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A SECTI - Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação

e Educação Profissional vem com o Programa


Qualificar ES ofertar diversos cursos de formação,
formando o cidadão que procura aperfeiçoar o
conhecimento.

O curso de Educação Especial e Inclusiva é destinado


para os professores e todos aqueles interessados em
aprofundar os conhecimentos sobre o assunto, com o
intuito de superar os desafios para uma Educação
Inclusiva. Você aprenderá sobre procedimentos e
estratégias que possibilitam desenvolver uma prática
pedagógica inclusiva na sala de aula. Qualificando os
profissionais para uma atuação efetiva no trabalho
educacional com alunos com deficiência e
propiciando a eles condições para o exercício pleno
de sua cidadania.

Com isso, os educadores acrescentam um diferencial


profissional em seu currículo. A todos um bom
estudo!

Educação Especial e Inclusiva


MÓDULO 1
2

INTRODUÇÃO

Como sabemos, a tentativa de inclusão vem ocorrendo há séculos.


Médicos, teóricos e estudiosos têm estudado os motivos da não
aceitação, do preconceito e discriminação das pessoas com
necessidades especiais no convívio social desde a antiguidade.

Nesta apostila faremos uma reflexão sobre como se dá a Inclusão


Social das pessoas com deficiências, a trajetória histórica, conceitos
e os fundamentos da educação inclusiva.

Para contextualizar a história da Educação Especial precisamos


primeiro entender sobre o tratamento destinado às pessoas com
deficiência, ou seja, se falamos hoje de inclusão é porque durante
muito tempo as pessoas que não enxergavam, não ouviam ou não se
locomoviam eram excluídas da sociedade.

Imagem 1: freepik.com
3
Conforme Correia (1997), “A história da educação especial remonta a
idade antiga onde eram comuns as práticas de exclusão das
crianças que nasciam com alguma deficiência”.

Em Roma as crianças eram preparadas para guerra desde o


nascimento e, pela prática social daquela época, as que nascessem
com alguma anomalia, eram abandonadas sendo deixadas a beira
dos rios, matas e desertos. Ficando desprotegidas e, geralmente,
morriam de fome ou eram devorados por animais. Essa técnica era
chamada de EXPOSIÇÃO levando a ELIMINAÇÃO dos incapazes.

Na antiguidade a sociedade era composta pela nobreza e pelo povo.


Os nobres eram os donos do poder e o povo vivia para produzir tudo
para os nobres COMO: vestimentas, alimentos, utensílios e riquezas,
exatamente tudo que a nobreza precisasse.

As pessoas que não serviam para produzir riquezas e nem guerrear,


não serviam para mais nada, podendo ser ELIMINADAS sem nenhum
problema de ordem ética, moral ou religiosa.

A palavra “eliminação”, segundo Cunha (1986), deriva do verbo


“eliminar”, que significa “suprimir”, “excluir”, “tirar”. É exatamente
esse sentido de exclusão que vigora durante essa fase histórica, pois
as atitudes da sociedade em relação às pessoas com deficiência são
voltadas a eliminar, do seio social, as “anomalias”. Institui-se, assim,
uma perspectiva estigmatizada em relação a essas pessoas.

Assim, podemos dizer que a exclusão ressalta a construção e


sedimentação de estigmas, estereótipos, padrões de beleza
estipuladas pela sociedade, acompanhadas de atitudes e ações
cheias de preconceitos contra as pessoas que se encontram em
situações desfavoráveis, ou seja, qualquer indivíduo considerado
disforme do patrão exigido é excluído.
4

FASE DE SEGREGAÇÃO

Imagem 2: freepik.com

Com surgimento do cristianismo, ainda no Império Romano, a


doutrina combateu a prática de Exposição e Eliminação das crianças
com deficiências. Com a concepção do homem como criatura divina,
as pessoas com deficiência passaram a ser isoladas da sociedade e
acolhidas em instituições religiosas, em asilos ou Conventos.

