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INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS),


a adolescência é delimitada como o período entre os 10 e 19 anos, 11 meses e
29 dias, o período de 10 a 24 anos é considerado como juventude. O Estatuto
da Criança e do Adolescente delimita adolescentes entre 12 e 18 anos, 11
meses e 29 dias. Para Vieira et al. (2008), citado por Carvalho C. C. et al. (2009)
a adolescência é caracterizada por mudanças biológicas, cognitivas, emocionais
e sociais, constituindo-se em importante momento para a adoção de novas
práticas, comportamentos e ganho de autonomia. Nesta fase o jovem torna-se
mais vulnerável a comportamentos que podem fragilizar sua saúde, como
alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool e de
drogas e sexo sem proteção. Essa necessidade de autonomia leva o
adolescente a rejeitar a proteção dos adultos e a enfrentar situações e condutas
de risco, que podem levar a acidentes graves, contaminação por doenças
sexualmente transmissíveis (DST), gravidez não planejada e/ou não desejada e
até mesmo a morte. A vontade de sentir-se especial pode levá-lo a acreditar que
é invulnerável e que não sofrerá as consequências dos riscos que corre (GIL et
al., 2008 apud CARVALHO C. C. et al., 2009).

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JUSTIFICATIVA

Este fato levou ao interesse em aprofundar os conhecimentos sobre a


adolescência e os fatores correlacionados ao problema. A análise de literatura
existente sobre o assunto ajudará o grupo a conhecer as principais causas que
levam as adolescentes a engravidarem e suas principais consequências, que
são motivo de preocupação não só para o grupo, como para a comunidade, por
se tratar de uma questão de saúde pública e um problema social. A análise e
reflexão sobre o assunto poderão contribuir para uma futura elaboração de
estratégias para a resolução do problema.

OBJETIVOS

Descrever as causas que levam as adolescentes a engravidarem.


Descrever as consequências desta gestação para a adolescente, seu filho,
familiares, comunidade e equipe de saúde.

METODOLOGIA

A busca dos artigos se deu por meio dos descritores: gravidez, adolescência,
Atenção Primária à Saúde. Após o levantamento das publicações procedeu-se
à leitura criteriosa, visando selecionar aquelas publicações que atenderam o
objetivo do trabalho. A seguir foi elaborada a revisão de literatura segundo a
compreensão da abordagem dos autores sobre o tema proposto. Na elaboração
do trabalho foram utilizadas foram utilizadas 26 referências bibliográficas.

REVISÃO DA LITERATURA

Com o objetivo de sistematizar a apresentação da revisão da literatura foram


delimitadas as seguintes subtemas:

1.1 A adolescência e o significado da gravidez

A adolescência é considerada uma etapa de desenvolvimento (físico, moral,


espiritual e social) especial; com direito à proteção, à vida e à saúde, mediante
a efetivação das políticas públicas e define que o SUS se responsabilize por
estas ações (GURGEL et al., 2010). Sendo considerada por Wieczorkievicz e
Souza (2010) uma população prioritária no que se refere à atenção à saúde.
Muuss (1996, p. 14) apud Santos e Carvalho (2006, p. 136) “a palavra
adolescência deriva do verbo latino adolescere, significando crescer ou crescer
até a maturidade”.
Na adolescência ocorrem profundas mudanças, caracterizadas principalmente
por crescimento rápido, conscientização da sexualidade, estruturação da
personalidade, adaptação ambiental e integração social (SILVA, F. N. et al.,

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2012). “Nas alterações biológicas, ocorrem grandes transformações do corpo e
o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, sendo comum o
interesse pelo sexo e o início das primeiras relações sexuais”.
Enquanto a adolescência inicial coincide com as primeiras modificações
corporais da puberdade, a adolescência final, tanto na teoria como na prática,
não estabelece critérios rígidos. Ser adolescente seria sair da dependência da
infância, buscando uma independência na vida adulta, não uma independência
sem restrições, mas uma interdependência sadia com a sociedade, a escola a
família e o ambiente em que vivem.
“Os adolescentes, nesta fase de transição, passam por dificuldades relativas ao
seu crescimento físico e amadurecimento psicológico, sexualidade,
relacionamento familiar, crise econômica, violência, uso e/ou abuso de drogas,
inserção no mercado de trabalho e outras” as experiências que eles vivenciam
variam de acordo com a sociedade que estão inseridos e de que forma esta vai
reagir com este adolescente. Na busca pela própria identidade e definição do
papel de jovem, em meio a 11 tantas experiências é difícil assumir a
responsabilidade de uma gravidez geralmente indesejada na adolescência .

O desenvolvimento da sexualidade é fundamental para o crescimento da


identidade adulta do indivíduo, determinando sua autoestima, relações afetivas
e inserção na estrutura social, porém o adolescente na maioria das vezes é
incapaz de racionalizar as consequências futuras decorrentes do seu
comportamento sexual, deparando-se frequentemente com situações de risco,
como uma gravidez não planejada.

