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UNIVERSIDADE PAULISTA

BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL

FRANCISCO WALBERONE NASCIMENTO DA CRUZ

ABUSO SEXUAL INFANTIL NO ÂMBITO FAMILIAR

Teresina – PI

2019
FRANCISCO WALBERONE NASCIMENTO DA CRUZ

ABUSO SEXUAL INFANTIL NO AMBITO FAMILIAR

Trabalho de conclusão de curso apresentada a


coordenação, do curso de Serviço Social, da
Universidade Paulista (UNIP), como requisito
parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Serviço Social.

Orientadora: Professora Maria Luzia Machado Coelho

Teresina/PI

2019
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me permitir chegar até aqui.

Aos meus professores do curso de graduação em serviço social por compartilhar


seus conhecimentos e experiência, a toda equipe gestora da UNIP - Universidade Paulista
pelas oportunidades, paciência, e seriedade nos atendimentos.

Agradeço aos vários colegas das salas de aulas que conheci no decorrer do curso,
meu muito obrigado pelas amizades e por me proporcionar às suas experiências de vidas e
contribuir para a minha tão sonhada formação acadêmica.

Agradeço os meus familiares e amigos pelos apoios incondicionais que sempre me


dedicaram e apoiaram em todos os momentos até os mais difíceis.

Agradeço o acolhimento daquela que me recebeu e me conduziu de forma pacífica e


resiliente durante todos os processos desde a construção até a defesa do meu trabalho de
conclusão de curso, Professora: Maria Luzia Machado Coelho, e por todos aqueles que de
alguma forma colaboraram para o meu crescimento tanto pessoal como profissional
durante toda minha graduação,

Só tenho a falar: Gratidão.


RESUMO

O presente estudo tem como título abuso sexual no âmbito familiar. Este tem por
escopo mostrar que a violência sexual no âmbito familiar se refere a uma transgressão
do sistema de garantias previsto na constituição e, consequentemente fere os direitos
humanos. Este trabalho é relevante devido a gravidade de tal crime, que representa um
verdadeiro retrocesso das relações sociais em nosso país, e o fato de ele configurar
um tipo penal único através da lei 12.015/09, determinando assim novas regras e
interpretações dos casos ocorridos.
Tendo como objetivo geral apresentar uma reflexão acerca do tema supracitado e
com os objetivos específicos identificar a ocorrência da violência sexual na dimensão
familiar e detectar os amparos normativos que embasa a proteção de crianças e
adolescentes. Para o desenvolvimento do trabalho foi usado a metodologia de
pesquisa bibliográfica, efetivada através de revisão da literatura de autores
reconhecidos pela sua contribuição ao estudo, como Araújo (2002). Geraldo Ballone
(2003). Freire Neto (2007). Teve-se como base a Constituição Federal de 1988,
Estatuto da Criança e Adolescente-ECA. Conclui-se que nesta pesquisa o problema da
violência sexual contra vulneráveis se apresenta como um problema em que toda
sociedade civil deve ter o compromisso de identificar, denunciar e zelar pela vítima.

Palavras- chaves: Abuso sexual. Vulnerabilidade. Serviço Social.

ABSTRACT
The present study is about family sexual abuse. The purpose of this research to show
that family-based sexual violence violates the constitutional guarantee system and
consequently hurts human rights. This work is relevant due to the seriousness of such a
crime, which represents a real setback in social relations in our country, and the fact that it
configures a single criminal type through law 12.015 / 09, thus determining new rules and
interpretations of the cases that occurred. The general objective of presenting is making a
reflection on the aforementioned theme and the specific objectives are to identify the
occurrence of sexual violence in the family dimension and to detect the normative supports
that underlie the protection of children and adolescents.
For the development of the work was used the methodology of bibliographical
research, made through literature review of authors recognized for their contribution to the
study, as Araújo (2002). Geraldo Ballone (2003). Freire Neto (2007). This work was based
on the Federal Constitution of 1988, Statute of the Child and Adolescent-ECA. It is
concluded that in this research the problem of sexual violence against vulnerable is
presented as a problem in which all civil society must be committed to identifying, denounce
and care for the victim.

Keywords: Sexual abuse. Vulnerability. Social service.

SUMARIO
Introdução..................................................................................................................6

Capítulo 1

1 Violência sexual: o conceito.....................................................................................8

1.1 Contextualizações da violência.............................................................................9

1.2 Formas de violências............................................................................................10

1.3 Violências sexuais a vulneráveis..........................................................................11

1.4 Conceitos de criança e adolescente.....................................................................12

1.5 Conceituando famílias e suas relações com a violência.....................................14

1.6 Contextualização da violência intra-familiar.........................................................16

1.7 Tipos de violências sexuais..................................................................................18

Capítulo 2

2 Aprendendo a identificar os sinais de abuso..........................................................20

2.1 As consequências de abuso sexual infantil no âmbito familiar............................21

2.2 Sujeitos envolvidos: crianças, o abusador e a família..........................................22

2.3 Principais dificuldades e necessidades pela a família

das vitimas.................................................................................................................23

2.4 Diretos sexuais da criança e adolescentes..........................................................25

2.5 Dos crimes sexuais contra vulneráveis: O estupro de vulneráveis......................26

2.6 Medidas previstas no estatuto da criança e adolescente.....................................29

2.7 A criança na justiça criminal e o papel da sociedade civil....................................31

Considerações Finais.................................................................................................34

Referências.................................................................................................................36
8

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa trata do problema da violência sexual contra vulneráveis no


âmbito familiar. Este trabalho é relevante devido a gravidade de tal crime, que representa
um verdadeiro retrocesso das relações sociais em nosso país, e ao fato de o mesmo
configurar um tipo penal único através da lei 12.015/09, determinando assim novas regras
e interpretações dos casos ocorridos.

A ocorrência de estupro de vulneráveis no âmbito familiar, nem sempre é algo claro e


facilmente perceptível, pois muitos dos seus casos, quando são descobertos, acabam não
sendo denunciados devido a medo ou dependência da vitima pelo agressor, ainda existem,
também casos, onde as relações que configuram a violência sexual são consentidas,
dificultando ainda mais a atuação do assistente social neste cenário, desta forma, esta
pesquisa tem por objetivo, apresentar uma reflexão acerca do tema supracitado e, para
além desta reflexão, alertar a sociedade para este tipo de crime, conscientizando-a através
de iniciativas que vão desde a divulgação de dados e estatísticos, até o auxilio na proteção
e encaminhamento da vítima para a justiça e rede de apoio.

Para alcançar os objetivos propostos nesta pesquisa, foi realizada inicialmente uma
pesquisa bibliográfica acerca do tema, para então apresentar um debate sobre os
conceitos mais importantes para o embasamento teórico deste trabalho, sendo o mesmo,
dividido da seguinte forma: o primeiro capítulo é dedicado a tratar do conceito de violência,
onde efetuamos uma análise histórica e sociológica do conceito, apresentando as suas
formas e como a violência se manifesta como fator de ordenamento social em diversas
sociedades e determinados contextos, é neste mesmo capítulo, que apresentamos os
conceitos de “Família” e de “Criança e Adolescente”, para então, através dos conceitos,
criar uma relação entre ambos para apresentar o problema da violência no âmbito familiar,
e é nesta relação, que são feitas as definições acerca do que é a violência sexual, sendo
este conceito, fundamental para esta pesquisa.

O segundo capítulo desta pesquisa, se debruça numa análise mais aprofundada


sobre os atores social que coexistem neste universo, sendo eles: o infrator, a vítima e a
família. Neste mesmo capítulo, efetuamos um debate acerca sobre as dificuldades e
necessidades da família da vítima, uma vez que a mesma também sofre com o problema, e
9

as consequências de tal violência atuação do assistente social, com este arcabouço, a


pesquisa apresenta informações importantes sobre como a sociedade civil, entre outros
atores, podem identificar a ocorrência de abuso sexual contra crianças, sendo a
identificação destes sinais, fundamental para dar inicio a um processo que visa proteger a
vítima.

Os últimos tópicos deste capítulo, apresenta todas as dimensões envolvidas num


caso de violência sexual contra vulneráveis, espaços como o do direito, onde analisamos
as medidas previstas no estatuto da criança e do adolescentes e a criança na justiça
criminal, a sociedade civil e seus mais diversos atores, onde analisamos a importância dos
indivíduos como agentes que podem denunciar casos que passam desapercebidos por
profissionais, além de formarem o corpo coletivo ideal para a criação de uma rede de
conscientização, e toda uma rede formada pelos conselhos tutelares e assistentes sociais,
que com seus olhares críticos e o objetivo em comum de diminuírem as desigualdades
sociais e tratarem as vulnerabilidades, atuam em conjunto na tratativa e solução destes
casos, sendo esta multidisciplinariedade, um fator de sucesso para as ações.

Concluiu-se nesta pesquisa, após os debates efetuados, que o problema as violência


sexual contra vulneráveis se apresenta como um problema em que toda sociedade civil
deve ter o compromisso de identificar, denunciar, e zelar pela vítima, tentando lhe dar o
melhor encaminhamento, sendo o profissional do serviço social, um ator chave neste
processo, pois ele pode conscientizar as pessoas através de ações, palestras, entre outras
abordagens, ele tem plenas condições de dar o melhor encaminhamento possível para a
vítima e para a família, sem que ocorra um aprofundamento ainda maior da vulnerabilidade
da vítima, além deste profissional ser altamente indicado para o acompanhamento da
vítima.

