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PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

RAQUEL ELISABETH DUMASZAK

UNIDADE 02
UNIDADE 2 | PSICOPEDAGOGIA

A Psicopedagogia é um campo de conhecimento transdisciplinar, que interage


com inúmeras áreas e conhecimentos científicos.
Ela se ocupa da aprendizagem do ser humano, em seus diferentes aspectos e
variáveis, como por exemplo: a família, o meio que o sujeito está inserido,
aspectos físicos e biológicos.
Desta forma a psicopedagogia analisa e interfere no processo de aprendizagem,
afim de entender como ele funciona, quais são os seus obstáculos e o que fazer
para supera-los
ORIGEM DA PSICOPEDAGOGIA

A Psicopedagogia surgiu da necessidade de se entender mais e melhor sobre os


problemas de aprendizagem.
Em meados do séc XIX, surgiram os primeiros estudos sobre a criança que não
aprende. Janine Mery apontava as diferenças sensoriais, debilidade mental. Jean
Itard estudou sobre a percepção e o retardo mental. E a partir dai foram surgindo
outros pesquisadores e estudiosos como Pestalozzi, Pereire, Seguin. Estes
educadores foram pioneiros no tratamento das dificuldades de aprendizagem,
contudo, eles se preocupavam com as deficiências sensoriais e debilidades mentais.
Segundo Mery a pedagogia curativa que era exercida na França era um método que
favorecia a readaptação pedagógica do aluno, auxiliando na aquisição de
conhecimento científico e também no desenvolvimento pessoal. E isso é o que está
no cerne daquilo que hoje chamamos de Psicopedagogia.
Na América do Sul, a Psicopedagogia teve destaque na Argentina, tendo suas ideias
pautadas na literatura francesa.
A psicopedagogia argentina é definida então como
“uma disciplina na qual encontramos a confluência do psicólogo, a subjetividade, os seres
humanos enquanto tais, como educacional, atividade especificamente humana, social e cultural,
implica uma síntese: os seres humanos, seu mundo psíquico individual e grupal, em relação a
aprendizagem e aos sistemas e processos educativos”. (Muller apud Bossa, 2007)
PSICOPEDAGOGIA BRASILEIRA
No Brasil, a psicopedagogia tem forte influencia das ideias argentinas.
A Psicopedagogia no Brasil pode ser dividida em três momentos históricos. O
primeiro, meados da década de 60, a criança era considerada inapta diante do
sistema convencional de educação.
O segundo momento, por volta das décadas de 70 e 80, a Psicopedagogia ampliou
o seu objeto de estudo, ocupando-se com a compreensão mais generalizada da
aprendizagem humana.
A psicopedagogia passou então para além de prevenir possíveis desajustes na
aprendizagem, otimizar os processos e produzir conhecimento. O indivíduo passou
a ser inserido num contexto, e o olhar da psicopedagogia passou a considerar suas
múltiplas dimensões: aspecto orgânico, aspecto subjetivo, aspecto sociocultural.
Em 1984 foi realizado em São Paulo o primeiro encontro de Psicopedagogia, com a
presença de Clarissa Golbert e Sonia Kiguel. A partir deste evento criou-se um grupo
de estudos de psicopedagogia, que mais tarde se tornaria a Associação de
Psicopedagogos de SP, e posteriormente a Associação Brasileira de Psicopedagogia
(ABPp). A criação da associação foi um marco para a institucionalização da profissão
de psicopedagogo no Brasil.
O terceiro momento, ainda muito ligado ao segundo, tem como foco o processo de
construção do sujeito. Sujeito esse que pensa, sente, se relaciona e tem uma
história; ou seja, um sujeito pluridimensional. Assim, entendemos que a
psicopedagogia brasileira ainda é um campo em construção, em busca de uma
identidade formal; mas que nem por isso é menos estruturada que qualquer outro
campo de saber.
CONCEPÇÕES TEÓRICAS
Nos anos 60 e 70 as teorias mais utilizadas na Psicopedagogia eras o Behaviorismo
e o Humanismo.
No Behaviorismo temos o ensino tradicional, em que o estimulo da criticidade e da
reflexão eram basicamente nulos. O professor era reconhecido como um instrutor,
numa relação vertical com o aluno. Watson, que era um dos importantes teóricos
dessa corrente, afirmava que monitorando e controlando os estímulos corretos de
uma criança, ao longo do seu crescimento, poderíamos transforma-la no que
quiséssemos. Ou seja, a aprendizagem era entendida como um processo externo,
que se concretizava na equação Estímulo-Resposta, e controlando as variáveis do
meio externo, teríamos controle sobre a aprendizagem.
O humanismo teve como seu principal representante foi Carl Rogers. Nesta teoria
era valorizada a criatividade do aluno, sua liberdade, com o objetivo de favorecer a
aprendizagem. O professor é considerado aqui um facilitador desse processo,
devendo aguardar que seus alunos assumam o controle sobre as suas ações em
direção a aprendizagem. Rogers afirmava que, o indivíduo é responsável pela
capacidade de mudança; e que o importante não é aprender certos conteúdos, mas
sim sua autorrealização e o aprender a aprender.
Na história mais recente da Psicopedagogia,
observa-se que existem três teorias que são
discutidas. Que são: a Psicanalise, o
associacionismo, e o construtivismo.
No associacionismo, o ensino é mais tecnicista,
não priorizando as funções cognitivas. Os
conteúdos são aplicados sequencialmente para
que assim o aluno siga um raciocínio ate chegar
à resposta correta. Como alternativa, surgiu
então o construtivismo.

