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INTRODUÇÃO À

PSICOPEDAGOGIA
PROFª DRª LUCIANA LEONETTI CORREIA
DRª EM SAÚDE MENTAL- FMRP-USP
Profª Drª Luciana Leonetti Correia
Graduação em Psicologia- UFSCar (2003), Mestrado (2006) e
Doutorado (2010) em Saúde Mental- FMRP (USP- RP) e Pós-
Doutorado pela Universidade de Lisboa (2014).
Membro do Pain in Child Health (PICH),
Membro do GT-ANPEPP- Psicologia da saúde da criança e do
adolescente. Foi professora do curso de Psicologia da UFGD,
tutora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde
HU/UFGD e coordenadora de área de Psicologia do PIBID/
UFGD. Atualmente, é psicóloga do Judiciário- Comarca de
Ipuã/SP e docente da graduação da FACESB e de pós-graduação
das Faculdades Metropolitanas (Ribeirão Preto e Franca).
EMENTA PARA AS AULAS DE 30/05 E 13/06
• Breve histórico da Psicopedagogia;
• A inserção da Psicopedagogia nas instituições e a crescente
profissionalização do psicopedagogo;
• Ação psicopedagógica: limites e possibilidades
• O trabalho ético do psicopedagogo
• Os campos da ação profissional do psicopedagogo: escola,
clínica e empresa
• Relação entre Psicologia e Pedagogia
• Os conceitos de normalidade e anormalidade em questão
• Um olhar psicopedagógico sobre o fracasso escolar
• As “queixas” das escolas interpretadas pela psicopedagogia
• Propostas psicopedagógicas para a Educação Inclusiva
• A intervenção psicopedagógica nos processos de ensino e de
aprendizagens individuais e coletivas
• Inclusão escolar: dissonâncias entre a teoria e prática
• Escola inclusiva: as crianças agradecem!
“PSICO” + “PEDAGOGIA”

• Os prefixos “psic”, “psico” e “psiqu”, todos da mesma


família terminológica, vêm do grego “psykhe” e significam
“de alma”;

• O termo pedagogia tem sua origem na Grécia antiga.


Etimologicamente, a palavra pedagogia deriva do grego
“paidos”, que significa criança, e “agein”, que significa
guiar, conduzir. Portanto, chama-se pedagogo o
responsável por instruir crianças.
A PSICOPEDAGOGIA ...
• É a ciência da educação.
• Pertence ao paradigma das ciências sociais e humanas e
possui um nível teórico, metodológico e técnico que lhe confere
autonomia epistemológica dentro de uma visão da totalidade
de um fenômeno educativo.
• Estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta
as realidades- interna e externa- da aprendizagem, tomadas em
conjunto;
• Estuda a construção do conhecimento e toda a sua
complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os
aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos”.
• Seu objeto de estudo estrutura-se em torno do processo de
educação e de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos
normais e patológicos – bem como a influência do meio (família,
escola, sociedade) no seu desenvolvimento.
PSICOPEDAGOGIA NÃO É...
 Sinônimo de psicologia Escolar!!

 Sinônimo de psicologia da educação!!

Sinônimo de didática!

 Uma aplicação da psicologia à pedagogia!


A psicopedagogia possui diferentes
significados, dependendo das tendências ou
perspectivas tomadas em uma investigação. São
elas:
1ª É a síntese entre as aquisições da psicologia e da investigação
pedagógica, que provém das experiências realizadas no início do
século XX, quando se falava da transposição de dados
psicológicos para o âmbito dos problemas educativos. Entende-
se que a psicopedagogia é uma ciência positiva dos fenômenos
psicológicos em suas relações com os problemas pedagógicos.

2ª Identifica a psicopedagogia com a psicologia da educação,


caracterizada pelo estudo de problemas ligados a situações
educativas; como ciência que descreve e explica as mudanças
que ocorrem em indivíduos ao longo do desenvolvimento,
desde o nascimento até a maturidade, ocupando-se, portanto,
das condições que favorecem ou retardam o desenvolvimento
do sujeito.
TENDÊNCIAS DA PSICOPEDAGOGIA

3ª Existe, também, a tendência reducionista, em que a


psicopedagogia se aproxima da pedagogia experimental, na
qual a psicopedagogia é identificada com a área dos problemas
psicopedagógicos, chegando a confundir o científico com o
experimental. Nessa vertente, a produção psicopedagógica se
limita à investigação didática.

No contexto existente entre as duas guerras mundiais, a


psicopedagogia foi entendida como escopo de aplicação a
algumas aquisições específicas (psicologia genética, dinâmica de
grupo) e surgiram modelos psicopedagógicos de intervenção
mais atuantes no social, no mundo do trabalho e no sistema
educativo, a fim de dar respostas a uma sociedade cada vez
mais complexa. Uma abordagem mais recente dessa orientação
vai soar cada vez mais como psicodidática, cuja área se amplia
até abordar toda a temática escolar.
DE ONDE VEM A PSICOPEDAGOGIA??

 Campo de conhecimento e prática vindo da Psicologia e


Pedagogia, além da Medicina, Fonoaudiologia, Biologia,
Filosofia, entre outras, ou seja, é multireferencial, o que indica
que há conhecimentos de outras ciências e disciplinas que
podem nos ajudar a entender o que é a educação e os
processos de aprendizagem.
BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

• Europa do sec. XIX: momento de intensas transformações


políticas (extinção de algumas monarquias), econômicas
(ascensão do capitalismo e da burguesia) e sociais
(ampliação da escolarização para melhor mão-de-obra).

• No final do século XIX, já havia certa preocupação com


dificuldades da aprendizagem, relacionadas ou não com
deficiências (GRASSI, 2013).

• Primeiras tentativas de articulação entre Medicina,


Psicologia, Psicanálise e Pedagogia ocorreram na França; na
tentativa de readaptar crianças com comportamentos
socialmente inadequados na escola ou no lar e atender
crianças com dificuldades de aprendizagem;
BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

• Janine Mery, psicopedagoga francesa, apresentou e adotou


em sua ação terapêutica o termo psicopedagogia.

Depois dela, outros estudiosos se dedicaram as crianças com


dificuldades de aprendizagem, tais como:
• Itard foi um médico francês e um dos primeiros a trabalhar
com as dificuldades de aprendizagem, por meio de
trabalhos que criaram base para práticas atuais como a
estimulação precoce, reeducação e reabilitação;
• Seguín, aluno de Itard, foi responsável pela implantação da
educação especial em um hospital na França, lançando
bases para a compreensão da psicogenética da
aprendizagem de indivíduos com algum tipo de deficiência
mental. Em parceria com o psiquiatra Esquirol, formou a
primeira equipe médico-pedagógica;
BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

• No início do século XX, a investigação pedagógica


despertou-se um desejo pela experimentação e por ensaios
psicológicos e vem à tona a aplicação da psicologia à
pedagogia.

• A experimentação ocorre dentro das próprias instituições


escolares: Alfred Binet (1857-1911) e Henri Wallon, na
França; Edward Lee Thorndike e William James, nos Estados
Unidos. Esses autores foram os primeiros a dar origem a
laboratórios estabelecidos em grandes centros educativos,
salas psicopedagógicas e estudos psicotécnicos, incluindo a
orientação profissional e a colaboração médica nas
atividades escolares.
BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

• Pestalozzi, educador suíço, foi o fundador de um centro


de educação para crianças pobres de diferentes faixas
etárias. Desenvolvia atividades para a estimulação da
percepção. Para ele, o amor, principalmente o materno, é
fundamental na formação de indivíduo, para que este seja
seguro e capaz de demonstrar seus afetos, num processo de
desenvolvimento natural. Pestalozzi acreditava que a escola
deveria ser uma extensão do lar, oferecendo à criança um
ambiente seguro e afetuoso.