1 VIOLÊNCIA SEXUAL: O CONCEITO


10

A violência contra a criança e o adolescente é uma problemática que sempre se fez


presente, seja no âmbito familiar ou fora dela, atingindo todas as classes sociais, raças,
religiões e gerações, e tem mobilizado vários setores da sociedade, na tentativa de
determinar os fatores de sua ocorrência, bem como buscar forma de enfrentamento.
Segundo Otácio iani (IANI, 2002), a violência é um resultado, ou seja o produto das tramas
existentes entre as relações sociais, conforme se apresenta na sociedade contemporânea,
munido das com as forças políticas econômicas. No entanto, conceituar e
classificar violência não é uma tarefa fácil, pois por se tratar de uma questão multicasual
influenciada por fatores sociais, políticos, culturais, religiosos e psicológicos, acaba
trazendo uma enorme possibilidade de definições e referencias teóricos. Podemos citar
como exemplo a definição colocada pela Organização Mundial da saúde (OMS):

A violência é o uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra


si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resultem ou
tenham grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mal
desenvolvimento ou privação, embora o grupo reconheça que a inclusão de "uso do
poder" em sua definição expande a compreensão convencional da palavra. (OMS,
2002).
Conforme Araújo( 2002) que descreve:

a violência é uma violação do direito dos e sujeito da própria história ou seja a


liberdade é uma capacidade um direito fundamental do ser humano, a violência é
então toda e qualquer forma de opressão de maus tratos e agressão tanto no plano
físico como emocional que contribui para o sofrimento de uma pessoa. (ARAUJO,
2002, p 5 e 6 ).
Na analise do autor, ele destaca que agressão está interligada e relacionada com a
usurpação de poder sobre o mais fraco ao qual está sob o seu domínio e cuidado os
paradigmas do sistema de direito que cercam as crianças está formada pela lei do estatuto
da criança e adolescente o (eca de 1990) que dá o Amparo e a noção da infância e
reconhecimento da violência aos mesmos. Ainda nessa temática
de buscar compreender o conceito de violência trazemos as explicações de Araújo (2002,
p. 4) que afirma:

Em primeiro lugar, como conversão de uma diferença e de uma assimetria numa


relação hierárquica de desigualdade, com fins de dominação, de exploração e
opressão. Em segundo lugar, como a ação que trata um ser humano não como
sujeito, mas como coisa. Esta se caracteriza pela inércia, pela passividade e pelo
silencio de modo que, quando a atividade e a fala de outrem são impedidas ou
anuladas, há violência.(ARAUJO, 2002, p. 04).
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) traz que:
11

A violência, pelo número de vítimas e magnitude de sequelas orgânicas e


emocionais que produz, adquiriu um caráter endêmico e se converteu num
problema de saúde pública em vários países. (...) Nesse contexto o setor saúde
passa a constituir uma encruzilhada para onde confluem todos os corolários da
violência, pela pressão que exercem suas vítimas sobre os serviços de urgência, de
atenção especializada, de reabilitação física, psicológica e de assistência social.
(OPAS apud MINAYO, l994, p. 09).
Não restam dúvidas de que os vários conceitos e formas de violências estão
diretamente ligados à cultura de cada povo, ou seja o modo de pensar e agir dos cidadãos
de uma sociedade, e esse é um ponto importante, pois a partir da delimitação do objeto, da
conceituação, das causas e consequências é que se pode buscar meios e modos para
combatê-las.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÕES DA VIOLÊNCIA

A sociedade como resultado de uma construção histórico-social relata situações de


violências nas mais diversas épocas, passando desde os tempos antigos a idade
contemporânea, atrelada sempre a identidade cultural de cada povo. Nesse sentido
podemos citar a explanação do conselho federal de psicologia:

A violência contra crianças e adolescentes faz parte de uma cultura baseada em


concepções de infância, adolescência, sexualidade e violência que não estão
descoladas das relações econômicas, de gênero e de raça que configuram a
estrutura da nossa sociedade. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2009, p.
34)
Não de hoje de existe casos de violência, deste o início das civilizações o uso da
força a aplicação de castigos ou outras formas de violação da integridade física ou moral
da vítima pelo autor, já era bastante corriqueiro. Os casos de violências são descritos
desde a antiguidade conforme estudos de Aded, Dalcin, Moraes e Cavalcanti (2006):

O imperador romano Tibério, segundo obra de Suetônio sobre a vida dos Césares,
tinha inclinações sexuais que incluíam crianças como objeto de prazer. Há relato de
que ele se retirou para a ilha de Capri com várias delas, e que as obrigava a
satisfazer sua libido através da prática de diversas formas de atos sexuais. (Carter-
Lourensz e Johnson-Powell, 1999 In: ADED et al, 2006).
Os atos de violências e abusos sofridos pelas crianças e adolescentes não eram
reconhecidos como sendo errados, tendo em vista que no século XVI e início do século xvii
que os direitos deste ainda estavam brotando, porem sem produzir ainda seus efeitos. No
12

entanto ainda no século XVII, conforme relata Áries (1981) a criança e o adolescente
passou a ser visto com outra temática, surge então o termo inocência infantil, a concepção
moral infância que segundo ainda menciona Áries a criança ganhou as características de
frágil e pura, começa a se observar as primeiras ações que tinham como objetivo proteger
a pureza infantil.

1.2 FORMAS DE VIOLÊNCIAS

Conforme já mencionado, existem várias formas e práticas de violência, que devem


ser estudas e entendidas, onde, munido destes conhecimentos, se torna possível criar as
ferramentas necessárias para combater essa prática delituosa que é tão presente em
nossa sociedade. Um relatório apresentado pela OMS (2002) estipula alguns exemplos de
violência, levando-se em consideração a natureza do referido ato ilícito, quais sejam, a
violência física que corresponde a maus tratos, por meio do uso da força com objetivo de
causar dor e sofrimento. Pelas várias formas que este tipo de violência pode se configurar,
podemos afirma que é a mais comum e mais fácil de identificar. Ela é tão comum no
cotidiano das famílias, tidas para disciplinar, que acabam passando despercebidas.

Diferente da violência física aonde existe o contato entre vítima e autor, esse tipo de
violência usa, nas maiorias das vezes agressões verbais, gestos repetidos e
sistematizados para ferir a integridade psicológica da vítima, ou seja contra sua integridade
moral e ética. Na maioria das vezes esse tipo de violência ocorre nas famílias de
baixa renda, que vivem em níveis de pobreza extrema, onde as crianças são quase que
obrigadas a irem trabalhar para aumentar a renda da família e em muitos dessas atividades
laborais existe grande risco à integridade física de quem as pratica, devidos as condições
insalubres ou a falta de equipamento de proteção, como exemplo, podemos destacar as
crianças que trabalham em pedreiras. Embora nesse tipo de violência ocorra contato físico
além da agressão psicológica, ele tem um objetivo bastante delimitado seja para obter uma
informação, uma confissão, nesse sentido as praticas lesivas não iram cessar ater que
obtenha o resultado, como também ela é praticada para satisfazer o desejo da pessoa em
torturar outra.
13

Esse tipo de violência não é muito comum no Brasil, porem há relatos de


desaparecimento de crianças, que são sequestradas para os fins supracitados. Por não ser
um crime tão comum, existem poucas políticas públicas voltadas para a questão. (MPPR,
2018). Esse tipo de violência é mais corriqueiro no âmbito familiar e embora as vitimas
sejam, em sua maioria pessoas idosas, as crianças e adolescentes também são vitimas,
em especial as que possuem bens em seus nomes. Esse tipo de violência é muito difícil de
ser identificado, está ligada aos agentes públicos que deveriam cumprir suas atribuições,
com objetivo de garantir a segurança e o direito das crianças e adolescentes temos como
exemplo disso um conselheiro tutelar que não exerce sua função corretamente.

Uma criança abandonada deixar de ter a sua disposição todos as elementos


necessários e básicos para seu desenvolvimento pessoal, ficando na ociosidade e a
margem da criminalidade, nesse tipo de violência o menor tem o direito de conviver no
âmbito da família biológica. O registro de uma criança implica também na obtenção e
delimitação de diversos direitos, dentre esses podemos citar os direitos sucessórios.
Embora o termo bullying seja novo, esse tipo de violência é bastante comum em nossa
sociedade, o ato de denegrir e desqualificar o outro são bastante presente entre os jovens,
esse tipo de violência ocorre com grande frequência no âmbito familiar, assim como
também ocorre no âmbito das escolas e locais de interações entre jovens.

