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EDUCAÇÃO ESPECIAL E
INCLUSIVA
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INTRODUÇÃO
A inclusão é um processo que visa trazer para dentro da sociedade pessoas que
foram marginalizadas historicamente. Como diz MANTOAN (1997, p.20) "enquanto a
pessoa está adequada às normas, no anonimato, ela é socialmente aceita. Basta, no
entanto, que ela cometa qualquer infração ou adquira qualquer traço de anormalidade
para que seja denunciada como desviante". Partindo da análise histórico-social do
indivíduo com deficiência, este trabalho perpassa por uma visão clínico-patológica
(quando se encarava o sujeito com deficiência como uma pessoa doente- Sacks, 1998),
acompanha as mudanças da própria sociedade, onde a priori se adota uma pedagogia
ortopédica (Skliar-2005) que visa “normalizar” tais indivíduos e esta pesquisa chega nos
dias de hoje à reflexão do processo de inclusão educacional à luz da psicopedagogia.
Hoje é sabido que a escola não pode ser um espaço neutro, é um espaço
democrático, político na vida de todos. Nesse sentido as ideias de Freire vão nortear este
trabalho, buscando desvincular a posição do deficiente como um sujeito oprimido para
um sujeito crítico, reflexivo. A partir da educação isso é possível. No entanto não basta
aceitar a matrícula dos alunos com deficiência, é preciso trabalhar em prol do
desenvolvimento de Todos os educandos.
mais do que o defeito em si, o que decide o destino da personalidade da criança é sua
realização sócio-psicológica”. Assim, o trabalho psicopedagógico demonstra extrema
importância e o espaço social oferecido pela escola pode ser extremamente benéfico.
Afinal, as potencialidades não nascem prontas, é o meio social que vai ajudar o
indivíduo a encontrá-las, a fazê-las desabrochar.
Vale destacar que com o fomento da inclusão a psicopedagogia nasce para unir a
lacuna existente entre o atendimento clínico/psicológico do sujeito deficiente e o trabalho
educativo deste aluno com deficiência. Fez-se necessário então um campo de estudo que
fosse capaz de entender o sujeito- aprendiz, o que ampliou a área de atuação do
psicopedagogo que não limita- se ao trabalho com pessoas com déficits, mas também na
prevenção de possíveis dificuldades e ainda na orientação, suporte e desenvolvimento de
estratégias para o trabalho com o desenvolvimento integral de sujeitos aprendizes. Nesse
sentido Weiss afirma que “a Psicopedagogia busca a melhoria das relações do aprendiz
com a aprendizagem”. Partindo da compreensão desta premissa, e por ser um dos temas
mais discutidos na atualidade, acredito que o trabalho do Psicopedagogo nas instituições
escolares pode facilitar esse processo inclusivo, auxiliando todos os alunos no
desenvolvimento da aprendizagem e em outros aspectos relevantes. Torna-se necessário
“resgatar na escola desde a mais tenra idade aquelas atividades educativas que
enriquecem a interioridade dos alunos” ( Malheiro, 2010).
bibliográfica, baseando-se nas ideias de autores como: Fernandez, Freire, Mantoan, Paín,
Porto, Ramos, Relvas, Sacks, Sassaki, Vygotsky, Weiss, entre outros.
Através da pesquisa de livros relevantes e também de artigos atuais este trabalho
busca analisar as possíveis práticas psicopedagógicas que permeiam e facilitam processo
de inclusão educacional no Brasil baseando-se nas ideias de autores que já pensaram no
assunto e podem nos ajudar a chegar a uma conclusão, norteando nossa prática.
Desde o princípio da humanidade todo aquele que fosse considerado diferente, que
fugisse dos padrões de normalidade aceitos por determinada época, era visto com olhar de
desprezo, discriminação, superstição, medo, superproteção e/ou segregação.
Como Séneca (1986) afirmou:
“Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se
as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas;
matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem defeituosos e
monstruosos afogamo-los, não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as
coisas inúteis das saudáveis.”
Como afirma Pessotti (1984): “De todo modo, diversas vantagens se oferecem para o
deficiente ao passar as mãos do inquisidor às mãos do médico”.
