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PERFIL DAS ADOLESCENTES COM REINCIDÊNCIA DE GRAVIDEZ NA UBS DO

MUNICÍPIO DE NANUQUE-MG

Artigo Original

Kathely Gomes Felix– Graduando(a) em Enfermagem


Wanessa Luiz Soares – Graduada em Enfermagem
Leonardo Ricardo Soares – Graduado em Educação Física UNEC
Centro Universitário de Caratinga – Campus UNEC de Nanuque
leonardohardcory@gmail.com

RESUMO

A gravidez na adolescência é um problema de saúde pública e os profissionais de saúde têm a


responsabilidade de preveni-la. O principal fator de prevenção é a educação, que envolve a saúde
sexual e reprodutiva. Diante do exposto, justifica-se a escolha do tema a repetição da gravidez na
adolescência é vista como um agravante, pois não se respeita o período ideal de gestação do corpo
feminino, situação que pode acarretar complicações, condições maternas e perinatais adversas. Dada
a relevância do tema e o elevado número de gravidezes recorrentes na adolescência no nosso país, e
dado o problema da gravidez não planeada com repercussões na formação acadêmica e profissional
dos jovens considera-se importante conhecer os motivos que levam à reincidência. O presente estudo
apresenta a seguinte questão problema: Quais os motivos da reincidência da gravidez em
adolescentes? Este artigo tem como objetivo principal objetivo identificar os riscos de gravidez na
adolescência. Descrever os prejuízos afetivos causados pela gravidez na adolescência. Analisar a
importância da atuação na assistência e prevenção da gravidez na adolescência. Identificar os
problemas que os adolescentes enfrentam ao descobrir a Gravidez. Descrever os motivos da
reincidência da gravidez em adolescentes? Metodologia usado nesse estudo descritivo exploratório
com abordagem quantitativa realizado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de
Nanuque em Minas Gerais.

Palavras-Chaves: Gravidez. Adolescência. Consequências. Reincidência. Enfermagem.