A gravidez precoce é um problema que preocupa muitas pessoas,


principalmente as famílias dos adolescentes, os profissionais que trabalham
direta ou indiretamente com adolescentes e a sociedade em geral que também
sofre as consequências deste problema.

A gravidez na vida de uma adolescente pode provocar inúmeras modificações


na sua rotina diária e na vida das pessoas que fazem parte da sua vida,
dependendo das reações e ações da própria adolescente, familiares,
companheiro ou simplesmente progenitor, esta adolescente poderá se afastar
dos estudos, dos momentos de lazer que passava com os amigos, passando a
se preocupar com os cuidados necessários com a gestação, casamento,
nascimento da criança e emprego.

Segundo Suzuki et al (2007), apesar da gravidez e maternidade fazerem parte


do desenvolvimento e crescimento humano, deve acontecer de forma racional,
linear e com possibilidades de planejamento, pois pode produzir efeitos
deletérios sobre o desenvolvimento biológico e psíquico, com possíveis efeitos
prejudiciais à inserção na vida social de uma adolescente. Apesar de
normalmente os adolescentes fazerem parte de um grupo considerado menos

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exposto ao risco de adoecer e morrer, cada vez mais se observa eventos de
morbimortalidade nesta faixa etária, dos quais se destaca a gravidez precoce.
Este evento aumentou significativamente nos últimos anos, impondo a
necessidade de uma Política Nacional que ofereça orientações básicas para
nortear os adolescentes. Sendo estas tratadas não somente pelo setor saúde,
mas também por diferentes setores da sociedade, centrados em
intersetorialidade, parcerias e rede social e familiar.

5.2 Contextualização histórica e epidemiologia da gravidez na


adolescência

Apesar do tema gravidez na adolescência ser um tema contemporâneo e


preocupante por se tratar de um problema social e de saúde pública, abordado
por diferentes áreas do conhecimento e por vários autores, Silva F. N. et al.,
(2012, p. 1169), demonstram que este tema possui uma contextualização
histórica como citado no parágrafo a seguir:

A população de adolescentes representa cerca de 20% a 30 % da população


mundial, um quantitativo que vem aumentando, em particular nas zonas urbanas
de países em desenvolvimento. Esse dado demonstra o quanto esse grupo é
representativo e sinaliza a necessidade de implementação de políticas de saúde
direcionadas para a sexualidade característica dessa fase da vida humana
(SOUZA; NÓBREGA; COUTINHO, 2012, p. 588).

Os adolescentes estão iniciando cada vez mais cedo as práticas de relações


sexuais. Segundo estudos do Fundo das Nações Unidas para a Infância —
UNICEF (2002), citado por Queiroz et al. (2010), dentre adolescentes Angolanos
com faixa etária entre 12 e 17 anos, 32,8 % já haviam tido relações sexuais.
Sendo mais preocupante quando se analisa o tempo aproximando entre o início
das relações sexuais de uma jovem e a busca por um serviço de saúde para
orientação anticoncepcional.

Este tempo gira em torno de 1 ano, e aproximadamente metade das gestações


na adolescência ocorre nos primeiros seis meses após a adolescente se tornar
sexualmente ativa, e um quinto destas ocorrem no primeiro mês de relação
sexual.

A taxa de fecundidade de adolescentes, de 15 a 19 anos, aumentou de 9% em


1980 para 14% em 1991 e 20% em 2000. Destacaram ainda que os maiores
aumentos foram entre as jovens menos escolarizadas, mais pobres, e que viviam
em áreas urbanas. Em 1993 e 1998, o percentual de partos em mulheres de 10
a 14 anos, realizados pelo Sistema Único de Saúde - SUS, cresceu 31% e, na
faixa etária de 15 a 19 anos, houve um acréscimo de 19%.

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Ao analisar os dados acima se pode verificar que apesar de todos os esforços
realizados no sentido de prevenção da gravidez na adolescência, os resultados
têm sido precários.
A gestação na adolescência ganha visibilidade como problema de saúde, a partir
da década de 70, com o aumento proporcional da fecundidade em mulheres com
19 anos de idade ou menos. No período de 1965 a 2006, a fecundidade geral
declinou aproximadamente de seis filhos para 1,8 filhos por mulher, verificando-
se diferenças regionais e entre as mulheres de diferentes graus de escolaridade,
e aquelas com menos tempo de estudo apresentaram taxas mais elevadas. Ao
contrário da fecundidade geral, a fecundidade adolescente aumentou sua
participação relativa, no mesmo período.

O conhecimento da contextualização histórica e do perfil epidemiológico da


gravidez na adolescência talvez possa contribuir na elaboração de políticas de
prevenção de gravidez precoce adequadas para essa população.