Assim, o deficiente passa a ser visto como alguém que precisa de cura para a sua
“doença”. Muitas experiências médicas foram realizadas com deficientes “em prol da
cura”, não obtendo muito sucesso. Essa “visão ortopédica” enxergava apenas a
deficiência da pessoa e não conseguia perceber que ali havia uma pessoa com
determinada deficiência, como sendo um sujeito com possíveis habilidades a serem
encontradas. Acreditava-se que a pessoa com deficiência era incapaz e por isso não
precisam receber estímulos educacionais. A sociedade não percebia essa parcela da
população, embora pessoas com deficiências sempre existissem.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que foi liderada por Hitler,
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muitas atrocidades foram cometidas. Acredita-se que o Holocausto eliminou por volta de
275 mil adultos e crianças com deficiências e outras 400 mil pessoas suspeitas de
portarem a hereditariedade de surdez, cegueira e deficiência mental. Essas pessoas foram
mortas em nome da crença de Hitler na existência de uma raça humana mais pura,
denominada Ariana, a qual essas pessoas, segundo ele, não poderiam fazer parte,
assim como os judeus e ciganos também não.
Pessoas com deficiências passaram a ser um pouco mais enxergadas pela
sociedade no Pós-Guerra, quando muitos soldados e combatentes que por voltarem
vivos aos seus países foram considerados heróis, no entanto, muitos desses “heróis”
trouxeram as marcas da guerra no corpo e na mente, pois era enorme o número de
pessoas que se tornaram deficientes físicos e doentes mentais por conseqüência da
guerra.
Ainda no século XX, a deficiência passa a ser vista de outras formas por grandes
pensadores, podendo se destacar: Piaget, Brunner e Vygotsky que contribuíram muito
com os seus estudos sobre as crianças com deficiência.
“Se uma criança cega ou surda atinge o mesmo nível de desenvolvimento de uma
criança normal, então uma criança com uma deficiência atinge-o de outro modo,
por outro caminho, outro meio; para o pedagogo, é particularmente importante
conhecer a singularidade do caminho pelo qual deve conduzir a criança. Essa
singularidade transforma o menos da deficiência no mais da compensação”.
(SACKS, 1998)
ONU a comunidade internacional se reúne na nova sede jurando nunca mais cometer
tamanha atrocidade. Tal “juramento” vira um documento onde se explicita todos os
direitos de um ser humano, em todo lugar e tempo. Esse documento confere suma
importância e passa a ser chamado de Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Fase dos direitos fundamentais: iguais para todas as pessoas quaisquer que sejam as
suas limitações ou incapacidades. É a época dos direitos e liberdades individuais e
universais de que ninguém pode ser privado, como é o caso do direito à educação;
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Como relata a própria UNESCO, essas divisões históricas baseadas na forma como
a pessoa com deficiência foi encarada acontecem somente de forma cronológica, pois até
mesmo nos dias atuais há inúmeras concepções e crenças que permeiam as atitudes frente
as pessoas que possuem alguma deficiência. O que reflete nas escolas e instituições que
atendem alunos com deficiências.
INCLUSÃO X EXCLUSÃO
Até os dias de hoje existe uma grande batalha para que tal preceito seja vivenciado
por todos, porque as marcas da exclusão ainda estão enraizadas na sociedade.
“... ambas não constituem categorias em si, cujo significado é dado por qualidades
específicas, invariantes, contidas em cada um dos termos, mas são da mesma
substância e formam um par indissociável, que se constitui na própria relação. A
dinâmica entre elas demonstra a capacidade de uma sociedade existir como um
sistema.”
São muitas as forma de exclusão que uma pessoa pode vivenciar. A acessibilidade,
ou melhor, a sua falta, é um dos maiores exemplos de exclusão. Por exemplo: o
“direito de ir e vir” está garantido em lei, mas como um deficiente físico vai onde
quiser se são poucos os locais que possuem estrutura para recebê-los adequadamente?
A maior barreira que pode haver para uma pessoa com deficiência é a “barreira
humana” que persiste através do preconceito, discriminação e inabilidade de lidar com o
desconhecido, com a diversidade. Segundo Amaral (1995), o confronto com a diferença
causa uma hegemonia do emocional sobre o racional. Negar, não a diferença, mas o
diferente, é de certa forma, confortável, pois não nos obriga a qualquer transformação.
brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.” Incluir não é fazer
caridade, e sim, justiça.