Fonseca (2006) observa que “O cristianismo influencia os senhores


feudais, que passam a amparar as pessoas com deficiência e os
doentes, internando-os em casas de assistência, como asilos ou
conventos que eram por eles mantidas. Alguns doutrinadores
cristãos, apesar de repudiarem a eliminação das pessoas com
deficiência, viam-nas como pessoas inferiores”.

Para Lorentz (2006), essa fase acabou por endossar a exclusão das
pessoas com deficiência, pois elas foram afastadas do convívio
social. A exclusão havia, portanto, apenas mudado a forma: de física
5
para visual. Os membros da sociedade, por piedade das pessoas
com deficiência e em razão da caridade apregoada pelo cristianismo
como virtude a ser perseguida, prestam assistência a essas
pessoas, desde que em locais reservados, longe dos olhos da
sociedade em geral.

A palavra “piedade” que é a pedra de toque desta


fase está muito longe não só do tratamento
amoroso, da real generosidade, mas também do
respeito e da compaixão, que são sentimentos que
implicam em igualdade e até uma certa
identificação com quem sofre, já que acarretam
estar “com paixão” no lugar de outrem. Logo, apesar
desta fase implicar avanço em relação à fase
anterior da eliminação ou da barbárie, não
apresentou nenhuma dimensão de igualdade
(aritmética), respeitabilidade e aceitação da pessoa
com deficiência. (LORENTZ, 2006, p. 133)

Mas, não demorou muito até criarem superstições, dita que todas as
pessoas com necessidades especiais eram consideradas pecadoras
ou até mesmo possuídas por demônios.

Frente a esse breve contexto histórico e social, podemos perceber


que desde a antiguidade a aceitação das pessoas com deficiência
vinha sendo construída com muita luta, lágrima, tortura, exclusão,
piedade e segregação.

Como exemplo de segregação, podemos citar o famoso


personagem O Corcunda de Notre-Dame escrito pelo autor Victor Hugo.
6

Imagem 03:
http://www.oftalmologialopesdafonseca.com.br/wp-content/uploads/2017/10/corcunda-1.jpg

O Corcunda de Notre-Dame nasceu com uma deficiência física e foi


abandonado quando ainda criança pelos seus pais, devido às
deformações físicas que causavam desconforto a sociedade da
época. Abandonado foi acolhido pela catedral de Notre-Dame na
França, mas passava seus dias escondido do mundo exterior, que o
destratava diante de sua aparência incomum. Com isso, o que lhe
restava era a função de sineiro da catedral, o local não era guardado
por funcionário, apenas era patrulhado por alguns guardas do rei que
mantinham o distanciamento do personagem assustador.

Ainda existe uma esperança?

Algumas pessoas já estavam incomodadas com tal descaso com os


deficientes, termo utilizado naquele período, foi então que vários
médicos colaboraram com seus estudos, lutando para dar uma
melhor condição de vida e alguma dignidade a essas pessoas.

Segundo os estudos de Mendes, a história da Educação Especial no


mundo surge no início do século XVI. Com médicos e pedagogos
que, desafiando os conceitos vigentes épicos, acreditaram nas
possibilidades de indivíduos até então considerados ineducáveis.
Centrados no aspecto pedagógico, numa sociedade em que a
educação formal era direito de poucos, esses precursores
7
desenvolveram seus trabalhos em bases tutoriais, sendo eles os
próprios professores de seus pupilos.” (MENDES, 2006, p.387).

Como exemplo, podemos mencionar o monge Pedro Ponce de Leon


que se tornou historicamente reconhecido como o primeiro
professor de SURDOS.

Na imagem observamos Pedro Ponce de Léon ensinando a língua de sinais ao menino Juan Pablo.
Imagem 4: encurtador.com.br/lnwAJ

Podemos citar outras figuras marcantes nesta fase como:

A) Abade L'Epee - Fundou a primeira escola pública de surdos em Paris;

B) Louis Braille - Jovem cego que através da adaptação de um código


militar de comunicação noturna constituiu o braille;

C) Montessori - Que desenvolveu um programa de treinamento com


ênfase na autoaprendizagem para crianças com deficiência
intelectual em internatos de Roma.