• A tendência da Psicopedagogia na Europa nas décadas de


1920 a 1960 era que todo diagnóstico recaía sobre a
criança, o que significava que nela estava o problema e
a concepção de educação vigente era de que o homem
deveria se adequar à sociedade.
BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

• Em 1920: surgimento de clínicas psicopedagógicas para


orientar professores a trabalharem com dificuldades
educacionais na Áustria;

• O primeiro Centro Psicopedagógico é criado em Paris em


1946, para tratar crianças com problemas escolares e/ ou
de comportamento. O diagnóstico pedagógico visava
esclarecer a inadaptação escolar e social e corrigi-las;

• Na década de 1960, a educação e a psicologia tem suas


concepções diagnósticas questionadas em relação ao uso de
referências padronizadas e descontextualizadas; só em
1972, com a publicação de um debate sobre o tema
“problema escolar x inadaptação- patologia”, do Instituto
de Pesquisa e Documentação Pedagógica de Paris, as
patologias ligadas ao fracasso na escola começam a ser
questionadas, surgindo assim, a ênfase no aspecto social.
BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA

• A partir da década de 1960: os psicopedagogos


começam a buscar as causas do fracasso escolar por
meio da sondagem de aspectos do desenvolvimento
físico e psicológico do aprendiz.

• Década de 1980: a Psicopedagogia em relação à prática


clinica estrutura-se como corpo de conhecimento e se
transforma em campo de estudos interdisciplinares, com
uma visão mais globalizada do processo de aprendizagem e
dos problemas decorrentes desse processo.
A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL

• A partir de 1970, a Psicopedagogia no Brasil foi baseada nos


modelos médicos de atuação, dada a influência européia, a
qual determinou a tendência de explicar as dificuldades
de aprendizagem por fatores orgânicos, em uma
abordagem psiconeurológica.

• O enfoque era muito mais médico- terapêutico do que


educacional.
• Esse enfoque deu origem as primeiras clínicas para
tratamento de problemas educacionais em nosso país, que
ofereciam atendimento psicopedagógico (com resquícios de
atendimento médico-pedagógico).
Ao se considerar orgânico o problema escolar,
desconsiderava-se as implicações sociais da época e
tentava-se buscar explicações individuais
A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL

• Os primeiros registros de atividades em psicopedagogia no


Brasil ocorreram na Clínica de Psicologia da PUC- SP,
realizados pela pedagoga Genni C. Moraes e pela psicóloga
Ana Maria Poppovic.

• Os primeiros trabalhos psicopedagógicos no Brasil foram na


década de 1960, com enfoque na atuação de
psicomotricistas, na linguagem oral (audição e fala), leitura e
escrita.
• Nos anos 70, a Psicopedagogia foi de fato organizada no
Brasil, devido ao interesse e preocupação de educadores,
médicos e psicólogos acerca das dificuldades de
aprendizagem, com o fracasso escolar, com a
compreensão do processo ensino-aprendizagem e com a
busca de uma alternativa de intervenção.
A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL

• Na ditadura militar, em meados da década de 1970,


procurava-se explicar o fracasso escolar pelo viés de patologia
orgânica, mais especificamente neurológica (uso do DSM).

• Contudo, nesse mesmo período, também foram


desenvolvidos trabalhos psicopedagógicos com formação
preventiva, a fim de se evitar as dificuldades de
aprendizagens e de se atentar para a necessidade de
atendimento terapêutico corretivo ou de reeducação.

• Por conta dessas ações, a Psicopedagogia vai deixando de ter


um caráter clínico, focado nos problemas da aprendizagem,
para assumir um caráter multidisciplinar, que considera a
pluralidade de fatores que intervém no processo de
aprendizagem.
A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL

• A psicopedagogia começou a dominar não só problemas de


aprendizagem e suas origens, como, aprofundou
conhecimentos que possibilitam uma contribuição efetiva
relacionada aos problemas de aprendizagem e também na
melhoria do ensino oferecido nas escolas, sistema
educacional, currículo, professores e alunos.

• Nos anos 60 e 70 as correntes teóricas, principalmente,


utilizadas na Psicopedagogia eram o Behaviorismo e o
Humanismo. O Behaviorismo tinha o estímulo e resposta
como parte essencial. Enquanto que, o Humanismo
propunha fazer a vontade do ser que aprende.
A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL

• Já no final da década de 90 e início de 2000, o fator orgânico


não era mais visto como causa exclusiva do fracasso escolar;
outros fatores passam a ser considerados (meio social e
econômico, família, cultura, história pessoal e a inserção do
sujeito numa escola, com práticas pedagógicas próprias).
Na contemporaneidade, observa-se que a
psicopedagogia pauta-se em três fundamentações teóricas:
• Na psicanálise, uma base fundamental é o vinculo, necessário
para que ocorra a aprendizagem.
• No associacionismo, a valorização esta centrada no
tecnicismo, neste caso, prevalece o elemento externo sobre o
cognitivo.
• No construtivismo, as relações sociais mostram-se essenciais
para o desenvolvimento, pois elas orientam o sujeito na
construção do conhecimento (MARTINI, 1994).
A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL

A psicopedagogia clínica foi cedendo espaço


para a institucional, que reflete sobre a
instituição escolar e seus problemas, sobre a
rede de relações estabelecidas nesses
espaços, sobre a promoção das dificuldades
de aprendizagem e sobre o fracasso escolar.
A PSICOPEDAGOGIA COMO CIÊNCIA

A psicopedagogia foi concebida como a confluência de


diversas áreas do conhecimento – principalmente a orientação,
a pedagogia, a didática e a psicologia da educação –,
assegurando-se como um corpo de conhecimento complexo
que requer uma aproximação interdisciplinar.

Apesar de ser grande a dificuldade de se delimitar as


áreas de disciplinas relacionadas à psicopedagogia, como a
psicologia e as ciências da educação, isso é fruto de um
desenvolvimento histórico, uma vez que ao longo do tempo
tem-se compartilhado questões teóricas comuns,
metodologias de trabalho similares e intervenções
profissionais dentro de um mesmo âmbito.
A PSICOPEDAGOGIA E SEUS OBJETOS DE ESTUDO

 Engloba o processo de aprendizagem humana, levando em


consideração os padrões evolutivos normais e patológicos e
a influência do meio – escola, família, sociedade (KIGUEL,
1991).
 Abarca o ato de aprender e ensinar, tomando sempre como
base as realidades interna e externa da aprendizagem, em
seu conjunto (NEVES, 2011).
 Abrange o processo de aprendizagem e suas dificuldades,
englobando variados campos do conhecimento, de forma
integrada (SCOZ, 2011).
 Inclui a investigação de etiologia da dificuldade de
aprendizagem, levando em conta todas as variáveis que
interferem nesse processo (RUBINSTEIN, 1992).
 Busca a melhoria das relações com a aprendizagem e a
melhoria da qualidade da própria construção da
aprendizagem de alunos e docentes (WEISS, 2012).
A PSICOPEDAGOGIA E SEUS OBJETOS DE ESTUDO

 Engloba o processo de aprendizagem humana, levando em


consideração os padrões evolutivos normais e patológicos e
a influência do meio – escola, família, sociedade (KIGUEL,
1991).
 Abarca o ato de aprender e ensinar, tomando sempre como
base as realidades interna e externa da aprendizagem, em
seu conjunto (NEVES, 2011).
 Abrange o processo de aprendizagem e suas dificuldades,
englobando variados campos do conhecimento, de forma
integrada (SCOZ, 2011).
 Inclui a investigação de etiologia da dificuldade de
aprendizagem, levando em conta todas as variáveis que
interferem nesse processo (RUBINSTEIN, 1992).
 Busca a melhoria das relações com a aprendizagem e a
melhoria da qualidade da própria construção da
aprendizagem de alunos e docentes (WEISS, 2012).
QUEM É O PSICOPEDAGOGO?