Figura1:Freepik
Piaget, teórico que representa o construtivismo,
acredita que a criança precisa assimilar o
conhecimento para depois acomoda-lo ou não.
Cada conhecimento que é acomodado, leva o
sujeito a alcançar a adaptação e a organização de
todo conhecimento novo. Aqui a aprendizagem
acontece em cada procedimento, não
privilegiando nem o inicio nem o fim do
processo, mas cada passo.

Figura2:Wikimedia Commons
E também a Psicanalise contribui para o arcabouço
teórico da Psicopedagogia. Baseando-se nos
aspectos emocionais do sujeito, afirma que a
aprendizagem ocorre se houver afetividade.
Melanie Klein, importante teórica sobre o assunto,
sugere que sempre haverá um objeto a ser
conhecido e alguém que impulsiona para o
conhecimento; e que o vinculo afetivo é como uma
ponte, estabelecendo conexões para que tanto o
emocional quanto o intelectual se desenvolvam.
Figura3:Wikimedia Commons
Autores como Sara Paín, Jorge Visca e Alicia Fernandez, foram pioneiros na criação
de um modelo de diagnóstico e intervenção psicopedagógica
Para que o diagnóstico seja bem elaborado precisamos nos atentar a três
estruturas:
1. A estrutura biológica se refere a maturação ou os danos do Sistema Nervoso
Central – SNC
2. A estrutura psíquica, compreende os aspectos subjetivos do indivíduo.
3. A estrutura mental é onde estão os processos mentais que serão utilizados
para a construção de conhecimento.
Também é importante mencionar
os estudos da Psicologia Social de
Pichon-Rivière, da Psicologia
Institucional de Bleger e da
Analise Institucional de
Lapassede, que impulsionaram os
estudos da Psicopedagogia
Institucional.
Figura4:Pixabay
P S I C O P E D A G O G I A N A P R ÁT I C A
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem
humana, entendendo que tal aprendizagem
ocorre de forma processual e contextualizada.
Isso quer dizer que a Psicopedagogia entende que
a aprendizagem envolve o sujeito como um todo:
seus aspectos físicos/biológicos,
afetivo/emocionais e também socio/culturais;
sendo que estes aspectos se influenciam e são
influenciados a todo momento pelo meio que o
sujeito está inserido.
Figura5:Freepik
A aprendizagem está sempre relacionada com o sujeito que aprende, o que
ou quem ensina, o meio que ocorre esse aprendizado. Isso significa que o
psicopedagogo deve estar comprometido com qualquer tipo de aprendizado e
de ensino, não somente o que é exercido na escola.
Diante desse objeto de estudo a psicopedagogia tem duas formas, principais,
de atuação, seja no âmbito clínico ou institucional: a preventiva e a
terapêutica.
• Participar das dinâmicas das relações da
comunidade educativa, com o objetivo de
favorecer processos de integração e troca
Na atuação preventiva, ele atua • Promover reflexão e orientação metodológica, afim
de encontrar soluções mais acessíveis
junto a equipe técnica envolvida • Realizar processos de orientação educacional,
no processo; os professores; ocupacional, em grupo ou individualmente
familiares; comunidade; de vários • Proporcionar momentos de reflexão sobre o papel
modos. da escola para a comunidade
• Proporcionar reflexão sobre habilidades, princípios
Destacamos aqui algumas formas e estratégias que são importantes para a
de atuação de forma preventiva: aprendizagem
• Auxiliar a equipe escolar na determinação, escolha
e elaboração dos objetivos educacionais, das
estratégias de ensino e dos instrumentos de
avaliação.
Na prática terapêutica, entendemos que o
psicopedagogo irá atuar principalmente • Discutir, preparar e ajudar o professor no