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1. INTRODUÇÃO
A gravidez na adolescência é um problema de saúde pública e os
profissionais de saúde têm a responsabilidade de preveni-la. O principal fator
de prevenção é a educação, que envolve a saúde sexual e reprodutiva. Além
disso, devem ser fornecidas informações sobre infecções sexualmente
transmissíveis em adolescentes, contracepção, programas e serviços de saúde
(SANTOS; BOUZAS, 2019).
À medida que aumenta o número de adolescentes
grávidas, dada a imaturidade do corpo feminino, as preocupações com a saúde
da mulher e da criança enfrentam enormes desafios, que podem sofrer algum
tipo de comprometimento. Entre as mulheres entre 15 e 19 anos, o risco de
morrer era duas vezes maior do que entre as mulheres com mais de 20 anos e
até cinco vezes maior entre as mulheres com menos de 15 anos. Além disso,
complicações maternas como hipertensão gestacional, infecções do trato
urinário e anemia foram registradas em alto índice nesta fase (GODINHO et al.,
2000).
Diante do exposto, justifica-se a escolha do tema a repetição da
gravidez na adolescência é vista como um agravante, pois não se respeita o
período ideal de gestação do corpo feminino, situação que pode acarretar
complicações, condições maternas e perinatais adversas. Cada vez mais
menores de idade engravidam, pois, a falta de informação leva a uma gravidez
indesejada, desestabilizando toda a família, nesse contexto, o papel do
enfermeiro é fundamental, pois através da companhia, as adolescentes podem
pensar profundamente sobre o risco da gravidez precoce.
Uma das principais causas de morte entre adolescentes são as
complicações da gravidez e do parto. Além dos riscos de uma gravidez
precoce, são inúmeros os impactos na vida das adolescentes. Estes incluem a
impossibilidade de completar a função da adolescência, adiamento ou
comprometimento de projetos de estudos e menor chance de qualificação
profissional (UNFPA, 2013).
Dada a relevância do tema e o elevado número de gravidezes
recorrentes na adolescência no nosso país, e dado o problema da gravidez não
planeada com repercussões na formação académica e profissional dos jovens
considera-se importante conhecer os motivos que levam à reincidência da
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gravidez na adolescência para que novas estratégias e ações futuras possam
ser desenvolvidas na atenção primária à saúde e na promoção da saúde das
pessoas nesse período. O presente estudo apresenta a seguinte questão
problema: Quais os motivos da reincidência da gravidez em adolescentes?
Acredita-se que a repetição da gravidez na adolescência seja um
agravante desse problema, pois não se respeita o período ideal de gestação do
corpo feminino, o que pode levar a condições maternas e perinatais adversas
(OLIVEIRA, 1998).
Segundo Dias et al., (2010) a gravidez na adolescência está associada a
dois riscos psicológicos: ser mãe e ser adolescente. Quando a adolescente
engravida, ela passa a desenvolver dois papéis. Ela terá que redefinir sua
identidade, levando em conta que, a partir de agora, sua vida estará ligada à do
filho.
Este artigo tem como objetivo principal objetivo identificar os riscos de
gravidez na adolescência. Descrever os prejuízos afetivos causados pela
gravidez na adolescência. Analisar a importância da atuação na assistência e
prevenção da gravidez na adolescência. Identificar os problemas que os
adolescentes enfrentam ao descobrir a Gravidez. Descrever os motivos da
reincidência da gravidez em adolescentes?
Metodologia usado nesse estudo descritivo exploratório com abordagem
quantitativa realizado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município
de Nanuque em Minas Gerais.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
A palavra adolescência vem do latim adolescere, que significa "crescer".
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Programa de Saúde do
Adolescente (PROSAD) definem adolescentes como a faixa etária entre 10 e
19 anos, enquanto o Regulamento da Criança e do Adolescente (ECA) - 12 e
18 de julho de 1990, do Ministério da Saúde da qual é classificação
(HENRIQUE; ROCHA; MADEIRA, 2010). Do ponto de vista sociológico, a
adolescência é o momento de transição da dependência infantil para a
autossuficiência adulta.

3
Psicologicamente falando, é uma "situação marginal" em que novos
ajustes devem ser feitos, que diferenciam o comportamento da criança
do adulto em determinada sociedade; e, fisiologicamente, ocorre à
medida que as funções reprodutivas amadurecem (MUUSS, 1976,
p.32).

Segundo Lima et al., (2013) A adolescência corresponde a um período


de profunda mudança na vida do jovem. Esta é a transição entre a infância e a
idade adulta.

Significa "crescer até a maturidade" e é considerado um processo


psicológico, social e de maturidade. O crescimento físico e o
desenvolvimento de aptidões mentais são melhorados. e os hormônios
agem intensamente. Isso leva as mudanças consistentes na forma e na
expressão como transformações biológicas, psicossociais, cognitivas,
morais e até espirituais (LIMA, 2013, p.54).

A definição de adolescente adotada pela organização Mundial da saúde


(OMS) abrange aspectos biológicos, sociais e psicológicos, e define o limite de
idade da adolescência com uma definição cronológica, o que sugere que esse
período se estende dos 10 aos 19 anos de idade. No entanto, a lei da criatura e
do adolescente (ECA) oferece aos adolescentes entre 12 e 18 anos de idade
uma pessoa (PARIZ; MENGARBA; FRIZZO, 2012).
A adolescência é muitas vezes uma fase muito problemática
devido a muitas descobertas, mudanças percebidas na fisiologia do organismo
pensamentos e atitudes desses jovens.

Na realidade brasileira, os adolescentes muitas vezes enfrentam outras


questões conflituosas, como gravidez indesejada, além de conflitos
específicos de sua faixa etária. A gravidez é um período que traz
grandes mudanças na vida da mulher essa fase pode acabar gerando
dúvidas, sentimentos de fragilidade, insegurança e ansiedade
(MOREIRA et al, 2008, p.23).