1.3 VIOLÊNCIA SEXUAL

A violência sexual é um grande mal que assola a sociedade, ela possui várias
formas meios de modos de ocorrência e está presente nas mais diversas classes sociais, é
um fator sócio cultural e independe de cor, raça, religião ou credo. Ela implica basicamente
na utilização de crianças e adolescentes para fins de obtenção de prazeres libidinosos, seja
por uso da forma ou algum meio fraudulento. E por mais absurdo que pareça ele ocorre
mais no meio familiar.
O crescente número de casos de violência sexual tem chamo a atenção das
autoridades, nos últimos anos os números de denuncias realizadas cresceu
exponencialmente, tornando-se caso de saúde pública.
14

A violência intrafamiliar contra a criança vem ocupando grandes espaço nas


analises contemporâneos sobre a violência, mas não por ser um fenômeno recente.
Os maus tratos, os abusos físicos sexuais sempre tiveram presentes na esfera
familiar, como demonstra a história . no entanto, eram vistos como o exercício, pelos
pais, de seus direitos sobre os filhos, assegurados pelas leis, pelos costumes e
pelos princípios religiosos. (postman 2011, p. 27)
Nesse mesmo sentido preceitua Conforme Geraldo Ballone (2003):

seja qual for o número de abusos sexuais em crianças que se vê nas estatísticas,
seja quantos milhares forem, devemos ter em mente que, de fato, esse número
pode ser bem maior. A maioria desses casos não é reportada, tendo em vista que
as crianças têm medo de dizer a alguém o que se passou com elas. E o dano
emocional e psicológico, em longo prazo, decorrente dessas experiências pode ser
devastador”.
A evolução do conceito de criança, o reconhecimento de sua condição de fragilidade
e pureza, propiciou o surgimento dos direitos destes e consequentemente a criação de
políticas publicas destinada a acabar com os mais diversos tipos de violência.

1.4 CONCEITO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE

Para melhor compreensão do tema faz-se necessário ter conhecimento sobre o


conceito de criança e adolescente, que da mesma forma dos demais conceitos oras
explanados, também sofreu processo de alteração ao longo da história. Nesse sentido
afirma Áries:

A descoberta da infância começou sem dúvida no século XIII, e sua evolução pode
ser acompanhada na história da arte e na iconografia dos séculos XV e XVI. Mas os
sinais de seu desenvolvimento tornaram-se particularmente numerosos e
significativos a partir do século XV e durante o século XVII (ÁRIES, 1978, p. 28).
Ainda nas palavras deste autor no século XVIII, as crianças eram submetidas a
castigos cruéis, espancamentos e as vestimentas eram comum entre meninos e meninas e
em muitas vezes se vestiam iguais aos adultos.
Na idade medieval as crianças eram vistas como adultos em miniaturas, pensava-se
que esta tinha condições de viver sem o apoio das mães ou amas, ingressavam na
sociedade adulta sem nenhum tipo de distinção. As mudanças percebidas em relação as
famílias e consequentemente nas crianças ocorreu no final do século XVIII e esta ligada
diretamente a reforma industrial, ocorrida na Inglaterra. A função de educar que ate então
era atribuição de cada família para a ser atribuição das escolas no entanto, influenciados
pela revolução industrial as crianças eram preparadas para exercer as atividades inerentes
15

a industrialização. No contexto brasileiro podemos citar como inicio o


período colonial, cujas as crianças que aqui chegavam não tinham nenhum tipo de
proteção, para se ter uma ideia muitas meninas eram enviadas para se casarem com os
senhores das terras ou para servirem de escravas. Nesse sentido Carvalho destaca:

que os filhos dos escravos faziam pequenos trabalhos e serviam de montaria nos
brinquedos dos sinhozinhos. Na rua, trabalhavam para os senhores ou eram por
eles alugados. Em muitos casos, eram a única fonte de renda das viúvas.
Trabalhavam de carregadores, vendedores, artesãos, barbeiros, prostitutas. Alguns
eram alugados para mendigar. (2004, p. 20)
Isso nos mostra que embora sejam sociedades tivesse culturas distintas as crianças
e adolescente de todas elas e em todos os períodos da historia sofreram maus tratos,
abusos e as mais diversas violação dos direitos, sem que isso fosse tido como sendo algo
errado, muito pelo contrários tinha-se o castigo físico como disciplinar um exemplo disso
era a palmatória. Tudo isso passou a mudar com as convenções da Organização
Internacional do Trabalho, ocorridas no final do século XIX e início do século XX, nela
foram reconhecidas a proteção a maternidade a proibição de trabalho noturno para
menores de 18 anos e a proibição ao trabalho para menores de 14 anos, porem somente
em 1994, na Declaração de Genebra, também denominada carta da Liga as Crianças, que
foi apresentada um visão ampla dos direitos inerentes as crianças tendo sido apresentados
cinco itens:

I. A criança deve receber os meios necessários para seu desenvolvimento normal,


tanto material como espiritual;
II. A criança que estiver com fome deve ser alimentada; a criança que estiver doente
precisa ser ajudada; a criança atrasada precisa ser ajudada; a criança delinquente
precisa ser recuperada; o órfão e o abandonado precisam ser protegidos e
socorridos;
III. A criança deverá ser a primeira a receber socorro em tempos de dificuldades;
IV. A criança precisa ter possibilidade de ganhar seu sustento e deve ser protegida
de toda forma de exploração;
V. A criança deverá ser educada com a consciência de que seus talentos devem ser
dedicados ao serviço de seus semelhantes. (GENEBRA, 1994)
Embora um pouco genérica representasse um significativo avanço na proteção dos
direitos das crianças, que nesse momento não eram vistas mais como objetos, passaram
a ser protegidos e resguardados das barbáries.
A declaração universal dos direitos do homem reconheceu, entre outras coisas,
valores fundamentais, tais como liberdade, Artigo 1º Todos os seres humanos nascem
16

livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir


uns para com os outros em espírito de fraternidade. Ficando claro que todo criança seria
livre não podendo ser privado seu direito de ir e vim. Podemos observar outros direitos
que também foram assegurados:

Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua
família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário,
ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais
necessários, [...] 2.A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência
especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da
mesma proteção social.
A criança passou a ser vista comum ser dotado de direitos desde a concepção e em
pleno desenvolvimento. E nesse mesmo sentido foi criado o estatuto da criança e do
adolescente que para Freire Neto

O ECA criou os conselhos de direitos em âmbito nacional, estadual e


municipal que passam a ser canal de participação e envolvimento conjunto do
Estado e da sociedade na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, e os
conselhos tutelares que atuam no caso de violação dos direitos individuais das
crianças e adolescentes, que se encontram em situação de risco. (FREIRE NETO,
2007, p. 210).
Podemos perceber que o ECA usa a idade como critério de distinção entre criança e
adolescente, ficando assim especificado: “Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos
desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze
e dezoito anos de idade.”

Art. 3º: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais


inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades,
a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em
condições de liberdade e de dignidade.
Nesse artigo fica bem claro os objetivos e metas que devem ser alcançados na
aplicação do ECA. Embora esse estatuto esteja sofrendo bastante criticas, por ser tachado
de ultrapassado, ele representa um grande avanço na legislação brasileira. Possibilitando
que as crianças e adolescentes uma vida digna.

1.5 CONCEITUANDO FAMILIA E SUAS RELAÇÕES COM A VIOLÊNCIA

É correto afirmam que o conceito de família, durante o decorrer dos anos, passou
por inúmeras modificações, tais modificações foram necessárias para atender os anseios
17

da sociedade, que não estava mais satisfeita com o apego tradicional já ultrapassado.
Nesse sentindo afirma
Rolf Madaleno (2015, p. 36) faz importante comentário acerca das mudanças ocorridas no
conceito tradicional de família: A família matrimonial, patriarcal, hierarquizada,
heteroparental, biológica, institucional vista como unidade de produção cedeu lugar para
uma família pluralizada, democrática, igualitária, hetero ou homoparental, biológica ou
socioafetiva, construída com base na afetividade e de caráter instrumental. No
ordenamento jurídico brasileiro tem podemos depreender que conceito de família e suas
aplicações também passarem por um processo de modificação, que possibilitou outras
relações também fossem consideradas como sendo uma unidade família.

A constituição federal de 88 traz em seu artigo 226, que a família, é a base da


sociedade, e desta forma, tem especial proteção do Estado. há época do nascimento da
carta magna à família era tida como a união do homem e mulher e seus descendentes,
conceito este acompanhado pelo código civil. No entanto este conceito foi ampliado
levando-me consideração, as relações pautadas nas afetividades entre os indivíduos que
se unem com o objetivo de formarem uma família. Temos como exemplo disso a união
estável, conforme diz Baptista:

“Hoje, pode-se dizer que o elemento da consanguinidade deixou de ser fundamental


para a constituição da família. (...), a doutrina e a jurisprudência vêm aumentando o
rol das modalidades de família, já sendo aceitas por alguns juristas outras formas,
tais como a homoafetiva, a anaparental” (...) (BAPTISTA, 2014, p.24).
Contribuindo para o estudo Souza (apud, RODRIGUES, 2009, p. 190) destaca:

Verifica-se que o modelo de família que acabou plasmado no código civil de 1916
era necessariamente solidário na medida em que o esforço de todos se fazia
necessário à sobrevivência de cada um dos seus membros. Era inimaginável,
àquela altura, cogitar-se da dignidade da pessoa humana, tal como concebemos
hoje.
Ensina-nos Souza (apud, DIAS, 2005, p. 39):

Agora o que identifica a família não é nem a celebração do casamento nem a


diferença de sexo do par ou envolvimento de caráter sexual. O elemento distintivo
da família, que a coloca sob o manto da juridicidade, é a presença de um vínculo
afetivo a unir as pessoas com identidade de projetos de vida e propósitos comuns,
gerando comprometimento mútuo. Cada vez mais, a ideia de família se afasta da
estrutura do casamento.
A família é uma das bases dos Estados, é o núcleo de proteção da criança e do
adolescente, sua estrutura não é a mesmo que se apresentava no século XIX, sendo o
18

homem a mulher judicialmente casados e os seus filhos, qualquer outro arranjo fora dessa
ideia não era vista e nem reconhecida como sendo uma família. Porém as novas
relações e os anseios das sociedades possibilitaram o surgimento de novos conceitos, por
exemplo: Família Matrimonial, concubinato, União Estável ou União Heteroafetiva ,Família
Monoparental, Família Anaparental, Família Pluriparental Eudemonista, Família ou União
Homoafetiva, Família Paralela, Família Unipessoal etc. ambas importante no contesto
atual.O instituto do casamento sofreu alterações concomitantemente com o conceito de
família, o que era visto como uma mera celebração de contrato, passa a ser um ato
sacramental da constituição de uma família.

