas com má formação _ atividades de


atração em circos

• Anões e outras deformações – traziam sorte e


afastavam os demônios
Deficiências culturalmente mais marginalizadas

• Pessoas com deficiência, cujos


comportamentos eram bizarros, eram
relacionadas a crenças diabólicas como
endemoninhados, bruxarias e outras crenças
pejorativas condenando a pessoa com
deficiência às penas de exorcismo, fogueira,
afogamento, etc.
O destino das pessoas com
deficiência na Antiguidade Clássica

• Infanticidio(afogamento, jogados nos abismos,


abandonados nas florestas, nas margens dos
rios)

• Exposição nas portas dos oráculos, nos


vestíbulos dos templos

• Esmolar
Percepção da deficiência
Idade Clássica e Idade Média

• Percebidas como um fardo social, um


problema sem solução, uma tragédia, pessoas
desafortunadas, não abençoadas por Deus

• Eram vistas pelas suas impossibidades

• Eram rejeitadas e negadas


Na idade média inicia a atenção
assistencial às pessoas com deficiência

• Passam a ser abrigadas nos hospitais anexos


aos mosteiros mantidos por ordens religiosas
• As pessoas com deficiência deixaram de ser
submetidas ao infanticídio generalizado

• São abrigadas e protegidas da sociedade

• A sociedade é liberada da presença da pessoa


com deficiência
Concepção de deficiência na Idade
Moderna e Idade Contemporânea
• No final da idade média, os hospitais, que
funcionavam como asilos ou abrigos (às
pessoas com graves enfermidades,
deficiências, pobres, idosos, inválidos ) – surge
a tendência de organização destinada ao
tratamento e a cura.
Hospitais da Idade média
• Tornam-se centros de estudos de casos e
treinamento prático de estudantes de
medicina.

• A pessoa com deficiência passa a ser alvo de


interesse científico, sobretudo na medicina.
Educação especial de caráter
clínico e de natureza corretiva

corrente médico-patológica

• Os religiosos que prestavam assistência em


abrigos, asilos e hospitais e os profissionais da
saúde, lançam as bases de uma educação
especial
À pessoa com deficiência

• Educação especial pautada em princípios e


metodologias especializadas
Educação especial de caráter
clínico e de natureza educativa

• Valentin Haüy ( cegos)


• Louis Braille ( sistema de lectoescrita)
• Abade Charles Michel Epée e Frei Pedro
Ponce de léon ( surdos)
• Pinel, Itard, Esquirol, Seguin (médicos) –
(deficiência intelectual)
Outras contribuições à educação
de pessoas com deficiência

• Pestalozzi (1746-1827) , Olvídeo Decroli


(1871-1932), Maria Montessori (1870- 1952),
William Little (1810-1894), Langdon Down
(1828-1890), Leo Kanner (1943), Hans
Asperger (1944)
•A história do
menino selvagem
Institucionalização da pessoa com
deficiência
• Metade do século XIX – criação em vários
países, de internatos e semi internatos
especiais.

• Até metade do século XX


Percepção da pessoa com
deficiência na Idade Moderna
• Preocupação em explicar e entender a
deficiência como um assunto de cunho
científico

• Superação da visão sobrenatural


Criação de instituições de
educação especial
• Atenção dos governos de vários países

• A atenção às pessoas com deficiência


dependia da iniciativa privada (surgimento de
ONGs)
No Brasil, a atenção à pessoa com
deficiência
• Inicia com as ações de D. Pedro II

Imperial Instituto de Meninos Cegos- Rio de


Janeiro (17/09/1854)

Imperial Instituto dos Surdos-Mudos - Rio de


Janeiro (26/09/1857)
• Instituto Pestalozzi – Rio Grande do Sul
(Canoas) – (1927) (para pessoas com
deficiência intelectual) – Influencia europeia

• APAE – Rio de Janeiro – (1954) influência


americana na educação das pessoas com
deficiência- sobretudo com deficiência
intelectual
• Classe especial anexa a santa Casa de
Misericórdia de São Paulo (1931) para as
pessoas com deficiência física.
Idade Moderna
consolida-se a segregação da pessoa com deficiência
novo discurso
• As pessoas com deficiência apresentam
possibilidades de desenvolvimento;
• Requerem espaço educacional organizado
com currículos, metodolias e recursos
específicos e professores especializados;
• A sociedade é uma ameaça à pessoa com
deficiência
aluno com deficiência visível
educação especial separatista
• Separada da educação geral

• É benéfica às pessoas com deficiência

• As pessoas com deficiência passam a ter


oportunidades educacionais sem atrapalhar a
sociedade e por conseguinte, sem causar
dificuldades na educação geral.
Segundo Palominho(2004)
• Meados do seculo XIX – duas correntes

