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A DIFERENTE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA

CLÍNICA E INSTITUCIONAL

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Sumário

Sumário .................................................................................................................... 1

NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2

Como e onde surgiu............................................................................................................ 3

[ PRIMEIRO CURSO UNIVERSITÁRIO ] em Psicopedagogia ................................................... 6

[ EXPANSÃO NOS CAMPOS DE ATUAÇÃO ].......................................................................... 7

Fundamentação psicológica ............................................................................................... 8

Interdisciplinaridade na psicopedagogia ............................................................................. 9

Multidisciplinaridade psicopedagógica ............................................................................. 10

Proposta psicopedagógica ................................................................................................ 10

 OBJETO DE ESTUDO ............................................................................................... 10

Fundamentos da psicopedagogia institucional ................................................... 20

Intervenção preventiva..................................................................................................... 21

A atuação psicopedagógica institucional .......................................................................... 22

FILOSOFIA DA INCLUSÃO no âmbito da psicopedagogia. .................................................. 26

Formação em psicopedagogia ............................................................................... 27

Código de ética ................................................................................................................. 28

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NOSSA HISTÓRIA

A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a NOSSA HISTÓRIA, como entidade
oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A NOSSA HISTÓRIA tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas
de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Fundamentos da psicopedagogia – clínica e institucional

o que é psicopedagogia?

“A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida


com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos,
considerando a influência do meio _ família, escola e sociedade _ no seu
desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia”.
(Código de Ética da Associação Brasileira de Psicopedagogia)
Se consultarmos um dicionário clássico de termos técnicos encontraremos:
“Psicopedagogia: Termo cujo aparecimento no início do século XX não pôde
causar admiração, de tal modo parecia evidente, na época, a privilegiada relação da
pedagogia com a psicologia, que era considerada renovadora do conhecimento do
sujeito da educação: a criança.
No final do século, esse privilégio é contestado. As realidades da educação
dependem igualmente, e até mais, de uma sociopedagogia, cuja ausência no
inventário das ciências demonstraria a força de ideologia psicologista. A
psicopedagogia é uma das possíveis abordagens da situação educacional, a que leva
em consideração seus componentes psicológicos: característicos dos indivíduos e dos
grupos, relações professores-alunos, articulação dos conteúdos e dos métodos com
os processos individualizados de aprendizagem, etc.
(Homeline, in Doron e Parot, 1998; p. 634)”.

Como e onde surgiu


Quanto à possibilidade do resgate dos primórdios históricos dos fundamentos
da Psicopedagogia, é consenso a admissão da França como país pioneiro, porém
podemos deparar com duas datas distintas quanto aos seus primórdios factuais;
apesar de ambas apontarem à França como o país genitor, há duas datas divergentes
com base no julgamento dos fatos: uma que nos remete ao século XIX e a outra que
data do século XX.
[ SÉCULO XIX ] A idéia da gênese psicopedagógica do século XIX, é
fundamentada no fato de que no final desse século educadores pioneiros como Itart,

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Pereire, Pestalozzi e Leguin começaram a se dedicar às crianças que apresentavam
problemas de aprendizagem devido a múltiplos fatores - período próximo a 1898, -
quando Clarapéde e Neville, introduziu na escola pública as "classes especiais",
destinadas à educação de crianças com retardo mental. Esta foi a primeira iniciativa
registrada de médicos e educadores no campo da reeducação. Outro fato importante
quanto a data do século XIX, é que ainda antes do seu termino, surgiu Seguin e
Esquirol, dando ênfase à neuropsiquiatria infantil que passou a se ocupar dos
problemas neurológicos que afetam a aprendizagem. Nessa época a psiquiatra
italiana Maria Montessori criou um método de aprendizagem destinado inicialmente
às crianças com algum retardo, tendo como sua principal preocupação a educação da
vontade e a alfabetização, via estimulação dos órgãos dos sentidos – (método
sensorial).
[ SÉCULO XX ] Entre 1904 e 1908 (século XX) iniciam-se as primeiras consultas
médico-pedagógicas, cujo objetivo era encaminhar crianças para as classesespeciais.
Mery (1985) aponta esses educadores como pioneiros no tratamento dos problemas
de aprendizagem, observando, porém, que eles se preparavam mais pelas
deficiências sensoriais e pela debilidade mental do que propriamente pela
desadaptação infantil. Segundo Andrade (2004), a gênese da psicopedagogia teria
acontecido na década de 1920 (século XX), momento em que se instituiu o primeiro
Centro de Psicopedagogia do mundo. Ligado ao pensamento psicanalítico de Lacan,
tal centro, de acordo com a autora, fundamentou aquilo que posteriormente foi
nomeado de Psicopedagogia Clínica. Bossa (1994) e Masini (1993), por outro lado,
apontam que a Psicopedagogia teria nascido no ano de 1946, período em que se deu
a criação dos primeiros Centros Psicopegagógicos na Europa, em Paris, por Juliet
Favez-Boutonier e George Mauco.
[ SURGIMENTO DO TERMO ] Psicopedagógico Conforme Masini et al. (1993),
Mauco teria explicado que o termo “psicopedagógico” foi utilizado na nomenclatura
desses centros em substituição à expressão “médico-pedagógico”, já que os pais
aceitavam mais facilmente encaminhar suas crianças para consultas
psicopedagógicas, do que médicas.
[ OBJETIVOS E FUNDAMENTOS PRIMÁRIOS ] A Psicopedagogia iniciada nesses
centros tinha entre os seus objetivos centrais auxiliar as crianças e os adolescentes
que apresentavam dificuldades de comportamento (na escola ou na família), segundo

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os padrões da época, no intuito de reeducá-las para o seu ambiente por meio de um
acompanhamento psicopedagógico (BOSSA, 1994). A prática da reeducação
consistia em identificar e tratar dificuldades de aprendizagem, a partir de ações de
medição, de classificação de desvios e de elaboração de planos de trabalho. A base
do conhecimento utilizado provinha fundamentalmente da Psicologia, da Psicanálise
e da Pedagogia e o tipo de enfoque predominante era o médico-pedagógico. Apesar
das equipes desses centros serem formadas por profissionais de várias áreas
(psicólogos, psicanalistas, pedagogos, reeducadores de psicomotricidade, de escrita
etc.), era o médico o responsável pela realização do diagnóstico do sujeito (MASINI
et. al, 1993). Por intermédio da investigação da vida familiar, das relações conjugais,
das condições de vida, dos métodos educativos, dos resultados dos testes de QI da
pessoa, ele dava a orientação sobre o tipo de tratamento cabível, visando corrigir a
falta de adaptação detectada no sujeito.

[ Ampliam-se os objetivos ] diagnóstico

Em 1948, para além da consideração dos casos de problema de


comportamento, o estudioso Maurice Debesse inseriu, ainda, como preocupação
psicopedagógica, a ocorrência de crianças e adolescentes que, embora fossem
considerados inteligentes, apresentavam problemas de aprendizagem. Nesses casos,
o tipo de atuação privilegiada também era de cunho médico-pedagógico e o objetivo
da ação era diferenciar esses sujeitos daqueles que possuíam deficiências físicas,
mentais e ou sensoriais, (diagnóstico limitado) bem como lhes possibilitar ações
reeducadoras que contribuíssem para o desaparecimento de seus sintomas. Segundo
Drouet (1995), esse tipo de atuação recebeu o nome de “Psicopedagogia Curativa”
ou “Pedagogia Curativa” e designava, além de uma ação de reeducação especializada,
exercícios de readaptação. Embora, desde a década de 60,vários pesquisadores não
concordassem com essa conceituação diagnóstica, tal enfoque perdurou na história
da Psicopedagogia por muito tempo, vindo a influenciar os cursos de formação que
se seguiram na área, bem como o desenvolvimento do campo psicopedagógico na
Argentina.

