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DJANY DE PAIVA SALES

“A POSTURA DOS EDUCADORES E POSSIVEIS SOLUÇÕES


NO PROCESSO DE MEDICALIZAÇÃO NAS ESCOLAS.”

UNIVERSIDADE
BRAZ CUBAS
2019
DJANY DE PAIVA SALES

“A POSTURA DOS EDUCADORES E POSSIVEIS SOLUÇÕES


NO PROCESSO DE MEDICALIZAÇÃO NAS ESCOLAS.”

Trabalho solicitado pelo Professor David


Sergio Hornblas, para obtenção de nota
na disciplina Projeto Integrador IV.

UNIVERSIDADE
BRAZ CUBAS
2019
SUMÁRIO

1. RESUMO...........................................................................04

2. INTRODUÇÃO..................................................................04

3. PROBLEMA HIPÓTESE...................................................05

4. OBJETIVOS......................................................................05

5. DESENVOLVIMENTO......................................................05

6. METODOLOGIA...............................................................13

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................13

8. REFERÊNCIAS ................................................................13
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1. RESUMO
O presente trabalho visa apresentar uma visão crítica sobre os
processos de medicalização nas escolas, a patologização dos comportamentos
de alunos como uma possível solução rápida para isenção de
responsabilidade, o papel dos professores neste contexto, as causas do
fracasso escolar. Com base nesta temática, este estudo descreve a atual
situação patológica do ensino e a postura dos professores, buscando soluções
não medicalizadoras, mas sim uma nova ótica sobre o método e dinâmica de
aprendizagem.

2. Introdução
Na contemporaneidade é crescente a translocação de problemas
inerentes á vida para o campo médico.
“A medicalização naturaliza a vida, todos os processos e relações
socialmente constituídos e em decorrência desconstrói direitos humanos, uma
construção histórica do mundo da vida.” (Moyses e Collares, 2007).
A busca por uma resolução rápida e fácil faz com que a Sociedade
medicalize para esconder sua incapacidade diante dos desafios impostos pela
evolução, através do desenvolvimento de uma geração de crianças dotadas de
capacidades a serem provocadas, que apresentam comportamentos que
precisam ser estudados, trabalhados e adaptados. A inclusão é de forma ampla
discutida em congressos, escolas, imprensa e demais serviços que veiculam o
país, porém ainda existe o preconceito, o estigma, a falta de preparo para lidar
com pessoas em vulnerabilidade, seja física ou emocional.
A medicalização atua nos alicerces dos preconceitos racistas sobre
inferioridade dos negros, do povo menos afortunado, mestiços, indígenas,
pessoas com alguma deficiência, normatizando a vida, transformando os
problemas da vida em doenças, em distúrbios de aprendizagem, doença do
pânico, hiperatividade, tudo é transformado em doença, e sempre uma nova
nomenclatura é usada para estigmatizar e segregar.
A sociedade procura desculpas para medicalizar, justificando, assim
como nos primórdios da civilização, onde para esconder, segregavam pessoas
que incomodavam buscando eliminar e tirar tal individuo de cena
medicalizando, usando das internações involuntárias e desnecessárias.
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3. PROBLEMA HIPÓTESE

Até que ponto a postura dos Educadores interferem no desenvolvimento e


fracasso escolar dos alunos?

4. OBJETIVOS

Apresentar a problemática da medicalização nas escolas e o quanto


reflete no desenvolvimento dos alunos, visando uma melhor compreensão
através de pesquisas e estudos dirigidos, elucidando a realidade do sistema de
ensino brasileiro, apresentando possíveis soluções.