INCLUSÃO ESCOLAR
A trajetória das pessoas com deficiência até a chegada dos bancos escolares é
carregada de estigmas, mitos e crendices, assim como sua trajetória na história da
sociedade. No entanto não foram apenas as pessoas com alguma deficiência que foram
historicamente excluídas da escola. Mulheres, pessoas negras e pobres também foram
mantidos distantes dos espaços escolares porque estudar era privilégio para poucos. No
século XIX e em boa parte do século XX havia escolas separadas para meninos e para
meninas.
A Inclusão Escolar não diz respeito apenas a inserção dos alunos com deficiência, e
sim algo mais amplo, uma verdadeira ruptura com o sistema educacional da atualidade,
como afirma Mantoan (2006) “ a Inclusão implica mudança desse atual paradigma
educacional, para que se encaixe no mapa da educação escolar que estamos traçando”.
Como vimos anteriormente, longa foi a jornada percorrida pelas pessoas com
deficiências até que elas pudessem sentar nos bancos escolares. A visão da sociedade
em relação à pessoa com deficiência mudou, dessa forma o papel da educação escolar
em relação a essas pessoas também precisou de novos olhares e novas práticas. Tal
olhar amplia-se de dentro da escola para fora dela e vice-versa. Na verdade, possibilitar
as diferentes presenças é um desafio. A escola será um espaço sociocultural, em que as
diferentes presenças se encontram, assim como o espaço privilegiado de cidadania, se
criarmos condições para tanto.
escola são alunos que não vem do ensino especial, mas que possivelmente
acabarão nele.”
(MONTOAN, 1999)
Para Relvas (2010) para se ter um bom rendimento e assim, uma boa acolhida, a escola
precisa de:
Condições físicas de sala de aula, como higiene, boa iluminação, limite acessível de
número de alunos por turma.
Condições pedagógicas, disponibilidade de material didático adequado à faixa etária e
método pedagógico de acordo com a realidade da criança.
Condições de corpo docente, no qual se refere à motivação, à dedicação, à qualificação
e à remuneração adequada.
Como já bem explicitado por Marsha Forest (1987) cabe aqui a metáfora do
caleidoscópio descrita por ela: “O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o
compõe. Quando se retiram pedaços dele, o desenho se torna menos complexo, menos
rico. As crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e
variado.”
I- DEFICIÊNCIA FÍSICA
II - DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por
audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; (Redação dada pelo
Decreto nº 5.296, de 2004)
exemplos de causas de DA do tipo condutivo. A maior parte das deficiências desse tipo pode
ser corrigida com algum tratamento.
Fala e Linguagem
Nesse sentido, vale destacar dois dos achados mais recentes, de consequências
cognitivas das perdas auditivas, um em idosos e outro em crianças. Nos mais velhos, já
está claro que a deficiência auditiva é um dos principais fatores de risco evitáveis para o
desenvolvimento de demências como o Alzheimer.
Já nas crianças, inúmeros estudos vêm demonstrando que aquelas com perdas
auditivas estão sujeitas a alterações nas funções executivas do cérebro, um conjunto muito
importante de mecanismos cerebrais responsáveis pelo planejamento e execução de
atividades.
As consequências da perda auditiva são listadas abaixo:
Dificuldade de comunicação
Vergonha, culpa, raiva
Isolamento social
Dificuldade de relacionamento
Dificuldades acadêmicas
Dificuldade familiar
Dificuldades no trabalho
Alterações do humor
Alterações de memória
Demências e Alzheimer
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Baixa auto-estima
Pouca autonomia
Disfunção sexual
Um grande número de pessoas com perdas auditivas condutivas pode ser tratada de
maneira curativa, através de medicamentos ou cirurgias. Como exemplo, existem
as timpanoplastias usadas para corrigir perfurações no tímpano ou a estapedectomia para
tratar a surdez decorrente da otosclerose. Os diferentes tipos de otites medias também
podem ser bem tratadas. Nessas inflamações, o uso de medicamentos ou de tubos de
ventilação pode tratar também a audição.