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Desenvolvimento da psicopedagogia na Argentina

Na Argentina, as primeiras influências psicopedagógicas surgem no final dos


anos 50, segundo Fernández (1990, p. 130), “[...] em função dos altos índices de
insucessos escolares provocados especialmente pela inadequação didático-
metodológica, pela expansão demográfica do pós-guerra, pela evasão e repetência
escolar”. Diante desses fatos passa-se a investir em estudos com objetivos de
desenvolver a memória, a percepção, a atenção, a motricidade e o pensamento. Estes
fatores, dentre outros, impulsionaram a necessidade da formação de profissionais
qualificados nesse país.
A Psicopedagogia Argentina é bem marcada por autores franceses como
Jacques Lacan, Maud Mannoni, Fraçoise Dolto, Júlian de Ajuriaguerra, Janine Mery,
Michel Lobrot, Pierre Vayer, Maurice Debesse, René Diatkine, George Mauco, Pichón-
Riviére etc.

[ PRIMEIRO CURSO UNIVERSITÁRIO ] em Psicopedagogia

Embora a França tenha sido o berço da psicopedagogia, foi na Argentina em


Buenos Aires que foi instituído a primeira faculdade de psicopedagogia, no ano de
1956. Ocorre também nesse país, a criação dos primeiros Centros de Saúde Mental
por volta dos anos 70. Eles se localizavam em Buenos Aires e possuíam equipes de
psicopedagogos que atuavam no diagnóstico e no tratamento dos casos, com ênfase
em trabalhos de reeducação de psicomotricidade e escrita, desenvolvendo assim a
atuação clínica. Alguns anos depois, percebe-se a importância de também permitir
que o aluno se expressasse e falasse de suas angustias, desejos, medos, dores e
necessidades sem que apresentasse receio de ser julgado ou criticado.
O que causa uma mudança na atuação do psicopedagogo, que passa a ouvir
não só o aluno, mas compreender o seu convívio social e familiar. A observação e
validade desses fatos trouxeram esclarecimentos à compreensão da plurica usalidade
que envolve esse fenômeno chamado - educação.
Já na segunda metade do século XX surgem os primeiros centros de reeducação para
delinqüentes infantis e juvenis. Nos Estados Unidos cresce o número de escolas

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particulares e de ensino individualizado para crianças de aprendizagem lenta.
[ Surge a escuta psicopedagógica ]

Maria Regina Peres (2008) citando Fernández (1990) expõe que através dos
fatores citados nas paginas anteriores é que surge a chamada “escuta
psicopedagógica”, que tem sua origem no “olhar” e na “escuta clínica” da Psicanálise.
O que contribuiu para a reorganização da psicopedagogia na Argentina ampliando
seus trabalhos tradicionais restritos na área da saúde para os também desafiantes
trabalhos na área da educação. Nesta nova modalidade de ação o psicopedagogo
passa a atuar sob a ótica de identificar possíveis dificuldades de aprendizagem e
diagnosticar os possíveis problemas dela decorrentes. Para tal, o psicopedagogo
argentino pode recorrer a um variado número de testes, como, dentre outros citamos:
teste de inteligência, os projetivos, os psicomotores, que na Argentina são liberados
tanto ao uso dopsicólogo como do psicopedagogo.

[ EXPANSÃO NOS CAMPOS DE ATUAÇÃO ]

Segundo Muller et, al. (2000) a psicopedagogia argentina segue a tendência


européia que, dentre outras questões, valoriza o dialogo interdisciplinar entre as várias
áreas do conhecimento, sendo influenciada diretamente pelos conhecimentos da
psicologia social. Com isso, se considera a importância das relações interpessoais,
sócio/culturais, políticas, econômicas e outras no processo educacional. Também se
passa a enfatizar a idéia de que o processo educacional não pode se restringir apenas
à aprendizagem de conhecimentos escolares, mas sim na busca de construção de
sentidos para a vida. Diante desta perspectiva, novos campos de atuação ganham
espaço na atividade do psicopedagogo, dentre elas atividades psicopedagógicas: com
grupos de terceira idade; com vitimas da violência; com grupos considerados
socialmente excluídos; com jovens adictos (dependente químico); atendimento clínico
particular e em hospitais; em organizações com problemas de recursos humanos em
questões de adaptabilidade social, convivência, bloqueios de desempenho, liderança,
seleção de pessoas etc.

A psicopedagogia no Brasil

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O contexto que originou o surgimento da psicopedagogia no Brasil foi
semelhante aos de outros países, ou seja, as situações de insucessos escolares.
No Brasil perdurou durante algum tempo a crença de que os problemas de
aprendizagem tinham como causa fatores orgânicos. Podemos verificar essa
concepção organicista de "problema de aprendizagem" em vários trabalhos que
tratam da questão como "distúrbio", onde em geral a sua causa é atribuída a
umadisfunção do sistema nervoso central. Em 1970, por exemplo, foi amplamente
divulgado o trabalho dos brasileiros Antonio Lefèvre (médico) e sua esposa Beatriz
Lefèvre (pedagoga). Eles trabalharam com crianças agitadas, que apesar do bom
potencial de inteligência, rendiam de modo inadequado nas atividades escolares.
Essas crianças que hoje são denominadas com Déficits de Atenção (com e sem
hiperatividade) eram consideradas portadoras de Disfunção Cerebral Mínima (D.C.M.).
Devido à proximidade geográfica e ao acesso fácil à literatura (inclusive pela
facilidade dos brasileiros compreenderem o espanhol), as idéias dos argentinos muito
influenciaram e têm influenciado nossas práticas. O movimento da Psicopedagogia no
Brasil remete-nos portanto à Argentina e por conseqüência às influências da França.
A psicopedagogia, tal qual proposta por este movimento é ainda ensinada no
Brasil por muitos argentinos, além disso, autores argentinos escreveram os primeiros
artigos, resultando dos primeiros esforços no sentido de sistematizar um corpo teórico
próprio da psicopedagogia. Vale citar: Sara Paín, Jorge Visca, Alicia Fernández etc.
O famoso psicopedagogo argentino Jorge Visca, recentemente falecido
(2000/2001), ao criar a Epistemologia Convergente (Visca 1987) na clínica
psicopedagógica, assunto que estudaremos detalhadamente em Psicopedagogia
institucional I, fez convergir a Psicanálise de Freud, a Epistemologia Genética de
Piaget e a Psicologia Social de Enrique Pichon Riviere, o que causou um grande salto
nas práticas psicopedagógicas inclusive em nosso país (Brasil) e que perduram até
os dias atuais.

Fundamentação psicológica

Quando se fala sobre as fundamentações psicológicas da psicopedagogia se


pensa basicamente no desenvolvimento e aprendizagem do ser humano. Os autores

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mais influentes que contribuíram para a esta fundamentação foram: Jean Piaget
(epistemologia genética), David Ausubel (Teoria da aprendizagem singnifitcativa),
Jerome Bruner (Teoria dos formatos), Lev Vygotsky (Teoria sócio-histórica-cognitiva),
Sigmund Freud (Teoria do inconsciente), Call Rogers (Teoria humanista),
Paulo Freire (Pedagogia do amor) etc., e na educação especial ou inclusiva, temos
Mary Warnock (trabalho voltado para a atenção a adversidade). Entretanto, livros
didáticos de excelentes níveis, como os de Bock, Furtado e Teixeira (1999) e Pinel
(2001) trazem todos esses teóricos citados. Sobre Piaget vale a pena ler seus livros
editados em 1970 e 1975. Sobre Vygotsky (1991, 1984; Calviño e Torre, 1996); sobre
Ausubel (Moreira e Masini, 1982); sobre Bruner (1973, 1971); sobre Rogers e Freire
(Misukami, 1986). Sobre Freud e outros teóricos (Hall e Lindsey, 1998). De Ferreiro
(1985).

