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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER

MEMORIAL REFLEXIVO DO ESTÁGIO CLÍNICO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO: PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E


INSTITUCIONAL

Fernandes Bernardo da Conceição, Nilma

3314108

1 INTRODUÇÃO

O Diagnóstico Psicopedagógico é o processo pelo qual é analisada


a situação do aluno com dificuldades dentro do contexto escola e de sala de
aula, com a finalidade de proporcionar aos professores orientações e
instrumentos que permitem modificar o conflito manifestado.

Fernandez (1990) afirma que o diagnóstico, deve ter a mesma


função que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, a base que dará
suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento necessário.
É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses
provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo,
para isso, conhecimentos práticos e teóricos. Esta investigação permanece
durante todo o trabalho diagnóstico através de intervenções que se possa
decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção.

2 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE

2.1. IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

O Centro Educacional Marianna Barrozo Jardim De Infância Vovó


Mariana, é uma instituição privada e se localiza em: Rua M, Lote 03 Quadra 17,
S/Nº- Parque Boa Ventura, Nova Iguaçu - Rio De Janeiro, telefone para
contato: (21) 2799-3359. O Centro Educacional Marianna Barrozo Jardim De
Infância Vovó Mariana oferece toda a estrutura necessária para o conforto e
desenvolvimento educacional dos seus alunos, como por exemplo: Banda
Larga, Parque Infantil, Biblioteca, Quadra Esportiva Coberta, Pátio Coberto,
Sala do Professor e Internet. possui em sua infraestrutura: 8 salas de aulas,
Sala de diretoria, Sala de professores, Quadra de esportes coberta, Cozinha,
Biblioteca, Parque infantil, banheiro adequado à educação infantil, Banheiro
adequado à alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, Sala de secretaria,
Almoxarifado, Pátio coberto

2.2. DADOS DO ALUNO

- Nome: T.V. A. C

- Data de Nascimento: 19/09/2003

- Sexo: Feminino

- Filiação: Pai – L. T. C / mãe – M. A. A

- Série: 3º ANO do Ensino Fundamental I.

- Repetente: Não

3 PRÁTICA – AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA

3.1 REGISTRO DA QUEIXA

A aluna relatada neste trabalho cursa a turma do 3º ano do Ensino


fundamental l. A professora da turma apresentou alguns alunos com alguns
problemas aparente, entre eles T.V. A.C que demonstra ser na listagem de
déficit de atenção, uma aluna que oscila em gostar ou não da convivência dos
amigos em alguns momentos sendo as vezes até cansativa, mas durante as
aulas ela incomoda os colegas com brincadeiras e palavras que desagradam o
grupo. Em alguns momentos demonstra-se irritada e autoestima baixa.

Conversando com a responsável (avó), percebe-se que ela se sente


segura, não teve dificuldade em responder sobre a concepção da neta, pois
acompanhou toda a gestação. Ela sabe que há algo errado com a neta, quer
uma resposta para ajudar a menina o mais rápido possível. Percebe-se que ela
sente que há alguns aspectos que devem ser investigados ou aprofundados
junto a aluna, em seu estado emocional, neurológico e cognitivo. E partindo
destas queixas, preparei-me melhor para este estágio.

3.2 REGISTROS DESCRITIVOS DOS ENCONTROS REALIZADOS

Nas páginas a seguir relatam-se as observações, conversas e


atividades propostas que foram realizadas com a aluna citado anteriormente.

3.3 APLICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS

Visita à escola

Ao escolher a instituição para desenvolver este Estágio, realizou-se


uma visita e a permissão da direção para a elaboração dele. Ao solicitar
autorização, foi apresentado o objetivo em desenvolver atividades
diferenciadas com um aluno, para assim contribuir no desempenho escolar
dele, bem como atingir o objetivo proposto pelo curso de Pós-Graduação em
Psicopedagogia.