com o sujeito ou instituição que demanda encaminhamento de alunos para atendimento
psicopedagógico em grupo ou individualmente.
uma atenção específica. O enfoque • Participar do diagnóstico de distúrbios de
terapêutico tem como premissa a aprendizagem.
identificação, analise, elaboração de uma • Atendimento clínico de demandas de
metodologia diagnostica e tratamento das transtornos e distúrbios de aprendizagem
dificuldades no processo de • Auxiliar o professor a compreender o problema
ou bloqueio do aluno, levando alternativas para
aprendizagem. Destacamos também a solução dos mesmos.
algumas atividades na prática terapêutica,
que são:
AVA L I A Ç Ã O E D I A G N Ó S T I C O
PSICOPEDAGÓGICO
Há vários fatores que interferem na
aprendizagem. Por isso a importância de
identificar quais são esses fatores, para então
poder minimizar a sua interferência nesse
processo. Assim como existem varias dificuldades
diferentes, há também varias formas de identifica-
las, avalia-las, diagnostica-las e de trata-las. Cada
psicopedagogo possui um estilo para fazer tal
avaliação, de acordo com a sua formação, seus
referenciais teóricos, sua forma de compreender o
indivíduo. Figura6:Freepik
A AVA L I A Ç Ã O

A avaliação psicopedagógica é a forma de iniciar uma investigação dos componentes


do processo de aprendizagem.
É um processo dinâmico, que tem como objetivo entender a origem da dificuldade
e/ou distúrbio apresentado na queixa. Ela inclui a entrevista inicial com os pais, com
a criança e também com a escola; analise de material escolar; utilização de recursos
como: testes, atividades e instrumentos de avaliação de desenvolvimento, áreas de
competência e dificuldades apresentadas
ALGUMAS ETAPAS DA AVALIAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA:
a) Identificação dos fatores responsáveis pelas dificuldades da criança:
Nesta etapa o psicopedagogo deve distinguir se trata-se de um transtorno de
aprendizagem ou de uma dificuldade advinda por outros fatores (emocionais,
cognitivos, sociais). São coletados dados referentes a dificuldade da criança, e
investiga-se a existência de quadros neurológicos, psicológicos, psiquiátricos,
condições familiares e ambiente escolar. Para que essa investigação tenha maior
credibilidade, é necessária uma equipe multidisciplinar, com Psicólogos,
Neuropediatras, Fonoaudiólogos e outros que sejam adequados ao caso; além de
se ter uma boa parceria e cooperação com a escola.
ALGUMAS ETAPAS DA AVALIAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA:
b) Levantamento do repertorio infantil relativo as habilidades acadêmicas e
cognitivas :
Nesta etapa é importante que o profissional tenha conhecimento sobre as
habilidades que a criança já possui, ou que já teve a oportunidade de adquirir. Para
isso, indica-se que seja feito um levantamento do conteúdo acadêmico, da
proposta pedagógica da escola que a criança está inserida; investigação da atenção,
hábitos de estudo, solução de problemas, psicomotricidade, desenvolvimento da
linguagem; avaliação de requisitos que facilitem a aprendizagem; padrões de
raciocínio; déficits e preferencias da criança.
ALGUMAS ETAPAS DA AVALIAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA:
c) Identificação de características emocionais da criança:
Esta etapa envolve a investigação de estímulos e reforçadores aos quais a criança
responde ou não. Além de entender qual a interação com as exigências e
expectativas escolares e familiares que recaem sobre ela.