Aparelhos Auditivos
Implantes Cocleares
Implantes de orelha média
Próteses Auditivas Ancoradas ao Osso (surdez unilateral)
Além dos tratamentos mencionados, grande parte dos pacientes podem ter benefício das
diferentes técnicas de terapia fonoaudiológica direcionadas a reabilitação e ao treinamento
auditivo.
Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a
melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no
melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do
campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60 o; ou a ocorrência simultânea de
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quaisquer das condições anteriores; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004)
Deste modo, a deficiência visual é definida pela acuidade visual. Ou seja, a capacidade de
enxergar os detalhes, formas e cores com precisão. De modo que, a acuidade determinada
para uma pessoal normal é a escala 20/20 no teste de Snellen. Onde o primeiro 20 representa a
distância de 20 pés (aproximadamente 6 metros), que uma pessoa normal enxerga
perfeitamente e o segundo 20 é relativo à aferição da pessoa examinada. Por exemplo, um
indivíduo com acuidade 20/40 enxerga um objeto como se estivesse a 40 pés quando
comparado a com alguém com visão perfeita.
A visão é o sentido que mais usamos para perceber o mundo à nossa volta. Por isso,
a deficiência visual em crianças em idade escolar potencializa as chances de aprendizado
abaixo do nível adequado. Assim, resulta também em problemas de desenvolvimento
cognitivo, emocional, motor, social e de linguagem. Além disso, dois terços das crianças
com deficiência visual apresentam outro tipo de deficiência de desenvolvimento, como
perda auditiva, deficiência intelectual, paralisia cerebral e epilepsia, por exemplo.
IV - DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
a) comunicação;
b) cuidado pessoal;
c) habilidades sócias
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Na verdade, a questão é bem mais complexa do que essa ideia errada sobre o que é
deficiência intelectual. Por isso, preparamos este post para você entender melhor e, assim,
aprender a lidar melhor com ele.
Por exemplo, uma criança que tem deficiência intelectual tem um nível cognitivo e
comportamental menor ao esperado para a idade. Por isso, muitas crianças e adultos nessa
condição são vistas como imaturas. Mas, a verdade é que esse problema compromete e
atrapalha a adaptação, tornando mais difícil fazer as coisas normais do dia a dia.
Mas é preciso lembrar que isso não afeta todos da mesma forma. Por isso, podemos classificá-
lo em 4 níveis diferentes: o nível leve, moderado, grave ou profundo. A avaliação é feita de
acordo com a função intelectual e adaptativa da pessoa.
Os sintomas geralmente são bem claros, mas nem sempre o diagnóstico vem cedo.
Nos casos leves, os primeiros sinais costumam ser notados somente na idade escolar. Já
nos casos moderados ou acima, às vezes é possível perceber os sinais nos primeiros anos
de vida. Separamos alguns dos principais sintomas para que você aprenda a identificar:
Atraso no desenvolvimento
Anomalias
Doenças
Dificuldade de adaptação aos mais variados ambientes, que pode ocorrer tanto em
lugares novos, como familiares.
pessoas que convivem com dois ou mais tipos de deficiência ao mesmo tempo. Essas
pessoas possuem a deficiência múltipla.
Física e psíquica:
Sensorial e psíquica:
Sensorial e física:
Na escola cada criança precisa ser avaliada sobre suas dificuldades e sobre suas
potencialidades. É preciso ficar atento às competências do aluno com deficiência múltipla
e utilizar a estimulação sensorial. Dessa forma é possível encontrar diferentes maneiras de
se comunicar e interagir com a criança.
Mas para que haja desenvolvimento adequado e aprendizado das crianças com
múltiplas deficiências, não é suficiente apenas adaptar o currículo. É preciso observar as
necessidades do aluno como:
A Psicopedagogia
Psicologia Social
Psicanálise
Psicologia Genética
Na escola o psicopedagogo vai adotar esse olhar, lembrando-se que o foco da sua
atenção não são as dificuldades de aprendizagem em si, mas o processo de aprendizagem
em sua totalidade, e consequentemente se houver algo atrapalhando ele saberá
identificar para intervir, como diz Bossa (1994): “ cabe ao psicopedagogo perceber
eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade
educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo
com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos
de orientação”.