D) Itard (1774-1838) - No início do século XIX, passa a ser considerado o pai


da educação especial, após desenvolver tentativas de educar um menino
de 12 anos chamado Vitor de Aveyron, o menino lobo (menino considerado
8
com deficiência mental profunda, criado por lobos na floresta). Esse
caso ficou conhecido como o caso do Menino Selvagem. Itard foi
reconhecido como o primeiro estudioso a usar um método
sistematizado para ensinar deficientes. Ele acreditava que a
inteligência de seu aluno “retardado” era educável. Até os dias atuais
ele é referência para os estudiosos. (JANNUZZI, 1992).

Jean Itard o pai da Educação Especial

Esta foi a primeira tentativa de educar e modificar o potencial cognitivo de uma criança
com necessidades especiais.

Imagem 5: encurtador.com.br/wKY68

Com essa experiência Itard chegou a uma hipótese, que a deficiência


não é inata, mas sim adquirida socialmente, ou seja, pela falta de
estímulos e de convivência em sociedade a aprendizagem fica
prejudicada, contribuindo potencialmente com as limitações do
aspecto cognitivo.
9
ITARD ESTABELECEU ALGUMAS METAS PEDAGÓGICAS QUE FORAM:

1. O Interesse pela vida social;


2. Despertar a sensibilidade nervosa;
3. Ampliar esfera de ideias;
4. Levar ao uso da fala;
5. Exercitar operações da mente.

Essa experiência foi um marco na história da Educação Especial e


depois disso foram desenvolvidos vários programas na tentativa de
integração das pessoas com necessidades especiais ao convívio
social.

FASE DE INTEGRAÇÃO

Imagem 6: freepik.com
10
A INTEGRAÇÃO que teve início na Europa, pode ter ocorrido devido às
duas grandes guerras mundiais e o fortalecimento dos direitos
humanos. Em consequência das guerras mundiais, nos países
atingidos houve grande quantidade de pessoas mutiladas,
debilitados e transtornadas mentalmente.

A sociedade vira-se diante da necessidade de criar meios de


atendimento e reintegração das vítimas do pós-guerra ao convívio
social. A integração estava baseada na reabilitação do pós-guerra.

No início da década de 60, planejava se pela primeira vez um plano


para integração de crianças com necessidades especiais. A ideia
nascia para dar fim a prática da exclusão e segregação a que foram
sujeitadas às pessoas com deficiências durante vários séculos.

No período de integração surgiram as classes especiais dentro de


escolas comuns. Os testes de inteligência desempenharam um
papel relevante, no sentido de identificar e selecionar apenas as
crianças com potencial acadêmico.

Segundo Glat (1991), a integração “é um processo espontâneo e


subjetivo, que envolve direta e pessoalmente o relacionamento entre
seres humanos”. Na opinião de Rodrigues (2006), “a integração
pressupõe uma ‘participação tutelada’, uma estrutura com valores
próprios aos quais o aluno ‘integrado’ tem que se adaptar”.

A integração educativo-escolar refere-se ao processo de


educar-ensinar, no mesmo grupo, crianças com e sem necessidades
especiais durante uma parte ou na totalidade do tempo de
permanência na escola (MEC, 1994).

Ainda segundo Rodrigues (2006), “quando se fala de escola


integrativa trata-se de uma escola em tudo semelhante a uma
escola tradicional, em que os alunos com deficiência (os alunos com
outros tipos de dificuldades eram ignorados) recebiam um
11
tratamento especial”.

Nesse modelo há uma negação a propósito das diferenças; o aluno


especial é inserido no ambiente escolar como qualquer outro, sem
considerar as possíveis diferenças existentes para seu processo de
aprendizagem.

Para Pereira (1980, p. 3), integração “é fenômeno complexo que vai


muito além de colocar ou manter excepcionais em classes
regulares. É parte do atendimento que atinge todos os aspectos do
processo educacional”.

Devemos considerar que as diferenças são a essência da


humanidade, por isso, devemos respeitar todas as pessoas com
necessidades especiais ou não, assim a inclusão dos alunos no
ambiente escolar será muita mais fácil. Até porque, mesmo os
alunos ditos "normais" possuem diferenças no seu aspecto físico e
cognitivo.