Observação do sujeito no lanche

O lanche acontece no refeitório da escola, após lancharem as


crianças dispõe de alguns minutos para as brincadeiras no pátio. Neste
período, percebe-se uma criança agitada, que não lancha direito e corre para lá
e para cá, sem sossego devido ao seu comportamento os colegas acabam
reclamando muito e assim deixando-a de lado.

Observação em sala

Em sala, T.V. A. C demonstra não sossegar, importunando


professora e colegas. No tempo observado permaneceu muito pouco em sua
carteira, tem pouca organização com seus materiais e apresentou dificuldades
para se concentrar perante os conteúdos propostos e explicados pela
professora, com distrações frequente.

Entrevista com a professora


A professora relatou que T.V. A. C, é uma criança muito agitada, seu
relacionamento com a turma é um pouco conturbado, demonstra às vezes até
agressiva, mais está sempre tentando estar bem com os colegas, e as vezes
se metendo até onde não é chamada. Mas os colegas acabam deixando-a de
lado pelas suas atitudes. No entanto, é uma criança que dispersa com
facilidade não é muito organizada com seus materiais, tem autoestima baixa,
não gosta de desafios, quando as atividades exigem mais dela. Fica deprimida,
assim não acompanha o ritmo da sala, deixando as atividades a desejarem.

Histórico Escolar

T.V. A. C iniciou a sua vida escolar aos 06 anos de idade, em uma


escola pública, cursando creche, pré I e II, da educação infantil e hoje cursa o
3º ano do ensino fundamental, nesta escola.

Anamnese

A criança T.V. A. C. nasceu com 3,100Kg no dia 19 de setembro de


dois mil e três na cidade de Rurópolis - PA. Nasceu com nove meses
completos e de parto normal.

Segundo a responsável dela, T.V. A. C. começou a engatinhar com


nove meses de idade, com um ano deu os primeiros passos e no mesmo ano
começou a falar. Não apresentou dificuldades na fala, sendo que a sua
linguagem estava adequada a sua idade. Atualmente utiliza corretamente as
palavras na fala, tendo um vocabulário diversificado. Hoje a criança está com
oito anos, pesa 29 Kg e 1,18 de altura. T.V. A.C. usou fraldas até dois anos e
fez xixi na cama algumas vezes até hoje. É uma criança agitada, em casa
segundo a responsável também tem os mesmos comportamentos.

No primeiro período de vida tinha um sono agitado, acordava e


chorava durante a noite, sua alimentação foi de leite materno até os 06 meses,
quando o leite da mãe secou passou a tomar leite de vaca, o qual ainda o toma
até hoje pela manhã e à noite.

É líder do irmão mais novo, porém rejeita liderar os colegas e


primos mais velhos.

Vida escolar
T. Iniciou-se aos 06 anos, estudando em uma escola municipal, no
início não teve muitos problemas de adaptação. Lá se sentia amada. Sua maior
dificuldade se encontra na Língua Portuguesa.

T.V. A. C chora por motivos pequenos, as vezes demonstra ciúmes


do irmão caçula. É muito indecisa, insegura e se sente rejeitada por todos e
tudo. Gosta muito de animais e tem muito medo do escuro. Há dias, parecer
estar de bem com todos.

Vida Familiar

L. O pai de T.V. A. C não mora na mesma cidade que ela, está


distante e ausente, assim como a mãe. A criança reclama da ausência de seus
pais que são separados. Sua maior convivência é com os avós paterno e tios.

Em casa, não tem companhia para brincar ou realizar algumas


atividades, pois o irmão ainda é muito pequeno, devido a isso brinca sozinha
com seus brinquedos, assiste muito à televisão, gosta de jogar futebol
feminino, o que é bom, assim tenta novas amizades. Ao que se percebe pelos
relatos, essa criança não tem rotina certa para realizar a sua rotina diária,
horário para estudar, alimentar-se ou estudar em casa. O horário certo que
realiza é apenas o de ir e voltar da escola, a qual é sempre levada e buscada
pela avó ou tia.