A gravidez de uma adolescente implica em um cuidado integral, pois,


além das mudanças típicas da gravidez coexistem as transformações próprias
da adolescência, que podem aumentar os riscos para ela e/ou para o nenê. A
percepção e a prática do cuidado ao adolescente são modeladas a partir das
necessidades identificadas pelos agentes produtores de saúde. A atenção aos
adolescentes configura-se como um espaço essencial no âmbito do cuidado e

4
da formação acadêmica, em ambientes de produção do cuidado que buscam
transmutações voltadas para aspectos de humanização e formação do sujeito e
sua cidadania (QUEIROZ et al., 2014).

2.2 CONSEQUÊNCIAS DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA


A gestação na faixa de 10 a 14 anos é considerada pelos especialistas a
de maior risco gestacional tanto para a mãe quanto para o bebê e a de pior
cobertura pré-natal. As consequências são muito graves. síndrome
hipertensiva; infeção do trato urinário; Sangramento que pode causar parto
prematura. Nesta faixa etária, ocorrem 15 óbitos fetais por 1.000 nascimentos
(média nacional - 10,9), enquanto a proporção de crianças com baixo peso ao
nascer (menos de 2,5 kg) é de 13,7 % (média nacional) 8,4 % (PALHARES,
2018). Como resultado, a gravidez na adolescência pode levar à
fragmentação familiar, abandono e afastamento do mercado social e de
trabalho, além do trauma emocional que ocorre no contexto individual e
familiar. Sob esse ponto de vista, a gravidez nessa fase dificulta a
escolarização da adolescente e leva à pobreza uma vez que a família não
dispõe de recursos suficientes para suprir as necessidades da adolescente e
filho socialmente (DUARTE; NASCIMENTO; AKERMAN, 2006).
A repetição da gravidez
em adolescentes é considerada um agravante, pois não se observa a duração
ideal da gravidez para o organismo feminino, o que pode levar as condições
maternos e perinatais desfavoráveis (MAUCH; CABRAL; PINHEIRO; PARCA,
2005). A gravidez precoce causa
transtornos sociais e econômicos na unidade familiar que surge. Provém da
maternidade não planejada de meninas que abandonam a escola para famílias
pobres e adolescentes sendo rejeitadas e também no mercado de trabalho. A
gravidez tem muitos efeitos sociais negativos, como a perda de oportunidades
educacionais e de emprego e a redução das chances de um casamento feliz
com oportunidades limitadas. Há também efeitos psicológicos associados à luta
emocional e educacional da maternidade (PINTO, 2014).