Para que essas etapas sejam concluídas podem ser realizadas diversas atividades,
tudo vai depender da forma com que o psicopedagogo vai conduzir o processo de
avaliação e também da sua criatividade. Muitas vezes a queixa trazida pelos pais ou
pela escola, já indica o caminho inicial para a investigação; além de indicar também
a forma com que eles compreendem a dificuldade da criança e qual é o lugar que
ela ocupa, isso também é uma informação importante para a avaliação da queixa
inicial.
O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
O diagnóstico psicopedagógico é uma
investigação que abre os caminhos para uma
intervenção mais precisa, dando inicio ao
processo de superação das dificuldades. O
objetivo do diagnostico é entender qual o
obstáculo no processo de aprendizagem, e quais
são os caminhos para supera-lo. É uma forma de
se analisar a situação do aluno, seja no contexto
escolar, da sala de aula, familiar ou social.
O diagnóstico, para ser mais preciso, envolve ao
menos três áreas profissionais: neurologia,
psicopedagogia e psicologia. Estes campos de
conhecimento possibilitam a identificação das
causas do problema, além de descartar possíveis
fatores que não são importantes ou hipóteses Figura7:Freepik

infundadas.
É importante dizer que, o diagnóstico é tão relevante quanto o tratamento, devendo ser
conduzido com muito cuidado, observando a criança e suas mudanças de
comportamento. É necessário também que o profissional se atente para o significado do
sintoma no âmbito familiar e escolar, não analisando apenas como um recorte.
O diagnóstico não pode ser considerado um momento estático. Ele deve ser visto como
um momento transitório, uma fase a ser concluída entre a avaliação e a intervenção.
Para isso deve seguir alguns princípios, como: analise do contexto e identificação do
sintoma; analise de fatores coexistentes ao sintoma; bloqueio de ordem do
conhecimento, de ordem da interação, da ordem do funcionamento e da estrutura;
analise da origem do sintoma e suas causas históricas; diferenciação dos parâmetros
aceitáveis de desenvolvimento; levantamento de hipóteses de confirmação futura;
indicações e encaminhamentos.
A hipótese diagnóstica não deve se fundamentar apenas nas dificuldades e problemas,
mas indicar também, e principalmente, as potencialidades do indivíduo. Não somente as
características e habilidades que o sujeito já possui que são importantes, mas também o
que ainda esta por se desenvolver, aquilo que o sujeito pode se tornar, deve ser tão ou
mais valorizado.
Ao pensar nos instrumentos para o
diagnóstico, o psicopedagogo pode utilizar
como recursos: a entrevista com a família, e
com a escola; investigar o motivo da queixa;
conhecer a história da criança, fazendo a
anamnese; entrevistar o aluno, contatar a
escola e outros profissionais; realizar
encaminhamentos quando necessário.

Elencamos algumas etapas do diagnóstico


psicopedagógico. Lembrando que, aqui
estas etapas estão descritas de modo
generalista; cada psicopedagogo atua de
forma única e singular de acordo com as Figura8:Freepik
suas vivencias, suas experiencias e sua
concepção teórica.
ETAPAS E DESCRIÇÃO
Entrevista - Tem como objetivo compreender a queixa no âmbito da família. Entender as relações e expectativas na
aprendizagem escolar, e em relação ao engajamento do paciente e da família no processo de possíveis dúvidas .

Anamnese – Colher dados sobre a história do paciente no presente e nas projeções para o futuro. Nesta etapa são
avaliadas as primeiras aprendizagens, desenvolvimento clínico, histórico familiar e histórico escolar. É com esse
estudo que podemos descobrir em que medida a família possibilita o cognitivo da criança. Também é importante
saber como algumas doenças foram tratadas e também a história escolar.