Por ser uma criança agitada e desorganizada a responsável pela


mesma (avó) não consegue realizar as tarefas e colocar limites na criança.
Quando esta tenta fazer algo deixa sempre sem concluir. T.V. A.C começou a
tomar banho, a se vestir e amarrar e cadarço sozinha com sete anos de idade.
A avó relata que a neta tem muita dificuldade na leitura, escrita e desmotivação
para estudar, afirmando que prefere ficar em casa a ir à escola.

Na escola em que estuda, escreve com a mão direita e tem


dificuldades em acompanhar o ritmo dos outros colegas para fazer leitura e
escrita. Seus materiais escolares nem sempre são organizados, perdendo-os e
bagunçando-os com frequência.

T.V. A. C reclama da ausência dos pais, diz sentir muita falta.


(EOCA) Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem

Para Visca, a EOCA deverá ser um instrumento simples, porém rico


em seus resultados. Consiste em solicitar ao sujeito que mostre ao
entrevistador o que ele sabe fazer, o que lhe ensinaram a fazer e o que
aprendeu a fazer, utilizando-se de materiais dispostos sobre a mesa, após a
seguinte observação do entrevistador: "este material é para que você o use se
precisar para mostrar-me o que te falei que queria saber de você" (VISCA,
1987, p. 72).

O entrevistador poderá apresentar vários materiais tais como: folhas


de ofício tamanho A4, borracha, caneta, tesoura, régua, livros ou revistas,
barbantes, cola, lápis, massa de modelar, lápis de cor, lápis de cera, quebra-
cabeça ou ainda outros materiais que julgar necessários. O entrevistado tende
a comportar-se de diferentes maneiras após ouvir a consigna. Alguns
imediatamente, pegam o material e começam a desenhar ou escrever etc.
Outros começam a falar, outros pedem que lhe digam o que fazer, e outros
simplesmente ficam paralisados.

Neste último caso, Visca (1987, p.73) nos propõe “empregar o que
ele chamou de modelo de alternativa múltipla”, cuja intenção é desencadear
respostas por parte do sujeito. Visca (1987, p.73) nos dá um exemplo de como
devemos conduzir esta situação: "você pode desenhar, escrever, fazer alguma
coisa de matemática ou qualquer coisa que lhe venha à cabeça [...]". No outro
extremo encontramos a criança que não toma qualquer contato com os objetos.
Às vezes se trata de uma evitação fóbica que pode ceder ao estímulo. Outras
vezes trata-se de um desligamento da realidade, uma indiferença em
ansiedade, na qual o sujeito se dobra às vezes sobre seu próprio corpo e
outras vezes permanece numa atividade quase catatônica.

Logo que passei as regras para T.V. A. C, ela tomou contato com o material e
pouco falou. Concentrava-se pouco em suas atividades. Quando deixava de
olhar para uma ou outra gravura, sempre me perguntava o que era para fazer.
Depois de folhear algumas revistas demonstrou-se cansada, desanimada.
Quanto a sua coordenação motora observei haver alguma dificuldade. De
repente, se levantou e disse que já havia terminado e foi logo se retirando para
o banheiro para lavar as mãos. Não fez uso dos demais materiais.

Quando retornou, perguntei se não ia usar outros materiais a mesma


balançou a cabeça com desprezo recusando-os. Num determinado momento
resolveu pegar o lápis e subscritar uma das folhas, colocando a data e o nome
da cidade, repetindo uma atividade rotineira que percebi acontecer em seu dia
a dia quando está na escola. Resolveu que iria fazer um desenho e depois o
narrou para mim, usou os seguintes materiais: revistas, tesoura, cola, folha
sulfite, folha com pauta e a caneta. Sugeri que me contasse uma história. T,
começou com pouca vontade, dizendo, era uma vez uma menina que rezava
em sua cama ela era muito triste porque não tinha ninguém para conversar,
seu pai e mãe não moravam com ela, ela vivia triste. Um dia, ela encontrou um
cachorro muito feio, entrou numa casinha que tinha uma outra menina muito
linda que parecia uma irmã. Em seguida, perguntei o que mais ele queria fazer
com aqueles materiais sobre a mesa, o que ele sabia ou quisesse fazer. Ele
disse que sabia fazer outras coisas, mas estava cansada. Eu insisti um pouco
para ele me mostrar o que sabia, mas ele disse preferir não fazer nada. Então
encerrei este momento.