 O psicopedagogo é o profissional que se ocupa em


compreender as pessoas em situação de aprendizagem e
intervém para favorecê-la, a fim de que ela ocorra da
melhor maneira possível. Ele prevê problemas e aperfeiçoa
as capacidades de cada pessoa em particular, propiciando o
seu acesso ao conhecimento.

 O psicopedagogo assessora pais, professores e gestores


sobre os diversos aspectos do processo ensino-
aprendizagem, esclarecendo, por exemplo, as dificuldades
de aprendizagem, explicando aos professores as
habilidades, os conceitos e princípios envolvidos no
processo ensino-aprendizagem. Atua junto a professores,
alunos e suas famílias ou na formação de profissionais da
educação.
AÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS: LIMITES E POSSIBILIDADES

De acordo com a ABPp, a formação em psicopedagogia


deve proporcionar o desenvolvimento de habilidades e
competências que sejam compatíveis com as demandas
contemporâneas.

A atuação profissional requer uma formação que


garanta ao psicopedagogo a aquisição qualificada de
conhecimentos específicos da área, permitindo a construção
de habilidades e competências, sendo elas:
 planejar, intervir e avaliar o processo de aprendizagem, nos
vários contextos, mediante a utilização de instrumentos e
técnicas próprios da psicopedagogia;
 utilizar métodos, técnicas e instrumentos que tenham por
finalidade a pesquisa e a produção de conhecimento na
área;
AÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS: LIMITES E POSSIBILIDADES

 participar na formulação e na implantação de políticas


públicas e privadas em educação e saúde relacionadas à
aprendizagem e à inclusão social;

 articular a ação psicopedagógica com profissionais de áreas


afins, para atuar em diferentes ambientes de
aprendizagem;

 realizar consultoria e assessoria psicopedagógicas;

 exercer orientação, coordenação, docência e supervisão


em cursos de Psicopedagogia;

 atuar na coordenação e gestão de serviços de


psicopedagogia em estabelecimentos públicos e privados.
AÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS: LIMITES E POSSIBILIDADES

• A Psicopedagogia assumiu o desafio de propor sua


regulamentação junto ao Congresso Nacional sob a
orientação parlamentar do deputado Barbosa Neto em
1997, tendo como o Projeto de Lei n. 3.124/1997 recebido
parecer positivo.

• No ano de 2007, com encerramento da legislatura do


deputado, o Projeto de Lei 3.124/1997 foi arquivado,
sendo que em 2008, a deputada federal e professora
Raquel Teixeira (GO) propôs à Associação Brasileira de
Psicopedagogia (ABPp), a representação do projeto no
Congresso Nacional devidamente atualizado e com novo
número: Projeto de Lei n. 3.512/2008.
ABPp Nacional-
Associação Brasileira de Psicopedagogia

Legislação (em transição) acerca da Regulamentação


do exercício da atividade em Psicopedagogia
PL 3.124/97 - Deputado Barbosa Neto
PL 3512/08 - Deputada Prof. Raquel Teixeira
PLC 031/10 - Senador Cyro Miranda
PL 011/05 - Vereador Antonio Goulart
Lei 15.719/13 (em vigor no município de São Paulo): dispõe
sobre a implantação de assistência psicopedagógica em toda a
rede municipal de ensino, com o objetivo de diagnosticar,
intervir e prevenir problemas de aprendizagem tendo como
enfoque o educando e as instituições de educação infantil e
ensino fundamental.
ABPp Nacional-
Associação Brasileira de Psicopedagogia

Legislação (em transição) acerca da Regulamentação


do exercício da atividade em Psicopedagogia

Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)


Código 2394-25 Psicopedagogo
Perante a CBO, pertencem ao quadro de técnicos da educação.

Descrição: Implementam a execução, avaliam e coordenam a


(re)construção do projeto pedagógico de escolas de educação
infantil, de ensino médio ou ensino profissionalizante com a
equipe escolar. No desenvolvimento das atividades, viabilizam o
trabalho pedagógico coletivo e facilitam o processo
comunicativo da comunidade escolar e de associações à ela
vinculadas.
O TRABALHO ÉTICO DO PSICOPEDAGOGO

O Código de Ética do Psicopedagogo entrou em vigor


no ano de 1996.
Contudo, a regulamentação da profissão “psicopedagogo”
foi aprovada pelo Senado Federal em 2014, por meio do
Projeto de Lei da Câmara (PLC) n. 31/2010, destacando que,
poderão exercer a atividade de psicopedagogia:
 graduados em psicopedagogia;
 portadores de diploma em psicologia, pedagogia ou
licenciatura que cursaram especialização em
psicopedagogia, com duração mínima de 600 horas e 80%
da carga horária dedicada a essa área;
 portadores de diplomas de curso superior que exercem ou
já exerceram atividades profissionais de psicopedagogia, em
instituição pública ou privada.
O TRABALHO ÉTICO DO PSICOPEDAGOGO

De acordo com o Código de Ética do Psicopedagogo, artigo


2º:

A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar,


utiliza métodos, instrumentos e recursos próprios para
compreensão do processo de aprendizagem, cabíveis na
intervenção.

Interdisciplinar: interação existente entre duas ou mais


disciplinas
Transdisciplinar: enfoque pluralista do conhecimento, que
tem como objetivo, a unificação do saber. Assim, unem-se as
mais variadas disciplinas para que se torne possível um
exercício mais amplo da cognição humana.
O TRABALHO ÉTICO DO PSICOPEDAGOGO
O TRABALHO ÉTICO DO PSICOPEDAGOGO

De acordo com o Código de Ética do Psicopedagogo


(artigo 3º), a atividade psicopedagógica tem como objetivos:
a) Promover a aprendizagem, contribuindo para os processos
de inclusão escolar e social;
b) Compreender e propor ações frente às dificuldades de
aprendizagem;
c) Realizar pesquisas científicas no campo da psicopedagogia;
d)Mediar conflitos relacionados aos processos de
aprendizagem.

O psicopedagogo caracteriza-se como o profissional


preparado para atender crianças, adolescentes
ou adultos com problemas de aprendizagem, atuando na
sua prevenção, diagnóstico e tratamento clínico ou
institucional.
O TRABALHO ÉTICO DO PSICOPEDAGOGO

Artigo 7º
O psicopedagogo está obrigado a respeitar o sigilo profissional,
protegendo a confidencialidade dos dados obtidos em
decorrência do exercício de sua atividade e não revelando
fatos que possam comprometer a intimidade das pessoas,
grupos e instituições sob seu atendimento.
Parágrafo 1º
Não se entende como quebra de sigilo informar sobre o cliente
a especialistas e/ou instituições, comprometidos com o
atendido e/ou com o atendimento.
Parágrafo 2º
O psicopedagogo não revelará como testemunha, fatos de que
tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos
que seja intimado a depor perante autoridade judicial.
O TRABALHO ÉTICO DO PSICOPEDAGOGO

Artigo 8º
Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros
interessados, mediante concordância do próprio avaliado ou
de seu representante legal.