A união estável foi reconhecida na Constituição de 88, porem só foi viabilizado com
a criação da lei 8971/94 especificando os atributos que deveriam ser atendidos, segundo
Nader, a família monoparental “é aquela constituída pelo homem ou mulher e seus
descendentes, a qual se caracteriza de múltiplos modos: pela viuvez, pais ou mães
solteiros ou separados e filhos”, ela também encontrasse reconhecida na carta magna de
88, mais precisamente no art. 226,§ 4º. Embora seja um conceito novo no Brasil temos
inúmeros casos de família monoparental, especialmente as chefiados por mulheres, que
ouvi um aumento considerável. A família
homoafetiva consiste na relação entre pessoas do mesmo sexo, unidas com o objetivo de
forma a unidade familiar, é bastante moderno este conceito e surgiu com a ruptura dos
padrões morais e éticos da sociedade, que embora configure uma maior liberdade social
ainda sobre muitos preconceitos e discriminação.

1.6 CONTEXTUALIZAÇÕES DA VIOLÊNCIA INTRA-FAMILAR

Compreender a definição de abuso sexual infantil é uma tarefa de grandes


dimensões e exige uma compreensão ampla. Bem aponta Faleiros (2000) o abuso sexual
infantil pode ser pode ser designado e confundido por diferentes temas como: violência
sexual, agressão sexual, crime sexual, maus tratos entre outros. O abuso
sexual infantil é uma violência com crianças e adolescentes, muitas delas ocorrem
principalmente porque passam por questões da sexualidade, envolvendo os pais,
19

adolescentes, crianças, e todo o grupo familiar, já que muitos casos ocorrem dentro do
ambiente familiar.

Os fatores determinantes do abuso sexual infantil têm contradições diversas, e


muitos vezes envolvem questões culturais como: incesto, dependência social, e
dependência de membros da família. Existem abusos sexual dos pais é aquele
fenômeno que, como sabemos, em suas manifestações, afetam um grande número de
crianças, tanto do sexo masculino, como do feminino, em muitas famílias o incesto veio a
ser compreendido não apenas como um desejo secreto e estendendo-se por todas as
classes social.

Ao observarmos e analisamos os tipos de violências e abusos sexuais contra


crianças e adolescentes especificamente o abuso sexual intrafamiliar direto se percebeu
um fenômeno relacionado às questões social que se interferem no cotidiano das famílias
desses sujeitos, onde se nota também na grande maioria dos casos a participação do
chefe da família masculino pai ou padrasto praticando os abusos de forma direta,
qualificado pelo ato ou abuso sexual em que o adulto obriga a criança ou o adolescente a
uma relação de humilhação de poder desigual, para se estimular ou satisfazer-se
sexualmente, se colocando como autoritário provocando nas vítimas medo por causa da
força física e psicológica, pela ameaça ou pela sedução, com palavras bonitas de
conquistas ou com ofertas de brinquedos, presentes, também pode ser comprovada pela
falta de consentimento do menor na relação com o adulto, sendo a vítima forçada
fisicamente e psicologicamente a prática de relação sexual, ela sendo muitas vezes
coagida verbalmente a participar dos abusos do abusador, sem ter a mínima capacidade
emocional ou cognitiva para consentir ou julgar o que está acontecendo, Conforme Geraldo
Ballone (2003):

seja qual for o número de abusos sexuais em crianças que se vê nas estatísticas,
seja quantos milhares forem, devemos ter em mente que, de fato, esse número
pode ser bem maior. A maioria desses casos não é reportada, tendo em vista que
as crianças têm medo de dizer a alguém o que se passou com elas. E o dano
emocional e psicológico, em longo prazo, decorrente dessas experiências pode ser
devastador.
É imprescindível mencionar que as vítimas além de serem afetadas fisicamente
sofrem também moralmente e psicologicamente, pois na maioria dos casos quem deveriam
20

protege-las são os autores dos atos ilícitos, causando danos que se refletem diretamente
no comportamento das vitimas nesse sentido assim ensina Sanderson:

O envolvimento de crianças e adolescentes dependentes em atividades sexuais


com um adulto ou com qualquer pessoa um pouco mais velha ou maior, em que
haja uma diferença de idade, de tamanho ou de poder, em que a criança é usada
como objeto sexual para a gratificação das necessidades ou dos desejos, para a
qual ela é incapaz de dar um consentimento consciente por causa do desequilíbrio
no poder, ou de qualquer incapacidade mental ou física. Essa definição exclui
atividade consensual entre colegas. (2005, p. 17).
Conforme já mencionado o abuso intrafamiliar é praticado, na maioria das vezes, por
um parente muito próximo, talvez pela relação de domínio que o abusador pensar ter em
relação a vítima, ou talvez pela sensação de impunidade que imagina ter, pelo fato do
familiar ser um núcleo fechado.

Embora não seja apenas de uma classe social as evidencias mostram que a
violência sexual ocorre mais em ambientes de famílias desestruturadas, de poderes
econômicos baixos.

O silencio em torno dos casos impossibilita as ações das autoridades em apurar os


fatos e punir os autores. O certo seria uma mobilização da sociedade em, das famílias e do
Estado por meio dos seus agentes em implementar políticas públicas de proteção a criança
e ao adolescente aos crimes sexuais. Viabilizando, desta forma o que se encontra previsto
na CF88 no art. 227:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão. (por nos negritado)
O que dever ser entendido é que se trata de um problema que afeto todos os níveis
sociais, do mais rico aos menos estruturados, sendo um caso de saúde publica, pois os
menores que são vitimas dificilmente têm acesso a um tratamento adequado que ira fazer
esquecer, ou pelo menos alivias os consequências de terem sido vitimas de violência
sexual.

1.7 TIPOS DE VIOLÊNCIAS SEXUAIS


21

Esse tipo de violência, conforme já mencionado pode ocorre de diversas formas, é


um crime de natureza comum, ou seja pode ser praticado por qualquer pessoa. Sobre o
tema o Ministério Publico, ente responsável pela ação de acusação penal, usa a seguinte
colocação: os crimes contra a dignidade sexual, tipificados no código penal, sofreu uma
considerável alteração, trazendo no seu artigo 217-A o crime de estupro de vulnerável que
consiste em: “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos.” (BRASIL, 2009). É importante ressaltar que embora a vitima
tenha concedido o ato ainda assim configura crime, pois entendeu o legislador que esta
não tem a capacidade de discernir se ato é crime ou não.Temos a figura do estupro que
segundo o artigo Art. 213. do CP significa “Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique
outro ato libidinoso.” A diferença desse para o anterior está no fato de que enquanto no
primeira não há resistência ao ato, nesse a vontade de não praticar por parte de vitima é
evidente, sendo esta mais violento, pela necessidade do uso da força, temos outras formas
de abusos sexuais, tipo a pornografia infantil que nas linhas de pensamentos usada pelo
MP. Essa modalidade
de crime encontra-se tipificada no artigo 240 do ECA, traz uma pena severa para quem o
praticar. o numero de ocorrência desse tipo de crime cresceu devido ao desenvolvimento
de internet, aonde ficou mais fácil de obter e repassar os matérias pornográficos.
Podemos citar também como exploração violação
sexual mediante fraude que consiste em usar meios chantagista para obter vantagem
sexuais, este crime encontra-se previsto no art. 215 do código penal, esses são apenas
alguns exemplos de violência sexual que muitos jovens sofrem, na grande maioria das
vezes no âmbito familiar, muitos sofrem calados durante anos, pois o agressor é alguém
muito próximo. As consequências são todas elas ruins, pois muitos sofrem depressão,
ansiedade, medo e em alguns casos tentam cometer suicídio.

Tudo isso nos leva a crer que são necessárias políticas publicas mais fortes e
eficazes e a união de todos para combater essas pratica libidinosas que assola a nossa
sociedade. Somente assim poderemos crer que as crianças e adolescentes possuem de
fato os seus direitos efetivados.
22

2 APRENDENDO A IDENTIFICAR OS SINAIS DE ABUSO

Um dos maiores problemas que se tem para combater os casos de abuso sexual
esta ligada na dificuldade de identificar sua incidência, principalmente dentro do âmbito
familiar, seja pelo fato do autor ser alguém muito próximo, seja pela vergonha que as
vítimas possuem em relatar que sofreram algum tipo de abusos sexual, não por outro
motivo tais ações são conhecidas como sendo crimes silenciosos. Os sinais se apresentam
em pequenos detalhes, nos mínimos comportamentos, é uma mudança de atitude,
isolamentos, mudanças de apetite entre outros, a questão é que os pais, os outros
responsáveis, nem sempre conseguem perceber tais mudanças, tão pouco as associam ao
um crime, pensam que é um comportamento normal da idade da criança ou adolescentes
ou as relacionam com outra causa.