Segundo Rodrigues (2006), “o certo é que não só os alunos são


diferentes, mas os professores são também diferentes, e ser
diferente é uma característica humana comum, e não um atributo
(negativo) de alguns”.

No contexto da integração, a educação acontecerá na medida em


que o aluno com necessidades especiais se adaptar aos recursos
disponíveis na escola regular.

Segundo Sassaki (1997, p. 32), no modelo integrativo “a


sociedade em geral ficava de braços cruzados e aceitava
receber os portadores de deficiência desde que eles
fossem capazes de moldar-se aos tipos de serviços que
ela lhes oferecia; isso acontecia inclusive na escola”.

%
12
Nesse modelo escolar é notória a exclusão dos alunos que não se
adaptam ao ensino oferecido na escola regular. Era fato que este
modelo não daria certo sem trabalhar a questão da autonomia, sem
exercitar seu senso crítico e colaboração dos alunos.

FASE DE INCLUSÃO

Imagem 7: freepik.com

A Inclusão é um processo que visa apoiar a Educação para Todos e para


cada criança no Mundo (Ainscow & Ferreira, 2003, citado em
Rodrigues, 2003).

Esta ideia implica encarar a escola como um espaço onde todas as


13
crianças e jovens têm lugar para aprender e adquirir conhecimento e
para desenvolver-se enquanto pessoa. Contudo, a construção de
uma “Escola para Todos”, onde a diferença adquira não apenas o
“estatuto de cidadania, mas também estatuto pedagógico e
organizacional”. (Lopes & Sil 2005, p. 2985).

O acesso a uma escolaridade básica de nove anos, a qual continua


fora do alcance de um em cada três brasileiros. “A promoção de uma
igualdade de oportunidades de acesso e de sucesso, com a
participação de todos e o respeito pela diversidade individual e
cultural dos alunos, através da inclusão na escola, bem como da
inclusão da escola no meio local, permitirá uma intervenção
integrada, no sentido da elevação do nível educativo da população.”
(Lopes & Sil, 2005, p. 2985).

A inclusão pressupõe que todas as crianças e alunos tenham uma


resposta educativa num ambiente regular que lhes proporcione o
desenvolvimento das suas capacidades. Este princípio vem
expresso na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994).

“O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste


em todos os alunos aprenderem juntos, sempre que
possível, independentemente das dificuldades e das
diferenças que apresente. Estas escolas devem
reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus
alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de
aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de
educação para todos, através de currículos adequados, de
uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas,
de utilização de recursos e de uma cooperação com as
respectivas comunidades. É preciso, portanto, um conjunto
de apoios e de serviços para satisfazer o conjunto de
necessidades especiais dentro da escola”. (p. 11-12)
14
A inclusão precisa sim ser abraçada pela escola, mas ainda existem
lacunas no processo que dificultam o atendimento junto aos
deficientes intelectuais altamente comprometidos, pois nossas
escolas ainda têm fragilidades quanto ao atendimento deste público.

A INCLUSÃO SOCIAL

Imagem 8: freepik.com

Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introduzir. E inclusão é o ato ou


efeito de incluir. Assim, a inclusão social das pessoas com
deficiências significa torná-las participantes da vida social,
econômica e política, assegurando o respeito aos seus direitos no
âmbito da Sociedade, do Estado e do Poder Público.

A inclusão da pessoa com deficiência no âmbito escolar é um debate


atual que demanda a organização de várias propostas de trabalho,
15
pelas especificidades inerentes à pessoa humana e pelas diversas
barreiras existentes no contexto escolar.

Ao se pensar essa inclusão é importante refletir acerca do que é


incluir de fato, já que se trata de um tema polêmico do ponto de vista
da prática educacional.

De acordo com Sassaki (2006), a integração propõe a inserção


parcial do sujeito, enquanto que a inclusão propõe a inserção total.
Para isso, a escola, como instituição que legitima a prática
pedagógica e a formação de seus educandos, precisa romper com a
perspectiva homogeneizadora e adotar estratégias para assegurar
os direitos de aprendizagem de todos. Contudo, tais estratégias
dependem das especificidades de cada pessoa, da experiência, da
criatividade e observação do professor com sensibilidade e
acuidade, além de uma formação inicial e continuada que o
encaminhe para isso.