Segundo Malheiro (2010) a escola Ideal é aquela que sabe conjugar duas forças
complementares: as características temperamentais, psicológicas e físicas da criança com
o ideal de educação que a família pretende dar à criança. É onde seja possível conjugar
ensino-lúdico com exigência, buscando cada vez mais a individualização no ensino-
aprendizagem, isto é, buscar a riqueza e a individualidade do aluno. Percebe-se que a
escola inclusiva aproxima-se desse parâmetro por proporcionar o encontro com a
Diversidade, levando tanto o professor quanto o aluno a “abrirem os olhos” para as
diferenças.
Com o advento da Inclusão faz-se necessária uma “visão” mais aguçada mediante as
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necessidades educativas dos alunos, pois agora a escola não é somente daqueles que se
enquadram num determinado padrão, a escola precisa ser de todos, crianças com e sem
deficiências, com dificuldades ou facilidades, com desempenho cognitivo baixo, na
média ou superior. Assim, o psicopedagogo institucional vai trabalhar na escola para dar
assistência e orientações aos professores, prevenir as dificuldades de aprendizagem,
desenvolver um trabalho de cunho psicopedagógico educacional (não clínico) com os
estudantes, dessa forma contribuindo com a melhoria das condições do processo de
ensino aprendizagem.
Nesse contexto, o psicopedagogo pode ajudar ao proporcionar uma visão mais atenta
e sensível às individualidades, tornando o professor mais apto a perceber quando alguma
criança apresenta determinada dificuldade, mesmo que o educador não saiba
identificar com exatidão do que se trata. Então, entra o papel do Psicopedagogo
Escolar para trabalhar também com o educando.
Em se tratando de práxis escolar é bom lembrar que é importante dar uma visão do
nível pedagógico do aluno de forma global e da especificidade nos diferentes campos,
como leitura escrita e cálculo (Weiss-2008).
A prática psicopedagógica fomenta questões que ainda são tabus, porque ainda nos
dias de hoje existe a idéia de que o aluno com dificuldades precisa de
acompanhamento clínico para “normalizar” o que está “errado” e a escola não revê o que
está fazendo pelo aluno. Então, mais uma vez, o psicopedagogo, ao realizar a parceria
com os profissionais envolvidos com o aluno, inclusive os professores, deve esclarecer e
pontuar o que precisa ser modificado e onde é preciso intervir mais, sem “inter-ferir”.
Certa vez Freire disse “... aprender não é um ato findo. Aprender é um exercício
constante de renovação..." Então, ajudar um sujeito a (re) encontrar a vontade de aprender e a
superar o que limitava/bloqueava esse desejo é abrir portas e janelas para uma nova vida.
Partindo desse pressuposto a tarefa principal do professor é promover o gosto pela
aprendizagem. Então o trabalho do psicopedagogo vai de acordo com esta lógica, porque
ele vai propiciar um reencontro com essa aprendizagem, ajudando a derrubar as barreiras
que foram construídas pelos sintomas.
Segundo Vygotsky a criança nasce inserida num meio social, pertencendo a uma
família, estabelecendo com ela as primeiras relações com a linguagem. Nas interações
cotidianas, a mediação com o adulto acontece espontaneamente. Nessa interação com
outros sujeitos que formas de pensar são construídas por meio da apropriação do saber da
comunidade em que está inserido.
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Aos alunos:
com o Ser em sua totalidade, reconhecendo o seu contexto social, familiar, psicológico o
seu momento histórico, suas individualidades, seu grau de desenvolvimento e
características pessoais.
Portanto para pensar o aluno como sujeito é preciso conhecê-lo, e isso se faz
quando o psicopedagogo utiliza-se de ferramentas fundamentais:
Diálogo
Escuta atenta
Observação
Descoberta das habilidades
CONCLUSÃO
Vivemos numa sociedade capitalista, no século XXI, cuja base da sua construção
social e cultural está pautada nos ideais de minorias que detinham o poder ao longo da
história. Embora as crenças e valores dessa minoria tenham permanecido enraizados na
contemporaneidade, muitas mudanças aconteceram nesse âmbito. Corrêa (2005) analisou
historicamente as mudanças referentes à pessoa com deficiência, levando-nos a perceber
que muitas transformações foram acontecendo ao longo da história, refletindo nas escolas
e no processo educacional.