Artigo 9º
Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos
cujo acesso não será franqueado a pessoas estranhas ao caso.
O TRABALHO ÉTICO DO PSICOPEDAGOGO

O Artigo 10º descreve que o psicopedagogo deve


desenvolver e manter boas relações com as diferentes
categorias profissionais, observando:
a) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhe são
reservadas;

b) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos


de especialização, encaminhando-os a profissionais
habilitados e qualificados para o atendimento.
O TRABALHO ÉTICO DO PSICOPEDAGOGO

Artigo 11º- São deveres fundamentais dos psicopedagogos:


a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e
técnicos que tratem da aprendizagem humana;
b) desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo
respeito, pela atitude crítica e pela cooperação com outros
profissionais;
c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e
nos parâmetros da competência psicopedagógica;
d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia;
e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer
definição clara do seu parecer ao cliente e/ou aos seus
responsáveis por meio de documento pertinente;
f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões
feitos a título de exemplos e estudos de casos;
g) manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a
harmonia da classe e a manutenção do conceito público.
O TRABALHO ÉTICO DO PSICOPEDAGOGO
Artigo 16º
Cabe ao psicopedagogo cumprir este Código de Ética.
Parágrafo único
Constitui infração ética:
a) utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não
possua;
b) permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas
psicopedagógicas;
c) fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática
psicopedagógica;
d) encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si;
e) receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por
serviços psicopedagógicos que não tenha efetivamente
realizado;
f) assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por
terceiros, ou solicitar que outros profissionais assinem seus
procedimentos.
AÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS: LIMITES E POSSIBILIDADES

A Psicopedagogia tem duas áreas de atuação:


• Psicopedagogia Institucional e Clínica- com metodologias
de trabalho específicas

A Psicopedagogia Clínica: realizada em consultório


particular em uma clínica psicopedagógica ou hospitais. Busca-
se compreender o motivo que faz com que o indivíduo não
aprenda e para isto ele realiza um diagnóstico onde é possível
conhecer as particularidades e a realidade do sujeito,
permitindo assim proceder com a intervenção que consiste no
próprio tratamento. O diagnóstico é um processo contínuo que
auxilia no acompanhamento. Esse trabalho pode acontecer nas
duas fases (diagnóstica/ investigação e de intervenção).
AÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS: LIMITES E POSSIBILIDADES

A Psicopedagogia Clínica é a ciência que permite


estudar a pessoa e o seu meio em diferentes estágios da
aprendizagem que englobam a sua vida. Ela se dedica ao
diagnóstico e tratamento de crianças, adolescentes e adultos
com dificuldades para aprender no âmbito educativo,
emocional e social.
A psicologia clínica possui alguns objetivos:
a) a compreensão científica da educação em seus contextos
sociais;
b) conhecimento sobre a natureza e as mudanças de
desenvolvimento;
c) o processo e as formas de aprendizagem;
d) o estudo das diferenças humanas e seu envolvimento na
educação.
AÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS: LIMITES E POSSIBILIDADES

A Psicopedagogia Institucional é realizada em escolas


e/ou em instituições não escolares (empresas, hospitais), com
o objetivo de construção e socialização de conhecimento,
promovendo o desenvolvimento cognitivo. Verifica-se como é
a proposta de trabalho da instituição, observa-se o cotidiano
dos agentes (ex: alunos, professores, funcionários e diretores)
e permite que estes reflitam sobre suas práticas, permitindo a
criação de novas formas de trabalho, buscando a construção
de diálogo e parceria entre a instituição e os agentes (ex:
escola/família/aluno).
AÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS: LIMITES E POSSIBILIDADES

A Psicopedagogia também trabalha com disposições


afetivas e intelectuais e, portanto, o trabalho do psicopedagogo
pode ser preventivo e clínico.
• No trabalho preventivo, o psicopedagogo atua nas escolas
com o objetivo de diminuir os problemas de aprendizagem,
solucionando os já instalados, detectando possíveis causas para
prevenir e eliminar qualquer tipo de dificuldade que venha
atrapalhar o desenvolvimento dos alunos e prevenindo o
aparecimento de problemas futuros.

• O trabalho clínico é mais complexo porque o psicopedagogo


precisa conhecer como a aprendizagem se estabelece na vida
do sujeito e “compreender o que é aprender e ensinar e como a
sociedade e a escola influenciam em seu processo educativo”
(BOSSA, 2007).
AÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS: LIMITES E POSSIBILIDADES

De acordo com a ABPp, a formação em psicopedagogia


deve proporcionar o desenvolvimento de habilidades e
competências que sejam compatíveis com as demandas
contemporâneas.

A atuação profissional requer uma formação que


garanta ao psicopedagogo a aquisição qualificada de
conhecimentos específicos da área, permitindo a construção
de habilidades e competências, sendo elas:
 planejar, intervir e avaliar o processo de aprendizagem, nos
vários contextos, mediante a utilização de instrumentos e
técnicas próprios da psicopedagogia;
 utilizar métodos, técnicas e instrumentos que tenham por
finalidade a pesquisa e a produção de conhecimento na
área;
AÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS: LIMITES E POSSIBILIDADES

 participar na formulação e na implantação de políticas


públicas e privadas em educação e saúde relacionadas à
aprendizagem e à inclusão social;

 articular a ação psicopedagógica com profissionais de áreas


afins, para atuar em diferentes ambientes de aprendizagem;

 realizar consultoria e assessoria psicopedagógicas;

 exercer orientação, coordenação, docência e supervisão em


cursos de Psicopedagogia;

 atuar na coordenação e gestão de serviços de


psicopedagogia em estabelecimentos públicos e privados.
A CRESCENTE PROFISSIONALIZAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

Portanto, o Psicopedagogo pode trabalhar com


prevenção, ou terapêutico. Pode vincular-se à instituições
(escola, hospital, empresa e outras) ou fazer atendimento
clínico individual (consultório), mas em todos os casos deve ser
interdisciplinar.

Partindo da ideia de que o perfil profissional do


psicopedagogo possui um caráter emergente, ele não deve
vincular-se somente à intervenção na educação formal, mas
também na educação não formal, como em serviços nas
comunidades e em organizações empresariais.
5. OS CAMPOS DA AÇÃO PROFISSIONAL DO
PSICOPEDAGOGO

Contexto educativo
OS CAMPOS DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO

Nesse contexto educativo, o psicopedagogo assume


uma postura cada vez mais especializada para dar conta das
demandas de um sistema educativo a cada dia mais complexo.