As vitimas por outro lado além da vergonha de relatar que sofreram violência contra a
sua dignidade, pois tais crimes estão relacionados com a intimidade, tendo que relatar
situações desconfortáveis, em outras palavras tendo que vivenciar novamente, se sentem
acuadas pelo fato do agressor está presente, no mesmo âmbito familiar. É como se tivesse
sendo violada e vigiada pelo criminoso. Neste caso é necessário que os responsáveis, na
grande maioria os pais, estejam sempre prestando as mínimas mudanças de
comportamento, ou até mesmo os sinais que aparecem no corpo das vitimas, tais como:
enfermidades psicossomáticas, vômitos e questões emocionais, na grande maioria dos
casos de abusos sexuais, as vitimas apresentam alguns dessas lesões, ou patologias, no
corpo, ficando evidente que esta criança passou ato que veio a viola-lo físico
psicologicamente, que por sua vez ira ocasionar outras consequências, que caso não
identificadas a tempo pode causa danos mais profundos e irreparáveis.

É importante mencionar que esta não uma tarefa exclusiva dos pais, mas sim de
todos, pais avos etc. os professores e educadores também possuem um papel fundamental
na luta contra este tipo de crime, visto que eles são bastantes próximos das possíveis
vitimas assim como tem o papal de orientar as crianças, bem como os pais deste em
identificar os sinais de possíveis abusos, prevenindo, desta forma a ocorrência de tal crime,
ou diminuindo as consequências do ato libidinoso.
23

2.1 AS CONSEQUENCIAS DE ABUSO SEXUAL INFANTIL NO AMBITO FAMILIAR

As Crianças e Adolescentes que foram vitimas de abuso sexual tendem a


apresentar outra visão de mundo, podendo se tornar adultos com problemas nos
relacionamentos. Segundo Silva (2002 apud Oliosi: Mendonça: Boldrine 2010. p. 30).

(...) a criança e o adolescente violentados sexualmente poderão sofrer


consequências físicas: lesões físicas gerais, lesões genitais, gravidez
geralmente problemática, DST/AIDS, disfunções sexuais e psicológicas tais
como, sentimento de culpa, autodesvalorização, depressão, medo da intimidade
quando adultos, tendência a prostituição e ao homossexualismo, negação de
relacionamentos afetivos, distúrbios sexuais, suicídio, e problemas de
personalidade e identidade.
O abuso sexual faz parte de uma das categorias de maus-tratos contra crianças e
adolescentes, incluindo o abuso físico (doenças sexualmente transmissíveis), o abuso
psicológico (traumas), o abandono e a negligência e etc. As consequências podem ser
sentidas ao longo da sua vida, sendo na maioria das vezes no âmbito familiar, trazendo
varias consequências não só física mais também psicológica. Quando acontece esse tipo
de violência contra crianças e adolescentes devem ser levadas a um psicólogo, assim que
os responsáveis tenha ciência do acontecido, para iniciar o tratamento, tratando também a
família.

As diversas formas de violência ou abuso afetam a saúde mental da criança ou


do adolescente, visto este se encontrar em um processo de desenvolvimento
psíquico e físico, produzindo efeitos danosos em seu desempenho escolar, em
sua adaptação social, em seu desenvolvimento orgânico. Vários estudos
relacionam a violência doméstica com o desenvolvimento de transtornos de
personalidade, transtorno de ansiedade, transtornos de humor, comportamentos
agressivos, dificuldades na esfera sexual, doenças psicossomáticas, transtorno
de pânico, entre outros prejuízos, além de abalar a autoestima, por meio da
identificação com o agressor, um comportamento agressivo. (ROMARO;
CAPITÃO, 2007, p. 121).
A situação ainda é mais delicada quando se trata da família, pois a família é a base
e quando o abusador vem da família, mais difícil de ser descoberta, a criança ou
adolescente fica confusa sem saber se é violência. As vitimas na maioria das vezes não
tem com quem conversar, em quem confiar e o abuso continuando, porque ainda existem
pessoas que não acreditam que não pode acontecer, confiando assim no abusador e não
no abusado.
24

A violência sexual contra crianças e adolescentes segundo Vaz (2001), ocorre,


muitas vezes, no seio familiar ou em locais próximos, como vizinhança ou casa
de parentes. A violência na maior parte dos casos não é denunciada e há a
omissão de parentes ou conhecidos quanto ao crime cometido. Tal violência
deixa “feridas afetivas” na criança que não são cicatrizadas, uma vez que o ato é
praticado por alguém que a criança confia (ROMARO; CAPITÃO, 2007, p. 157).
A criança e o adolescente quando passa por abuso sexual sendo vitima de maus
tratos, termina fugindo daquela realidade em que vive, passando assim ser vitimas de
outras violências nas ruas ou até mesmo se prostituindo. Na maioria das vezes a vitima é
culpabilizada pelo ocorrido, passando a ter o sentimento de culpa. As consequências
psicológicas na vida adulta aumentam cada dia, se a vitima não passar por terapias.

Não obstante, os resultados de uma pesquisa internacional revelam que as


consequências do abuso sexual podem se manifestar em curto prazo (infância) e
a longo prazo (adolescência e idade adulta), sendo os principais sintomas ou
sinais perceptíveis através de manifestações de alta atividade sexual; confusão e
ansiedade a respeito da identidade sexual para aqueles que sofreram abuso
homossexual, especialmente vítimas do sexo masculino; dificuldades no
ajustamento sexual adulto (dificuldades conjugais, impotência, ansiedade sexual,
menor satisfação sexual, negação de sexo ou desejo compulsivo por sexo); e
confusão quanto aos valores sexuais (ROMARO; CAPITÃO, 2007).
Romaro e Capitão (2007) fazem referência a outros tipos de transtornos que podem
ser causados pelo abuso sofrido na infância ou adolescência. Trata-se das disfunções
sexuais como a falta ou perda do desejo sexual que inclui a frigidez, aversão sexual e falta
de prazer sexual, falha de resposta genital incluindo a impotência sexual, a disfunção
orgástica (que é o orgasmo inibido), a ejaculação precoce (incapacidade de controlar a
ejaculação o suficiente para ambos os parceiros gozarem a interação sexual), o vaginismo
não orgânico (espasmo do músculo que circunda a vagina, causando oclusão da abertura
vaginal), e a ninfomania (impulso sexual excessivo). De acordo com o estudo e o
posicionamento dos autores citados acima são vários tipos de consequências na vida
dessas vitimas de abuso sexual, alguns são mais excessivos e outros não, dependendo de
como ocorreu o abuso de cada vitima.

2.2 AS FORMAS DE ENFRENTAMENTO DO ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇAS

Conforme já mencionado o abuso sexual é uma prática presente que está presente
em todos os níveis sociais e independe de cor, raça religião. é um mal que tem crescido em
numero de casos relatados vindo a ser considerado caso de saúde pública, por essas
25

razões inúmeros tem sido os esforços do Estado, por meio de seus órgãos responsáveis,
para criar meios e modos para combater tal ato ilícito.

Porem não é apenas dever do Estado proteger a infância e adolescência a


sociedade e família também têm o papel fundamental nesta luta, devendo sempre está em
vigilância, desse modo, afirma o art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder


público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização,
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária. (ECA, 2007).
Nesse sentido, mesmo sendo um assunto muito intimo ele deve ser combatido por
meio da educação, ou seja levar a informação famílias, e principalmente a juventude,
disponibilizando que estes tenham contato com as informações necessária sobre o
assunto, para que possam entender quando estão sendo ou não envolvido em um a
situação de perigo. Incentivar as famílias e responsáveis pela educação das crianças,
mostrando o quanto é importante desenvolver formas de fortalecer seus dependentes
contra a pratica do crime abuso. Ensinas as crianças os limites de seu corpo, saber
identificar invertidas duvidosa, não permitir que ninguém toque suas partes vitimas, sejam
estas pessoas conhecidas ou não, ensinas as possíveis artimanhas usadas pelos
abusadores, como presentes, doces e carinhos.

O Estado também tem a sua contribuição, pois entre outras ações é dele o dever
de punir os agressores. A pena neste caso servirá não somente para punir, mais também
para servir de exemplos para os demais indivíduos. Nesse caso quanto mais eficiente for a
persecução criminal e quanto mais severas forem as penas aplicadas, haverá a diminuição
de casos. Outra forma que o Estado pode combater os abusos sexuais, seria reduzir as
desigualdades sociais e a pobreza, oferecendo a juventude mais oportunidades, diminuindo
as chances de estas conviverem com famílias desestruturas que não lhes oferecem
suporte necessários.