5. DESENVOLVIMENTO

Ao fazermos uma análise retrospectiva na história da evolução das


escolas, desde os tempos antigos onde as crianças eram apenas ensinadas
pelos pais em suas casas, através das experiências destes ou de algumas
instruções mais especificas por aqueles mais instruídos, com o
desenvolvimento socioeconômico a necessidade de mudanças foi certa, a
igreja começa então a ensinar pequenos grupos, depois se estende ás zonas
rurais, os locais onde se ensinavam eram pequenos porem suficientes para o
numero de crianças, á medida que o tempo avançava foram necessárias
adaptações, para preparar locais, pessoas seriam escolhidas e preparadas
para ensinar; o movimento Iluminista favoreceu o crescimento e despertar de
uma nova era, onde o fazer científico teria seu lugar. O progresso avançava,
escolas foram construídas e professores precisavam de mais preparo, a
indústria também cresceu, carros foram criados, aviões e muitas máquinas,
máquinas que vieram a substituir o trabalho do homem, bancos para
administrar, os alimentos passaram a ser industrializados e refinados, ervas
naturais passaram a ser manipuladas e tornaram-se fármacos usados sem
medida nas farmácias, hospitais e casas populares, a medicação do século
XXI, a facilidade em adquirir instiga a automedicação; toda essa repercussão
na virada do século traz o estresse da modernidade, a liquidez de pensamento,
sentimento, tudo é liquido e sem compromisso, os projetos de leis, as reformas
mal elaboradas, em vários setores existem manipulação, desinteresse pelo
próximo e interesses pessoais de governantes fazem funcionar aquilo que lhes
convêm. Politicas públicas dependem de movimentos exaustivos e votos de
minorias, toda essa balburdia faz parte de um processo que desencadeia na
contemporaneidade uma avalanche de estresse que consome as energias do
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homem, o estresse que acompanha o desenvolvimento torna visível o quadro


da educação, a falência dos órgãos de uma sociedade que um dia fora
Iluminado, hoje na escuridão, o despreparo de professores, alunos que
apresentam baixo rendimento escolar, desmotivados por problemas oriundos
de diversas fontes, tais como fome, desemprego dos pais, maus tratos, falta de
afetividade nos lares, muitos são os motivos, porém a nomenclatura
encontrada para responsabilizar são Distúrbios de Aprendizado, T.D.A. H
(Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), medicalizando os alunos
ao invés de investigar as causas e proporcionar meios de adequar o aluno á
situação, a liquidez é visível.
Na Biologia da vida observa-se o desdobrar da Medicina, em especial a
Neurociências, as pesquisas em neurologia, especialmente sobre o
funcionamento cerebral, o comportamento dos neurotransmissores, mapeando
o código genético, grandes descobertas neste campo científico foram tomadas
como maneiras de compreender os comportamentos e sofrimentos dos seres
humanos. Através deste eloquente discurso tais profissionais acreditam ser
possível explicar as perturbações psíquicas como: transformando o sofrimento
em transtorno, o medo em excitação, etc. (Renata Guarido, 2011).
Uma multiplicidade de diagnósticos psicopatológicos é produzida para
simplificar e determinar os sofrimentos infantis sem levar em conta a
singularidade do individuo e seu contexto familiar, deixando de levar em
consideração a fase de estruturação psicológica.
Sobre Medicalização, a obra de Foucault apresenta esse termo em dois
sentidos, o primeiro diz respeito ao processo de sanitarização em importantes
cidades da Europa devido ao seu crescimento passaram por intervenções
médicas com vistas á produção da salubridade e higiene social, erradicando
doenças e possíveis epidemias; o segundo diz respeito á medicalização
indefinida, caracterizado pelos excessos médicos no campo do biopoder
(Zorzanelli 2018).
A medicalização é tida como uma estratégia biopolítica dentro de um
conflito de interesses diversos, a medicina é uma das esferas do biopoder,
aquela que procura criar estratégias de disciplina e regulamentação de
comportamentos, criando nomenclaturas e situações para segregar ou calar
aqueles que são reféns de uma sociedade de espetáculos.
A infância é um dos alvos da medicalização, aqueles que fugiam dos
padrões eram segregados, as oportunidades seriam apenas aos “perfeitos”;
No período Republicano, os princípios da
Escola Nova, ou seja, a corrente que trata de
mudar o rumo da educação tradicional,
intelectualista e livresca, dando-lhe sentido vivo
e ativo, determinaram importância privilegiada
para o estudo da criança, colocando-a no
centro do processo educacional. O Homem
moderno, esse homem novo, exigido pela nova
ordem urbano-industrial, deveria ser
disciplinado, hígido, saudável, ativo e amante
da pátria. (Abreu, 2006).
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A partir da biologia, como ciência que explica os comportamentos, a