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2.3 REINCIDÊNCIA DE GRAVIDEZ EM ADOLESCENTES

A reincidência de gravidez na adolescência pode resultar do uso


inadequado dos métodos contraceptivos e vários são os motivos que levam as
adolescentes a comportamentos sexuais sem proteção. Um deles pode estar
relacionado à desinformação, na medida em que elas parecem desconhecer
seu período fértil ou o uso do anticoncepcional de forma correta, ou ainda
devido ao pensamento mágico próprio do adolescente em não acreditar que
pode engravidar desde a primeira relação sexual (ROMERO; MEDEIROS;
VITALLE; WEHBA, 2007).
Segundo Moreira et al., (2008) as dificuldades associadas às mudanças
trazidas pela chegada dos bebês não se limitam às constantes mudanças
psicológicas e bioquímicas, pois os fatores socioeconômicos também são
fundamentais. Essas adolescentes, além de assumir uma gravidez indesejada,
muitas vezes têm pavor de enfrentar a gravidez na frente de sua família ou
companheiro, pavor da reação dos pais diante da gravidez e dificuldades
socioeconômicas crescentes desde a infância também geram custos. Por isso,
muitas vezes enfrentam o medo e a ansiedade, enfrentam a depressão e
procuram outras opções de “resolução de problemas”, como o aborto.
De acordo com Bruno et al., (2009) quanto mais cedo ocorrer a
gravidez maior a chance de uma segunda gravidez; entretanto, quando a
adolescente assume o compromisso de reencontrar o pai da criança a chance
de uma nova gravidez diminui em relação àquelas que não permanecem com o
parceiro, portanto, a troca de parceiro foi um fator de risco para recaída.
gravidez, o que aumenta a chance de outra gravidez em cerca de 40%.
As gestações consecutivas na adolescência parecem ser
decorrentes de inúmeros fatores que podem fazer parte do contexto de vida de
uma adolescente sendo os mais citados: más condições socioeconômicas,
início precoce da atividade sexual, baixa adesão aos métodos contraceptivos,
vida em união estável. ou casado e abandonou a escola (ROSA et al, 2007).
Conforme Persona et al., (2004) mais da metade das
adolescentes engravidada novamente por outros motivos que não o próprio
desejo da maternidade. Gravidez para não perder um namorado, sair da casa
dos pais e evitar um ambiente familiar desagradável, fortalecer a feminilidade

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através da fertilidade, encontrar um propósito na vida, zelando de um filho,
aliviar a solidão com a companhia de um filho, para preencher um vazio
interior. Uma em cada cinco adolescentes que engravidou
na adolescência volta a engravidar inesperadamente, mostrando que mesmo a
experiência da gravidez e suas consequências não são eficazes no
desenvolvimento de um comportamento sexual responsável (CHALEM et al.,
2007).

2.4 ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM E PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA


ADOLESCÊNCIA

Os profissionais devem estar preparados para assumir o papel de


mentores dos adolescentes.

A saúde sexual dos adolescentes deve ser discutida contextualmente,


a partir de uma série de condições socioculturais favoráveis, como
condições de vida adequadas, serviços de saúde de qualidade, pois
são poucos os programas voltados para essa faixa etária da população
sabendo-se que cerca de 70 % das os adolescentes usam os métodos
por até seis meses, mesmo que estejam em um relacionamento por
mais tempo que esse período. Assim, o enfermeiro deve ser capaz de
elucidar dúvidas e divulgar informações sobre esse assunto, além de
se estabelecer como um profissional presente na vida das pessoas e
poder desenvolver um trabalho interdisciplinar em sua unidade de
saúde (BERLOFI et al, 2006, p.75).

Para lidar com esse fenômeno todos os enfermeiros e equipes de saúde


da família devem priorizar a promoção da saúde no processo de cuidado. As
ações de apoio estão claramente expressas nos princípios e Recomendações
do Sistema Único de Saúde e Estratégia Saúde da descendência (ESF)
(GURGEL et al., 2010).
A enfermagem é importante nesse processo, pois é um
conhecimento adequado para ser utilizado na realização e identificação de
pesquisas ativas e na identificação dos problemas enfrentados pelos
adolescentes provando métodos de intervenção eficazes regulados por ações
educacionais para prevenção da gravidez e contracepção. considerando que é
nessa faixa etária que ocorre o início precoce da vida sexual e, portanto, maior
vulnerabilidade às IST / AIDS e gravidez indesejada (RIBEIRO et al., 2016).

7
O enfermeiro como profissional experiente para
auxiliar o indivíduo em todas as fases da vida deve ser introduzido nos
programas de educação sexual da escola promovendo ações e programas
voltados à saúde do adolescente e família, que devem ser atendidos.

É importante que governo, saúde e educação, família, escola e


sociedade estejam ativamente envolvidos na educação sexual de
adolescentes. Não apenas sexualmente consciente. Mas a maioria
deve exercer seus direitos com responsabilidade recebendo respeito e
dignidade dos outros (BERLOFI et al, 2006, p.176).