2.3 SUJEITOS ENVOLVIDOS: A CRIANÇA, O ABUSADOR E A FAMÍLIA


26

Basicamente temos três elementos envolvidos no ato do abuso sexual que


corresponde a criança ou adolescente, a abusador e a família, estudos apontam que estes
três elementos costumam ter características que delimitam um perfil em comum, único. As
crianças que sofrem abusos sexuais manifestam inúmeras evidencias que são diferentes
de acordo com a idade que possuem e seu grau de desenvolvimento, nesse sentido
menciona (MACHADO et al., 2005, p. 56)

crianças entre 1 e 6 anos podem manifestar agressividade sexual contra amigos e


bonecos; os desenhos apresentam temas assustadores ou órgãos sexuais
superdesenvolvidos, pintados geralmente com cores escuras; têm atitudes nervosas
contra adultos; afastam-se dos amiguinhos. Crianças com 6 anos em diante
demonstram medo de lugares específicos, como quarto ou banheiro; mostram
desconforto na presença de determinado adulto; apresentam mudanças bruscas
nos modos; usam linguagem sexualmente explícita, imprópria para a idade; têm
pesadelos e distúrbios do sono; falam coisas desconexas. A criança não fala
claramente sobre a violência, pois tem medo, vergonha ou culpa, acha que foi
responsável pela situação. Às vezes nem sabe reconhecer o abuso como agressão.
.nesse sentido, toda as crianças que sofrem abuso sexual podem apresentar sintomas de
abusos e desenvolvam problemas emocionais , tais como medo, ansiedade, sendo
necessário acompanhamento psicológico, juntamente com o acompanhamento jurídico, de
maneira e minimizar os danos sofridos.
Avaliar o perfil do abusador e importante tanto quando avalizar o perfil da vítima,
visto que a violência pode se repetir com varias vítimas. Na maioria dos casos os
abusadores são do sexo masculino e no que diz respeito grau de parentesco podemos citar
que prevalecem os abusos praticados pelos pais ou padrastos, seguidos dos tios e primos.
Avaliar psicologicamente o abusador é de fundamental importância
para a adoção de medidas de proteção, nesse sentido afirma Azambuja, (2011, p.140):

o sistema de justiça, que deveria ter o compromisso com a garantia dos direitos da
criança, por um lado, exige a sua inquirição e, por outro, poupa o abusador, na
medida em que deixa de recorrer a avaliações hoje disponíveis, em psicologia e em
psiquiatria, que poderiam elucidar características do funcionamento mental e
permitir a adoção de medidas de prevenção contra novos abusos.
Essa intervenção psiquiatra é importante na medida que mesmo se agressor vier a
ser preso não necessariamente significar dizer que assumirá seus atos tão pouco o
impedira que venha fazer novas vitimas. No âmbito familiar por sua vez fatores de ricos
facilitam a ocorrência dos abusos, violência intrafamiliar, problemas entre os membros,
condições precárias de saúde, negligencias entre outros. Acaba que esse tipo de violência
fica encoberto, ou ponto de que muitas crianças passam a negar a incidência dos abusos.
27

É importante mencionar que embora as condições sociais e a carência de


recursos familiares aumentem a incidência de tal ato ele não é exclusivo das classes
sociais mais baixas. Nesse sentido afirma Azambuja:

os casos ocorridos nas classes sociais privilegiadas, ao invés de serem


levados ao Judiciário, costumam ser relatados em consultórios de profissionais que
trabalham na área de saúde mental, apenas quando a vítima já é adulta, o que
contribui para a sua invisibilidade e por não serem abarcadas pelo sistema penal na
época da ocorrência, pois as famílias com maior poder aquisitivo dispõem de mais
condições de escamotear o que acontece no seu interior. (2011, p. 121)
Isso mostra que as políticas sociais devem ser aplicadas em todas as classes
sociais, para que todas essas se sintam no dever de levar as autoridades judiciais os
possíveis casos.

4. 2.4 DIREITOS SEXUAIS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

O abuso sexual de crianças e adolescentes correspondem a todo tipo de


envolvimento deste os atos libidinosos dos quais eles não compreendam ou não aceitem.
Ocorre que os casos de afronta aos diretos infanto-juvenil vêm crescendo por tais motivos
o Estado passou a determinar os direitos inerentes a eles em especial a proteção da sua
sexualidade. Conforme podemos observar no dispositivo da CF/88: “Art.227 § 4º A lei
punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do
adolescente.”, sobre o tema afirma Nucci:

O que o legislador deve policiar, à luz da Constituição Federal de 1988, é a


dignidade da pessoa humana, e não os hábitos sexuais que porventura os membros
da sociedade resolvam adotar, livremente, sem qualquer constrangimento e sem
ofender direito alheio, ainda que, para alguns, possam ser imorais ou inadequados.
(2012, p.937)
A proteção dos direitos da sexualidade juvenil está atrelada a proteção da sua
pureza, a sua inocência, corresponde a resguarda físico e moralmente o infanto-juvenil. Em
2009, por meio da Lei 12.015, houveram mudanças significativas no ordenamento jurídico
brasileiro os crimes de natureza sexual passaram a ter penas mais rigorosas, sendo criado
os crimes sexuais contra vulnerais, em especial o crime de estupro de vulnerável tipificado
no 227-A. A vulnerabilidade neste caso não está atrelada ao consentimento ou a
maturidade sexual da vítima, mas sim a situação em que se encontra, pois mesmo se
28

houver o consentimento do da criança em praticar o ato entende-se esta não tem


capacidade para identificar se o ato é lesivo ou não. Ainda sobre o tema assevera Nucci:

O legislador brasileiro encontra-se travado na idade de 14 anos, no cenário dos atos


sexuais, há décadas. É incapaz de acompanhar a evolução dos comportamentos na
sociedade. Enquanto o Estatuto da Criança e do Adolescente proclama ser
adolescente o maior de 12 anos, a proteção penal ao menor de 14 anos continua
rígida. Cremos que já devesse ser tempo de unificar esse entendimento e estender
ao maior de 12 anos a capacidade de consentimento em relação aos atos sexuais.
(2014, p.114)
As leis do Estado tendem a evoluir juntamente com sociedade, buscando atender as
novas exigências e se adequarem a realidade, as modificações, sobre o ponto jurídico foi
relevantes, em especial as ocorridas em dez anos atrás, no entanto levando-se em
consideração os meios pelos quais os atos criminosos estão ocorrendo faz-se necessário
uma nova modificação seja na lei seja nos instrumentos de sua aplicação, de maneira a
obter a eficiência do instituto protecionista.

2.5 DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEIS: O ESTUPRO DE VULNERÁVEIS

Previsto no artigo 217-A no decreto-lei 2.848 do Código Penal Brasileiro e com


profundas modificações incluídas pela Lei nº 12.015, de 2009, o estupro de vulneráveis
constitui atualmente, um tipo penal único que visa a proteção de crianças e adolescentes,
frente a crimes de violência sexual. Vale informar, que no tópico anterior, as leis e decretos
que conceituam e definem o estupro de vulneráveis, foram apresentadas de forma breve,
pois é neste tópico que serão feitas análises mais profundas acerca dos limites e
possibilidades da legislação que trata do assunto.

O Art. 217-A do Código Penal - Decreto Lei 2848/40, considera como estupro de
vulnerável, o ato de: “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos, como ato Penal, com reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.”,
determinando também, que são considerados vulneráveis, os indivíduos que não podem
oferecer resistência ao ato, seja por alguma enfermidade ou por deficiência mental
(paragrafo 1). As penas previstas para tal crime, se tornam mais severas em caso de ter
como consequência para a vitima, lesão corporal grave ou resultar a morte da mesma,
sendo então ampliadas para reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos, e reclusão, de 12
(doze) a 30 (trinta) anos, respectivamente (parágrafos 3 e 4). É importante dizer, que a lei
29

determina (paragrafo 5) também que, as penas previstas, são aplicadas em caso de


condenação, independentemente do consentimento da vítima, ou seja, o ato em si já
caracteriza crime previsto em lei por considerar que a vitima, não possui condições legais
para consentir ou não. O crime de estupro de vulneráveis passou a ser interpretado e se
tornou um tipo penal único, devido ao fato de que antes da lei 12.015/09, tínhamos o
arcabouço penal que tratava dos crimes de violência sexual sob a perspectiva do estupro e
do atentado violento ao pudor, deixando consequentemente de fora, os atos sexuais que
incorriam de presunção de violência. Por presunção de violência, entendemos que no
âmbito dos crimes sexuais contra violência, se refere aos atos sexuais consumados sem o
uso de violência, mas que se caracterizam como crime, uma vez que a vítima não tem
condições de impedir, ou defender-se da realização do ato sexual. (RODRIGUES; ROSA,
2009), ou seja, a legislação compreende que menores de quatorze anos, não possuem
capacidade para consentir ou não as práticas sexuais, tornando então o estupro de
vulnerais, um tipo penal único, já que se baseia inteiramente na idade da vitima para ser
caracterizado.