criança passa a ser tida como um corpo biológico, onde aquela que se
desviava do padrão daquela época e daquela sociedade era transformada em
doente. No final do século XVIII o conhecimento médico invade o espaço
escolar procurando identificar os anormais, como medida para solucionar
alguns problemas de aprendizagem que começaram a surgir, sendo associada
a fatores orgânicos. No século XIX passou-se a buscar formas de moldar um
adulto adequado, segundo a visão médica. (Costa, 1989).

No século XX surge a Carta de Genebra, 1923, com a Declaração dos


Direitos da Criança promovendo à criação, valorização, a defesa e a proteção á
infância, sendo direitos universais das crianças. No Brasil somente em 1990
surge o (ECA) uma política que busca entender a criança e o adolescente de
uma forma holística; um modo de fazer da biopolítica, contrariando os deveres
constituintes do direito atribuído á criança e o adolescente. Em conjunto a tais
normas e regimentos, surge o DSM (manual Diagnóstico dos Transtornos
Mentais) cujo exemplar tem sido muito utilizados por psiquiatras para identificar
algumas psicopatologias, sendo que na contemporaneidade pode-se notar a
medicalização nas diversas nomenclaturas criadas para dar sentido ao
fracasso escolar nas escolas, no comportamento alterado e diferente, na não
adequação do aluno em sala de aula;

O fracasso escolar tem como um dos principais argumentos serem as


crianças pertencentes a classes populares, sendo sobre elas que durante
décadas recaíram as explicações para esses problemas, seja por dificuldade
de aprendizagem, seja por apresentarem problemas psicológicos, biológicos ou
até orgânicos e sociais, resultando em concepções de preconceito com a
situação de pobreza. (Marilene. Souza, 2011).

Patto (1990) observa ao analisar a história do pensamento educacional


que deve ser levado em consideração o processo de escolarização, o conjunto
de relações institucionais, históricas, psicológicas, pedagógicas e politicas que
estão presentes no cotidiano escolar, onde muitas vezes se confundem os
processos de escolarização como problemas de aprendizagem e estes como
sintomas de problemas emocionais. Havendo um retrocesso no campo
educacional transformando em patologia as dificuldades vividas por um sistema
escolar que não dá conta das suas incumbências.

Zucoloto (2007) A higiene escolar faz parte do contexto da higiene


pública ou geral. Desde os tempos antigos tratando-se de um público geral,
porém nas ultimas décadas voltadas para o fracasso escolar, evasão escolar e
todas as dificuldades comportamentais encontradas nas escolas. A higiene
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pública foi definida como prevenção de doenças, na sequência como a cura


para os problemas sociais.

No contemporâneo a Sociedade encontra como solução a


medicalização, uma forma de calar, de medicalizar os modos de ser e aprender
nas escolas, considerando essa atitude um dispositivo que tem um poder de
transformar os comportamentos da vida em patologias. (Christofari e tal.).

(Ed. Realidade, 2015) A medicalização como dispositivo para resolver


transformar problemas de ordem social, Política e cultural em questões
pessoais que são tratadas como doenças. Como exemplo são as crianças
rotuladas de irrequietos, desatentos, preguiçosos, sendo que estas são
possivelmente características pessoais, comportamentos aprendidos, cansaço
ou simplesmente uma característica momentânea da criança; fato é que são
rotuladas e encaminhadas para alguma especialidade medica. Questões essas
que foram traduzidas como serem características herdadas dos genitores,
sendo o importante encontrar uma causa que justifique o remédio a medicar.