O enfermeiro tem papel importante na equipe e deve promover ações


interdisciplinares de educação sexual, unifiquem família, escola e comunidade,
energizando o interesse dos adolescentes em ampliar conhecimentos e
desenvolver aptidões e atitudes, contribuindo para a prática de uma
sexualidade mais responsável e segura (GURGEL et al., 2010).

3. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem
quantitativa realizado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município
de Nanuque em Minas Gerais. Os serviços funcionam durante a semana,
proporcionando assistência pré-natal multiprofissional às gestantes. A
população entrevistada foi constituída por gestantes, com idade entre 14 e 25
anos, com histórico de uma gestação anterior, com consulta de pré-natal
agendada em uma UBS do município e que concordaram, juntamente com o
responsável, em participar da pesquisa. A coleta de dados foi realizada pelos
pesquisadores, no período do mês de junho de 2022, por meio da aplicação de
uma entrevista com questões semiestruturadas, realizada na Unidade Básica
de Saúde.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A faixa etária das mulheres da pesquisa variou de 15 a 37 anos. A idade
predominante foi 23 anos (15,0%), sendo a idade de 15 anos a menos
prevalente (8,0%). Em relação à escolaridade (40,0%) tem ensino médio
completo, já (40,0%) não terminaram o ensino médio, (20,0%) dessas mulheres

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tem o ensino fundamental completo. Quanto à condição marital, a maioria das
mulheres (70,0%) era solteira, sendo que destas, apenas 30,0% são casadas
com seus parceiros e pais dos bebês.
Muitas dessas mulheres interrompem seus estudos por
consequência da gestação, uns dos fatores a ser considerado por serem
primigestas e jovens adolescentes desconhecem a responsabilidade de uma
gravidez, mas já sentem o desconforto da mudança que seu corpo vem
sofrendo o que as obriga a abandonar os estudos contribuindo dessa forma
para o aumento na evasão escolar.
No gráfico 1 observamos que de todas as
participantes da pesquisa, houve uma divisão entre a primeira ou mais
gestações, (40,0%) relata primeira gestação, mas os outros (40,0%) está no
terceiro filho ou mais. No entanto, é expressivo o número de mulheres que
mencionam segunda ou terceira gravidez (60,0%). Na população do estudo,
(20,0%) há antecedentes de abortamento e 80,0% não há antecedentes de
aborto. Mas em algum momento (50,0%) dessas mulheres ao descobriram a
gravidez chegou a pensou em interromper a gravidez.
A renda familiar de (80,0%)
gestantes analisadas é razoável, em comparação de (20,0%) não tem rende e
depende dos pais e parceiros, algumas famílias vivem com um salário mínimo,
vivem em situação de extrema pobreza. Mas em outras situações vivem até
com mais de dois salários mínimos. Em muitas situações as gestantes que são
casadas, vivem apenas para o marido cuidando da casa e dos filhos
dependendo da renda do Programa Bolsa Família do Ministério do
Desenvolvimento Social do Governo Federal.

Gráfico 1- Quantos filhos tem?

9
40% 40%

1 FILHO 20% 2 FILHOS


3 FILHOS OU MAIS

Fonte: Elaborada pela autora.

Observa-se agora que as relações sexuais sempre começam mais cedo,


impostas pela sociedade que empurra as crianças para o início da
adolescência, e da mesma forma, mesmo quando psicologicamente
despreparadas, podem fazer com que os adolescentes passem rapidamente
para a idade adulta. A sexualidade pode ser pensada como um domínio no
qual as relações sexuais, culturais e políticas são construídas e transformadas
por meio de diferentes valores, atitudes e comportamentos em alusões que se
intrometem em seu imaginário (MOREIRA, 2008).
A gravidez é um fenômeno reprodutivo que resulta
da relação sexual em uma mulher durante seus anos reprodutivos (ovulação), o
que resulta no encontro do espermatozoide com o óvulo e posterior
penetração. Geralmente ocorre nas trompas de Falópio distais. (mais próximo
do ovário). Portanto, requer condições favoráveis dentro da trompa de Falópio,
como permeabilidade, lubrificação e motilidade da parede e dos cílios, para
facilitar o encontro dos gametas masculinos e femininos e seu movimento em
direção à parede uterina para o processo de fertilização. ocorrer. implantação
do ovo no revestimento do útero (GROSSKLANS, 2019).