A maior parte da atuação psicopedagógica se


concentra nas instituições diretamente ligadas à educação
formal. Os níveis de ação psicopedagógica abarcam os
estudantes, a própria instituição e a comunidade educativa.
OS CAMPOS DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO

Contexto educativo

Estudantes:
• avaliar e apoiar psicopedagogicamente o desenvolvimento
pessoal e o processo de ensino-aprendizagem dos alunos,
especialmente daqueles que apresentam alguma
dificuldade de aprendizagem;
• identificar alunos com dificuldades de aprendizagem;
detectar obstáculos em seu desenvolvimento;
• elaborar estratégias de acordo com suas características;
• fazer adaptações curriculares;
• acompanhar a evolução das competências pessoais.
OS CAMPOS DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO
Contexto educativo
Família:
• informar e orientar a família;
• realizar oficinas informativas e de levantamento de
estratégias;
• promover a sensibilização acerca das características do
aluno com dificuldades de aprendizagem;
• informar progressos e apoiar, de maneira complementar,
em período de intervenção psicopedagógica. I

Instituição:
• ajudar a elaborar adaptações curriculares conjuntas;
• colaborar na formação de professores e na pesquisa e
inovação didática;
• coordenar ações de atenção à diversidade e à integração de
alunos portadores de necessidades educacionais especiais.
OS CAMPOS DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO
Contexto educativo

O psicopedagogo tem capacidade de inserir-se nos


processos de ensino, propondo mudanças e adaptações
curriculares para apoiar, orientar e guiar os alunos com
dificuldades de aprendizagem, aplicando programas e técnicas
para constatar a evolução e o progresso do aluno.
Nesse sentido, o psicopedagogo tem como objetivos:
• saber que está incluído, comprometido no mesmo terreno
de suas indagações, e que, ao atuar, produzirá um impacto
determinado.
• decifrar e reconhecer as estruturas e os processos atuantes
na aprendizagem, em sua promoção e em suas alterações.
• aprender a incluir-se instrumental e operativamente, de
forma intencional, em seu campo de ação, colaborando com
o esclarecimento e os processos de mudança.
OS CAMPOS DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO
Contexto educativo

• aprender a manter-se disponível a todo momento, em suas


tarefas, em uma atitude investigativa; estar aberto para
perceber os fenômenos.
• reconhecer a estrutura e a dinâmica dos fenômenos,
percebendo o que é óbvio, dado e aparente, buscando um
sentido para eles. Sentido esse que é construído de acordo
com inferências teóricas, que nunca recobrem a forma total
dos fenômenos, os quais sempre são revestidos por pontos
obscuros, vazios e interrogantes.

O trabalho em equipe- mesmo com todas as


dificuldades- permitirá elaborar estratégias de intervenção
conjuntas, a partir da especificidade de cada papel. Além disso,
a realidade educativa exige um diálogo e um trabalho conjunto
com diversos campos de conhecimento.
OS CAMPOS DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO
Organizações Comunitárias

Os setores sociais em que os psicopedagogos podem


atuar abrangem os cuidados com as crianças, com a orientação
da mulher, da família e dos adultos, com os idosos e com os
deficientes. Os postos de trabalho de ocupação são: educador
comunitário e formador em assistência e em reabilitação,
responsável pela assistência em instituição voltada a menores.

Um dos objetivos de atuação do psicopedagogo em


organizações comunitárias é o de desenvolver competências
em grupos de risco, abordando questões como as
competências sociais, as relações interpessoais, o controle do
estresse, o acesso a recursos disponíveis e a preparação para
transições.
OS CAMPOS DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO
Organizações Comunitárias

Além disso, o psicopedagogo procura meios


comunitários para ofertar serviços que facilitem a integração
social dos cidadãos e melhorem a qualidade de vida destes.
Nesse contexto, as áreas de intervenção são amplas e não
estão relacionadas com os modelos tradicionais que associam
a atividade psicopedagógica ao sistema educativo formal.
Situações de desigualdade (gênero, raça, idade)
discriminação, exclusão social (entre outras) podem ser
abordadas por meio de programas sociais que incluam
objetivos educativos e psicopedagógicos, fomentando a
igualdade de oportunidades e a participação de diferentes
estratos sociais da população.
O psicopedagogo nas organizações comunitárias pode
desempenhar muitas funções que repercutam na melhoria
social do cidadão e de sua qualidade de vida.
OS CAMPOS DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO
Organizações empresariais

O psicopedagogo nas organizações surge devido as


alterações na dinâmica empresarial, principalmente na
estrutura da organização e na formação dos trabalhadores.

O psicopedagogo pode fornecer recursos para melhorar


as atividades laborais e aumentar a satisfação no trabalho e no
desenvolvimento pessoal, colaborando com outros
profissionais para alcançar objetivos comuns, por meio de:
planejamento estratégico da empresa, estrutura organizativa,
seleção de pessoal, plano de acolhimento ou integração de
colaboradores, formação, projeto de plano e carreira, avaliação
de desempenho, comunicação interna, prevenção de acidente
de trabalho e cultura organizativa
OS CAMPOS DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO
Organizações empresariais

A função de um psicopedagogo em um departamento


de Recursos Humanos passa pelo recrutamento, pela formação
da empresa, pela consultoria, pelo desenvolvimento da
carreira dos funcionários e pelos programas de assistência aos
empregados.

É de responsabilidade dele as decisões e ações que


afetam a natureza da relação entre empresa e empregados,
como programas de prevenção às drogas, ao tabagismo, ao
alcoolismo e a outros que possam ocasionar um impacto
negativo sobre o avanç̧o da empresa, tendo como sujeitos os
próprios trabalhadores. Essa área vem preencher uma
necessidade em contextos produtivos, trazendo uma melhora
para a qualidade de vida no trabalho e para o ambiente nas
organizações.
OS CAMPOS DA AÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO
Organizações empresariais
O psicopedagogo nesse contexto deve exercer às
seguintes funções:
• desenho do processo de socialização de novas
incorporações;
• projeto de planos de carreira harmonizando interesses
pessoais com os objetivos da organização;
• diagnóstico e análise das necessidades de formação,
colaborando com a concepção do plano de formação, em sua
gestão e avaliação;
• formação de formadores;
• avaliação e auditorias de qualidade;
• colaboração no processo de recrutamento;
• colaboração na criação de sistemas de informação e
comunicação;
• colaboração na concepção, implementação e avaliação de
programas de prevenção de riscos profissionais.
DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO

DIAGNÓSTICO INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICO PSICOPEDAGÓGICA
(Investigação) (Ação)

Muito embora o diagnóstico não seja a intervenção,


propriamente dita, ele tem um efeito interventivo na
medida em que influi sobre as dinâmicas da vida do sujeito
e da família.
DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO

O diagnóstico psicopedagógico é um processo em que


se procura conhecer a natureza dos problemas de
aprendizagem de um sujeito através da análise de suas
dificuldades de aprendizagem (sinais e sintomas). Ele é o ponto
chave de uma intervenção eficiente.
O diagnóstico psicopedagógico tem como objetivos ou
propósitos:
a) verificar o progresso do sujeito em direção às metas
educativas estabelecidas previamente no âmbito cognitivo,
afetivo e psicomotor;
b) identificar fatores da situação de ensino-aprendizagem que
podem interferir no ótimo desenvolvimento individual;
c) adequar a situação de ensino-aprendizagem às
características e necessidades de cada sujeito, a fim de
assegurar seu desenvolvimento contínuo e ajudá-lo a
superar as dificuldades.
DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO

O sucesso de um diagnóstico não está na quantidade


de instrumentos utilizados, mas na sensibilidade do
psicopedagogo em explorar os aspectos evidenciados em cada
situação.

