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Material 1

Psicologia Escolar e da Educação

O que é Psicologia Escolar e o que faz o psicólogo escolar?

Começo dizendo que a psicologia é a condução do ser humano ao


conhecimento de si mesmo. A psicologia nos faz compreender como o ser
humano aprende, comete erros, se ajusta e evolui todos os dias, também é ela
que compreende a não aprendizagem e as limitações do indivíduo. A psicologia,
educação e pedagogia caminham juntas, e na falta de uma delas é impossível às
outras obterem sucesso. Compreender que o individuo possui suas próprias
histórias, suas origens, medos, suas limitações, sua singularidade e compreender
a sua pluralidade é a ponte entre o saber e o aprender.

O psicólogo escolar desenvolve, apóia e promove a utilização de


instrumental adequado para o melhor aproveitamento acadêmico do aluno a fim
de que este se torne um cidadão que contribua produtivamente para a sociedade.

O psicólogo é o profissional capacitado para lidar com as mais diversas


problemáticas do mundo atual, é ele que auxilia professor-família-aluno nos
problemas de aprendizagem, na falta ou na má condução dos processos
educacionais que auxiliam na construção do conhecimento. E é ele que é capaz
de compreender os porquês. Por que o aluno não está desenvolvendo as suas
habilidades e competências? Por que o aluno possui dificuldade? Desde quando
possui a mesma? Qual a sua história? Quais possíveis causas? E o mais
importante como vamos auxiliá-lo para que supere seus obstáculos e desenvolva-
se integralmente.

Entender essas questões é compreender que o ser humano é único e


possui seu tempo e que pode apresentar dificuldades para a aprendizagem. Mas
para aprender é necessário ter em mente que psicólogo e o pedagogo caminham
na mesma direção e em defesa de um mesmo objetivo, que é o de educar e
aprender. Segundo o Maslow, devemos compreender antes de tudo que, desde

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que nascemos, possuímos necessidades fisiológicas, de segurança, social,
estima e realização pessoal e quando uma dessas necessidades nos falta ou são
insuficientes podemos apresentar problemas de aprendizagem, socialização, falta
de humor, irritabilidade, baixo rendimento escolar. É necessário analisar esses
conceitos e compreender que os seres humanos são movidos por desejos e
necessidades, ou seja, o ser humano pode fazer determinada coisa em função da
sua necessidade e não propriamente por sua racionalidade. Alimentar-se, por
exemplo, é uma necessidade essencial e isso nos faz compreendermos que o
aluno que não se alimentou em determinado dia não conseguirá desenvolver-se
no mesmo ritmo, pois faltará energia no mesmo.

O psicólogo e pedagogo têm a missão de caminharem juntos e fazer a


diferença na educação. Também segundo Piaget a ideia do aprendizado é
construído pelo aluno e é a sua teoria que inaugura a corrente construtivista.
Educar, para Piaget é “provocar a atividade”. – isto é estimular a procura do
conhecimento. O que podemos compreender é que para Piaget o aprender é a
procura pelo saber, mas quando o aluno não desenvolve as habilidades ou não
atinge as habilidades mínimas para aquela faixa etária? É necessário procurar a
causa da não aprendizagem. E é o psicólogo que auxilia e dará o caminho correto
a percorrer. A psicologia deveria ser reconhecida por auxiliar E PREVENIR as
psicopatologias , e não por ser procurada, apenas, quando o problema já está
instalado. A psicologia é o estudo sobre os processos mentais e o comportamento
do ser humano nos ambientes sociais que ele está inserido, ou seja, ela é capaz
de analisar o comportamento humano e auxilia na busca do conhecimento do ser,
buscando alternativas que auxiliam o mesmo a desenvolver-se mentalmente e
buscar a felicidade.

A Psicologia Escolar tem como referência conhecimentos científicos sobre


desenvolvimento emocional, cognitivo e social, utilizando-os para compreender os
processos e estilos de aprendizagem e direcionar a equipe educativa na busca de
um constante aperfeiçoamento do processo ensino/aprendizagem. Sua
participação na equipe multidisciplinar é fundamental para respaldá-la com
conhecimentos e experiências científicas atualizadas na tomada de decisões de
base, como a distribuição apropriada de conteúdos programáticos (de acordo com
as fases de desenvolvimento humano), seleção de estratégias de manejo de

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turma, apoio ao professor no trabalho com a heterogeneidade presente na sala de
aula, desenvolvimento de técnicas inclusivas para alunos com dificuldades de
aprendizagem e/ou comportamentais, programas de desenvolvimento de
habilidades sociais e outras questões relevantes no dia-a-dia da sala de aula, nas
quais os fatores psicológicos tenham papel preponderante.