Documentos, como, por exemplo, a Declaração de Salamanca (1994),


defendem que o princípio norteador da escola deve ser o de propiciar
a mesma educação a todas as crianças, atendendo às demandas
delas. Nessa direção, a inclusão traz como eixo norteador a
legitimação da diferença (diferentes práticas pedagógicas) em uma
mesma sala de aula, para que o aluno com deficiência possa acessar
o objeto de conhecimento. “Acessar” aqui tem um papel crucial na
legitimação da diferença em sala de aula, pois é preciso permitir que
as crianças com deficiência tenham a oportunidade como as demais
crianças.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela Organização das


Nações Unidas (ONU), em 1948, relaciona os alunos que têm acesso a tudo,
por outras vias, que eliminem as barreiras existentes. Isso poderá
ocorrer por meio de alternativas diversas (jogos, brincadeiras e
experimentação de diferentes estratégias) que o professor precisará
buscar para tratar dos conhecimentos em sala de aula, perpassando,
16
portanto, como se disse anteriormente, pela sensibilização,
criatividade e formação necessária a esse professor.

Assim, dentro da perspectiva social de deficiência podemos afirmar


que a pessoa com deficiência procura outro percurso de
desenvolvimento distinto daquele que está impedido biologicamente
(VYGOTSKY, 2004). A pessoa cega, por exemplo, aprende e se
desenvolve na busca de novos acessos, cognitivos e sociais,
utilizando-se do braile e de recursos de tecnologia de informação e
comunicação acessíveis. Já a pessoa surda, usuária da língua de
sinais, tem acesso ao objeto de conhecimento por meio dessa
língua. É importante ressaltar que a concepção de que os alunos não
começam sua apropriação do sistema de escrita alfabética do zero,
também é válida para as crianças com deficiência (REILY, 2004).

A escola deve disponibilizar recurso e tecnologia assistiva, a fim de


promover condições de acessibilidade, segurando, assim, plena
participação e possibilidade de aprendizagem às crianças com
seguintes direitos que valem para todos, isto é, os chamados direitos
humanos ou da cidadania que constam na Constituição Federal, 1988.

• Direitos Civis: direito à liberdade e segurança pessoal; à igualdade


perante lei; à livre crença religiosa; à propriedade individual ou em
sociedade; e o direito de opinião (Art. 3° ao 19).

• Direitos Políticos: liberdade de associação para fins políticos; direito de


participar do governo; direito de votar e ser votado (Art. 20).

• Direitos Econômicos: direito ao trabalho; à proteção contra o


desemprego; à remuneração que assegure uma vida digna, à
organização sindical; e direito à jornada de trabalho limitada (Art. 23 e
24).

• Direitos Sociais: direito à alimentação; à moradia; à saúde; à previdência


e assistência; à educação; à cultura; e direito à participação nos
17
frutos do progresso científico (Art.25 ao 28).

Imagem 9: freepik.com

CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

O conceito de Educação Inclusiva é amplo e complexo. Ele se expressa


em diferentes formas de concepção e contextos. Para uma melhor
compreensão deste estudo é necessário levar em conta a questão
dos direitos humanos e das diferenças individuais. Sabemos que a
inclusão de todos nas escolas brasileiras, ainda, não é uma realidade
de fato. Muitos educadores que se dedicam a pesquisas sobre esse
assunto revelam que para haver inclusão escolar na realidade das
escolas regulares de ensino há a necessidade de mudanças de
paradigmas educacionais e afirmam que, infelizmente, existe uma
18
cultura que persiste em conservar práticas excludentes no cenário
das escolas.

Neste sentido, a presente reflexão, poderá contribuir com algumas


questões sobre o desenvolvimento do processo de educação
INTRODUÇÃO
inclusiva. Elas ressaltam a importância de valorizar as diferenças e
oportunizar a todos os alunos, o acesso ao espaço escolar e ao
conhecimento científico com igualdade de oportunidades.