O objetivo do diagnóstico psicopedagógico é identificar


os desvios e os obstáculos apresentados no Modelo de Apren-
dizagem do indivíduo que o impossibilitam de aprender
conforme o esperado.
ASPECTOS QUE CONSTRÓEM O DIAGNÓSTICO
PSICOPEDAGÓGICO

Aspectos Orgânicos
• Está relacionado à construção biofisiológica do sujeito que
aprende.
• Alterações nos órgãos sensoriais impedirão ou dificultarão o
acesso aos sinais do conhecimento. A construção das
estruturas cognitivas processa-se num ritmo diferente entre
os indivíduos normais e os portadores de deficiência
sensoriais, pois existirão diferenças nas experiências físicas e
sociais vividas.
• Diferentes problemas do sistema nervoso acarretarão
alterações escolares, como disfasias, afasias, dislexias, TDAH e
outros.
ASPECTOS QUE CONSTRÓEM O DIAGNÓSTICO
PSICOPEDAGÓGICO

Aspectos Cognitivos
• Estão ligados basicamente ao desenvolvimento e
funcionamento das estruturas cognitivas em seus diferentes
domínios. Incluir nessa grande área também aspectos
ligados à memória, atenção e percepção.
ASPECTOS QUE CONSTRÓEM O DIAGNÓSTICO
PSICOPEDAGÓGICO

Aspectos Emocionais
• Estão ligados ao desenvolvimento afetivo e sua relação com
a construção do conhecimento e a expressão deste através
da produção escolar.
• Remete aos aspectos inconscientes envolvidos no ato de
• aprender.
• O não aprender pode, por exemplo, expressar uma
dificuldade na relação da criança com a sua família; será o
sintoma de que algo vai mal nessa dinâmica.
ASPECTOS QUE CONSTRÓEM O DIAGNÓSTICO
PSICOPEDAGÓGICO

Aspectos Sociais
• Estão ligados à perspectiva da sociedade em que estão
inseridas a família e a escola. Incluem a formação da
ideologia em diferentes classes sociais e uma falsa aceitação
da diversidade cultural.
ASPECTOS QUE CONSTRÓEM O DIAGNÓSTICO
PSICOPEDAGÓGICO

Aspectos Pedagógicos
• Estão ligadas questões como à metodologia do ensino, a
avaliação, a dosagem de informações, à estruturação de
turmas, a organização geral escolar, que influindo na
qualidade do ensino, interferem no processo ensino-
aprendizagem.
• Podem ser confundidos com dificuldades de aprendizagem
originadas na história pessoal e familiar do aluno.
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS
DE ENSINO E APRENDIZAGEM

• A intervenção é um conjunto de medidas que suscita novas


práticas tanto de prevenção e correção quanto de
enriquecimento da aprendizagem. Quando um profissional
de educação atua, de modo pedagógico, em favor do aluno,
ele está realizando uma intervenção. Assim, as ações
desempenhadas pelo educador são de natureza
interventiva.

• A intervenção em psicopedagogia é a fase final do processo


psicopedagógico (a etapa inicial é a avaliação, quando se
caracteriza o problema de aprendizagem), mas não
apresenta um fim em si mesma, e sim, um recomeço, pois
seus resultados podem levar o psicopedagogo e a escola a
refletir sobre o fazer psicopedagógico e a tomar algumas
medidas.
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS
DE ENSINO E APRENDIZAGEM

A intervenção é um processo de ajuda contínua a todos


os aprendentes em suas diferentes dimensões: pessoal, social,
acadêmica e intelectual.

A prática da intervenção psicopedagógica está


circunscrita no âmbito escolar para atender a:
a) problemas institucionais;
b) problemas de professores;
c) problemas de alunos;
d) problemas de ensino;
e) problemas de aprendizagem.
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS
DE ENSINO E APRENDIZAGEM

A intervenção psicopedagógica ocorre de duas formas:


 Direta: quando as ações são realizadas por um especialista
(o psicopedagogo) de forma imediata com o aluno, atuando
nas esferas cognitiva (atenç̧ão, memória, imaginação,
pensamento, linguagem), emotiva (interesse, motivação,
autoestima, sentimentos, autodeterminação), acadêmica
(por meio de recursos para ajudar o aprendente a enfrentar
a aprendizagem dos conteúdos curriculares) e social (como
o aprendente se comporta em diferentes contextos e nos
variados grupos);

 Indireta: por meio da orientação-controle dos diferentes


atores educativos (escola-família e casos extraescolares),
em função da satisfação das necessidades especiais da
escola.
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS
DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Os princípios da intervenção psicopedagógica são:
 prevenção: consiste em tomar medidas necessárias para
evitar que algo aconteça, promovendo resultados desejáveis;
atuando contra circunstâncias negativas antes que elas tenham
a chance de produzir seus efeitos.

do desenvolvimento: ao longo da vida, o sujeito passa por


uma série de estágios complexos que fundamentam suas
atuações e dão sentido a elas, permitindo interpretar e
integrar experiências e conhecimentos.

da ação social: trata de ajudar o aprendente a se


conscientizar sobre os obstáculos oferecidos em seu contexto e
que dificultam alcançar os objetivos pessoais; isto é, trata-se
de um princípio que também leva em consideração à
possibilidade de o aprendente intervir nesse contexto.
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS
DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Na intervenção:
• O psicopedagogo dá abertura para escutar as mensagens do
sujeito, em um processo em que o investigador e o objeto-
sujeito se influenciam reciprocamente.
• Nesse sentido, os principais instrumentos com os quais o
psicopedagogo trabalha são a escuta, a visão e a
observação. Ele tem de ouvir e traduzir, buscando o trato
dos dados por meio da escuta e da análise.
Quanto a escuta, para uma escuta psicopedagógica é preciso:
• escuta-olhar: no primeiro momento, o psicopedagogo
somente deve escutar e olhar o outro;
• prender-se ao discurso verbal e não-verbal: ficar atento à
linguagem verbal, corporal e à postura do aprendente;
• buscar a repetição dos esquemas de ação-significação
(Piaget): pesquisar em quais outras situações, contextos e
conteúdos os esquemas se repetem.
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS
DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Na intervenção:
• O psicopedagogo é alguém que, com a sua escuta, dá valor
e sentido às palavras do aprendente, permitindo a este
começar a entender-se.
• Ele precisa embasar-se em uma teoria psicopedagógica, ou
seja, em uma matriz teórica interpretativa que abarque
conhecimentos anteriores e que surge da prática com o
problema de aprendizagem; saber acerca do aprender e não
aprender.
• O saber psicopedagógico é obtido a partir da experiência e
do tratamento psicopedagógico didático. É importante que
o psicopedagogo se submeta a uma autoanálise sobre o seu
próprio aprender.
EMENTA
• Breve histórico da Psicopedagogia;
• A inserção da Psicopedagogia nas instituições e a crescente
profissionalização do psicopedagogo;
• Ação psicopedagógica: limites e possibilidades
• O trabalho ético do psicopedagogo
• Os campos da ação profissional do psicopedagogo: escola,
clínica e empresa
• Relação entre Psicologia e Pedagogia
• Os conceitos de normalidade e anormalidade em questão
• Um olhar psicopedagógico sobre o fracasso escolar
• As “queixas” das escolas interpretadas pela psicopedagogia
• Propostas psicopedagógicas para a Educação Inclusiva
• A intervenção psicopedagógica nos processos de ensino e de
aprendizagens individuais e coletivas
• Inclusão escolar: dissonâncias entre a teoria e prática
• Escola inclusiva: as crianças agradecem!
OS CONCEITOS DE NORMALIDADE/ ANORMALIDADE

• A investigação diagnóstica deve considerar a modalidade


pedagógica de cada aluno, permitindo ao educador a
organização de um planejamento de ensino adequado a
cada realidade.