Interdisciplinaridade na psicopedagogia

A atuação psicopedagógica como a sua eficiência e eficácia em determinadas


situações perpassa pela interdisciplinaridade de vários conhecimentos como:
neuropsicologia, neuromotricidade, fonoaudiólogo, psicanálise, medicina, etc., e não
apenas a pedagogia e psicologia como alguns podem pensar. A práxis
psicopedagógica apresenta propostas educacionais que convidam a criança a
participar ativamente de seu processo de aprendizagem, o que configura a
necessidade de uma mudança qualitativa no ensinar e no aprender. O aprender vivido
deforma mais integrada propõe intrínsecas e extrínsecas {questões} à aquisição do
conhecimento. Segundo Visca (1987), a psicopedagogia nasceu com uma ocupação
empírica pela necessidade de atender crianças com dificuldades de aprendizagem,
cujas causas eram estudadas pela medicina e psicologia. Com o decorrer do tempo,
o que inicialmente foi uma ação subsidiária destas disciplinas, foi se perfilando como
um conhecimento independente e complementar, possuidor de um objeto de estudo
(o processo de aprendizagem) e de recursos diagnósticos, corretores/tratamento e
preventivos próprios.

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Multidisciplinaridade psicopedagógica

Normalmente, o caráter multidisciplinar da Psicopedagogia se revela pelo


número de graduações diferenciadas que freqüentemente comparecem a tal curso:
pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais,
licenciados, médicos (pediatras, psiquiatras, neurologistas etc.).

Proposta psicopedagógica

O especialista em Psicopedagogia pode atuar tanto em nível clínico quanto


institucional, pois ele se propõe compreender e atuar nos vínculos presentes entre o
ato de ensinar e a ação de aprender, assim como nas possíveis barreiras que
impedem seu fluir harmonioso. Para Fagali (1987) a proposta de Psicopedagogia é
trabalhar basicamente com as relações afetivas ocorridas durante a aprendizagem,
de modo a garantir que o sujeito seja criativo, espontâneo, perseverante e
transformador ao trabalhar seu próprio pensamento.

 OBJETO DE ESTUDO

A Psicopedagogia então passa a ser um ramo do conhecimento aplicado que


estuda a conduta humana em situaçõessócio/educativas como também dos
processos de aprendizagem a partir da contextualização teórica-prática de várias
ciências. A ela se interrelacionam a psicologia evolutiva, psicologia da aprendizagem,
psicologia da educação, didática, epistemologia, psicolingüística etc.
São importantes sua atuação nos campos da: educação especial,
terapias educativas, avaliação curricular, programas educativos e, política educativa.

Atividades psicopedagógicas

O psicopedagogo, para Allessandrini (1996), pode:

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reprogramar projetos educacionais, facilitadores de uma aprendizagem mais dinâmica
e significante; supervisionar programas, treinando educadores e atuando junto a
profissionais de educação; aprimorar a qualidade de aprendizagem do sujeito que
apresenta dificuldades escolares.

Campos norteadores da ação psicopedagógica

Fernández (1987), no livro “Inteligência Aprisionada”, Pinel (2001/2002) sugere


que o discente deve ser considerado em quatro aspectos: seu ORGANISMO, seu
CORPO, seu DESEJO e sua INTELIGÊNCIA. O aluno/a deve ser abordado/a no
seu ser total, que envolve o ORGANISMO, o CORPO, o DESEJO e a INTELIGÊNCIA.
O ORGANISMO deve ser entendido no seu funcionamento – normal ou não
– fisiológico. Doenças perturbam a aprendizagem, a dor – física etc. Entretanto,
deficiências físicas, em si mesmas não são anormais, mas sim a sociedade onde este
organismo está inserido, pois é a sociedade que não apresenta pré-requisitos para a
inclusão do diferenciado. A sociedade foi e é construída para uma maioria dominante,
e para uma elite dominante. Quanto ao CORPO deve ser apreendido o modo como o
aluno se percebe. Também: Como o corpo discente se percebe e se movimenta no
espaço? Qual o seu Esquema Corporal: Imagem e Conceito Corporal? Como o corpo
é introjetado pelo discente: introjeção das partes do corpo e todo o corpo? Quais
reações da pessoa frente ao espelho? Etc.
Poderíamos falar em motivação, em demanda, em necessidade, em vontade
do discente. Recorremos ao termo DESEJO do aluno/a. Qual a sua vontade de
sentido? Qual a sua motivação mais profunda, o seu querer, a sua auto-estima, as
suas forças e fragilidades? etc. Finalmente a INTELIGÊNCIA é o aspecto não
mensurável do desenvolvimento cognitivo. Pode ser até avaliado por intermédio de
Testes de Inteligência – utilizados em termos clínicos, ou seja: qualitativos. A
inteligência refere-se a capacidade do aluno/pessoa solucionar os desafios que se
interpõem à sua frente, no seu cotidiano de ser. O modo como ele aborda - criativo ou
não – os problemas, solucionando-os ou não.
Dentro desse contexto psiconeurológico, os distúrbios biológicos do
crescimento e do desenvolvimento que for capaz de interferir prolongadamente no

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METABOLISMO refletem de modo negativo no crescimento e desenvolvimento.

Exemplos de modelos de abordagem

a) [ Abordagem psiconeurológica ]
Abordagem fundamentada na biologia, psicologia e processos educativos e de
treinamento.
Pinel (2001/2002;p.107-114) estudou as bases neurais da aprendizagem/
desenvolvimento, buscando compreender alguns mecanismos psicofisiológicos e
neuripsicológicos associados aos aspectos cognitivos. Destaca Pinel (2001/2002;
p.108) que é importante ao estudioso da Psicopedagogia uma atitude decompreensão
e esforço intelectual na pesquisa do aluno com dificuldades de aprendizagem escolar.
Os principais fatores podem ser agrupados em: 1. Disfunções endócrinas: Ex.:
nanismo hipofisário e tireoidiano; gigantismo; puberdade precoce etc.
2. Fatores genéticos: Ex.: acondroplasia; síndrome de Down; síndrome de Turner etc.
3. Desnutrição: o mecanismo de desnutrição gera um atraso no desenvolvimento-
aprendizagem, e esse é muito complexo e inclui a formação escassa de
somatomedina C.
4. Doenças crônicas: essas doenças, quando de longa duração perturbam o
metabolismo, atrasando o crescimento. Como é o caso da insuficiência digestiva e de
certas afecções renais, pulmonares e cardíacas.
5. Dificuldades emocionais no berço familiar: conflitos e violências no lar; o modo de
ser da criança diante do alcoolismo paterno, por exemplo, e o sentimento da criança
diante dos jogos psicopatológicos da família; abuso sexual etc.) e infecções
freqüentes (verminoses e intoxicações etc.) também prejudicam o
desenvolvimento/aprendizagem.
Podemos considerar ainda como sexto (6º fator) as características físicas de
uma criança que podem estimular seus familiares, coleguinhas, professores e outras
pessoas significativas em sua vida-vivida, a criar, de modo fantasioso, a respeito dela,
uma imagem marcada pelos estigmas, estereótipos e preconceitos. Muitas vezes,
esses algozes são destruidores do ser, e então persistem nas condutas e atitudes
prejudiciais ao crescimento do individuo.