5.3 Fatores determinantes da gravidez na adolescência

As causas da gravidez precoce devem-se a vários fatores diferentes, mas podem


incluir:

• Primeira menstruação muito cedo;

• Desinformação sobre gravidez e métodos contraceptivos;

• Baixo nível financeiro e social;

• Famílias com outros casos de gravidez precoce;

• Conflitos e mau ambiente familiar

• Mídia

• Escola

• Violência sexua

• Uso de preservativo

19 5.4 Consequências da gravidez precoce

A gravidez precoce pode gerar várias consequências tanto para a mãe quanto
para o bebê, podendo ter impactos físicos, psicológicos e socioeconômicos:

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1. Consequências físicas
Devido ao fato da mulher não estar totalmente pronta fisicamente para uma
gestação, há maior chance de parto prematuro, rompimento precoce da bolsa e
aborto espontâneo, por exemplo.

Além disso, é possível que ocorra diminuição do peso, anemia e alterações no


processo de formação dos vasos sanguíneos da placenta, podendo resultar em
aumento da pressão arterial, cuja situação recebe o nome de pré-eclâmpsia.

2. Consequências psicológicas
A maior parte das meninas que se encontram em uma gestação precoce não
estão preparadas emocionalmente para serem mães, por isso é comum o
desenvolvimento de depressão, tanto durante a gravidez, como no pós-parto.
Pode ainda acontecer diminuição da auto-estima e problemas afetivos entre a
mãe o bebê.

3. Consequências socioeconômicas
É muito comum que durante e após a gravidez a mulher precise abandonar os
estudos ou o trabalho, pois pode ser difícil conciliar as duas coisas, além de
sofrerem imensa pressão da sociedade, muitas vezes, da própria família em
relação ao casamento e ao fato de estar grávida ainda na adolescência.

Além disso, estar grávida é muitas vezes considerado um motivo para empresas
não contratarem, pois tende a representar um maior gasto para a empresa, uma
vez que dentro de alguns meses entrará em licença maternidade.

4. Consequências para o bebê


O fato da mulher não estar preparada fisicamente e emocionalmente pode
aumentar as chances de parto prematuro, do nascimento com baixo peso e, até
mesmo, do risco de alterações no desenvolvimento da criança.

Devido a todas as implicações que a gravidez precoce pode provocar, este tipo
de gestação é considerado uma gravidez de alto risco e deve ser acompanhada
por profissionais de saúde qualificados para evitar ou diminuir o impacto das
consequências.

• Consequências biológicas

Como consequências biológicas relacionadas à gravidez precoce, a mãe


poderá apresentar anemia, principalmente se possuir baixa renda, fato ligado
diretamente a má alimentação e maior incidência de verminoses, menor ganho
de peso, hipertensão arterial, doenças sexualmente transmissíveis, maior risco
de desenvolver doenças e morte durante o parto e puerpério, abortos e partos
prematuros.

6
CONCLUSÕES

Com tudo concluimos que a adolescência e o significado da gravidez na vida da


adolescente, a contextualização histórica e perfil epidemiológico da gravidez na
adolescência. Os objetivos foram alcançados com descrição dos principais
fatores determinantes da gravidez na adolescência como, o início precoce da
vida sexual, influência da mídia, família, escola, equipe de saúde, aspectos
socioeconômicos, pensamento mágico violência sexual, uso de preservativo
assim como a descrição das principais consequências nos aspectos biológicos,
sociais e psicológico desta gestação para a adolescente, seu filho, familiares,
comunidade e equipe de saúde.

Diante dos fatores sociais determinantes e das consequências desta gestação


não só para a adolescente e para o bebê, como para a sua família, a sociedade
em geral e para a equipe de saúde, percebe-se a necessidade da elaboração de
estratégias para diminuição da taxa de gravidez nesse grupo bem como na
diminuição dos impactos sociais e de saúde.

Mas devido à complexidade do adolescente, a sua abordagem deve ser feita de


forma ampla por parte das famílias, religiosos, educadores, profissionais de
saúde, buscando meios de promover a valorização deste grupo por eles
mesmos, fornecendo-lhes apoio e conhecimento para que possam decidir com
responsabilidade sobre sua sexualidade, qual o melhor momento de engravidar
para que este momento seja de muita alegria, felicidade e crescimento pessoal
para todos os envolvidos e não de tristeza e morte como vemos tanto acontecer.

7
Recomendações

Tendo em conta os resultados obtidos nesta investigação e a


necessidade de combater esse mal que assola a adolescência, se
expõem as seguintes recomendações:

1- Aumentar o uso de método contraceptivos


2- Reduzir lugares de abortos
3- Educação sexual tanto no seio familia quantos nas escolas
4- Ministrar palestras relacionado ao tema em questão
5- Metodos caléndario

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REFERÊNCIAS

(GIL et al., 2008 apud CARVALHO C. C. et al., 2009).


(GURGEL et al., 2010).
Wieczorkievicz e Souza (2010)
apud Santos e Carvalho (2006, p. 136)
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