• Caso isso não seja feito de forma adequado, dificuldades de


aprendizagem podem aparecer.

• O entendimento do que venha a ser o “normal” e o


“patológico” e onde mora o limite entre esses dois
conceitos constitui discussão permanente no âmbito da
psicologia e da psiquiatria.
OS CONCEITOS DE NORMALIDADE/ ANORMALIDADE

NORMAL vs PATOLÓGICO

Questão de Grau
• Culturas diferentes tem concepções
diferentes sobre Saúde Mental;

• Padrão Típico vs Atípico


“NORMAL” PATOLÓGICO
•Padrões de comportamento • Qualquer desajuste ou
ou traços de personalidade resposta contrária aos
típicos ou que estejam em padrões e expectativas
conformidade com certos do sistema/ cultura.
padrões adequados e aceitáveis
de se comportar e agir.
UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO PARA O FRACASSO ESCOLAR

O não aprender na escola é uma causa do fracasso escolar. Esse


fracasso é visto como uma resposta insuficiente do aluno a uma
demanda escolar, sob diferentes perspectivas(VER ARTIGO
FRACASSO):
a) da sociedade: que, em geral, priva os aprendizes de
aprender, tirando-lhes a oportunidade de crescimento
cultural e cognitivo devido a diferentes condições
socioeconômicas e culturais;
b) da escola: falta de profissionais qualificados, carência de
material didático, estrutura física e pedagógica, má
qualidade do ensino e da condução do processo de ensino,
além da falta de estímulos para ensinar e aprender;
c) do aluno: condições internas para a aprendizagem e
aspectos orgânicos, afetivos, cognitivos, emocionais, sociais
e pedagógicos.
UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO PARA O FRACASSO ESCOLAR

Abordagem social do fracasso escolar

 Ignorar a influência dos aspectos internos do aluno pode


limitar a própria ação pedagógica na busca do êxito de sua
educação.
 Tão perverso como atribuir aos alunos a culpa por seus
insucessos, isentando o papel da escola e do professor, é
atribuir a culpa do fracasso somente aos métodos de
ensino e ao modo como a escola estrutura-se em seu
currículo. O fracasso escolar deve ser analisado e explicado
considerando-o na sua complexidade (Carvalho, 2000).
 Durante muito tempo as causas do fracasso escolar foram
buscadas na família e no aluno.

83
UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO PARA O FRACASSO ESCOLAR

“O problema é da família, pois os pais não têm estudo e não


incentivam seus filhos”.

“Se o governo investisse mais em recursos educacionais


acabaria o problema da educação no Brasil”.

“A criança não tem motivação para estudar porque não tem


perspectiva de um futuro melhor”.

“O aluno fracassa porque se alimenta mal desde pequeno e isso


prejudica a sua aprendizagem”.

84
UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO PARA O FRACASSO ESCOLAR
• Todas essas argumentações tem em comum a crença de
uma possível isenção da escola no que se refere à
problemática do fracasso escolar;

• Denota ainda que o fracasso “do aluno” ocorre por alguma


coisa que ele não possui e que, portanto, faz-lhe falta
como um ambiente familiar mais estruturado, mais
recursos materiais, maior inteligência, servindo à isenção
da escola como coadjuvante nesse processo.

• Explicações para o fracasso escolar são encontradas,


muitas vezes, no campo das relações sociais, por exemplo,
no modo como os professores veem seus alunos e os
compreendem.

85
UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO PARA O FRACASSO ESCOLAR

A relação professor-aluno é marcada por expectativas e


representações de um em relação ao outro. O aluno que não
aprende frustra as expectativas do professor e a si mesmo. Do
mesmo modo, o professor que age com indiferença ou
intimida seus alunos, também acaba por frustrá-los.

Esse fenômeno é denominado profecia auto-


realizadora e se refere à postura dos professores de depositar
nos alunos baixas expectativas quanto ao desempenho escolar.
O ato de estar contribuindo para a formação dos indivíduos é
algo altamente gratificante ao professor. Quando esse
profissional percebe que suas aulas não encaminham seus
alunos à aprendizagem, sente-se fracassado e desmotivado e a
profecia se realiza encorajada pela ação docente e pela escola.
86
UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO PARA O FRACASSO ESCOLAR

De forma a evitar a ideia de fracasso ou frustração


pessoal, alguns professores tornam-se adeptos da ideia de
que certos alunos são “menos” capazes de aprender.

A profecia auto-realizadora acaba sendo uma


consequência do modo como a sociedade é hierarquizada e
de como seus valores são difundidos. O aluno em sua
relação com a escola é guiado por esses valores e,
influenciado por eles, acaba por ter de corresponder com o
esperado para a obtenção de êxito em seus estudos. Por
isso, de forma equivocada, pode acabar assumindo o papel
de fracassado, ou de “aluno problema”, ainda que esse
rótulo não lhe pertença.

87
UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO PARA O FRACASSO ESCOLAR

Essas ideias preconcebidas sobre os alunos tendem a


se solidificar e se perpetuar ao longo dos anos em que eles
permanecem na escola, fazendo com que aquele que
sempre foi mal visto tenha poucas oportunidades de
desenvolvimento. Por outro lado, o aluno que sempre
recebeu elogios dificilmente deixará de recebê-los, ainda
que assuma uma postura diferente e que, por algum motivo,
perca a vontade de aprender.

É fundamental que os educadores reflitam sobre suas


profecias de modo a despir-se de ideias preconceituosas que
mobilizem o aluno para o fracasso. Isso é possível por meio
de atitudes de encorajamento da autoestima, do
reconhecimento e da legitimação da aprendizagem do aluno.
88
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA E
PRÁTICA

• O QUE É INCLUSÃO?

89
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA
E PRÁTICA
O QUE É INCLUSÃO?
• O adjetivo ”inclusivo" é usado quando se busca qualidade
para todas as pessoas com ou sem deficiência, porém não há
como “incluir” sem que seja “excluído”, sendo assim a
própria inclusão já é uma forma de exclusão.

• Incluir é a capacidade de entender e reconhecer o próximo,


compartilhar com pessoas diferentes de nó;

• A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem nenhuma


exceção.

• Aprendemos com as diferenças que aprendemos, pela


convivência melhoramos nosso jeito de ser, pensar e agir, e é
na infância que deve se ocorrer à inclusão, para não se tornar
90
um adulto preconceituoso futuramente.
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA
E PRÁTICA

O QUE É INCLUSÃO?
• É um conjunto de ações realizadas em todos os níveis e por
todos os segmentos da educação, que busca dar
oportunidade aos alunos para que vivenciem as mais
variadas formas de chance e garantia de sucesso.

• O princípio fundamental da educação inclusiva é a


valorização da diversidade e da comunidade humana.
Quando a educação inclusiva é totalmente abraçada, nós
abandonamos a ideia de que as crianças devem se tornar
normais para contribuir para o mundo.

91
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA
E PRÁTICA

Contudo, antigamente, pessoas com algum tipo de


deficiência, passavam pelas escolas especiais, a fim de realizar
um ensino específico para crianças “normais” daquelas com
deficiência.

Atualmente, essas escolas especiais são espaços que se


complementam, que apoiam a escola regular, auxiliando e
promovendo o desenvolvimento do aluno com alguma
deficiência.