Elaboração do primeiro sistema de hipótese

A princípio, T.V. A.C estava tímida e insegura com a minha


presença. Aos poucos foi ficando à vontade. Conversando apresentei-lhe os
materiais que ela poderia usar, e ficou mais tranquila por já utilizá-los na
escola, demonstrou confiança. Mesmo assim, rejeitou em usá-los. Mesmo com
insegurança, a aluna foi capaz de responder aos questionamentos, no entanto
preferiu não usar todos os materiais disponíveis.

Área Cognitiva

A aluna apresenta certa insegurança em responder algumas


perguntas lhe dirigidas, pensando muito antes de respondê-las. É uma criança
agitada, com algumas dificuldades em expressar ideias, desejos e
sentimentos. Durante as atividades aparentou boa coordenação motora
grossa, porém algumas facilidades em desenhar. Seu raciocínio lógico é bom,
no entanto necessita de um tempo maior para passar informações para o
papel.

Área Emocional

Apresenta um bom relacionamento com as pessoas conhecidas na


medida do que lhe é possível, não demonstrou nenhuma atitude de agressão
durante o período acompanhado. Atitudes inseguras a impede de aproximar de
situações e pessoas desconhecidas em casa ou na escola, muitas vezes
preferindo ficar sozinha.

Área Funcional

A aluna apresenta-se como uma criança normal, exceto pela


autoestima baixa, e sente falta da presença dos pais. Sua coordenação motora
fina está em construção, bem como o processo de seriação e classificação, no
entanto apresenta uma boa coordenação motora grossa. Durante as atividades
utilizou os materiais do seu cotidiano, entretanto demonstra dificuldades em
concluir uma atividade.

Leitura, escrita e matemática.

As atividades foram realizadas com relação à leitura com imagem e


T.V. A. C soube distinguir leitura verbal da não verbal. Com as fichas de leitura,
ela juntou as sílabas muito devagar, com algumas dúvidas, para formar as
palavras. Na classificação de estágios da escrita ela apresenta estar no nível
silábico-alfabético, como relatado anteriormente, não acompanha o ritmo dos
colegas da sala durante praticamente todas as atividades escritas, ao copiar do
quadro por exemplo, faz trocas de letras e algumas vezes dúvidas ao escrever
em letra cursiva. Esta aluna demonstra melhor habilidade em cálculos mentais,
porém necessita de longo tempo para escrever. Consegue identificar com
facilidade as cores e formas geométricas, porém não sossega um instante para
concluir as atividades, ficando as mesmas por terminar.
3.4 INFORME PSICOPEDAGÓGICO

I. Dados do aluno

- Nome: T.V. A. C

- Data de Nascimento: 19/09/2003

- Sexo: Feminino

- Filiação: Pai – L. T. C / mãe – M. A. A

- Série: 3º ANO do Ensino Fundamental I.

- Repetente: Não

II. Motivo da Avaliação

Pela queixa apresentada pela escola é que a aluna T.V. A. C.


apresenta déficit de atenção e dificuldades na leitura e escrita, uma criança que
apresenta comportamentos inseguros diante das situações em sala de aula ou
fora dela, no período escolar, que está sempre agitada, assim não conseguindo
se concentrar como devia.

III. Instrumentos Utilizados

- Anamnese;

- Informação Social;

- EOCA – Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem;

- Provas Piagetianas: Conjuntos, Classificação e seriação;

- Provas Projetivas: vínculo familiar, escolar e consigo mesmo;

-- Análise do material escolar.


IV. Análise dos Resultados

Pedagógica

No entanto, é preciso investigar como se dá a construção do


conhecimento através de diferentes metodologias, pois cada aluno tem sua
forma própria de adquirir novos conhecimentos. Então, após a realização das
provas, percebe-se que a aluna T.V. A. C. ainda não realiza leitura de símbolos
corretamente, confunde algumas letras e tenta adivinhar o que está escrito. É
capaz de identificar as vogais e algumas consoantes mais familiares.

