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Breve Histórico

da Psicologia
Escolar no Brasil
LIMA, Aline O. M. Nunes de. Breve
Histórico da Psicologia Escolar no
Brasil. Psicologia Argumento. Curitiba.
v.23.n.42, jul./set. 2005. p. 17-23.
 “Acompreensão do texto, a ser alcançada
por sua leitura crítica, implica a percepção
das relações entre texto e contexto”.
(Paulo Freire)
Psicologia Escolar no Brasil
 Foi a Psicologia que derivou da Psicologia da
Educação (GOULART, 2003).

 Embora a Psicologia tenha tentado oferecer


explicações para os problemas enfrentados pelo
ensino brasileiro, não se observam mudanças
significativas ao longo dos anos (LOUREIRO,
1997).
 A fimde se compreender conscientemente as
desigualdades sociais e seus efeitos sobre a
escolarização, faz-se necessário compreender o
estar no mundo, situando-nos historicamente.

 “aanálise da constituição histórica e da essência


da psicologia científica é imprescindível, pois nos
permitirá entender a fundo o significado de sua
participação nas escolas...” (PATTO, 1984)
 Porquestões didáticas, podemos dividir a relação
da psicologia com a educação, com base em
posturas de atendimento psicológico nos contextos
escolares (porém, uma não substituí a outra).

 Modelo psicométrico;
 Modelo clínico;
 Modelo preventivo;
 Modelo compensatório.
1. Modelo psicométrico – medindo,
classificando, segregando...
 1879 Psicologia adquire status científico – com a
inauguração do Laboratório de Psicologia (Alemanha) –
Wundt.

 Foi precedido por Galton (Londres), que realizou vários


trabalhos em seu laboratório de psicometria
medir a capacidade intelectual e provar a
hereditariedade humana (selecionar os mais capazes,
aprimorando a espécie humana).
 Período pós-revolução industrial – as diferenças
entre as classes sociais eram explicadas pela
capacidade de uns e incapacidade de outros,
fazendo-se uso os instrumentos de medida de
inteligência e personalidade de Galton para essa
classificação.

 1905 (França) – Binet desenvolve a primeira


escala métrica de inteligência infantil. Sua
passagem para o laboratório de pedagogia
experimental, foi decisivo na constituição do
primeiro método em psicologia escolar, do qual até
hoje não se libertou: a psicometria.
 1906(Brasil - RJ) – Manoel Bonfim fundou o
Laboratório de Pedagogia Experimental, planejado
por Binet.

 “A primeira função desempenhada pelos


psicólogos junto aos sistemas de ensino, (...) no
Brasil, (...) foi a de medir habilidades e classificar
crianças quanto a capacidade de aprender e de
progredir pelos vários graus escolares” (PATTO,
1984).
2. O MODELO CLÍNICO:SAÚDE x
DOENÇA...DIAGNOSTICANDO...

 Início do séc. XX: questiona-se o inatismo.

 Com a psicanálise trazida ao Brasil pelos médicos, estes


foram os primeiros a produzirem conhecimentos
psicológicos nesse país.

 Nas faculdades do Rio de Janeiro e Bahia, dá-se uma


introdução ao modelo clínico de psicologia escolar, cujo
objetivo era psicodiagnosticar e tratar crianças que
apresentassem problemas de aprendizagem.
 1918 – neurologista americano Strauss – lança a
hipótese de que os distúrbios de comportamento e
de aprendizagem poderiam ser consequentes de
uma lesão cerebral mínima (teoria que legitimou a
partir da década de 60).
3. Modelo preventivo: antecipando,
clinicando...
 Década de 20 e 30 – Movimento de Higiene
Mental – com funções preventivas de orientação,
assistência, pesquisa e ensino de técnicos
especializados em desajustamentos infantis.

 Era necessário que estas crianças fossem


qualificadas para se conquistar o ideário do Estado
Novo de Industrialização (período pós- Primeira
Guerra).
 Essas práticas psicoeducacionais ainda estão
presentes nos dias de hoje em muitas instituições
de ensino de nosso país.

 Atendimentos individuais aos alunos, frente a


questões que dizem respeito ao cotidiano escolar;

 Em encaminhamentos a psicólogos ou
psicopedagogos de crianças com problemas de
aprendizagem, entre outros.
4. Modelo compensatório: novas explicações,
velhas posturas...
 Década de 70: Teoria da Carência Cultural (chega
ao Brasil, ideia produzida nos Estados Unidos).

 Procura explicar a “discrepância de rendimento


escolar observada entre as crianças dos vários
níveis socioeconômicos” (SOUZA, 1997).
 As crianças provenientes de segmentos sociais mais
pobres em recursos financeiros não possuem as
mesmas aptidões para o aprendizado que as das classes
mais privilegiadas, assim, precisam aprender com
recursos diferentes dos oferecidos aos outros.

 Os ambientes geram:
 Deficiências nutricionais;
 Perceptivo-motoras;
 Cognitivas;
 emocionais;
 de linguagem;
 E ainda são vítimas da desestruturação familiar,
incapaz de oferecer uma base segura para a vida da
criança.
 Assim, são criados os Programas de Educação
Compensatória, “disseminando a crença de que
todos os esforços estão sendo empenhados no
sentido de escolarizar os filhos da pobreza e sanas
suas deficiências” (PATTO, 1984).

 Psicólogo realizava um trabalho voltado para o


diagnóstico das deficiências dos carentes mediante
a aplicação de testes psicológicos, detectando suas
incapacidades.
 Destaforma, adota uma postura individualizante,
por não estar considerando todo o cenário escolar,
apenas um de seus componentes.
5. Uma introdução ao modelo crítico

 Década de 80 – iniciou um movimento de análise


crítica da atuação do psicólogo escolar.

 Os problemas de aprendizagem passaram a ser


vistos como um fenômeno complexo, constituído
socialmente, cuja análise deve abarcar os aspectos
históricos, econômicos, políticos e sociais.
 Quando analisamos o fenômeno educacional, é
fundamental levarmos em conta que a realidade
educacional é determinada por múltiplos fatores.

 Destaforma, o psicólogo deve superar a visão


técnica/clínica que sempre embasou sua atuação,
passando a “atuar e refletir politicamente com os
indivíduos para conscientizar-se junto com eles
das reais dificuldades da sua sociedade”
(FREIRE, 1983).
 Na construção da psicologia que elege a educação
como objeto de reflexão e ação, é preciso
subsídios teórico-práticos importantes que
possibilitem a consolidação de um corpo de
conhecimentos mais sólidos que faça avançar, no
interior da ciência psicológica, a compreensão
sobre o processo de construção social do indivíduo
e que permita que a educação possa construir
novas práticas pedagógicas.

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