Para isto o psicólogo escolar desenvolve atividades direcionadas com


alunos, professores e funcionários e atua em parceria com a coordenação da
escola, familiares e profissionais que acompanham os alunos fora do ambiente
escolar. A partir de uma visão sistêmica, age em duas frentes: a preventiva e a
que requer ajustes ou mudanças. Desta forma, contribui para o desenvolvimento
cognitivo, humano e social de toda a comunidade escolar.

História da Psicologia Escolar e Educacional no Brasil

A Psicologia se inseriu na educação atrelada ao contexto sociopolítico da


época. Ao longo da década de 1920, o Brasil se expandiu industrialmente e
ampliou seu mercado interno. Por esse motivo, um número significativo de
pessoas deslocou-se do campo para os centros urbanos em busca de novas
possibilidades de vida. Contudo, elas não estavam preparadas para as exigências
do trabalho. Esse novo contexto social e político pressionou a educação “para que
esta qualifique a mão de obra necessária para o novo mercado que se abre”
(YAZLLE, 1997, p. 26). Portanto, a sociedade demandava também expansão da
educação.

Em 1930, Lourenço Filho e Anísio da Teixeira introduziram um novo


movimento de educadores, voltado para a democratização do ensino e novas
concepções da escola, denominado Escola Nova (YAZLLE, 1997; LIMA, 2005). O
movimento escolanovista tem como objetivo trazer o cotidiano dos alunos para
dentro da escola, percebendo a educação como ferramenta para a resolução de
situações de vida e aperfeiçoamento das relações sociais, objetivando o
desenvolvimento do raciocínio e espírito crítico dos alunos. Além disso, o referido
movimento valorizava aspectos do desenvolvimento infantil e visão ativa do aluno
no processo de ensino e aprendizagem (BARBOSA, 2011).

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O ideário da Escola Nova foi compilado através do Manifesto dos Pioneiros
e se tornou público em 1932. De acordo com Barbosa (2011), o movimento da
Escola Nova contribuiu para a “construção de um novo pensamento no interior da
Psicologia como um todo e da Psicologia em ssua relação com a Educação”.
Iniciava-se, então, um novo período para além da Psicologia normativa e
classificatória. Os processos de escolarização começaram a ser entendidos de
modo diferente, “procurando compreender a gênese dos fenômenos e ampliar os
olhares sobre o ensinar, o aprender e as práticas desenvolvidas no interior da
Psicologia” (BARBOSA, 2011)

Em 1962, a profissão de Psicologia torna-se regulamentada, advinda da


formação da primeira turma de Psicologia na Universidade de São Paulo.
Passamos a ter psicólogos atuando em escolas ou serviços de Psicologia da
Prefeitura de São Paulo. A partir de então, graduaram-se profissionais em
Psicologia em nosso país e as áreas de atuação eram em clínicas, escolas e
organizações (YAZLLE, 1997). Em 1985, um número significativo de municípios
do Estado de São Paulo contava com psicólogos trabalhando na educação, em
creches e pré-escolas e a demanda de trabalho tornava-se cada vez maior em
função do ensino obrigatório, para crianças de 7 aos 14 anos, assegurado pela
nova versão da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1971. A atuação dos
profissionais de Psicologia nas instituições educacionais caracterizava-se pela
transposição de práticas clínicas para o espaço escolar. Além disso, os
treinamentos e orientações destinados a pais, professores e funcionários da
escola sobre aspectos do comportamento, tais como medo e indisciplina, eram
limitados às características normativas, ignorando questões institucionais e
aspectos contextuais da escola (YAZLLE, 1997). Sendo assim, os psicólogos
atuavam por meio de práticas individualizantes e de ajustamento influenciadas
pelo modelo médico dos anos anteriores. Contudo, em 1980, o exemplo de
atuação do psicólogo com foco no indivíduo e em práticas normativas já vinha
sendo criticado pelos próprios profissionais de Psicologia, diante das novas
percepções das dificuldades de aprendizagem. Os “problemas de aprendizagem”
começaram a ser notados como um fenômeno complexo “constituído socialmente,
cuja análise deve abarcar aspectos históricos, econômicos, políticos e sociais”
(LIMA, 2005, p. 21). A crítica ao modelo clínico de atuação do psicólogo na área

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escolar teve início em 1970, com a pesquisadora Maria Helena de Souza Patto,
referência na área. A autora discutiu e questionou a compreensão das
dificuldades de aprendizagem como condição interna do aluno.