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b) [Abordagem neuropsiquiátrica]
Abordagem fundamentada na medicina e medicalização dos problemas de
aprendizagem. Pode haverexageros nessa área, como a prescrição de tratamento
medicamentoso a base psicotrópicos como antidepressivos, ansiolíticos etc., para
crianças com problemas comuns de atenção escolar. Nesse caso é adequado
consultar um médico com residência em neurologia, e com compreensão do
movimento inclusivo.

c) [ Abordagem comportamental]
Abordagem fundamentada nos trabalhos de laboratório de Psicologia
experimental de Watson (Behaviorismo Metodológico) e B.F. Skinner (Behaviorismo
Radical).
O enfoque está na observação e descrição clara dos comportamentos
inadequados, a identificação daquilo que mantém (reforço/recompensa) esse
comportamento desviado/patológico – segundo o contexto do meio - e a intervenção
de modificação, por meio de técnicas de controle do comportamento e a instalação de
um novo e mais adequado comportamento.
Programas psicopedagógicos como a ANÁLISE DE TAREFAS (Pinel, 1987)
utlizam-se das propostas do neobehaviorismo de Madame Jordam. Filosoficamente o
behaviorismo é condenável, pois defende a tese que o homem é uma tabula rasa,
sem história e dele fazemos o que quizermos, a nosso bel prazer. Entretanto, mesmo
psicólogos sócio-históricos como Bock et al.; tem defendido as benesses desses
treinamentos para a Psicologia do Excepcional.

d) [Abordagem Fenomenológica ]
O mais importante nessa abordagem são as atitudes e posturas do cuida(dor).
É vital o envolvimento existencial com aquilo que se põe ao meu ser Total
(Holismo) e o necessário distanciamento reflexivo da coisa mesma, e então apreender
o sentido ou o significado do que é vivido pelo outro/orientando. Heidegger e
Sartre são dois filósofos que fundamentam tais práticas. Viktor Emil ou Emmanuel
Frakl, Medard Boss, Binswanger, Franz Rúdio, J. Wood/ Doxsey et al., Angerami-
Camom e Pinel são alguns psicólogos, que fundamentados nos filósofos, recriaram
alternativas de diagnóstico, prevenção e tratamento psicopedagógico.

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Obs.: Outro campo norteador da Psicopedagogia é a abordagem da Epistemologia
Convergente de Jorge Visca e os trabalhos projetivos, que tamanha sua importância
estaremos estudando com profundidade em outras disciplinas.

Fundamentos Psicanalíticos
Quanto as colaborações da Psicanálise de Freud, é importante que se estude
as seguintes categorias psicanalíticas: inconsciente; transferência; contra-
transferência, bloqueios, sistemas de defesa etc., e que será (psicanálise) nosso
objeto de estudo para aquisição de conhecimentos e sua importante aplicabilidade na
psicopedagogia, e que para tal, teremos uma disciplina unicamente com essa
finalidade (Contribuições da Psicanálise Para a Psicopedagogia).

Fundamentos filosóficos da psicopedagogia


Aspectos filosóficos da psicopedagogia podem ser compreendidos pelos mais
diversos enfoques. Poderíamos estudar Heidegger e Sartre, por exemplo, que
embasam psicólogos em algumas práticas psicopedagógicas fenomenológicas
existenciais.
Neste tópico, entretanto estaremos nos referindo à filosofia da inclusão. Para alcançar
esse objetivo recorreremos a Correia (1999), a André et al (1999) e um texto
organizado por Carvalho (1997).

[Filosofando a psicopedagogia como fator de inclusão social]


As sociedades têm, ao longo dahistória, utilizado de recursos punitivos para
pessoas que "ousam" ou são diferentes, bem como agridem simbólica ou
concretamente pessoa com necessidades (de saúde; educação; de afeto; de
alimentação etc.) especiais e o aluno com necessidades educativas (Adaptação
Curricular: individual e/ou grupal) especiais.
Ser portador de deficiência nunca foi fácil. Não se aceita o diferente e suas
diferenças. Pode-se esconder essa diferença, tanto melhor, pois a sociedade é
hipócrita e finge que não vê a dor do outro que não pode dizer a que veio! Com base
nos padrões de normalidade estabelecidos pelo contexto sociocultural, legitima-se a
ideologia do dominador. Assim, desde a Antiguidade até os nossos dias, as

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sociedades demonstram dificuldade em lidar com o diferente, as diferenças, aquilo
que é novo.
Todos resistem ao que é ameaçador à nossa estrutura de personalidade, ao
nosso pretenso e harmonioso ser. A humanidade tem toda uma história para
comprovar como os caminhos das pessoas com deficiência têm sido repletos de
obstáculos, riscos e limitações. O que observamos é o quanto tem sido difícil a
sobrevivência do ser, seu desenvolvimento e sua convivência (consigo mesmo e para
com a sociedade).
Pessoas nascem com deficiências em todas as culturas, etnias e níveis sócio-
econômicos e sociais, e de "perto são pessoas" (gente como a gente: o que é humano
não nos pode ser estranho) e se olharmos bem, também portamos temporária ou
definitivamente nossos déficits. Somos diferentes e temos o direito de expressá-la.
A forma de conceber a deficiência e de lidar com seus portadores tem variado
ao longo dos séculos. Atualmente, os preconceitos ainda existem em diferentes graus.
Os mitos são perpetuados - em detrimento dos fatos científicos - as
contradições conceituais prevalecem, assim como as atitudes ambivalentes, as
resistências, a inquietação e as muitas formas de discriminações. Isso acontece, não
que seja um sinal dos tempos modernos, nem dos avanços contemporâneos do
conhecimento, nem da evolução dos costumes ou dos valores essenciais do homem
ou algo da "monstruosidade que é a pós-modernidade", justo ela que propões a
convivência na diversidade do ser! Ao contrário, os preconceitos, estigmas e
estereótipos tem raízes psicológicas, psicanalíticas (inconscientes), históricas e
culturais. As atuais posturas discriminativas fortaleceram-se no tempo, no equívoco
compartilhado e transmitido culturalmente.
A evolução da concepção de deficiência sofreu alguma evolução, entretanto,
vivenciamos, ainda, uma fase assistencialista. Nesta etapa a pessoa diferente é vista
como aquela que precisa de ajuda. Há, nesse sentido, as pessoas que se dedicam a
esse atendimento, fazendo-o (e aí é o assistencialismo) de forma caritativa, negando
que o ser diferente deve ser incluído, aceito com suas diferenças.
Ser da Inclusão significa isso: conviver saudavelmente com as diferenças.
Saudável é entrar em conflito, sem deixar de respeitar e advogar ali mesmo há
diferenças e necessidades educativas ou outra necessidade que clamam por serem
satisfeitas.

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Na visão da caridade, os ajudadores não reconhecem o impacto do social e
político no ser. Tais caridosos devem ser cuidadosamente cuidados, pois podem ser
perigosos, pois sua atuação tende a "calar" a voz do oprimido, gerando nele culpa e
subserviência a quem doa alimentos, roupas etc. Obviamente é que em um país em
crise como o Brasil, é essencial assitir, mas ao fazê-lo é vital que se faça com
dignidade, reconhecendo no outro seu direito de cidadão de receber o que lhe é
concreta ou simbolicamente tirado, usurpado!
Os técnicos, mesmo os especializados são vistos como beneméritos, e as
pessoas que se dedicam como voluntárias à causa dos portadores de deficiência, as
que criam as instituições e lutam pela sua manutenção, costumam ser exaltados pelo
seu espírito humanitário. (Carvalho, 1997; p.19).
Porque exaltar?
Muitos desses beneméritos abatem, com suas ações, no imposto de renda.
Muitos ainda ganham tanto, e tanto, que o mínimo que a sociedade espera deles é
sua contribuição, o seu retorno e não depósitos em bancos suíços!
Goffman escreveu um excelente livro chamado "Estigma" e Foucoult escreveu
"Vigiar e Punir". Esses livros valem a pena serem lidos, estudados. A leitura servirá
para se compreender os modos como as pessoas diferentes são tratadas, abordadas...
Nestes livros podemos detectar, sem entrarmos em detalhes, que:
a) as pessoas diferentes ainda são identificadas e socialmente rotuladas;
b) tende-se a generalizar as suas limitações e a minimizar as suas limitações e a
minimizar os seus potenciais;
c) a diferença está sempre tão presente e enfatizada para o seu portador (porta a dor?)
e para os que o cercam, que justifica os seus sucessos e fracassos, os seus atos e
realizações.
Para se chegar à filosofia inclusiva e a luta atual para a sua efetivação prática,
a sociedade passou pela exclusão, segregação, institucionalização, integração e
inclusão. A integração propunha (na prática) a colocação do aluno diferente ou com
necessidades educativas especiais em sala comum, sem reconhecer-lhe as
diferenças, sem propor modificações quer na instituição, na organização, quer no
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
Hoje, no Brasil, a inclusão é garantida pela Constituição Federal.
Entretanto, desde 1986, no mundo, esse tema é discutido, pelo menos quando
utilizamos o termo inclusão.