O processo de medicalização nas escolas é a produção de doenças


para justificar a não aprendizagem, o comportamento inquieto, a tristeza dos
alunos; os discursos são sempre os mesmos para justificar a medicalização, a
escola procura adequar os alunos num patamar de “aluno padrão”, sem
respeitar a diversidade que existe no complexo estudantil. (Freitas 2015).

Os psiquiatras devem determinar se existem razões verdadeiras e


comprovadas através de exames clínicos antes de rotular uma criança com
doenças; porém devem também observar antes de tudo que existem algumas
razões psicossociais que podem levar aos problemas de comportamento.
Eisenberg (2012).

A medicina, os laboratórios e as farmácias cresceram muito nas ultimas


décadas, devido á grande demanda de encaminhamentos, de gratificações por
metas de vendas de fármacos, de propositura de milagres, como uma mágica
que resolve os problemas sem dar trabalho a ninguém. O sistema visa a lucro e
tem funcionado. Medicalizar é lucrativo para o sistema biopolítica. Foucault,
(1977) O corpo é uma realidade biopolítica e a medicina é estratégica neste
contexto.

A medicalização demostra o poder médico minando as capacidades das


pessoas que precisam lidar com seus pesares, suas dores e perdas. No âmbito
escolar, não apenas os alunos são rotulados, estigmatizados e medicalizados,
porém, uma nomenclatura estereotipada é usada para diminuir a
responsabilidade de alguns, a exemplo disso tem se, a famosa “Síndrome de
Bournaut”, causada pelas sofríveis condições de trabalho, o estresse, seria
essa a doença dos professores, educadores, que precisam lidar com uma
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demanda de alunos que levam para as escolas suas queixas pessoais,


demonstradas através de comportamentos que não lidos e observados de
acordo, porem medicalizados, igualmente, aqueles que questionam o tempo
todo, recebem um diagnóstico “Transtorno opositor Desafiador”. Essa tem sido
a realidade, a educação medicalizada sendo que o problema esta no sistema
ensino-aprendizagem, um sistema educacional já ultrapassado. Tais atitudes
de medicalização são meios paliativos que esse sistema tem encontrado para
dar alivio ao mal-estar em famílias e profissionais da saúde e da educação.
(Homblas e tal. 2019).

Algumas das doenças produzidas são: T.D.A. H (Transtorno de Déficit


de Atenção e Hiperatividade) e Dislexia, usados para aqueles alunos que
apresentam dificuldades na aprendizagem e desempenho das atividades em
sala de aula. Síndrome de Bournaut sendo relacionado ao estresse causado
pelo trabalho, desgaste mental. Doenças produzidas por um sistema que
inventa doenças para empurrar pílulas. (Homblas e tal. 2019).

No entanto, pode-se observar através de estudos científicos de que nem


todas as patologias são biológicas embora apresentem sintomas, Freud
demonstrou através de seus estudos, como o da histeria e das neuroses,
sendo provenientes de fatores psíquicos. Notadamente a psicossomática tem
avançado bastante, sendo imprescindível tratar os sintomas, assim como
agentes que causadores dos mesmos. (Homblas e tal. 2019).

O fracasso escolar tem sido biologizado, com tentativas infundadas de


explicações, procurando a todo tempo uma maneira de patologizar o que não é
doença, mas um sofrer calado, um grito que tenta se fazer ouvir e buscar alivio
para algo que esta a doer dentro de si. A medicalização tem ocorrido com
muita frequência no campo do comportamento e aprendizagem, devido á
exigência crescente dos modos de ser, tentando fazer com que os indivíduos
sejam padronizados, ao invés da sociedade acolher a todos com suas
diversidades e proporcionar-lhes condições necessárias para realizar-se como
ser humano, acaba segregando tais indivíduos. (Moyses e Collares, 2010).