• Médico patológica- define o normal e o


patológico

• Médico educativa – defende uma pedagogia


curativa e reabilitadora
Influência da psicologia no século XIX
• Fundamentações científicas que explicam o
desenvolvimento da criança com deficiência

• Necessidade de uma educação especial com


bases organizativas e didáticas diferentes e
separada da educação geral

• Enfoque no diagnóstico da deficiência


Diagnóstico da deficiência
enfoque clínico
• Definição dos critérios para identificação e
seleção da deficiência

• Prognóstico dos limites e possibilidades da


pessoa com deficiência

• Rótulo do aluno (DM, DV, DA, DF, CD)

• Encaminhamento educacional
• Vinculação da educação especial com a
pedagogia (aprendizagem, inteligência,
processos e estratégias cognitivas,
personalidade, motivação, memória, atenção,
concentração, etc.)
Consequência

• Os métodos utilizados pelos professores vão


deixando pouco espaço para intervenção
médica na escola
do século XIX ao século XX
• Identidificação e seleção do aluno com
deficiência (no seio aberto da sociedade e no
banco da escola)

• Aumento da institucionalização da pessoa


com deficiência

• Surgimento da classe especial


A partir da 2ª metade do século XX
• Possibilidade da pessoa com deficiência se
adaptar à contextos sociais mais amplos

• As experiências educacionais comprovam que


as pessoas com deficiência apresentam
potencialidades (ler, escrever,
desenvolvimento sócio afetivo, psicomotor…)
• A educação especial não cumpriu suas
promessas à pessoa com deficiência

• As teorias sociológicas e psicológicas trazem


um novo debate sobre a influência das
relações interpessoais (formação social) e na
compreensão da construção social da
deficiência (meio ambiente).
Segregação e seus efeitos
• Dificuldades de relacionamento entre as
pessoas com e sem deficiência – pseudo
realidade

• Fortalecimento de atitudes e práticas


preconceituosas

• Marginalização social
Normalização
Banck e Mikelson(1972)
• Possibilidade da pessoa com deficiência
desenvolver um tipo de vida tão tornal quanto
possível (a sociedade oferecer condições
normais o quanto mais possível à pessoa com
deficiência)

• A pessoa com deficiência podia ser preparada


para se adaptar à contextos sociais mais
amplos.
Integração da pessoa com deficiência
Brasil-1970
• Priorizar a inserção escolar do aluno em
classes comuns de ensino

• O aluno com deficiência tem a possibilidade


de frequentar a classe comum de ensino
desde que tenha condições de adaptar-se ao
contexto escolar
Efeito cascata
• Preparo do aluno com deficiência em
ambientes da educação especial

• Do mais restritivo até chegar a classe comum


Falhas no processo de integração
• Forte desejo da escola liberar-se do aluno com
deficiência – encaminhamento do aluno
desafio à educação especial

• Aumento das classes especiais – forma


cômoda, econômica e organização simples
Falhas no processo de integração
• Ausência de preparação dos professores nos
cursos de graduação para lidar com o aluno
com deficiência

• Integração unilateral condicionada somente


às possibilidades e condições do aluno com
deficiência
• Processo cascata de integração- da
preparação em ambientes restritivos à
adaptação na classe comum

• O aluno com deficiência não tem suas


necessidades educacionais reconhecidas no
ambiente escola
Coexistência de várias linhas pedagógicas
meados do século XX
• Linha conservadora – didática apoiada na imitação,
na repetição…

• Linha progressista – ênfase no desenvolvimento de


situações vitais ( desenvolvimento físico, social,
afetivo e laboral)

• Linha integradora –meta na incorporação do aluno


em sala de aula do ensino comum
Coexistência de dois modelos educacionais
meados do século XX
• Modelo médico – nas escolas especiais

• Modelo psicológico – nas classes especiais


Consequência da perspectiva médica
Gonzáles(2004)
• A pessoa com deficiência não tem um déficit.
É um deficiente

• Organização dos espaços e propostas


pedagógicas com base na homogeneidade da
etiologia – rótulo e estigma de deficiência do
aluno
• Intervenção pedagógica centrada na
deficiência do aluno – técnicas reabilitadoras,
terapias repadoras, corrigir ou compensar ou
déficit

• Abandono do desenvolvimento cognitivo e


social da pessoa com deficiência – não
valorização do ensino e da convivência social
como meio de desenvolvimento cognitivo e
social
Consequência da perspectiva psicológica
Melero (1990)
• Focalização nas diferenças individuais –
individualiade do ensino ao extremo