16
Madeleine Will, Secretária de Estado para a Educação Especial dos Estados
Unidos da América, fez um discurso que apelava para uma mudança radical no que
dizia respeito ao atendimento das crianças com n.e.e. (Necessidades Educativas
Especias) e em "risco educacional" (de rua; sob domínio de Ganges, drogadas e
prostituídas etc).
Dizia ela que, dos 39 milhões de alunos matriculados em escolas públicas,
cerca de 10% eram alunos com n.e.e. e que outros 10 a 20% embora fossem
considerados com n.e.e., demonstravam problemas de aprendizagem e
comportamento que interferiam com a sua realização escolar.
A solução para Will passava por uma cooperação entre professores - do ensino
regular e de educação especial - que permitisse a análise das necessidades
educativas dos alunos com problemas de aprendizagem e o desenvolvimento de
estratégias que respondessem a essas mesmas necessidades.

Essa proposta consagrou-se como princípio da filosofia de inclusão.

Nesse sentido é cada vez maior o número de pais e educadores que


defendem a integração (no sentido mesmo da inclusão) da criança deficiente na
classe regular, incluindo as deficientes mentais severas ou profundas. Afirma-se que
as necessidades educativas dos alunos não devem requerer um sistema dual, pois
ele pode fomentar atitudes injustas e desapropriadas em relação à sua educação.
Em junho de 1994, realizou em SALAMANCA, na Espanha, a "Conferência
Mundial sobre necessidades educativas especiais (n.e.e): Acesso e Qualidade".
Esse evento inspirou-se no "princípio da inclusão" e no reconhecimento da
necessidade de atuar com o objetivo de conseguir escola para todos, instituições que
incluam todas as pessoas, aceitem as diferenças, apoiem a aprendizagem e
respondam as necessidades educativas especiais individuais e em pequenos grupos.
Segundo a maioria dos especialistas, a inclusão significa atender o aluno com
n.e.e., incluindo aquele com n.e.e. severas, na classe regular com o apoio de serviços
especiais pertencentes à educação especial (sala de apoio, de recursos e/ou
consultórios ou sala de psicopedagogia, por exemplo, dentro ou fora da escola).
Entretanto para efetivar a inclusão é necessária a participação total do Estado, bem
como da comunidade, da escola, da família e finalmente do aluno.

17
Todo o sentir-pensar-agir a inclusão na escola, junto ao aluno com n.e.e.,
tende estimular o seu desenvolvimento nos planos acadêmicos, sócio-emocional e
pessoal. Nem sempre esta tarefa é fácil, mas existem relatos técnicos-científicos onde
se desenvolveram os sucessos como os encontrados em André et al. (1999).
Entretanto quando se lê a DECLARAÇÃO DE SALAMANCA o que se checa é um
texto legal - situado no plano ideal – cheio de “discursos” que não chegam à prática.
Tal como toda boa lei, sua cristalização está se processando de modo muito lento.

Para essa temática vale a pena ler: Mantoan (2003): Inclusão Escolar: O que é?
Por quê? Como fazer? – Editora Moderna. Bader SAWAIA et al: As artimahas da
exclusão. Ed. Vozes. José Leon Crochík: Preconceito. Robe Editorial.

A atuação da psicopedagogia clínica


“Entende-se como atendimento psicopedagógico clínico a investigação e a
intervenção para que se compreenda o significado, a causa e a modalidade de
aprendizagem do sujeito, os seus significados semióticos, com o intuito de sanar suas
dificuldades”. O foco da psicopedagogia clinica é o vetor da aprendizagem.
A psicopedagogia clínica procura compreender de forma global e integrada
os processos cognitivos, emocionais, sociais, culturais, orgânicos e pedagógicos que
interferem na aprendizagem, a fim de possibilitar situações que estimulem e resgatem
ou ativem o prazer de aprender em sua totalidade, incluindo a promoção da integração
entre pais, professores, orientadores educacionais e demais especialistas que
transitam no universo educacional do “ser”.

Relação com o cliente/aluno


Quando nos referimos ao(s) cliente(s) das práticas clínica psicopedagógicas
nos portamos a qualquer pessoa que necessite dos benefícios dessa prática, que
geralmente apresentam determinadas dificuldades relacionadas à aprendizagem, o
que nos remete como público alvo àqueles que fazem parte do universoeducacional
escolar, que em geral, são crianças de qualquer idade encaminhadas por seus
responsáveis com queixas de dificuldades na aprendizagem. Assim, na relação com
o aluno ou com seu cliente, o profissional da psicopedagogia clínica em espaço clínico
particular ou não, estabelece uma investigação cuidadosa, que permite levantar uma

18
série de hipóteses indicadoras das estratégias capazes de criar a situação terapêutica
que facilite uma vinculação satisfatória mais adequada para a aprendizagem. Ao lado
deste aspecto mais técnico, esse profissional também trabalha a atitude, a
disponibilidade e a relação com a aprendizagem, a fim de que o aluno/cliente torne-
se o agente de seu processo (o aprender), aproprie-se do seu saber, alcançando
autonomia e independência para construir seu conhecimento e exercitar-se na tarefa
de uma correta auto-valorização de modo a alcançar o máximo possível de seu
potencial.
No ensino público, uma das opções para a realização da atuação clínica seria
o serviço público de atendimento, onde os profissionais da psicopedagogia poderiam
contribuir com uma visão mais integrada de aprendizagem e, conseqüentemente, com
a aprendizagem reconduzindo e integrando o aprendizado do processo normal de
construção de conhecimento, contando com melhores condições para detectar com
clareza os problemas de aprendizagem dos alunos, atendendo-os em suas
necessidades e contribuindo para sua permanência no ensino regular.
Quando se refere ao termo APRENDIZAGEM quanto objeto de estudo e
atuação do psicopedagogo pode-se incorrer no risco de acentuar as abrangências das
práticas dessa profissão.Condicionar a atuação do psicopedagogo quanto a tudo que
abranja o ato de aprender seria como não limitar sua atuação, considerando que a
aprendizagem esta contida em todos os aspectos do viver. Assim, quando se
apresenta dificuldades para aprender a nadar, dirigir, tocar um determinado
instrumento ou mesmo uma profissão a qual profissão estaria vinculada a tentativa de
resolução desses problemas? Apesar de cada profissão ter sua área de abrangência
definida, seria incoerente não admitir a interdisciplinaridade da dissolução da
diversidade de desafios que a vida nos apresenta.
Considerando os dados dos séculos XIX e XX como primórdios históricos do
surgimento da psicopedagogia como relacionada às dificuldades de aprendizagem no
âmbito escolar, e a consideração do estudo etimológico do termo como segue:
“psico” de psicologia; (gr. Psiquê) = mente + logia (gr. Logos) estudo + pedagogia (gr.
Paidagogós) = instruir, conduzir, orientar a criança.
a psicopedagogia poderia ser compreendida como área do conhecimento voltada a
observar, descrever, analisar, avaliar, desenvolver e empregar técnicas que
estimulem o ato de ensinar e o desejo pelo aprender, minimizando o surgimento de
problemas e apontando intervenções para dissolução de dificuldades da