Segundo Moynihan, 2007 as grandes empresas farmacêuticas almejam


na contemporaneidade por pessoas saudáveis, os altos e baixos tornaram-se
problemas de ordem mental, onde queixas comuns são transformadas em
transtornos e síndromes. Doenças são fabricadas, pessoas normais
transformadas em doentes; a indústria farmacêutica movimenta cerca de 500
bilhões de dólares por ano, são responsáveis por explorar os mais temidos
medos da morte, do envelhecer, do emagrecimento, de várias decadências
físicas e doenças, objetivando fazer com que os clientes dessas empresas
disponham de uma nova maneira de pensar objetivando estabelecer uma
ligação entre o estado de saúde e o medicamento, assim otimizando as
vendas.
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A principal função da instituição escola éde socializar o conhecimento e


a formação para a vida social, também proporcionar as condições para a
formação de cidadãos conscientes e ativos na construção e construtores da
historia.
A L.B.D., Lei de Diretrizes e Bases n. 9394/96 no art. 1° declara que “(...)
a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do
ensino, em instituições próprias deverá vincular-se ao mundo do trabalho e a
pratica social”. Essa concepção política de educação define a natureza do
Estado na qual todos os brasileiros, sem qualquer distinção, tem o direito à
educação. No art. 2°. “(...) tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”.
A escola para que cumpra sua função social, não pode ser apenas
aquela que transmite conhecimentos acumulados pela humanidade, essa
tarefa transcende o desenvolvimento cognitivo e a estruturação de pensamento
lógico. Nessa perspectiva (MELLO, 1987, p. 114) afirma que “sobre a
proclamação de que à escola cabe muito mais que ensinar as disciplinas do
currículo, amplia-se de modo tão ambicioso aquilo que ela deve fazer”.
“Luckesi 1990, “lembra que,” se a primeira tarefa do professor é de
modelar respostas que sejam próprias aos objetivos institucionais, a principal é
conseguir comportamento adequado pelo controle de ensino; daí a importância
da tecnologia educacional”. Dessa forma baseado nos pressupostos da
racionalidade, neutralidade e produtividade, como e o que se deve ensinar,
retirando a autonomia do professor ao desqualificar pedagogicamente.
Sobre a organização da escola, na disciplina, em seu rígido tempo, em
seu processo de seriação limitando o ensinar, faz-se necessário compreender
que a aprendizagem é um processo social, atualmente o acesso a educação
está praticamente garantido a todos, porem não esta cumprindo o seu papel na
sociedade de garantir o direito real de educação, não está no
acompanhamento das transformações e capazes de alterar suas formas de
organizações e funcionamento para assegurar que todos tenham as condições
para que promova a aprendizagem humana. Neste sentido tendo meios
facilitadores e diversificados para mediar o aprender respeitando o
desenvolvimento individual do aluno, cabe aos professores rever os métodos
tradicionais, reducionistas e inviabilizador do prazer em aprender, assumindo
um papel ativo, revendo refletindo sobre os problemas as sua atuação em sala
de aula, conhecendo mais a realidade social, tendo uma clareza sobre os
conflitos de um contexto capitalista e buscando na reflexão as mudanças
significativas para a efetivação de uma pratica de socialização do
conhecimento.
““As crianças estão sendo avaliadas e diagnosticadas pelos seus
“problemas” e os professores passivos diante a situação, não conseguem
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soluções para esse impasse dentro da sala de aula, enquanto os processos do”
não aprender” for direcionado para além da sala de aula, deixando de refletir
reavaliar e mudar a prática e os métodos utilizados dentro e fora da escolar,
não será possível a mudançadesse quadro do fracasso escolar que esta posto
na sociedade
Segundo Charlot (2000, p. 47-63) “O fracasso escolar não existe; o que
existe são alunos fracassados, situações de fracasso, histórias escolares que
terminam mal.”. Esses alunos, essas situações, essas histórias é que devem
ser analisadas, e não algum objeto misterioso (...) resistente, chamado
fracasso escolar.
Certamente o modo como o professor lida
com a complexidade da prática e são determinados pela compreensão que ele
tem sobre ela, podendo essa compreensão ser instrumentalizada e medida
pela teoria. Nesse sentido, dizemos que o professor não aplica teorias, mas
articula teoria e prática, à mesma medida que seus conhecimentos teóricos o
ajudam a compreender o que ocorre em sala de aula, marcando suas decisões
e seu modo de agir. (Fontana, 1997: 70).
Isso mostra os diferentes modos de explicar como o aluno aprende e se
desenvolve e de interpretação de certos problemas como as dificuldades
escolares. Para Padilha o importante é sempre olhar o aluno como um “ser
capaz”, não podemos nos guiar pelo que ela “não é”. (Padilha, 1997: 34)
Frenteà falta desse olhar para a capacidade do aluno, começam a serem
isoladas na própria sala de aula por barreiras invisíveis, e possivelmente são
enviados para os possíveis diagnósticos dos distúrbios de aprendizagem e
comportamento, tais como, Dislexia, TDAH... E vários outros que mudam
apenas o nome, talvez para escapar das algumas críticas ou mesmo para
camuflar a falta de um alicerce científico, ou mesmo poderia ser as duas
coisas. Assim, continua as crianças por sofrerem estigmatizarão e exclusão. Na
escola são encaminhadas para as aulas de reforço ou também de salas
especiais, fora da escola é encaminhada para os profissionais da área da
saúde.
Perante uma criança com mau rendimento escolar, o olhar será
focalizado em quem não aprende, pois o problema só pode ter essa
localização. (Moysés e Collares, 1997:144)
Um olhar que busca um “problema”, um “comportamento desviante”,um
“defeito”, que sai do que seria considerado normal e, portanto impede a
aprendizagem, o qual se diz que a criança não aprendeu por um problema seu,
isso claramente se resulta em um olhar que transforma um problema
pedagógico, político e social em um problema totalmente individual. Quando
em sala de aula a fala do professor direciona que o problema está centrado no
aluno estamos diante de um processo de medicalização, o deslocamento dos
problemas do âmbito da educação para o âmbito da saúde.
Professores que deveriam ser os responsáveis por analisar problemas
educacionais assumem uma postura acrítica e permeável a tudo, apenas
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tirando e encaminhando as crianças e adolescentes para os especialistas da