• Diagnóstico centrado na deficiência – enfatiza


as peculiaridades do aluno em vez de enfatizar
a sua diversidade dentro do comum
Consequência da perspectiva psicológica
Melero (1990)
• Incidência excessiva na individualidade –
descontextualiza o sujeito do meio que o
rodeia- nega a participação do contexto social
como fundamental para o desenvolvimento
humano
Anúncio do novo paradígma
INCLUSÃO
• 1981- Ano internacional da pessoa com
deficiência - ONU (aprox. Meio bilhão de
pessoas com algum tipo de deficiência)

• Não é a pessoa com deficiência que deveria


ajustar-se à sociedade, mas a sociedade deveria
ajustar-se para que a pessoa com deficiência ,
cidadão dessa sociedade, pudesse conviver
• 1990 – Declaração de Educação para Todos (Jomtien
–UNESCO)

• Direito de igualdade de igualdade de oportunidades


educacionais para todos em termos de acesso à
educação

• Reivindicação da melhoria da qualidade dos serviços


em educação

• Questionamento ao papel da escola e sua função


educativa para uma projeção social para além da
formação acadêmica
• 1994 - Declaração de Salamanca –
Salamanca/Espanha - UNESCO

Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais

Reafirma o compromisso de educação para todos

Reconhece a necessidade e urgência do ensino ser


ministrado no sistema comum de educação a todas
as crianças com necessidades educacionais especiais
Declaração de Guatemala
1999

• Prevê a eliminação de todas as formas de


discriminação contra as pessoas portadoras
de deficiência e sua plena integração social.
Convenção Internacional sobre os Direitos
da Pessoa com deficiência
2006
• A Convenção defende um sistema
educacional inclusivo em todos os níveis

• educação inclusiva é um conjunto de


princípios e procedimentos implementados
pelos sistemas de ensino para adequar a
realidade das escolas à realidade do alunado.
• Para que as pessoas com deficiência não
sejam excluidas do sistema educacional sob a
alegação da deficiência

• Os sistemas de ensino devem organizar os


espaços educacionais:
•  Adaptações razoáveis de acordo com as
necessidades individuais;

• apoio necessário, no âmbito do sistema


educacional geral, com vistas a facilitar sua
efetiva educação;

• Medidas de apoio individualizadas e efetivas


sejam adotadas em ambientes que maximizem o
desenvolvimento acadêmico e social, de acordo
com a meta de inclusão plena. 
conceito do modelo social de
deficiência

• Pessoas com deficiência são aquelas que têm


impedimentos de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais,
em interação com diversas barreiras, podem
obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas. (ONU Art. 1)
• As escolas de ensino comum são os meios
mais capazes para combater as atividades
discriminatórias, criando comunidades
solidárias, construindo uma sociedade
inclusiva e atingindo a educação para todos.
(1994: Declaração de Salamanca)
Critérios que delineiam a tendência de educação inclusiva

• A deficiência é estabelecida ou agravada em função


da resposta educativa que a escola e seus atores
elaboram para o aluno

• A escola lida com a diversidade educacional e não


com a hogeneidade, sendo o aluno com deficiência
um dado a mais dessa diversidade
Critérios que delineiam a tendência de educação inclusiva

• A escola deve dar respostas adequadas às


necessidades de todos os alunos,
identificando as diferenças comuns e as mais
específicas de aprendizagem
Critérios que delineiam a tendência de educação inclusiva

• A educação especial, modalidade de


educacão, transversal a todos os níveis e
modalidades de ensino, é um conjunto de
recursos especializados para apoiar,
complementar ou suplementar o trabalho
pedagógico com o aluno com necessidades
educacionais especiais
Critérios que delineiam a tendência de educação inclusiva

• Deslocamento da educação especial e de seus


profissionais para o interior da escola de
ensino comum

• Atividade complementar da educação especial

• Trabalho colaborativo da educação especial


com os professores do ensino comum
• Estamos construindo a inclusão nas escolas
Igual-desigual
(Carlos Drummond de Andrad)

• Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinhos são iguais.
Todos filmes norte-americanos são iguais
Todos best sellers são iguais
Todos campeonatos nacionais e internacionais
de futebol são iguais
Todas as mulheres que andam na moda são
iguais
• Todas experiências de sexo são iguais.
Todos sonetos, gazéis, virelais, sextinas e
rondós são iguais
e todos, todos
os poemas em verso livre são
enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos rompimentos
• A morte é igualíssima
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou
indiferentes são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum
outro homem bicho ou coisa.
Ninguém é igual a ninguém.
Todo ser humano é um estranho ímpar.

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