Gráfico 2- Com que idade iniciou a vida sexual?

10
30%

40%

10%

10% 10%

13 14 15 16 17

Fonte: Elaborada pela autora.

De acordo com o gráfico 2 a análise dos dados relacionados ao início da


vida sexual entre a faixa-etária de 13 a 15 anos (60,0%), as idades entre 16
anos a 17 anos (40,0%) a maioria das mulheres analisadas da pesquisa
começaram a vida sexual ativa na adolescência.

Gráfico 3- Com que idade teve a 1° gestação?

10% 10%

10%

20%

20%

20%
10%

13 14 15 17 18 20 26

Fonte: Elaborada pela autora.

No gráfico 3, uma variável relevante a ser analisada sobre a faixa-etária


da primeira gestação as idades 13 anos a 15 anos foram (50,0%), e outros
(50,0%) das mulheres com a faixa-etária de 17 anos a 26 anos.
Segundo Lopes e Maia (2001) as adolescentes costumam fazer sexo
sem camisinha, não por falta de conhecimento, mas porque ela está em um
relacionamento e teme que o namorado a rejeite se ela insistir. Especialmente

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porque, para os adolescentes, o sexo é uma expressão de desejo, escolha,
amor, e o sexo abre as portas para a dimensão do próprio sexo. Muitas vezes,
um primeiro relacionamento é cheio de expectativa, e o jovem casal tem medo
de quebrar o romantismo do momento se tiver que tirar uma camisinha do
bolso ou da bolsa.

Gráfico 4- Faz uso de métodos contraceptivos?

40%

60%

SIM NÃO

Fonte: Elaborada pela autora.

De acordo com Abramovay et al., (2004), um dos pontos mais discutidos


em relação à contracepção diz respeito ao alto nível de informação sobre as
formas de contracepção, uma vez que se reparou que o conhecimento sobre
contracepção entre adolescentes e adultos jovens brasileiros é quase
universal. Como observamos no gráfico 4, (60,0%) das entrevistadas não
fazem uso de métodos contraceptivos, isso é bastante preocupante, poque
acaba acontecendo muitas vezes uma gravidez não planejada, gerando várias
situações de conflitos para essas mulheres.

Gráfico 5- O que você sentiu ao descobrir a gravidez?

10%

10% 30%

20%
10%

20%

Surpresa Tranquilidade Medo


Frustaçã o Tristeza Feliz

Fonte: Elaborada pela autora.

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Veremos no gráfico 4 uma mistura de sensações e sentimentos gerados ao
descobrir que estava gerando um bebê e a frustação, tristeza e o medo ficaram
em (50,0%), dessas mulheres (30,0%) ficaram surpresas, (20,0%) delas
sentiram tranquilidade e felicidade com a descoberta da gestação.
A gravidez é imbuída de sentimentos profundos e complexos e pode ser
vivenciada de forma plena ou angustiante, dependendo da história pessoal de
cada adolescente (JENERAL; HOGA, 2004). As entrevistadas expressaram,
nas falas, desespero sentimento de impotência e apatia, tristeza, depressão,
desânimo, solidão, angústia, ansiedade, nervosismo, estresse, culpa, medo e
vergonha, gerados, na ótica delas, pela inesperada constatação da gravidez,
por conflitos pessoais diante do novo e reações sociais, em especial da família
e do companheiro.
As mudanças biológicas somadas ao aspecto psicológico geram
conflitos que resultam em uma gravidez repleta de medos e incertezas que
podem afetar todo o processo gestacional. O efeito da confirmação da gravidez
cria o primeiro sentimento de desespero em algumas gestantes. Na tentativa
de solucionar o problema neste caso a gravidez o aborto acaba aparecendo
como uma opção, principalmente quando a adolescente não possui uma rede
de apoio para apoiá-la (PANTOJA; BUCHER; QUEIROZ, 2007).