Quanto à escrita, realiza apenas cópia, e mesmo assim sente


dificuldade e troca as letras, apresenta dificuldades em realizar produções
próprias, sendo que ainda se encontra no nível silábico-alfabético.

Entretanto, nos conhecimentos matemáticos, conhece os numerais,


cores e formas geométricas, é capaz de realizar cálculos mentais, realizar
pequenas operações de adição e subtração, mas não fórmula problemas e
cálculos escritos.

Cognitiva

V. Diagnóstico Operatório

O que se busca é descobrir como o sujeito usa seus próprios


recursos cognitivos a serviço da expressão de suas emoções, ante os
estímulos apresentados pelo psicopedagogo. O fundamental é a “leitura
psicopedagógica” dessas situações e produtos, para assim detectar o que está
empobrecendo a aprendizagem ou a produção escolar. Encontramos escolas
que cometem o terrível engano de considerar deficientes mentais alunos com
graves problemas emocionais.

Segundo Fernández (1990, p.220), ainda que as técnicas projetivas,


que por vezes utilizamos tenham sido desenhadas com objetivos diferentes dos
nossos, e a partir, inclusive, de fundamentos teóricos que não compartilhamos,
cremos que mediante um uso mais heterodoxo e uma interpretação de acordo
com nossa modalidade, podem trazer-nos com relativa rapidez dados sobre a
articulação entre a elaboração objetivamente. Para o diagnóstico dos
problemas de aprendizagem, não levamos particularmente em conta os
conteúdos expressos pela criança. Interessa-nos observar a modalidade com
que a inteligência trata o objeto, reconhece-o, discrimina-o em sua própria
legalidade, sua experiência e o utiliza adequadamente.

Para o desenvolvimento das provas Piagetianas, foram utilizadas as


atividades de conservação de pequenos conjuntos de elementos. Dividimos
várias fichas feitas de papel colorido do mesmo tamanho. Pedi que escolhesse
as fichas dela e peguei as minhas na mesma quantidade. Pedi para que ela
fizesse uma sequência com as fichas, e eu a mesma coisa. Fizemos fila maior
e menor, mais ou menos filas, durante este processo perguntei-lhe qual das
filas era maior ou menor. A resposta era a mesma, a maior seria a fila que
fosse mais longa. Neste contexto, pedi a ele que organizasse as fichas, minhas
e dele na mesma ordem. Assim, percebeu que mesmo alterando a posição, as
quantidades de fichas permaneciam a mesma.

Para a conservação de quantidade de líquido, apresentei-lhe dois


copos de vidro, um mais estreito e alto, o outro mais largo e baixo. Ao
questionar qual caberia mais líquido, a aluna pensou por um momento, e
respondeu que o mais alto caberia mais, assim entreguei-lhe duas quantidades
iguais de água, na sequência respondeu-me que o mais alto tinha mais água.
Permaneci por um momento quieta e pediu-me para medir e concluiu que nos
dois permanecia a mesma quantidade de água.

Na atividade de conservação da quantidade, através de massa de


modelar, pudemos realizar a atividade. As massas estavam em forma de bola,
com a mesma quantidade, assim como a água dos copos. Brinquei que iríamos
brincar um pouco com aquelas bolinhas. Perguntei-lhe se havia a mesma
quantidade de massinhas nas duas bolas, e respondeu que sim. Continuei
pedindo para mudarmos o formato das bolinhas, amassando-as e o aluno
continuou dizendo ter a mesma quantidade, porém com dúvida. Em seguida
pedia para enrolar uma de comprido, para parecer uma corda grossa, e
respondeu-me que está em forma de corda parecia ter mais massa. Pedi então
que a voltasse na forma em que estavam duas bolinhas, e concluiu a mesma
quantidade de massinha.
Linguagem

A aluna pronúncia palavras corretamente, vocabulário este


adequado a sua idade, portanto sendo capaz de transmitir informações e
entendê-las de forma clara.