92
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA
E PRÁTICA

Existem várias leis que garantem o acesso e a


permanecia do aluno com necessidade especial no sistema de
ensino regular.
• Constituição Brasileira em seu inciso III do Art 208, onde
afirma que, o atendimento educacional ao portador de
necessidades especiais deve ocorrer “preferencialmente na
rede regular de ensino”.
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº
9.349/96), a qual prevê “currículos, métodos e técnicas,
recursos educativos e organização específicos” para o
atendimento adequado de Necessidades Educativas Especiais
(art. 59, I) e “professores de ensino regular capacitados para
a integração desses educandos nas classes comuns” (art. 59,
III).
93
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA
E PRÁTICA

• O termo necessidades especiais tem sido empregado como


sinônimo de deficiência, que corresponde a alguma
dificuldade de aprendizagem no decorrer da sua
escolarização.

• Dessa forma, o termo pessoas com necessidades especiais


muitas vezes é usado como sinônimo de pessoas portadora
de deficiência. Contudo esse é um entendimento
equivocado, uma vez que, o termo pessoas com
necessidades especiais engloba além de pessoas portadoras
de deficiência, envolve pessoas com condutas típicas e
pessoas com altas habilidades, e até mesmo com dificuldades
de aprendizagem.

94
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA
E PRÁTICA

A Declaração de Salamanca tem como princípio “todos


os alunos devem aprender juntos, sempre que possível,
independente das dificuldades e diferenças que apresentem”.

Porém, apesar destas leis assegurarem a presença dos


portadores de necessidades especiais no sistema regular de
ensino, ainda encontramos inúmeras barreiras que impedem
que estas políticas de inclusão sejam realmente efetivadas,
dentre elas podemos citar, a falta de preparo dos professores,
da escola, do mobiliário adequado, acesso e dos membros que a
compõem.
A inclusão escolar traz novos
desafios, uma vez que
rompe com o sistema
educacional tradicional! 95
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA
E PRÁTICA

A inclusão rompe com paradigmas que sustentam o


conservadorismo das escolas, contestando os sistemas
educacionais em seus fundamentos. Ela questiona a fixação de
modelos ideais, a normalização de perfis específicos de alunos e
a seleção dos eleitos para frequentar as escolas, produzindo,
com isso, identidades e diferenças , inserção ou exclusão.

A escola do século XXI deve(ria) proporcionar a


formação para a complexidade do sistema do mundo atual, o
que implica em mudanças de atitudes, no sentido de maior
abertura de horizontes, de tolerância e de solidariedade, de
cooperação e de valorização da dignidade humana.

96
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA
E PRÁTICA

A escola também deve fazer parte deste processo de


inclusão. Em geral, a escola está “desenhada” para promover a
homogeneidade e negar a diversidade inerente à pessoa
humana, contribui ainda para a manutenção da exclusão por
dentro de seus muros, por meio de metodologias
descontextualizadas e descompassadas, programações lineares,
temporalidade inflexível e categorias como de sucesso e
insucesso, normalidade e anormalidade, atraso e fracasso
escolar (ALMEIDA, 2012).

Uma escola somente poderá ser considerada inclusiva


quando estiver organizada, para favorecer a cada aluno,
independentemente de etnia, sexo, idade, deficiência, condição
social ou qualquer outra situação.
97
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA
E PRÁTICA

A maioria das escolas está longe de se tornar inclusiva. O


que existe em geral são escolas que desenvolvem projetos de
inclusão parcial, os quais estão associados as mudanças de base
dessas instituições e continuam a atender os alunos com
deficiência em espaços escolares semi ou totalmente
segregados (classes especiais ou escolas especiais).

98
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA
E PRÁTICA
Segundo o MEC (2000) para que se possa transformar a
escola na direção de um ensino inclusivo, é necessário:
• Colocar a aprendizagem como eixo das escolas, porque escola
foi feita para fazer com que todos alunos aprendam.
• Garantir tempo e condições para que todos os alunos possam
aprender de acordo com o perfil de cada um.
• Garantir atendimento educacional especializado,
preferencialmente na própria escola comum na rede regular
de ensino.
• Abrir espaço para que a cooperação, o diálogo, a
solidariedade, a criatividade e o espírito criticam sejam
exercitados nas escolas por professores, administradores,
funcionários e alunos, pois são habilidades mínimas para o
verdadeiro exercício da cidadania.
• Estimular, formando continuamente e valorizando o
99
professor.
INCLUSÃO ESCOLAR: DISSONÂNCIAS ENTRE A TEORIA
E PRÁTICA

Diante desses novos posicionamentos é inevitável o


aperfeiçoamento das práticas docentes, redefinindo novas
alternativas que favoreçam a todos os alunos, o que implica na
atualização e desenvolvimento de conceitos em aplicações
educacionais compatíveis com esse grande desafio.

100
ESCOLAS INCLUSIVAS: AS CRIANÇAS AGRADECEM!

Duas questões são de fundamental importância para o


êxito da escola inclusiva:
• a formação dos professores;

• o projeto político pedagógico.

A proposta de inclusão tem como um pressuposto o


sucesso de cada criança, por meio da utilização de uma política
centrada no aluno, a fim que se possam ultrapassar as
dificuldades apresentadas, mesmo as que possuem
“desvantagens severas”.
101
ESCOLAS INCLUSIVAS: AS CRIANÇAS AGRADECEM!

O psicopedagogo inclusivo deverá ter uma clara


preocupação do caminho que terá que percorrer para
conseguir alcançar os objetivos.
• Deve estar ciente que é de extrema importância, para o
desenvolvimento humano, as condições para a sua
formação educativa.
• Tem que ser responsável para garantir ao individuo o direito
a educação, não se preocupando apenas com a transmissão
de conhecimentos, mas se interessando em conhecer os
procedimentos pedagógicos atuais para avaliar as mudanças
necessárias de métodos e recursos específicos.
• Conhecer a vida pessoal, o ambiente familiar destes
indivíduos para que possa planejar as tarefas de ensinar,
com mais profundidade e atenção.
• Promover, sempre que necessário, um atendimento
multidisciplinar. 102
EXPERIÊNCIAS DE INCLUSÃO ESCOLAR

103
EXPERIÊNCIAS DE INCLUSÃO ESCOLAR

104
Referências
ALVES, F. Inclusão: novos olhares, vários caminhos e um grande desafio.
WAK, Rio de Janeiro, 2003.
BATISTA, C. A. M.; MANTOAN, M. T.E. Educação inclusiva: atendimento
educacional especializado para a deficiência mental. [2. ed.] / – Brasília :
MEC, SEESP, 2006.
BOSSA, A. N. A psicopedagogia no Brasil, contribuições a partir da prática.
Wak, 4ed, Rio de Janeiro, 2011.
BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília: Senado
Federal, 1988.
FEUERSTEIN, R. A importância da experiência da aprendizagem no processo
da educação inclusiva. 2007.
Lei de Diretrizes de Bases da Educação, N º 9394/96. Parâmetros
Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC
1997.
ROSA, S. P. S. Inclusão Escolar: dissonâncias entre teoria e prática. IESDE,
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RUBINSTEIN, E. O estilo de aprendizagem e a queixa escolar: entre o saber
e o conhecer. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003.
SCOZ, B.. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de
aprendizagem. 10 ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
105
106
OBRIGADA!!

lucianacorreia@tjsp.jus.br
Contato para supervisão

107

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