19
aprendizagem já instaladas. Nesse caso, busca ensinar e instruir a criança através de
técnicas comportamentais , verbais e não-verbais que estimulem os aspectos
físico/motor e psicológico que corrijam as dificuldades ou facilitem sua aprendizagem.
Com base nesses poucos dados, poderia se concluir que a atividade do
psicopedagogo abrange áreas do conhecimento concernentes às questões “a
tudo”relacionadas às dificuldades de aprendizagem referentes a questões da
aquisição do conhecimento acadêmico, através do emprego de técnicas também
psicológicas e que por sua vez teria como publico alvo (não limite) as crianças.
Levantamos aqui um questionamento: O psicopedagogia cuida das dificuldades de
aprendizagem da criança, das dificuldades instaladas na criança, da criança com
determinadas dificuldades ou das possíveis dificuldades que podem surgir na infância
e se estender por outras fases da vida? A resposta às estas indagações pode
determinar os limites de sua atuação. No entanto, é compreensivo que dificuldades
apresentadas na infância possam também ser instaladas ou acompanhar o ser em
toda sua fase de desenvolvimento, assim, o público se tornaria universal. Com tudo,
como se trata de dificuldades diversas, a existência da interdisciplinaridade será uma
verdade. O que significa que: a dissolução ou minimização de determinadas
dificuldades quanto ao aprender, considerando possibilidades de variadas junções
que podem dificultar o ato, tanto o psicopedagogo pode recorrer ao auxilio de outros
profissionais que complementam e integram sua atividade, como, outros profissionais
de áreas diversas solicitar o auxilio psicopedagógico. Dessa forma, por exemplo: a
pessoa com dificuldades de aprendizagem quanto ao ato de nadar, teria um duplo
apoio profissional, se assim exigisse o caso – o professor de natação auxiliado, pelas
técnicas psicopedagógicas orientadas por um psicopedagogo, teria conhecimento
quanto às melhores práticas relacionais a aprendizagem poderiam ser adaptadas ao
ato de “ensinar” a “aprender a nadar” contribuindo assimpara a aceleração de tal
aprendizagem.
Conclui-se, pois, que a psicopedagogia apesar de ter como foco de estudo as
questões relacionadas à aprendizagem, ao mesmo tempo em que se limita às
dificuldades do aprender no ambiente escolar com base na interdisciplinaridade se
expande com tudo que envolve a aprendizagem.

Fundamentos da psicopedagogia institucional

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“A verdadeira prevenção tanto quanto a sua eficiência e eficácia, dependem
diretamente da sua regularidade, do seu acompanhamento e da constância de suas
ações. Intervenções preventivas esporádicas, pontuais ou emergenciais não
constituem a verdadeira prevenção”.

Intervenção preventiva
As primeiras propostas formais de intervenção em sentido preventivo quanto
aos aspectos relacionados à saúde, segundo consta nos estudos de Albee e Gullotta
(1997), ocorreu no século XX ao final dos anos setenta nos Estados Unidos tendo
como referencial as adversidades sociais causadas pela segunda guerra mundial e a
guerra do Vietnã. Assim os E.U.A foi o primeiro país a oficializar uma comissão de
prevenção à saúde, e teve como foco de observação preventivo os aspectos mental,
emocional e educacional; e, abrangia a participação de diversos profissionais
constituindo uma interdisciplinaridade entre: médicos, paramédicos, psicólogos,
educadores, que atuavam junto às vitimas da guerra, que geralmente eram
acometidas de depressão, raiva, discriminação, desemprego e pobreza, isso, sem
mencionar as inúmeras crianças órfãs com dificuldades de ajustes social que, entre
outros, comprometia o aprendizado.
Ressaltando a importância de programas preventivos, nosreportamos às
contribuições dos estudos de Albee e Joffe (1977) que distinguem três diferentes
níveis de prevenção: primaria, secundaria e terciária. Explicando:
A prevenção primaria esta voltada para ações a evitar as situações problemas. E
ocorrem especialmente por meio de programas educacionais.
A prevenção secundaria se estabelece depois de diagnosticar um determinado
problema, propor uma intervenção que focaliza um determinado grupo. E objetiva
proteger grupo de risco.
A prevenção terciária tem como objetivo atuar em situações quando um
determinado problema já esta instalado. Dessa forma, visa minimizar os efeitos
indesejáveis e reduzir sua incidência e buscar meios para evitar sua proliferação.
Apesar da importância das diversas ações preventivas, de acordo com Albee e
Gullotta (1997), a verdadeira prevenção tanto quanto a sua eficiência e eficácia,
dependem diretamente da sua regularidade, do seu acompanhamento e da

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constância de suas ações. Intervenções preventivas esporádicas, pontuais ou
emergenciais não constituem a verdadeira prevenção.
Observando como ponto referencial as ações preventivas primárias como meio
de evitação do surgimento e instalação de situações indesejáveis, mencionamos o
enfoque das ações psicopedagógicas preventivas. Assim, destacamos o nome de
alguns daqueles que relacionaram o trabalho preventivo à Psicopedagogia
Institucional, são eles: Fagali e Vale (1994), Bossa (2000), Visca (2002).
Quanto às questões relacionadas a educação e embasados nos níveis de
prevenção mencionados a cima, é completamente aceitável mencionar que o de maior
destaque esta voltado para as ações primarias, onde exatamente, as ações
psicopedagógicas institucionais iram atuar, junto aos processos educativos, no
sentido de evitar ou minimizar os problemas de aprendizagem.
Considerando a importância da psicopedagogia institucional (preventiva) esta atuará
junto à equipe escolar, constituída de: pedagogos, orientadores e professores; que
atuarão na comunidade escolar: diretor, coordenador, orientador, professores, equipe
de apoio, alunos e pais e familiares próximos.
Visca (2002) propõe apenas dois níveis de prevenção psicopedagógicas:
prevenção primaria e prevenção secundaria.
Na prevenção primaria, Visca, enfatiza a importância do desenvolvimento de
um conjunto de medidas que, respeitando o desenvolvimento cognitivo do aluno,
tenha por objetivo manter as condições idéias de aprendizagem;
Na prevenção secundaria se valoriza o desenvolvimento de ações para que os déficits
já existentes não se agravem. Nesse sentido, a prevenção secundária apresenta um
caráter reparador dos déficits já existentes, e ao mesmo tempo, um sentido preventivo,
na medida em que pode prevenir o surgimento de outros problemas ou, mesmo, de
conseqüências de problemas já existentes.

A atuação psicopedagógica institucional

A psicopedagogia assume um compromisso com a melhoria da qualidade do


ensino expandindo sua atuação para o espaço escolar, atendendo, sobretudo, aos
problemas cruciais da educação.

22
Na escola, o profissional da psicopedagogia utiliza instrumental especializado,
sistema específico de avaliação e estratégias capazes de atender aos alunos em sua
individualidade e de auxiliá-los em sua produção escolar e para alémdela, colocando-
os em contato com suas reações diante da tarefa e dos vínculos com o objeto do
conhecimento. A meta é sempre resgatar de modo prazeroso o ato de aprender.
A psicopedagogia institucional pode ser compreendida de dois modos:

1. Trabalhando a escolaridade "in loco" escolar, tal como sugere Fagali e vale
(1999);
2. Trabalhando a instituição enquanto aparelho e estrutura resistente à mudança, pois
tende a legitimar a ideologia dominante: Por que o aluno não aprende? Por que ele
nega o ato de estudar? Por que um aluno com potencial mental bem estruturado
apresenta dificuldade com a aprendizagem acadêmica?
Esse primeiro modo engloba a tarefa clínica. Clinicar significa cuidar do outro
que, explícita ou implicitamente, sofre. O clínico, na instituição, contribui com o
diagnóstico e intervenção frente às dificuldades do aluno em relação à aprendizagem.
Aqui cabe uma observação, pois compreendemos o diagnóstico, se bem efetuado,
como um processo de intervenção que gera mudanças no próprio ser do aluno/cliente!
No modo institucional-escolar o profissional da psicopedagogia procura refletir
sobre a aprendizagem do aluno, na relação com a informação e os conceitos em
diferentes áreas do conhecimento, buscando os diagnósticos e ampliação da prática
em sala de aula, junto a professores e pedagogos. Assim, na psicopedagogia
institucional os trabalhos em salas de aula, salas de apoio e/ou salas de recursos
contaminam os outros profissionais da instituição. Como esses profissionais são
agentes que fornecem sentido à instituição, a proposta psicopedagógica acaba por
ser institucional. Esse trabalho é um novo espaço, onde se aprofundam as questões
sobre as dificuldades de aprender e com isso, vai construindo para a instalação da
intervenção preventiva: os profissionais da psicopedagogia passam a sentir-pensar-
agir novas ações frente aos aprendizados dos conceitos, na escola. Nesse contexto,
o profissional da psicopedagogia facilita a ampliação e a abertura para novas
construções onde estejam presentes a integração cognitivo-afetivo-social e a
transdisciplinaridade. O educador passa, nesse processo dialético, a rever o seu
próprio processo de aprender. O profissional de psicopedagogia contribui intelectual,
mas principalmente com vivências e práticas por meio de oficinas, por exemplo.

23
No segundo modo, encontramos respaldo em Guirado (1987) que trabalha com
a psicologia institucional de José Bleger, Georges Lapassade, René Lourou e Guilhon
de Albuquerque. A análise institucional, modo de atuar do psicopedagogo institucional,
pode ser compreendida de três modos:
1. disciplina que se detém em estudar e penetrar nas entranhas institucionais
(relações de poder; ideologia etc.);
2. política de intervenção psicosociopedagógica em instituições, organizações, grupos
etc;
3. movimento destinado a planejar, executar/desenvolver e avaliar programas de
intervenção objetivando transformar a realidade, pois dificilmente sob determinados
pontos de vistas teóricos, é impossível, nessa estrutura atual, mudar a realidade de
modo total. Severa (1993) sugere que o psicopedagogo institucional deve:
a. distanciar-se afetivamente segundo o"ambiente" em que pretende ingressar;
b. manter um "relacionamento harmonioso" com toda a equipe e superiores diretos e
indiretos, não confundindo: situações de conflitos que necessitam ser enfrentados;
relacionamentos afetivos e laços de amizade;
c. dominar a ansiedade, isto é, não pode e nem deve ter pressa;
d. efetuar sóbria, segura, estruturada e bem planejada observação;
e. aproximar-se do poder instituindo (chefes; supervisores; coordenadores; diretores;
presidente etc.), evitando, contudo a carga de estereótipos que temos contra esses
atores mandantes em seus "locus descontroles" e que condicionam os
relacionamentos pessoais e interpessoais - buscando sempre preservar pela
qualidade do trabalho do que segurar o emprego de um determinado ator.
Cabe, ainda, ao profissional da psicopedagogia assessorar a escola, prestar
consultorias etc. trabalhando o papel que lhe compete, seja propondo para com a
reestruturação de uma atuação da própria instituição junto a alunos e professores.
Pode também colaborar para com o redimensionamento do processo de aquisição e
incorporação do conhecimento dentro do espaço escolar, seja, por exemplo,
reconhecendo seus limites e então, encaminhando alunos para outros profissionais.
Como assessor, o profissional que se dedica a psicopedagogia promove: O
levantamento, a compreensão e a análise das práticas escolares e suas relações com
a aprendizagem; O apoio psicopedagógico aos trabalhos realizados no espaço da
escola; A resignificação da unidade ensino/aprendizagem, a partir das relações que o
sujeito estabelece entre o objeto deconhecimento e suas possibilidades de conhecer,

24
observar e refletir, a partir das informações que já possui; A prevenção de fracassos
na aprendizagem e a melhoria da qualidade do desempenho
escolar.
Esse trabalho pode ser desenvolvido em diferentes níveis, propiciando aos
educadores conhecimentos para: A reconstrução de seus próprios modelos de
aprendizagem, de modo que, ao se perceberem também como 'aprendizes', revejam
seus modelos didáticos; A identificação das diferentes etapas do desenvolvimento
evolutivo dos alunos e a compreensão de sua relação com a aprendizagem; O
diagnóstico do que é possível ser melhorado no próprio ambiente escolar e do que
presa ser encaminhado para profissionais fora da escola; A percepção de como se
processou a evolução dos conhecimentos na história da humanidade, para
compreender melhor o processo de construção de conhecimentos dos alunos; As
intervenções para a melhoria da qualidade do ambiente escolar;

A compreensão da competência técnica e do compromisso político presentes em


todas as dimensões do sujeito. Logo, fica implícito uma completa reestruturação ou
resignificação do conhecimento dentro do processo ensino e aprendizagem.

Ambiente escolar e auto-estima

Ainda vale destacar a importância da consideração do psicopedagogo com


respeito ao ambiente escolar e auto-estima da criança. O ambiente escolar poderá ser
percebido como agradável, suportável ou intolerável. Isso será resultado do modo
como a criança é - ou se sente - como se aceita. Tais subjetividades e
comportamentos explícitos foram e são construídos por meio dessas
intersubjetividades patologizadas, desrespeitadoras do
desenvolvimento/aprendizagem do ser.
Pode ser que toda essa vivência dolorida faça a criança/adolescente ou
quaisquer pessoas sentir-se - ou de fato viver e sentir - segregada ou ridicularizada
do e no meio em que busca conviver. Evidentemente, essas situações, de alguma
forma interferem na aprendizagem e afetam todo o conjunto da vida humana.
Pinel (2002) estudou os efeito de uma guerra (Nazismo X crianças judaicas)
na produção artística da criança – detida em campo de concentração - revela(dor)a

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de tristeza, sentimentos de ser pior e culpada pelo que aí se colocou. Apesar dessa
depressão advinda das injustiças, também foi detectado (Pinel, 2002) a presença do
"otimismo trágico" (Frankl, 1981), isto é, uma característica subjetiva e explícita de
enfrentamentos, apesar das adversidades, das vicissitudes. Sob as mais altas tensões
que o ser enfrenta e resiste às pressões e sofrimentos.
A auto-estima (Pinel, 2001/2002) é uma variável psicológica muito importante
para o rendimento (sucesso-fracasso) da criança na escola. Não gostar de si implica
em um alto grau de contaminação psíquica, que fere inclusive o organismo, o corpo,
o desejo e a inteligência.
Moura (1993) pontua que "muitas crianças crescem precocemente,
apresentando peso e altura que sugerem uma idade maior que a real. Quem convive
com essas crianças, inclusive os professores, tende a esperar demais delas e a julgá-
las unicamente por seu físico, esquecendo que uma criança cuja maturação física é
precoce enfrenta exigências para as quais não está psicologicamentepronta, e isso é
uma causa geradora de ansiedade" (p. 55).
Assim, a vida escolar da criança, sob cruéis pressões, por parte de outras
crianças e por parte dos adultos (professores, diretores, merendeiras, outros adultos
presentes na escola etc.) podem produzir no ser desprezado, ansiedade e sentimento
de inadequação, aponto desses sentimentos de menos-valia acompanhá-la e, mais
tarde, perturbar sua vida.
É que a imagem negativa de si mesma pode ficar profundamente arraigada
e, quando adolescente, adulta e idosa, embora tenha crescido e mudado, ela ainda
se sentirá inadequada, desagradável e indesejável. Essas questões psico-afetivas são
vitais quando pensamos, sentimos e principalmente agimos para efetivação da

FILOSOFIA DA INCLUSÃO no âmbito da psicopedagogia.