Afetiva

Percebe-se que a aluna sente falta da presença dos pais, ela fala
muito dos mesmos e de sua separação. Ela gosta de estar com os avós, porém
sente falta dos pais.

Técnicas Projetivas Psicopedagógicas

Para esta atividade, pedi para que ela a desenhasse com seus
colegas de sala e assim como nas demais atividades, optou por desenhar com
lápis de escrever, mesmo pedindo para que ela desenhasse com lápis de pintar
ou de colorir, ela disse que preferia somente com lápis de escrever. A aluna
desenhou somente uma colega e escreveu o nome dela, afirmando que era a
sua amiga e queria desenhar somente as duas, mas gostava dos outros
colegas da turma também.

Depois, desenhou a sua família, incluindo os cachorros todos do


mesmo tamanho, dizendo que eles eram sua avó, ela e o tio. Num outro
momento ela bem pequenina e a professora ao lado. Logo após desenhou a
sua casa e tentou escrever ela passeando com a avó

Social

A aluna é capaz de transmitir informações pessoais como seu nome,


endereço, o nome dos seus pais, a idade, seu esporte preferido, o time que
torce os programas de TV que mais gosta brincadeiras preferidas, nomes de
amigos e parentes mais próximos e as pessoas com quem mais convive.
Psicomotora

Nesta área, a aluna apresenta uma coordenação motora grossa que


ainda está em construção, entretanto, apresenta uma coordenação Global
normal para a sua idade ao andar, correr, pular ou jogar bola. Tem um bom
equilíbrio dinâmico: anda em linha reta, curva ou anda com um pé na frente do
outro. Não apresentou dificuldades quanto ao seu equilíbrio estático. Na
dissociação, distingui pés e mãos, abre, fecha junta ou separada e
alternadamente. Reconhece as partes do corpo, tem boa orientação espacial e
temporal.

VI. Parecer Diagnóstico Clínico

Ao desenvolver o presente trabalho, com o levantamento de dados


escolares da aluna, conversas e aplicação dos instrumentos investigativos,
conclui-se que a mesma na área cognitiva enfrenta algumas dificuldades. Na
área afetiva, apresenta-se como uma criança sentimental. No momento, seu
desempenho vem progredindo lentamente, o que deve ser mais trabalhado.
Com relação à área funcional, tem desenvolvimento normal de acordo com a
sua idade. Em todo o processo percebi que a separação dos pais e a distância,
interferem muito.

VII. Prognóstico

A aluna em questão tem possibilidade de desenvolver sua


aprendizagem desde que o seu ritmo seja respeitado e aproveitando os poucos
momentos em que fica mais tranquila, necessita de um tempo maior para
decifrar a leitura e colocar o seu pensamento no papel, dificultando a produção
livre. Ainda precisa ser trabalhada atividades que estimule a leitura e a escrita.

VIII. Recomendações e Indicações

Família
Falta rotina a esta criança, e a falta da presença dos pais a prejudica
bastante o que precisa ser trabalhado com um profissional da área, precisa que
a família determine algumas tarefas básicas em casa, como enxugar e guardar
a louça, para que reduza o tempo em que a criança passa frente à TV.
Também necessita de um horário para a realização das tarefas escolares. Para
melhorar a convivência e o seu desenvolvimento, os responsáveis necessitam
dedicar-se e estar mais presentes na vida desta criança, a realização de
leituras de histórias infantis ou histórias vivenciadas em família o que percebi
que não há.

Devolutiva aos pais

Ao concluir este estágio, para a família de T.V. A. C. expliquei-lhes o


trabalho desenvolvido diante da queixa apresentada pela professora e a equipe
escolar, o informe psicopedagógico com todos os passos que foram realizados
durante este estágio, as, recomendações e indicações para favorecer o
desempenho escolar da aluna. Assim, conclui-se que T.V. A. C é uma criança
saudável e inteligente, que precisa ser trabalhado sua inquietude, afetividade e
dedicar-se a leitura e melhorar o seu processo de escrita, no entanto, para que
esse processo ocorra da melhor forma, necessita da compreensão e ajuda
familiar.