Existem muitos debates acerca da interpretação e dos efeitos deste aparato normativo,
porem, esta pesquisa não pretende problematizar as diferentes interpretações que estes
casos, possam ter durante seus julgamentos, neste tópico, optamos por focar na
apresentação destas normas jurídicas e iremos agora, discutir um pouco sobre a relação
entre estas normas e a atuação do profissional do serviço social, de toda forma, para
medida de enriquecer o tema, vale informar brevemente que, a legislação vigente ainda
tem um pouco de dificuldades em agir e julgar casos onde o acusado, alega não ter tido
conhecimento prévio da idade da vítima, levando o processo a considera-lo como autor de
crime culposo. É fundamental que o profissional do serviço social,
tenha conhecimento acerca da legislação vigente que trata dos direitos das crianças e
adolescentes e que tenha conhecimento sobre as questões normativas que norteiam os
conceitos de cidadania, participação e direitos humanos, uma vez que este profissional
atua diretamente na dimensão da questões sociais, e é peça importante na sociedade para
a garantia de melhoria social e diminuição das desigualdades sociais, se faz necessário
que o seu olhar, ao identificar sintomas de vulnerabilidades, tenha também um senso
jurídico, para diminuir as chances de erro e para garantir que as suas ações sejam
30

embasadas pela racionalidade ao mesmo tempo que sejam amparadas pela constituição.
Ter ciência do aparato legal que rege e determina os crimes sexuais contra
vulneráveis, permite ao assistente social, identificar mais facilmente estes crimes e, a partir
da identificação, tomar atitudes que visem a proteção da criança em situação de violência e
vulnerabilidade, ou seja, se faz necessário uma quebra do sigilo profissional previsto no
código de ética do serviço social e inicia-se o processo de articulação com as redes
formadas pelos CREAS e Conselhos Tutelares, a fim de se analisar a questão e dar auxilio
as vitimas que tiveram seus direitos corrompidos e sua dignidade violada.

Lidar com a questão da violência sexual contra vulneráveis exige uma clara definição
sobre o que é violência, e como a mesma se perpetua e ocorre no Brasil, embora existam
diversas definições para a violência, conforme explicado em no primeiro capítulo deste
trabalho, ao olharmos a mesma sob a perspectiva do estupro, se faz necessário mobilizar o
conceito desenvolvido por Marilena Chauí, primeiro porque a autora explica que a violência
é algo estrutural em nossos país e está ancorada em nossa formação social e política, que
contribuiu, após anos de escravidão e a partir de diversos golpes na dimensão da política,
para uma verticalização e hierarquização do tecido social, criando assim, uma dinâmica
que reforçam as desigualdades sociais, uma vez que as relações sociais se dão num
movimento de exercício do poder por quem detém o poder, determinado como superior
para quem não possui poder, determinado como inferior, logo, as trocas e interações
sociais baseadas nessa estrutura vertical de poder, contribuem para uma ampliação das
desigualdades e para uma quebra da noção de igualdade. (CHAUÍ, 2006, p.89), e segundo,
porque para a autora, a violência se caracteriza por uma relação de poder entre sujeitos
diferentes, onde o ato tem por objetivo, a exploração, opressão, dominação e um
aprofundamento das desigualdades sociais e, a partir disso, a consideração do outro como
objeto e não sujeito portador de direitos, anulando e desconsiderando a vontade destes
sujeitos. (CHAUÍ, 1985, p.33). A visão e a atuação do profissional do serviço
social, precisa então, estar norteada e amparada por uma clara visão acerca do que é a
violência e as formas com que ela se apresenta, e também por uma clara definição de seus
compromissos morais e éticos para com a redução das desigualdades sociais e a proteção
dos direitos dos indivíduos vulneráveis, esta definição, necessita estar embasa por todo
aparato normativo que determina os limites e entendimentos acerca da violência sexual
31

contra vulneráveis, logo, é correto afirmar que o assistente social, ao inserir em sua
dimensão de atuação, estes conceitos e o seu entendimento, conseguirá atuar de forma
satisfatória e conseguirá promover melhorias significativas para a sociedade.

2.6 MEDIDAS PREVISTAS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

O estatuto da criança e do adolescente, mais conhecido como ECA, é o conjunto


normativo de regras, códigos e leis que tem por objetivo, a garantia da proteção e do
tratamento social e legal para as crianças e adolescentes. Instituído pela lei 8.069 de 13 de
julho de 1990, o ECA dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
(BRASIL, 1990). A constituição de 1988 foi um
marco para a história do Brasil, já que se refere ao nosso processo de redemocratização
que contou com uma expansão dos direitos sociais e com forte participação da sociedade
civil neste processo, sendo assim, um movimento em total harmonia com os valores da
cidadania. Com a difusão dos valores da participação, liberdade, igualdade e fraternidade
iniciado no processo de redemocratização de 1988, e sendo levado por importantes atores
da sociedade civil e por movimentos sociais, ficou instituído no artigo 227 da constituição
federal, a responsabilidade da família, do Estado e da sociedade em assegurar as crianças
e adolescentes, o acesso aos direitos previstos na constituição, sendo estes direitos: o
direito a vida, saúde, dignidade, respeito, cultura, alimentação, lazer, educação,
convivência familiar e comunitária e a profissionalização, o artigo da constituição federal
que trata da responsabilidade da sociedade civil pelas crianças e adolescentes, também
estabelece que as mesmas devem ser protegidas de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1990).
Nas democracias, o
reconhecimento dos sujeitos como sujeitos portadores de direitos, é ponto fundamental
para a diminuição das desigualdades sociais e para a garantia do desenvolvimento da
sociedade, e é deste pensamento que nasce o ECA, do compromisso dos atores sociais e
políticos em prover o a proteção e reconhecer as crianças e adolescentes como sujeitos
portadores de direito. O ECA se norteia a partir de dois princípios fundamentais: O princípio
32

do interesse do menor, ou seja, todas as decisões que irão influenciar a vida do menor,
devem ser consideradas sob a perspectiva do seu interesse superior, e o principio da
prioridade absoluta, ou seja, conforme consta no artigo 227 da constituição, os direitos de
crianças e adolescentes, devem ser aparados com absoluta prioridade. (BRASIL, 1990).
Conforme disposto no artigo 131 do ECA, os conselheiros
tutelares são atores sociais fundamentais para que as normas e diretrizes do ECA sejam
cumpridas, pois é dever dos conselhos tutelares, zelar pela garantia e pelo cumprimento
dos direitos das crianças e dos adolescentes, entre as suas principais atribuições, estão o
atendimento as crianças e adolescentes que sofreram a violação de seus direitos e ao
menores que cometeram infrações, o atendimento e aconselhamento de pais e
responsáveis dentro do escopo de apoio a família, e promover além de incentivar,
campanhas para o reconhecimento e denuncia de ações que violem os direitos das
crianças e dos adolescentes. Os conselheiros tutelares, são eleitos pela sociedade, em
eleições regulares, sendo necessário para se candidatar que o candidato tenha no mínimo
21 anos de idade, seja residente do município que deseja atuar e que tenha reconhecida
idoneidade moral perante a sociedade, os mandatos duram quatro anos e todo conselheiro
tutelar por tentar uma reeleição no máximo.
O ECA prevê diversas ações e encaminhamentos para atuar em casos onde o
menor cometeu alguma infração, porem esta pesquisa não pretende se aprofundar neste
aspecto, visto que o objetivo deste tópico, é analisar as medidas previstas no ECA para os
casos de violência sexual cometida contra menores de idade. (ECA, 2017, p. 80). As
medidas de proteção a crianças e adolescentes, estão dispostas nos artigos 98 a 102 do
ECA, nestes artigos, são apresentadas as medidas de proteção aplicáveis observadas a
natura da violação de direitos e as questões sociológicas da vitima, sendo assim,
apresentada sete medidas de proteção possíveis: o encaminhamento aos pais ou
responsável, mediante termo de responsabilidade, a orientação, apoio e acompanhamento
temporários, a matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental, a inclusão em programa comunitário de auxílio à família, à criança e ao
adolescente, a requisição e encaminhamento de tratamento médico, psicológico ou
psiquiátrico, a inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, a orientação e
tratamento a alcoólatras e dependentes químicos, o acolhimento institucional, a inclusão
33

em programa de acolhimento familiar, e a colocação em família substituta. Ocorrendo o


crime de estupro de vulnerável, geralmente, as medidas aplicadas se referem ao
encaminhamento da vítima para tratamento psicológico, a inclusão em programas de
acolhimento familiar ou o direcionamento para algum parente próximo a fim de afastar a
criança do infrator. (ECA, 2017, p. 65).
Após esta breve discussão sobre as atribuições dos conselheiros tutelares
determinadas no ECA, a importância do estatuto e as medidas previstas no mesmo, fica
evidente que o ECA configura uma importante ferramenta de trabalho e apoio para o
assistente social, uma vez que geralmente, é este profissional que acaba tendo contato
inicial com menores em situação de vulnerabilidade, sendo então, necessário ao assistente
social, ter a visão critica e compreender os limites e possibilidades do ECA ao
desempenhar a sua função.