Antes de abordar algumas reflexões sobre o paradigma da educação


inclusiva, considera-se pertinente analisar os conceitos de
educadores que se dedicaram e/ou dedicam-se a pesquisar sobre
esse processo educacional. Educadores e pessoas, que direta ou
indiretamente, defendem o direito de todos na escola com as
mesmas oportunidades de acesso, permanência e aprendizagem de
qualidade.

Nas ideias de Stainback (1999), a educação inclusiva é a prática da


inclusão escolar de todos os alunos, independentemente, de seu
talento, deficiência, origem socioeconômica ou origem cultural, no
qual todos possam se apropriar, igualmente, de todos os benefícios
que a escola pode oferecer. A inclusão é um valor. Ela é o que
fazemos com todas as crianças. Ela é o que desejamos para nós
mesmos. Nesse modelo de educação todos os alunos juntos têm o
direito à mesma preparação para a vida na comunidade.

Com base neste conceito pode-se afirmar que esse tipo de educação
requer uma transformação dos sistemas de ensino no país. As
escolas brasileiras se configuram, ao longo da história de educação
brasileira até os dias de hoje, no retrato de uma educação para uma
parcela da sociedade. As mudanças ocorrem de forma lenta com
relação ao processo de inclusão de todos no espaço educacional
escolar. Basta verificar o índice de evasão, repetência e insucesso no
processo de aprendizagem dos alunos.
19
Na visão de Mitler (2003), a educação inclusiva se baseia num
sistema de valores que faz com que todos os alunos se sintam
bem-vindos à escola e esta celebra a diversidade que tem como
base o gênero, a nacionalidade, a raça, a linguagem de origem, o nível
de aquisição educacional e cultural, ou a deficiência. Esse modelo de
inclusão, porém implica em uma reforma radical nas escolas em
termos de currículo, avaliação, pedagogia e agrupamento dos alunos
nas atividades de sala de aula. Implica, também, no preparo
apropriado dos professores mediante uma formação de uma
educação e desenvolvimento profissional contínuo durante a vida.

A ideia acima revela que o processo para uma educação inclusiva


caminha como expressão de luta para o alcance dos direitos
humanos, tendo, portanto, a necessidade de amplas
transformações. Mantoan (2003), destaca que a educação inclusiva
implica em mudança de paradigma educacional.

É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter


o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de
nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção.
Esse processo prevê a inserção de todos os alunos de forma radical,
completa e sistemática. A inclusão escolar é produto de uma
educação plural, democrática e transgressora que provoca uma
crise de identidade institucional, que por sua vez, abala a identidade
dos professores, pois parte destes buscam alunos de modelos
ideais, permanentes e essenciais. A ideia de aluno ideal pode nos
levar a refletir sobre a cultura da homogeneidade, utiliza de práticas
imutáveis e rotineiras e desvalorizam as diferenças individuais.

O conceito de educação inclusiva nas palavras de Ferreira e


Guimarães (2003) se refere ao acesso à escola de todos os alunos,
indistintamente, independentemente, do fato de apresentarem
dificuldades e ou deficiências.

Nesse modelo de educação é preciso criar alternativas


20
técnico-pedagógicas, psicopedagógicas e sociais que possam
contribuir para o processo de aprendizagem de todas as crianças, e
isto requer mudança de antigos para novos paradigmas.

E é a partir da compreensão de inúmeros aspectos ligados aos


conceitos de igualdade e de diferença, que se pode investir em seres
humanos melhores e mais fraternos. E assim sendo, haverá
significativa contribuição para profundas modificações na área
educacional.