Sessões Lúdicas - São fundamentais para entender todos os aspectos que já mencionamos anteriormente. Neste
tipo de atendimento observamos o sujeito como um todo, pois na brincadeira estão implicados o seu
funcionamentos cognitivo, motor e suas emoções.

Provas e testes - Podem e são utilizados para especificar o nível pedagógico, cognitivo e/ou emocional, lembrando
que seu uso é obrigatório, mas é uma forma complementar que funciona estimulando e provocando variadas
reações e repostas.
Síntese Diagnóstica – é a resposta mais direta a queixa inicial. É o momento em
que a hipótese é formulada a partir da análise de dados obtidos. É a síntese que
aponta um prognóstico, uma indicação ou um possível encaminhamento.

Devolução e Encaminhamento - É o encerramento do processo de diagnóstico.


Um encontro entre psicopedagogo, sujeito e família, que tem como objetivo relatar
os resultados e dar o devido encaminhamento à questão. Procurando sanar
dúvidas, afastando rótulos, e delegando responsabilidades aos envolvidos no
processo. É importante ressaltar os pontos positivos do aluno, para que este se
sinta valorizado e não inviabilize novas conquistas. Ao mencionar os aspectos
negativos, que interferem na aprendizagem, deve ser mencionado também as
recomendações para sua superação. O encaminhamento para outros profissionais
também pode ser feito neste momento.
FORMAS DE ATUAÇÃO NO MERCADO DE
TRABALHO
A psicopedagogia se insere no mercado
de trabalho com basicamente duas
formas de atuação: clínica e
institucional. Essas duas formas podem
se subdividir, atuando em diversos
campos e ambientes
Figura9:Freepik
A psicopedagogia clínica é o modo terapêutico de atuação.
Estes atendimentos são realizados normalmente em centros de saúde ou clínicas especializadas,
de forma individual, podendo também ocorrer em grupo.
Neste tipo de atendimento clínico é mais comum a prática da avaliação e diagnóstico de
transtornos de aprendizagem.
A psicopedagogia institucional tem caráter preventivo, e pode se inserir em vários
contextos: família, escola, hospital, empresas, organizações assistenciais, ONG’s, no setor
público.
O objetivo da atuação nesses contextos pode ser: analisar as relações interpessoais; os
conhecimentos que circulam e como circulam; pensar alternativas para conflitos. Assim,
por exemplo, no trabalho hospitalar, podem ser oferecidas oficinas ou trabalhos lúdicos
para os internos. Com as famílias pode ser oportuno um trabalho sobre a importância das
funções materna e paterna, resgatando-se o papel educacional da família, hoje tão
esquecido. Na escola, o psicopedagogo pode analisar a identidade da instituição, os papeis
e as funções na dinâmica relacional, os conceitos de aprendizagem, ensino, inclusão; o
diálogo com as famílias, etc.
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
NA ESCOLA
A psicopedagogia institucional é um campo
que tem crescido e se desenvolvido com foco
de ação preventiva aos problemas de
aprendizagem. Tem como objetivo fortalecer
a identidade do grupo e transformar a
realidade escola, e para que isso ocorra
mudanças naquilo que já está estabelecido
como cultura institucional.