Analisando a nossa história, nunca fomos capazes de aceitar as diferenças (sociais,
culturais, étnicas, religiosas...), fato que começa a ser modificado nos dias de hoje. À
medida que a sociedade foi se modificando, as práticas educacionais também, assim
como a visão do próprio homem.
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O homem passou a adotar diferentes visões sobre si mesmo: ser primitivo, ser
pecador ou puro, ser iluminado, ser racional (...) e enfim começa a se enxergar e ser
enxergado como ser humano. Através da Psicologia ele passa a ser visto como sujeito e
pela Pedagogia como um aprendiz. No entanto, a quem pertence o conhecimento
referente ao sujeito-aprendiz? Quem estuda o processo de aprendizagem desse sujeito?
Buscando preencher essa lacuna nasce a Psicopedagogia, cujo objeto central de estudo
está se estruturando em torno da aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais
e patológicos, conforme Bossa (2000).
O que o psicopedagogo deve buscar na escola é a realização de uma práxis
psicopedagógica capaz de fomentar no educando o seu potencial para aprender,
desenvolvendo no professor a compreensão da importância de educar para o desejo de
aprender. Segundo Ramos (2010) o primeiro passo para a inclusão na escola é
realmente desfazer a idéia de homogeneidade e ter consciência das diferenças,
reconhecendo que a aprendizagem é algo individual. A convivência com outras crianças
é fundamental, porque isso permite o confronto com o “outro”. Se ela convive apenas
com crianças que possuem as mesmas necessidades, não terá outros parâmetros.
Respeitar as diferenças é também respeitar o ritmo de aprendizagem de cada um,
considerando-se que aprender é para a vida toda, como nos lembra Freire“... aprender
não é um ato findo. Aprender é um exercício constante de renovação..." Então, ajudar um
sujeito a (re)encontrar a vontade de aprender e a superar o que limitava/bloqueava esse
desejo é abrir portas e janelas para uma nova vida.
Por meio deste trabalho nota-se que com o advento da Inclusão a escola torna-se
um ambiente mais rico em diversidade, onde fica mais claro que o desenvolvimento das
pessoas não ocorre de igual para igual, afinal, cada um tem a sua história, suas
potencialidades, dificuldades, personalidade e trajetória de vida (familiar, escolar...).
Como vimos a inclusão exige que o professor perceba essas singularidades e conheça
seu alunado. Então, muitos professores mostram-se contrários à inclusão, porque ela
demanda um novo olhar, novas práticas e mudanças de atitude. Relvas (2009) diz que
“novas posturas educacionais precisam ser estruturadas para que os educandos despertem
para o aprender escolar” e saibam enfrentar os desafios da vida.
O que fazer quando as estratégias utilizadas para ensinar são eficazes para alguns,
mas não para outros? O que fazer com as famílias que não sabem como lidar com a
dificuldade de aprendizagem do filho? Para Rubinstein (1996), “a Psicopedagogia tem
como meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos nesse processo
(de aprender)”.
Assim, questões como as citadas acima podem ser trabalhadas pelo psicopedagogo,
que deverá mediar as relações do aluno com a aprendizagem, orientar os pais, ajudar a
preparar o professor para a aceitação e a diversidade, sendo uma peça muito importante
na escola inclusiva.
Pode ser notado que a sua atuação em ambiente escolar não deve ser solitária, pois
o psicopedagogo poderá realizar um trabalho integrado, auxiliando tanto no
desenvolvimento do aluno, quanto à capacitação da escola, orientando os pais e
realizando parcerias com outros profissionais que atendam esse educando, favorecendo
um elo que irá beneficiar o processo ensino-aprendizagem. “O trabalho psicopedagógico
atua não no interior do aluno ao sensibilizar para a construção do conhecimento, levando
em consideração os desejos do aluno, mas requer também uma transformação interna do
professor” (Fagali-1992).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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