saúde. Acalmando as suas angústias, não só por transferir responsabilidades,
mas principalmente por que deslocam o eixo do coletivo para o particular
(Collares e Moysés, 1994:30)
O aluno que foi diagnosticado introjeta a doença, torna-se
psicologicamente uma criança doente sobre seu autoconceitosua autoestimae
na sua vida cotidiana acaba que confirma o tal diagnóstico. Não pelo fato
defracasso escolar, mas pelo fato de que estão vivendo com estigma. Todo
preconceito nos tiraa individualidade e também nossa capacidade de
transformar o cotidiano e ter a capacidade de construir nossa própria história.
Vygotsky destaca que escola tem um papel importante no
desenvolvimento das crianças. “Fazendo Junto” o professor pode facilitar os
processos que estão passando na ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal)
de seus alunos, deve ser o facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento,
criando situações estimuladoras e desafiadoras permitindo que o conhecer, o
fazer, o criar, se torne real na vida do aluno...
Muitas crianças não conseguem fazer sozinhas certas atividades, mas
podem realizar atividades com a ajuda de outros, hoje faz com a ajuda de
alguém e a manha realizará sozinha. Isso revela apratica pedagógica na qual a
criança é capaz de aprender e que o professor é capaz de ensinar.
Sabendo que a práxisé definida pela relação que está entre a teoria e a
prática, portanto, estas elas começam a partir do momento em que
aprendemos que, a criança aprende muito mais pelo prazer do que pelo
sofrimento e que ao vivenciar a experiência de um fracasso escolar deixa
marcas profundas na personalidade dessas crianças.
Discutir o como, não é mesmo fácil. [...] é necessário saber, ter
construído seu próprio conhecimento com sensibilidade, para perceber o que
ocorre a cada momento. Saber implica disponibilidade para enxergar a respeito
do outro, com todas as suas diferenças, tem que haver sabedoria de saber
fazer. Ai, teoria e prática não mais competem entre si, exibem-se inseparáveis.
(Moysés, 2002: 100)
A criança pode ser ajudada criando e estimulando varias situações em
que se sinta capaz, proporcionando para esse aluno um olhar de respeito, e de
cuidado, isso contrapõe a ideia de medicalização, com as praticas pedagógicas
que se constitui nas práxis para que sejam enfrentados e superados os
processos em que criam rótulos e conseqüentemente exclusão. Não que isso
se trate de ignorar e por fechar os olhospara as diferenças das crianças e de
tratar todas iguais, porem deve começar a dar mais oportunidades a quem teve
menos acesso, e que todos podem aprender e fazer parte da vida cotidiana
escolar.
O trabalho pedagógico deve ter seu fundamento na exploração de
possibilidades, que habilite redirecionar o olhar construtor das representações
sociais. Quem quer mudar deve perceber os significados possíveis, olhar como
possível novos caminhos e novas possibilidades.
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Ao decidir olhar, o homem escolhe seu lado da história. Faz a sua opção
pela inclusão, pela solidariedade e pelo reconhecimento do outro como igual.
(Brum, 1999:50).
Que a instituição escola com seus educadores e toda a equipe
pedagógica proponham a formação do sujeito histórico, criativos, ativos, éticos,
e críticos, capazes de gerar reflexões e não de apenas fazerem parte da
sociedade em que vivem, mas, de poder transformá-la e reinventá-la. Fazendo
com que cada individuo seja construtor e protagonista de sua própria historia,
com sua subjetividade, seus potenciais explorados de forma a não serem mais
expostos ao processo de medicalização trazendo-lhes os estigmas e rótulos
levando a exclusão, nisso teremos dito que:todos tem capacidadede aprender
algo e também de ensinar algo, somos e fazemos nossa própria história.