2.7 A CRIANÇA NA JUSTIÇA CRIMINAL E O PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL

Pensar o papel da sociedade civil quando analisamos a questão da criança na


justiça criminal, implica em primeiramente, definirmos o conceito de sociedade civil.
Entendemos por sociedade civil, todas as organizações e instituições fundamentais para o
funcionamento da sociedade, estando às mesmas, fora das estruturas institucionais do
Estado, ou seja, a sociedade civil é caracterizada pelo conjunto de organizações
voluntárias, formadas pelos indivíduos, frente as estruturas do Estado.
Diversos autores possuem seus próprios conceitos de sociedade civil, para este
trabalho, utilizarei o conceito proposto por Bobbio (2005) após o mesmo analisar os
paradigmas teóricos do termo. Bobbio define sociedade civil como o espaço onde ocorrem
os conflitos sociais, econômicos, ideológicos e religiosos, onde o Estado, como ator
político, tem o papel de atuar na mediação e solução destes conflitos. (BOBBIO, 2005, p.
38:52), destarte, o papel da sociedade civil, é, sob mediação do Estado, atuar como corpo
ativo de denuncia e de conscientização sobre os crimes contra vulneráveis, sua atuação
pode se estender até a esfera jurídica, sob forma de testemunhar sobre crimes
denunciados, contribuindo assim, para com a justiça.Conforme explicado em tópicos
anteriores, é fundamental que o profissional tenha pleno conhecimentos dos aparatos
34

legais, socionormativos, que amparam a sua profissão e garantem uma rede de proteção
para crianças e adolescentes, para além disso, também se faz como importante, uma maior
interação deste profissional com a sociedade civil, que pode atuar auxiliando nas denuncias
de violação de direitos e abusos que os vulneráveis podem receber. Os conflitos sociais, se
baseiam em questões de cultura, costumes e são unidos a questões de moralidade de
indivíduos ou grupos, sendo necessário então, que o assistente social, saiba reconhecer a
relação entre a formação social de determinado grupo, e suas práticas, podendo assim,
direcionar melhor as suas análises. (SANTOS et al., 1996). O
profissional do serviço social, tem papel chave nos casos de abuso sexual contra
vulneráveis, e este papel se mantém até a dimensão da esfera jurídica, isso se deve, por
que primeiramente, este profissional consegue identificar através do seu olhar critico e
considerando as questões sociológicas da família que está prestando atendimento, este
tipo de crime, e segundo, porque as ações e encaminhamentos posteriores a identificação
deste grave problema, recebem o apoio deste profissional, vale dizer, que as ações
jurídicas que lidam com os crimes sexuais contra vulneráveis, são configuradas como ação
penal incondicionada, ou seja, sua ação pública tem inicio através do Estado
independentemente de quem efetuou a denuncia, querer ou não direcionar a mesma para a
justiça penal, logo, é importante dizer que a identificação do crime e a sua denuncia, da
inicio a um processo que visa a proteção da criança e a punição do infrator.
(SANDALOWSKI, 2006, p. 110). Sabe-se que a inserção de crianças na esfera da
justiça criminal, como vítima e em muitos casos, depoente do crime, é algo bem difícil e
traumático para a mesma, o que exigem meios e formas menos traumáticas para que seja
possível lidar com a situação sem causar mais prejuízos a criança, neste sentido, percebe-
se o quão é importante a atuação do assistente social, que vai desde o encaminhamento
das famílias e crianças para as redes e que pode se adentrar na dimensão jurídica a fim de
ajudar na resolução de crimes.
Em Porto Alegre, um projeto de lei, representa bem o tipo de iniciativa que pode ser
cada vez mais utilizada pelo profissional do serviço social, quando este precisa lidar com a
questão da criança na justiça criminal, o projeto de lei 7.524/06, proposto pela Deputada
Federal Maria do Rosário, do Partido dos Trabalhadores (PT), “estabelece a redução do
dano durante a produção de provas em processos judiciais, nos quais crianças e
35

adolescentes são vítimas ou testemunhas, especialmente nos crimes contra a liberdade


sexual.” (BRASIL, 2006), embora o projeto tenha sido arquivado, é importante falarmos um
pouco do mesmo, pois isso mostra o alcance e a importância do profissional do serviço
social, pois em Porto Alegre, desde 2003, a 1ª e a 2ª Vara da Infância e Juventude, se
utiliza da metodologia “Depoimento Sem Dano”, como forma de impedir que a criança,
tenha que enfrentar o ambiente, as vezes hostil, de um tribunal. O “Depoimento Sem Dano”
consiste em uma metodologia para se colher depoimentos de vulneráveis, e ocorre da
seguinte forma: em uma sala separada e na presença de um assistente social, ou
psicólogo, o depoimento é então gravado e apresentado por vídeo para o Juiz e demais
partes interessadas, a interação entre o tribunal e a testemunha e vitima, ocorrem pela
mediação via vídeo. (WOLFF, 2008, p. 01).
É evidente, que o profissional de serviço social, ao atuar neste âmbito, participa não
apenas na audiência, e sim, em todos os momentos que antecedem e concluem o
processo, expressando em cada fase, as suas noções e conhecimentos profissionais,
conforme aponta Iamamoto (2002, p.41), o assistente social, ao lidar com atividades
multidisciplinares, mantém seus ângulos particulares de análise e seu olhar crítico a fim de
interpretar os processos sociais. As fases neste processo são divididas da seguinte
maneira: O acolhimento, ou seja, a criança é acolhida na sala para depoimento pelo
assistente social, que irá esclarecer e deixa-la tranquila acerca do procedimento que será
feito, o depoimento, que é o momento em que o assistente social, conversa calmamente
com as vitimas, lhe fazendo perguntas e lhe orientando a se manifestar sobre o ocorrido, e
por fim, a fase de retorno, onde a criança pode ser ouvida sobre a audiência e se faz a
identificação dos possíveis riscos que a mesma corre, cabendo então ao profissional, o
encaminhamento para a rede de saúde ou outro local dependendo do risco considerado.
(WOLFF, 2008, p. 09). O assistente social, por ser um profissional que
tem por objetivo, entre outros, reduzir as desigualdades e vulnerabilidades sociais, deve
atuar de forma séria e com este objetivo em mente, logo, ações como a do depoimento
sem dano, representam também uma forma de se evitar um aprofundamento da
vulnerabilidade de crianças, tal aprofundamento pode ocorrer a medida que a criança é
exposta em um ambiente jurídico, como nos explica Conte (2004, p. 75): “ [...] uma
mobilidade, servindo de referência e ponte entre o sujeito e o laço social do qual parece
36

apartado [...]”. Outra questão importante, é que esta atuação do assistente social no âmbito
jurídico, permite todo um movimento de interdisciplinaridade, amparada pelos artigos 150 e
151 do ECA, legitimando assim, a intervenção do serviço social na dimensão jurídica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
37

A luz dos diversos conceitos, teorias, desenhos institucionais e aparato normativo


que lidam com o problema da violência sexual contra vulneráveis e a sua extensão para o
âmbito familiar, perceberam que este problema, atinge e influencia todos os espaços e
dimensões da vida, portanto, este trabalho procurou analisar a questão do problema da
violência sexual contra vulneráveis de forma multidisciplinar, indo deste a questão
sociológica e histórica da violência, passando pelos métodos e meios pelos quais, podem-
se identificar sinais de abuso e direcionando a discussão para todas as ferramentas e para
o arcabouço normativo que servem de base para solução e tratativa do problema.
Neste trabalho foram identificados atores sociais fundamentais, como os
conselheiros tutelares e profissionais do setor judiciário, tanto para o desenvolvimento de
nossa sociedade, tornando-a mais justa e igualitária, quanto para servir de suporte para a
atuação do profissional do serviço social quando este se depara com a questão complicada
e delicada do estupro de vulneráveis, logo, fica evidente que a atuação do assistente social
não ocorre somente na dimensão do serviço social e sim em diversas outras dimensões,
desta forma, lidar com o problema do estupro de vulneráveis, implica na necessidade de
existir uma rede completa que reúna o olhar crítico do profissional do serviço social, para a
identificação do problema e os encaminhamentos corretos, todo o aparato socionormativo
que tenha por objetivo, proteger os vulneráveis e impedir que eles sofram outros níveis de
vulnerabilidade, uma rede consistente de encaminhamento e auxilio que seja norteada
pelos princípios estabelecidos no ECA, e uma profunda participação da sociedade civil
como agente denunciante de tais crimes.
A sociedade civil se refere a importantes atores sociais que tem o potencial de
tornar publico, problemas sociais, crimes contra crianças e outras questões que causem
prejuízo para a democracia, logo é correto afirmar que é responsabilidade de todas as
preocupações com os vulneráveis, onde o assistente social é peça fundamental no
processo de solução deste tipo de problema, na conscientização e na garantia de proteção
dos vulneráveis, já que é este profissional que fica no centro desta rede que envolve
diversas instituições e atores.
Conclui-se então, que é responsabilidade de todos os enfrentamentos da prática de
violência sexual contra vulneráveis, pois os próprios processos de identificação,
encaminhamento, tratamento e acompanhamento possuem um caráter multidisciplinar,
38

logo, podemos afirmar a importância das ações de todos os indivíduos envolvidos em todas
as fases que eclodem deste crime tão grave, neste movimento, destaca-se a atuação do
profissional do serviço social como um direcionador e impulsionador da conscientização
acerca do problema, pois segundo Iamamoto (2002, p. 41): a atuação do assistente social
em conjunto com os diferentes atores da sociedade, tem todo o potencial de promover a
justiça e a redução das desigualdades sociais, vale dizer que o profissional de serviço
social, ao adentrar novos espaços, tem ali, a oportunidade de contribuir para a diminuição
das desigualdades, uma vez que atua em conjunto com outros atores e dimensões da
sociedade.

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