Considerando a ideia acima, vale a pena chamar a atenção pelo fato


de que a escola precisa de transformação para receber qualquer tipo
de aluno, mesmo aqueles com deficiência. Valendo-se disso, uma
questão merece ser refletida: há interesse e vontade por parte de
todos os profissionais das escolas em mudar, radicalmente, atitudes,
práticas e conceitos?
Nas últimas décadas, o tema inclusão tem sido palco de debate para
educadores, pais de alunos com deficiências e pessoas diretamente
ligadas a instituições que lutam pela inclusão e valorização das
pessoas que portam alguma deficiência ou dificuldades de
aprendizagem. Pensar a educação numa lógica inclusiva é pensá-la
em novas perspectivas educacionais, é caminhar para a busca dos
direitos, bem como, levantar a bandeira da igualdade no cenário
educativo.
21

GLOSSÁRIO

B
BRAILLE OU BRAILE: Sistema de escrita caracterizado por possuir pontos
que, em relevo, dão indicações de leitura para pessoas que não
conseguem enxergar; essas pessoas podem ler pelo tato e também
escrever com o auxílio desse sistema; anagliptografia.

c
COGNITIVO: Refere-se à capacidade de adquirir ou de absorver
conhecimentos: aumento do aprendizado cognitivo.

d
DEFICIÊNCIA: Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função
psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o
desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal
para o ser humano.

Deficiência permanente: aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um


período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter
probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos.

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: é considerada um distúrbio do desenvolvimento


neurológico. Transtornos do neurodesenvolvimento são condições
neurológicas que aparecem precocemente na infância, geralmente
antes da idade escolar e prejudicam o desenvolvimento de aspectos
pessoais, sociais, acadêmicos e/ou profissionais.

DEFICIÊNCIAS FÍSICAS: diferentes condições motoras que acometem as


pessoas comprometendo a mobilidade, a coordenação motora geral
22
e da fala, em consequência de lesões neurológicas, neuromusculares,
ortopédicas, ou más formações congênitas ou adquiridas (MEC,2004).

DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS: é a ocorrência de duas ou mais deficiências


simultaneamente, sejam deficiências intelectuais, físicas ou ambas
combinadas.

DEFICIÊNCIAS SENSORIAIS: do ponto de vista científico, a deficiência sensorial


se caracteriza pelo não-funcionamento (total ou parcial) de algum
dos cinco sentidos. Classicamente, a surdez e a cegueira são
consideradas deficiências sensoriais, mas déficits relacionados ao
tato, olfato ou paladar também podem ser enquadrados em tal
categoria.

DISFORMES: que não se adequa a um padrão normal; que é irregular; que


apresenta deformação; desconforme ou desproporcionado. Cuja
forma é irregular; que não possui forma; que é grotesco;
desagradável.

Distúrbio: (ver, também, "incapacidade") - Situação, geralmente


transitória, em que a pessoa apresenta deficiência ou incapacidade
de ordem física (expressão), sensorial ou mental, geralmente
reversíveis quando sujeitas a terapias especializadas (médicas,
pedagógicas, psicológicas, psicopedagógicas, fonoaudiológicas,
entre outras).

e
EXCLUSÃO: Do latim exclusĭo, a exclusão é a ação e o efeito de excluir
(deixar alguém ou algo de lado, descartar, afastar, negar
possibilidades).

I
INCLUSÃO: é o ato de incluir e acrescentar, ou seja, adicionar coisas ou
pessoas em grupos e núcleos que antes não faziam parte.
23
l
LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

p
PARADIGMAS: é um modelo ou padrão a seguir. Etimologicamente, este
termo tem origem no grego paradeigma que significa modelo ou
padrão.

s
SEGREGAÇÃO: substantivo feminino ação de segregar, de separar, de
isolar, de se afastar; afastamento, separação.
24
referências

BARRETO,Sidirley de Jesus. Psicomotricidade, educação e reeducação. 2 ed.


Blumenau: Livraria Acadêmica, 2000.

FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Porto


Alegre: Artmed, 2004.

NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil 3: psicomotricidade:


alternativas pedagógicas. Porto alegre: Prodil, 1995.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Teoria e prática em psicomotricidade: jogos,


atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. 3 ed. Rio de
Janeiro: Wak Ed., 2007.

ANTIPOFF, Helena. A educação de bem dotados. Rio de Janeiro, SENAI, 1992.

AUCOUTURIER, B., DARRAUT, I., EMPINET, J. L. A prática psicomotora:


reeducação e terapia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

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