Muitas vezes o preconceito está localizado no inconsciente (Pinel,
2001/2002). Assim, por meio de uma Psicopedagogia institucional é possivel realizar
trabalhos grupais, desenvolvendo o espírito crítico. Para isso, pode-se, por exemplo,
ensinar ao grupo VER – AVALIAR e AGIR.
VER a realidade e detalhes de injustiças elaboradas nas intersubjetividades.
Depois é necessário levar o grupo a AVALIAR a situação concreta de pessoas que se

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desprezam e desprezam os outros, constando os efeitos dessas relações
desrespeitosas.
E, finalmente, estimular o grupo a AGIR, por meio de planos de intervenção,
objetivando mudar atitudes e, de imediato, os comportamentos indesejáveis à
socialização do ser.
Ver/ Julgar/ Agir é um método bem descrito por Boran, e fundamentado no
marxismo. Assim, a intervenção psicopedagógica institucional(preventiva) toma como
referencial a ação curricular e os aspectos afetivo-cognitivos dos aprendizes. No que
se refere á questão curricular , torna evidente a necessidade do desenvolvimento de
práticas que sensibilizem os docentes sobre a importância da reflexão crítica e
possível revisão da: concepção de educação;
organização e seleção dos conteúdos de ensino; metodologia e avaliação e,
consideração de vínculos afetivo-emocionais como elementos facilitadores de ensino
aprendizagem.
Crema (1998) sugere que o psicopedagogo da instituição antes de iniciar um
trabalho de intervenção com o corpo discente, deve considerar o desenvolvimento
prévio com o corpo docente. Assim, o profissional da psicopedagogia pode estar mais
atento e apto para melhor auxiliar no desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional,
psicomotor e ao mesmo tempo, fortalecer as relações de grupo, não deixando de
considerar a influencia da escola, da família e da sociedade, para o sucesso do
processo de ensino e aprendizagem.

Formação em psicopedagogia
Hoje a Formação de Especialistas em Psicopedagogia se dá via cursos, livros,
curso de pós-graduação " Lato Sensu", especialização aberta/livre; apenas com o
curso de graduação comum em áreas correlatas como a Psicologia; Pedagogia;
Fonoaudiologia; Terapia Ocupacional; Medicina: Psiquiatria, Neurologia, Geriatria,
Medicina Pedagógica etc.; Serviço Social; Sociologia com tendência à Sociologia
Clínica; Licenciaturas Gerais, especialmente em Ciências Humanas; Enfermagem etc.
Geralmente recomenda-se alguma especialização ou cursos diversos em
Psicopedagogia Clínico-Instucional.

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Há no Rio de Janeiro escolas superiores – cursos tecnológicos – em
Psicopedagogia como o da Universidade Estácio de Sá. No curso de Pedagogia da
Universidade Federal do Espírito Santo já consta - há mais de 6 anos - a disciplina
"Introdução à Psicopedagogia", tendo já sido oferecida a disciplina "Pedagogia
Terapêutica". Há instituições e profissionais que oferecem cursos de Psicopedagogia
nas modalidades livres/abertas, cumprindo regulamentos e registros específicos.
A formação do psicopedagogo ou do especialista em Psicopedagogia
continua se dando dentro de um contexto mais amplo, que tradicionalmente
denomina-se de (super)visão clínica – apoio psicológico à pessoa do profissional da
Psicopedagogia - e técnica – apoio profissional ao psicopedagogo: como fazer o
psicodiagnóstico para aquele determinado “caso” etc. Outro unitermo para
(super)visão – uma outra sentida e alternativa visão acerca das experiências do outro
no seu labor – são: Educação Continuada; Treinamento em Serviço; Supervisão
Profissional; Orientação Profissional etc.
Um supervisor geralmente apresenta formação semelhante ao do candidato
a supervisionando. Deve ter como diferencial: uma experiência significativa e mais
longa; formação refinada – com titulações como Especializações, Mestrado e
Doutorado, registros profissionais etc.; artigos publicados; prática com determinada
concepção teórica.

Código de ética
ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia CAPÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS

Artigo 1º A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida


com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos,
considerando a influência do meio _ família, escola e sociedade _ no seu
desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia.

Parágrafo único A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento


relacionado com o processo de aprendizagem.

Artigo 2º A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias


áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido
ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprias.

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Artigo 3º O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter
preventivo e/ou remediativo.

Artigo 4 Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais


graduados em 3º grau, portadores de certificados de curso de Pós-Graduação de
Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido,
ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e
aconselhável trabalho de formação pessoal.

Artigo 5 O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i) promover a aprendizagem,


garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se
dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (ii) realizar pesquisas
científicas no campo da Psicopedagogia.
CAPÍTULO II DAS RENPONSABILIDADES DOS PSICOPEDAGOGOS

Artigo 6º São deveres fundamentais dos psicopedagogos:


A) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem
o fenômeno da aprendizagem humana;
B) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, mantendo uma
atitude crítica, de abertura e respeitoem relação às diferentes visões do mundo;
C) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado dentro dos
limites da competência psicopedagógica;
D) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia;
E) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de classe sempre
que possível;
F) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma definição
clara do seu diagnóstico;
G) Preservar
H) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes;
I) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser conivente ou
acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia. O respeito e a
dignidade na relação profissional são deveres fundamentais do psicopedagogo para
a harmonia da classe e manutenção do conceito público.

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CAPÍTULO III DAS RELAÇÕES COM OUTRAS PROFISSÕES

Artigo 7º O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boas relações com os


componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este fim, o
seguinte:
A) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhes são reservadas;
B) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização;
encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento;

CAPÍTULO IV DO SIGILO

Artigo 8º

O psicopedagogo está obrigado a guardar segredo sobre fatos de que tenha


conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade.
Parágrafo Único Não se entende como quebra de sigilo, informar sobre cliente a
especialistas comprometidos com o atendimento.

Artigo 9º

O psicopedagogo não revelará, como testemunha, fatos de que tenhaconhecimento


no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade
competente.

Artigo 10º
Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, mediante
concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal.

Artigo 11º
Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e a eles não será
franqueado o acesso a pessoas estranhas ao caso.

30
CAPÍTULO V DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS

Artigo 12º
Na publicação de trabalhos científicos, deverão ser observadas as seguintes normas:

a) A discordância ou críticas deverão ser dirigidas à matéria e não ao autor;


b) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos autores,
sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos colaboradores àquele que
mais contribuir para a realização do trabalho;
c) Em nenhum caso, o psicopedagogo se prevalecerá da posição hierarquia para fazer
publicar em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação;

d) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica utilizada, bem
como esclarecidas as idéias descobertas e ilustrações extraídas de cada autor.

CAPÍTULO VI DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL

Artigo 13º
O psicopedagogo ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá
fazê-lo com exatidão e honestidade.

Artigo 14º
O psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações que visem
o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade dos mesmos.

CAPÍTULO VII DOS HONORÁRIOS

Artigo 15º
Os honorários deverão ser fixados com cuidado, a fim de que representem justa
retribuição aoserviços prestados e devem ser contratados previamente.

31
CAPÍTULO VIII DAS RELAÇÕES COM SAÚDE E EDUCAÇÃO

Artigo 16º
O psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridades competentes sobre a
organização, implantação e execução de projetos de Educação e Saúde Pública
relativo às questões psicopedagógicas.

CAPÍTULO IX DA OBSERVÂNCIA E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA

Artigo 17º

Cabe ao psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código.

Artigo 18º
Cabe ao Conselho Nacional da ABPp orientar e zelar pela fiel observância dos
princípios éticos da classe.

Artigo 19º
O presente código só poderá ser alterado por proposta do Conselho da ABPp e
aprovado em Assembléia Geral.

CAPÍTULO X DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Artigo 20º
O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em Assembléia Geral,
realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em 12/07/1992,
e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e Nato no biênio 95/96,
sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembléia Geral do III Congresso Brasileiro de
Psicopedagogia da ABPp, da qual resultou a presente solução.

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Referências:

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