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Karyne de Souza
Augusto Rios1
Lúcia Cavalcanti
Gravidez na adolescência e impactos
Albuquerque Williams2
Ana Lúcia Rossito Aiello2 no desenvolvimento infantil
Impact of adolescent pregnancy on child development
RESUMO
A gravidez precoce é motivo de preocupação em função das conseqüências devastadoras para o desenvolvimento tanto da mãe
quanto da criança, visto que expressa um exemplo perfeito da interação de riscos biológicos e ambientais. Este trabalho objetivou
realizar uma revisão de área sobre a gravidez na adolescência, a partir de considerações a respeito do contexto atual da adolescência.
A gravidez na adolescência pode ser considerada problema de saúde pública em função da alta prevalência e das conseqüências de-
sastrosas para o desenvolvimento infantil. A análise da literatura permitiu identificar a necessidade de se desenvolverem programas de
intervenção para gravidez na adolescência, que devem ter como objetivos prevenir a sua ocorrência, aumentar habilidades parentais,
fornecer serviços de pré-natal, diminuir taxa de reincidência de outra gravidez precoce e promover desenvolvimento adequado da
criança fruto de uma gravidez na adolescência. Adicionalmente, é necessário maior número de pesquisas que identifiquem aspectos
relacionados a resultados de eficiência e eficácia em uma intervenção destinada a essa população.
UNITERMOS
Gravidez na adolescência; desenvolvimento infantil; intervenção e prevenção
ABSTRACT
An early pregnancy is cause of concern due to the devastating consequences to child and mother’s development, as it is a perfect example
of biological and environmental risk interaction. This study aimed at reviewing adolescent pregnancy intervention and prevention studies.
An adolescent pregnancy can be considered a public health problem because of its high level of prevalence and negative consequences to
the child’s development. Analysis of the reviewed literature showed that it is necessary to create more intervention programs to prevent
teenage pregnancy, to increase parental skills, to offer pre-natal services, to reduce the reincidence of pregnancies and to promote optimal
child development. Furthermore, there is a need for more studies that identify relevant aspects related to the effectiveness and efficiency of
the intervention programs for this population.
KEY WORDS
Early pregnancy; children development; intervention and prevention
Entretanto, nas classes sociais economica- citar o contexto psicossocial de pobreza, a depen-
mente mais privilegiadas, a jovem mãe não alte- dência dos pais adolescentes de suas famílias, a
ra sua posição diante da família, pois é garantida baixa instrução dos jovens pais, a falta de apoio
por ela, mantendo o processo de amadurecimento social, a presença de violência doméstica, o his-
dos filhos que continuam freqüentando a escola, tórico de abuso sexual na infância, a ausência de
fazendo cursos e participando da vida social(21). Em apoio paterno, o estresse e a depressão pós-par-
ambos os casos, as famílias procuram não assumir to(8, 11, 13, 17, 25, 30-32).
a responsabilidade de paternidade, deixando esse Recente estudo de Gravena e Williams(17) cor-
dever para os jovens pais(5, 17). robora os dados da literatura sobre os fatores de
Contudo, nota-se que nas classes de baixo risco ambientais de uma gravidez precoce para o
poder aquisitivo a gravidez precoce é considerada desenvolvimento infantil. O estudo objetivou ela-
problema social mais grave porque está associada borar e avaliar uma intervenção com oito gestantes
a variados contextos psicossociais de risco, como de baixo poder aquisitivo. Os resultados indicaram
exclusão social, baixa escolaridade, falta de suporte que a média de idade das participantes foi de 15
familiar e/ou do companheiro, instabilidade emo- anos e que em geral elas possuíam apenas o ensino
cional, relações conflituosas, desconhecimento so- fundamental completo. Somente três das gestantes
bre o desenvolvimento do bebê e falta de rede de freqüentavam a escola e nenhuma estava traba-
apoio social(3, 11, 21, 25). Além disso, a maternidade na lhando. Três adolescentes eram solteiras e moravam
adolescência afeta a economia do país na medida com a família, e quatro encontravam-se em regime
em que favorece a ampliação do quadro de pobre- de união estável, fato ocorrido após a ocorrência
za, pois, além de os pais adolescentes não estarem da gravidez. Entre os fatores de risco citados an-
preparados social e psicologicamente para exercer teriormente, a pobreza e a presença de violência
a paternidade, eles também têm que enfrentar difi- doméstica se destacaram como os principais.
culdades econômicas para assumir os encargos de Outro dado interessante apontado pelo estu-
constituir uma família(11, 17). do de Gravena e Williams(17) é a correlação entre
De maneira geral, há indícios de que a gra- violência doméstica e gravidez na adolescência.
videz precoce ocorre preferencialmente em re- Dados do estudo apontaram que 75% das mães
giões com presença de grandes desigualdades adolescentes que participaram do programa de in-
sociais, em áreas caracterizadas por miséria e tervenção foram vítimas de violência doméstica.
pobreza e em grupos sociais desfavorecidos(10). Saewye et al.(30) e Silverman et al.(31) demons-
Adicionalmente ao fato de ser um problema so- traram uma correlação significativa entre presença
cial, a gravidez na adolescência é fator de risco de violência no namoro e gravidez na adolescên-
para o desenvolvimento adequado do bebê, ex- cia. Além disso, o histórico de violência doméstica
pressando um exemplo perfeito da interação de na vida das mães adolescentes é fator crítico para
riscos biológicos e ambientais para o desenvolvi- o fenômeno da intergeracionalidade(33), no qual
mento infantil(8). a jovem mãe reproduziria os comportamentos
agressivos vividos no passado na interação com
sua criança.
FATORES DE RISCO PARA o Em relação aos riscos ambientais gerados pela
DESENVOLVIMENTO INFANTIL relação mãe/filho, as mães adolescentes, quando
comparadas com mães adultas, interagem quan-
titativamente menos com seus filhos, são menos
ASPECTOS AMBIENTAIS sensíveis às necessidades do bebê, oferecem pou-
cas oportunidades de estimulação, verbalizam me-
Como exemplos dos fatores de risco ambien- nos durante as interações com a criança, tendem
tais para o desenvolvimento do bebê podemos a olhar e variar as expressões faciais com menor
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