Gráfico 5- O que mudou no cotidiano após a gravidez?

10%
10%
10%
20%
10%

40%

Parou de tomar antidepressivos Quase nada


Mais responsabilidade Mudança nos estudos
Parou de trabalhar Trouxe felicidade

Fonte: Elaborada pela autora.

Segundo Bocardi (2003) durante a gravidez as inseguranças se


intensificam, e ao lidar diretamente com esse novo estado da mulher formada,

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mais precisamente com os problemas relacionados à sua sexualidade, a
família assume um papel decisivo de apoio, proteção e orientação. No entanto,
há situações em que tal papel de apoio, proteção e orientação está ausente, há
situações em que o papel da família é dado para proteger e orientar as jovens
grávidas e há situações em que esses fatores de proteção estão ausentes.
As angústias relacionadas à idade se somam às angústias
criadas pela gravidez e o papel social e a identidade ainda indefinidos já estão
invertidos. A gravidez na adolescência não deve ser vista como uma doença
que pode ser tratada através do parto ou do aborto. É importante considerar a
maturidade do seu filho adolescente e ver se você realmente quer engravidar.
Poucos alcançam bons resultados, e estes dependem do apoio que a gestante
encontra em seu ambiente de vida, sua ideia de maternidade e também dos
motivos que a levaram a engravidar (sejam positivos e saudáveis ou
autoconfiantes). destrutivo, oportunidade de atacar o meio ambiente ou
simplesmente falta de oportunidade (JAKOBI, 2005).
Os resultados apontaram que através dessa
pesquisa o quanto é necessário que os grupos educativos tratem de problemas
e necessidades no cotidiano da gestante. A família principalmente a mãe como
suporte fundamental para a gestante, deve ser incluída nos programas de
gestão da gravidez na adolescência. Os profissionais devem estar atentos aos
chamados da adolescente grávida e sua família, conhecer sua comunidade,
valorizar suas crenças, estabelecer uma relação dialógica, uma escuta
qualificada e estar realmente presente para compreendê-los e assim contribuir
para o fortalecimento de suas potencialidades.
Assim, poderão fazer escolhas conscientes para que possam alcançar o
bem-estar durante a gravidez e viver uma vida melhor. Empoderadas e
apoiadas, as meninas poderão buscar formas de superar os enfrentamentos
normais da vida participar de atividades produtivos que as empoderem e erigir
relações com os outros, ocupando seu espaço na comunidade onde vivem
como um ser único e social.

5. CONCLUSÃO

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Concluímos que a gravidez de uma adolescente implica em um cuidado
integral, pois, além das mudanças típicas da gravidez coexistem as
transformações próprias da adolescência, que podem aumentar os riscos para
ela ou para o nenê. A percepção e a prática do cuidado ao adolescente são
modeladas a partir das necessidades identificadas pelos agentes produtores de
saúde. A atenção aos adolescentes configura-se como um espaço essencial no
âmbito do cuidado e da formação acadêmica, em ambientes de produção do
cuidado que buscam transmutações voltadas para aspectos de humanização e
formação do sujeito e sua cidadania.
Por isso o enfermeiro como profissional experiente para auxiliar o
indivíduo em todas as fases da vida deve ser introduzido nos programas de
educação sexual da escola promovendo ações e programas voltados à saúde
do adolescente e família, que devem ser atendidos. É importante que governo,
saúde e educação, família, escola e sociedade estejam ativamente envolvidos
na educação sexual de adolescentes. Não apenas sexualmente consciente.
Mas a maioria deve exercer seus direitos com responsabilidade recebendo
respeito e dignidade dos outros

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