Devolutiva à escola

Ao finalizar este trabalho, apresentei a conclusão do mesmo à


equipe escolar a partir da queixa exposta. Assim, relatei as observações feitas
na aluna, o trabalho desenvolvido, a proposta de intervenção e a conclusão
deste estágio ao nível de desenvolvimento de ensino aprendizagem em que a
aluna se encontra.

4. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Percebe-se que T.V. A. C apresenta Déficit de Atenção, é uma


criança agitada e insegura, principalmente nas situações em que o resultado
depende somente dela. Essa insegurança e agitação impedem a sua iniciativa
para executar ou encontrar respostas às atividades propostas e melhor
convívio com a turma. A sua aprendizagem torna-se desafiadora e requer
intervenções psicopedagógica.

Neste sentido, afirma Ellis (1995, p.56) que, “a constituição de uma


intervenção psicopedagógica segue orientações específicas, porém, não há
modelos rígidos para tal.”

Importante ter em mente as finalidades traçadas ao processo, bem


como uma visão bem exercitada. O processo, uma vez iniciado pela
apresentação de uma proposta de inclusão em educação, seguiu uma trajetória
de grupo operativo e construção de um projeto político pedagógico. O presente
trabalho toma este processo como exemplo, denotando o papel do
psicopedagogo frente às demandas educacionais futuras. Para a
implementação da proposta de trabalho, a articulação com a metodologia de
pesquisa-ação confiou maior produtividade ao mesmo; apontando a
intervenção cotidiana como a mais eficaz.

Neste contexto, ao se tratar de uma criança com Déficit de Atenção,


a intervenção psicopedagógica é de suma importância, porque “se realizam
entre um sujeito que acompanha o processo e outro que o vivencia ativamente,
configurando ambos, um sistema transformador” (Visca, apud BARBOSA,
2010, p.15). Neste sistema, a criança tem a oportunidade de vencer os
obstáculos que surgem no processo de aprendizagem.

Nesta intervenção psicopedagógica seria viável utilizar jogos e


brincadeiras, por serem elementos de ação e de caráter objetivo, podendo ser
utilizado tanto no âmbito individual quanto grupal, atingindo assim, o objetivo
principal de aprendizagem desta criança.

Segundo (Barbosa, 2010, p. 182) “Tanto a brincadeira quanto o jogo


são marcados pela ludicidade,” sendo esta, um ingrediente fundamental desses
recursos psicopedagógicos. No caso da brincadeira, apresenta a imaginação e
a regra, sendo a imaginação o que a define, pois as regras são frágeis. Já o
jogo possui ênfase nas regras, embora não abandone a imaginação.
Jogos e brincadeiras possuem formas de utilização diferentes, sendo
as brincadeiras espontâneas e disparadoras, enquanto os jogos podem
desenvolver e instrumentar, aliviar tensões e servir de elementos intermediários
na relação com a aprendizagem, e ambos devem preservar a ludicidade e a
vinculação afetiva durante o seu desenvolvimento.

Com base em Macedo, Petty e Passos, apud (Barbosa 2010, p.183


e 184), as atividades para serem lúdicas devem possuir cinco qualidades:
devem ter o prazer funcional, que “está relacionado à escolha que um aprendiz
pode fazer entre ou não participar de uma atividade”; Serem desafiadoras,
colocar em prática o conhecimento vivenciado e estar disposto a desenvolver
habilidades novas; Criarem possibilidades de tornar seus sonhos em realidade
e encontrar resultados possíveis ao que parece impossível; Possuírem o
caráter simbólico, onde “as brincadeiras e os jogos expressam sua intuição, e
que as narrativas decorrentes do faz de conta são uma projeção de seus
sentimentos, desejos e valores”; Serem expressas de modo construtivo ou
relacional “indica a possibilidade de considerar-se numa atividade lúdica, vários
pontos de vista e várias possibilidades de expressão”.