6. METODOLOGIA.
Pesquisa bibliográfica prospectiva nas bases textuais seguindo a linha
de pesquisas em referências bibliográficas.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho pretende criar uma discussão conscientizadora
sobre a Postura dos Educadores diante do processo de medicalização e
elucidar possíveis soluções para este contexto.

8. REFERÊNCIAS
Medicalização de crianças e adolescentes – livro\ Conselho Regional de
Psicologia SP\Grupo Interinstitucional “Queixa Escolar”. Casa do Psicólogo
\2010.
Medicalização: A Vigilância Punitiva e a Postura dos Educadores no
processo de patologização e medicalização da infância. Book-Scielo-
FCLuengo-2010.
Análise do Comportamento: Contribuições para a psicologia escolar.
USP-2017. Artigo. Google Acadêmico.
A Psicologia da Saúde na pratica (teoria e pratica) Valdemar Augusto
Angerimi. Editora Artesã\2019.
Vygotsky L. A formação social da mente: o desenvolvimento dos
processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes; 1984 168p.
Vygotsky L. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes; 1987
194p.
Moysés MMA A institucionalização invisível: crianças que não aprendem
na escola. Campinas/São Paulo Mercado de Letras/FAPESP; 2001 264p.
Moysés MMA, Collares CAL, Giraldi J W. As aventuras do conhecer: da
transmissão à interlocução. Educação e Sociedade 2002 78: 91-116
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Padilha AM. Possibilidades de histórias ao contrário ou com


desencaminhar o aluno da classe especial. São Paulo: Plexus; 1997 94p.

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