Figura10:Freepik
A primeira coisa que o psicopedagogo
pode e deve fazer numa instituição
escolar é o diagnostico institucional.
Observando as características
organizacionais, a história da escola e a
cultura institucional.
O psicopedagogo deve conhecer os
documentos que regem a escolar e que
dão o perfil de identificação para a
unidade escolar. Principalmente o PPP e o
Regimento Escolar. Figura11:Freepik
O psicopedagogo na instituição vai questionar. Questionar basicamente tudo e todos os
aspectos da instituição. Começando pela gestão da escola. Se existe democracia, como
fluem as relações de trabalho, são aspectos que o psicopedagogo institucional deve
observar. A cultura da instituição é uma rede de comportamentos, e o psicopedagogo é
chamado, normalmente, quando algo nesta rede não está funcionando. Assim, o
processo de diagnostico institucional serve para viabilizar caminhos e propor mudanças
organizacionais. Mudanças estas que podem ser entendidas de forma positiva ou
negativa.
O desafio do psicopedagogo é mobilizar a equipe para refletir sobre as suas ações, e
entender que é preciso que haja esse movimento, para que a mudança possa ocorrer.
Em qualquer instituição, e na escola não é diferente, existem algumas manifestações de
comportamento que são identificadas e retratam o ambiente institucional. As
manifestações verbais e conceituais, que são: os heróis e os mitos, ou seja, algo ou
alguém que pode ser bom ou ruim e que é, de certa forma inatingível. E as narrativas,
que marcam o ambiente escolar, ditando os comportamentos e as regras implícitas. Na
observação da instituição, o psicopedagogo deve identificar essas crenças e narrativas, e
no decorrer do processo saber lidar com elas.
No diagnóstico institucional, o psicopedagogo faz uma leitura: das narrativas; do
currículo aparente e oculto; da dinâmica das relações entre os atores da escola; das
possibilidades e abertura para mudanças; da necessidade de ajuda; dos trabalhos já
realizados; das dificuldades detectadas; dos vínculos estabelecidos dos comportamentos
e atitudes; tudo relacionado com a instituição escolar.
É a partir do diagnostico que o psicopedagogo pode propor e executar um plano de
intervenção. Na intervenção psicopedagógica, o objetivo é a construção de uma nova
identidade para a instituição. Trabalhando sempre em corresponsabilidade com a equipe
da instituição, com enfoque interdisciplinar e sempre disposto às trocas e diálogos.
O diagnóstico institucional tem caráter preventivo no sentido de reconstruir processos,
redefinir papeis, valorizar novos conhecimentos, novas forma de aprender e de pensar, e
também novas pessoas, processos, produtos, objetivos.
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Na escola, o psicopedagogo tem como objetivo de intervenção resgatar ou fortalecer a identidade
da instituição, sua história, ao mesmo tempo que procura pareá-la com a realidade e o momento
histórico atual, adequando as demandas sociais e ao contexto ideal de aprendizagem.
O trabalho do psicopedagogo institucional é a prevenção dos problemas de aprendizagem. Para
isso é seu dever: analisar a formação dos professores; o currículo, que está sendo utilizado na
escola, se está sendo adequado às necessidades dos alunos; se os professores estão preparados
para atender os alunos, inclusive alunos que tenham alguma necessidade especial. O
psicopedagogo vai intervir nestes aspectos, afim de orientar a equipe pedagógica para que o
processo de aprendizagem ocorra de forma mais produtiva.
O psicopedagogo vai então, após analisar todos estes aspectos, propor mudanças no currículo, no
projeto político pedagógico, na metodologia de ensino, nas formas de aprender e de ensinar. Ele
também pode contribuir na melhora da comunicação interna da escola, e na comunicação da
escola com a família, favorecendo uma relação de confiança. O psicopedagogo pode auxiliar os
atores que dão vida à escola, a retornarem as origens, aos princípios fundamentais que regem a
escola.
A intervenção é pautada nos recursos que
promovem a operatividade da instituição.
Fazendo com que o movimento de aprender
nunca cesse, sempre acompanhando o
momento histórico e prevenindo a
cristalização de crenças que dificultam o
desenvolvimento.
O psicopedagogo deve trabalhar as questões
que servem de obstáculo para o ensinar e o
aprender; interagindo, integrando, se
vinculando, articulando conhecimentos, e Figura12:Freepik
cuidando das relações.
Compreendemos que o psicopedagogo na escola, ou em qualquer instituição tem
papel fundamental na criação e no aperfeiçoamento do clima e das relações
dentro da instituição. Na escola, entre os professores, alunos, funcionários,
famílias e comunidade. Desmistificando a manifestação de crenças e de narrativas
que limitam e inviabilizam o desenvolvimento e o progresso da aprendizagem;
examinando aspectos destrutivos que são arraigados nas relações interpessoais;
diagnosticando e intervindo nos sintomas e discursos que se repetem e não
colaboram para o crescimento do grupo. Damos ênfase ao fato de que, o
Psicopedagogo pode fazer muita diferença numa instituição, com sua escuta e
olhares atentos e sensíveis as demandas da equipe, dos alunos, das famílias e da
sociedade.
Obrigada!

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