O que parece natural é social; o que parece como a-histórico é


histórico; o que parece como relação justa, é exploração; o que aparece
como resultado de deficiências individuais de capacidade, é produto de
dominação e desigualdade de direitos determinada historicamente. (PATTO,
1997)

Em meio a esse contexto social e político encontrava-se, então, a


psicologia escolar como um campo profissional comprometido com o
conservadorismo e o reprodutivismo social (YAZLLE, 1997). Nessa perspectiva,
percebemos, portanto, que além do modelo médico, os contextos social e político
influenciaram significativamente as ações em Psicologia nas escolas. Assim
sendo, é necessário que a psicologia escolar reconheça tal fato e questione-o,
propondo mudanças e alternativas à visão ideológica dominante. No fim dos anos
de 1980 e início dos anos de 1990, os avanços das discussões sobre a formação
e atuação crítica em Psicologia Escolar tomaram conta do cenário acadêmico
(BARBOSA; MARINHO-ARAÚJO, 2010). Os psicólogos escolares perceberam a
necessidade de ampliar olhares, assumir riscos na defesa de questões sociais e
políticas para o desenvolvimento de práticas mais contextualizadas e com foco na
transformação social.

Ainda na perspectiva histórica da psicologia escolar, existia no Brasil um


movimento denominado de Escola Nova, de suma importância para a psicologia
como um todo, bem como para sua relação com a educação. O movimento em
questão defendia a democratização do ensino e uma nova concepção de
educação, na qual o aluno, ativo em seu processo de ensino-aprendizagem, tem
possibilidade de desenvolver seu raciocínio e espírito crítico na escola, resolver
problemas de vida e aperfeiçoar suas relações sociais. O ideário da Escola Nova
permitiu um novo período na psicologia, para além de práticas “normativas” e
“classificatórias”, visto que uma maneira diferente de ensinar e aprender estava
em pauta nas discussões sobre educação. Assim, o escolanovismo abre
diferentes possibilidades de atuação ao psicólogo escolar, além de admitir uma

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nova compreensão perante as concepções de aprendizagem, favorecendo a
ampliação do conhecimento das dificuldades para além do aluno.

Conhecimentos Extras

Escola Nova

O surgimento do ideário da Escola Nova acontece inicialmente na Europa


no fim do século XIX.O movimento, também chamado de Escolanovismo ou
Escolanovista, surge como forma de questionamento e contraposição aos moldes
tradicionais utilizados na educação até então. Foi baseado em ideias de Jean-
Jacques Rousseau, Heinrich Pestalozzi, John Dewey e Freidrich Fröebel.

Foi motivado pela rapidez das transformações sociais, políticas e


econômicas da época, assim como suas consequências. Essas mudanças foram
resultado principalmente das alterações causadas pela Segunda Revolução
Industrial, ocorrida no final do século XIX.

Características da Escola Nova

O movimento Escolanovista acredita que a educação é o mais importante


elemento para a construção de uma sociedade fundada em ideais democráticos,
justos e com igualdade de oportunidades.

Para incentivar o processo de desenvolvimento de conhecimento, na


pedagogia da Escola Nova são consideradas como indispensáveis as seguintes
características:

 Centralização do processo de aprendizagem nas necessidades das


crianças.

 Atenção à individualidade de cada aluno.

 Respeito à diversidade.

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 Integração da aprendizagem escolar com conceitos sociais
importantes.

 Incentivo à reflexão, à observação e ao pensamento crítico.

 Valorização das experiências pessoais dos alunos no processo de


aprendizagem.

 Preparação dos alunos para viver em um mundo dinâmico e em


constante transformação.

 Integração de todos os aspectos humanos: racional, emocional e


físico.

 Oferta de ampla educação democrática, gratuita e laica.

A Escola Nova no Brasil

No Brasil, a Escola Nova ganhou força a partir da década de 1920, sendo Rui
Barbosa o pioneiro das ideias escolanovistas no país.

Em 1932, é publicado o Manifesto dos Pioneiros da Educação. Fernando de


Azevedo, Lourenço Filho e Cecília Meireles foram alguns dos educadores que
assinaram a publicação. O documento inclui os conceitos da Escola Nova com
adaptações ao contexto social do país na época. Reivindica a criação de
um sistema de ensino mais adequado às necessidades brasileiras, que pudesse
ser considerado um modelo educacional mais democrático.

No Manifesto, educadores brasileiros pediam que a escola pública oferecida no


país fosse garantida a toda a população, centrada na diminuição das diferenças
sociais e na valorização das aptidões percebidas em cada aluno.

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