No caso de T.V. A. C. iniciei com brincadeiras espontâneas, por


permitir que ela desenvolva nos aspectos relacional, psicomotor, criativo e que
possa se posicionar de maneira decisiva, partindo do prazer para depois
conviver com a realidade. Sendo que esta, quando vivida pela criança, abre
novos caminhos para ela se localizar sentir-se inserida no meio em que vive e
adquirir novos conhecimentos Oliveira, apud (BARBOSA 2010) apresenta três
núcleos organizadores que atraem e direcionam a criança: o corpo, o simbólico
e a regra, através dos quais a criança pode se organizar no espaço e no
tempo, se organizar no mundo interno e externo, sentindo desejo de expressar-
se como sujeito. Para Friedmann (1996) e Volpato (1999), citados por Almeida
e Shigunov,

A brincadeira refere-se ao comportamento espontâneo ao realizar


uma atividade das mais diversas. O jogo é uma brincadeira que envolve certas
regras, estipuladas pelos próprios participantes. O brinquedo é identificado
como o objeto de brincadeira. A atividade lúdica compreende todos os
conceitos anteriores. Para isso, buscar também intervir através dos jogos,
quando se sabe que os mesmos podem ser utilizados com diferentes
propósitos, instigando o aluno a novos desafios, ampliando as possibilidades
de desenvolvimento e instrumentação, podendo ser de caráter competitivo
quanto cooperativo.

De acordo com Barbosa (2010, p.197), no processo de atenção


psicopedagógica, é possível utilizar os jogos com o objetivo de
desenvolvimento do aprendiz em diferentes aspectos ou dimensões: raciocínio
lógico, oralidade, escrita, percepção, rapidez, ritmo, motricidade, atenção,
memória e outros.

Nesta perspectiva, seria viável para a aluna o jogo de dominó, cuja


finalidade é propiciar a possibilidade de progredir segundo seu próprio ritmo,
valorizando a sua motivação pessoal, desenvolver a sua capacidade de
concentração, além da criatividade, ousadia, improvisação, solidariedade e
cooperação.

Cito aqui também o jogo de xadrez e o jogo de dama para ajudar


a desenvolver a memória da criança. Essa atividade ajudará na escrita
espontânea e assim no processo de aprendizagem da leitura e da escrita. A
criança defronta-se com um mundo cheio de atrações com letras, palavras,
frases e textos, e se engajará neste mundo muito mais facilmente se puder
participar integralmente dele e se o processo for transformado num grande ato
lúdico participativo, inteligente e prazeroso. Portanto, percebe-se a
necessidade do lúdico, na forma de jogos e brincadeiras, para despertar o
interesse e arrebatar a atenção dele, tornando este processo recheado de
significado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este Estágio oportunizou a prática das teorias e conhecimentos


adquiridos durante o curso de Psicopedagogia Clínica e Institucional. Ao
desenvolver este trabalho, pude observar analisar e desta forma melhor
compreender a aprendizagem de um sujeito com Déficit de Atenção. Bem
como este sujeito aprende a vencer os obstáculos que surgem durante este
processo.

A partir da queixa apresentada pela escola e responsáveis,


acompanhei o processo ensino aprendizagem e dificuldades da aluna
apresentada. Assim, expus o resultado aos pais e a escola e apresentei
alternativas para contribuir com um melhor desempenho escolar dele. Percebe-
se com este Estágio a grande importância e a presença de um psicopedagogo
e como pode intervir junto aos professores para sanar dificuldades no
aprendizado de um aluno.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. C. P. C. de; SHIGUNOV. V. A atividade lúdica infantil e suas


possibilidades. Revista da Educação Física/UEM. Maringá, v. 11, n. 1, 2000.
BALESTRA, Maria Marta Mazaro. A Psicologia em Piaget: uma ponte para a
educação da liberdade. Curitiba: Ibpex, 2007.

BARBOSA, Laura Monte Serrat. Intervenção Psicopedagógica no Espaço


da Clínica. Curitiba: Ibpex, 2010.

SCOZ, Beatriz. O desenvolvimento das quantidades físicas na criança,


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