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Teresina – PI
2019
FRANCISCO WALBERONE NASCIMENTO DA CRUZ
Teresina/PI
2019
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos vários colegas das salas de aulas que conheci no decorrer do curso,
meu muito obrigado pelas amizades e por me proporcionar às suas experiências de vidas e
contribuir para a minha tão sonhada formação acadêmica.
O presente estudo tem como título abuso sexual no âmbito familiar. Este tem por
escopo mostrar que a violência sexual no âmbito familiar se refere a uma transgressão
do sistema de garantias previsto na constituição e, consequentemente fere os direitos
humanos. Este trabalho é relevante devido a gravidade de tal crime, que representa um
verdadeiro retrocesso das relações sociais em nosso país, e o fato de ele configurar
um tipo penal único através da lei 12.015/09, determinando assim novas regras e
interpretações dos casos ocorridos.
Tendo como objetivo geral apresentar uma reflexão acerca do tema supracitado e
com os objetivos específicos identificar a ocorrência da violência sexual na dimensão
familiar e detectar os amparos normativos que embasa a proteção de crianças e
adolescentes. Para o desenvolvimento do trabalho foi usado a metodologia de
pesquisa bibliográfica, efetivada através de revisão da literatura de autores
reconhecidos pela sua contribuição ao estudo, como Araújo (2002). Geraldo Ballone
(2003). Freire Neto (2007). Teve-se como base a Constituição Federal de 1988,
Estatuto da Criança e Adolescente-ECA. Conclui-se que nesta pesquisa o problema da
violência sexual contra vulneráveis se apresenta como um problema em que toda
sociedade civil deve ter o compromisso de identificar, denunciar e zelar pela vítima.
ABSTRACT
The present study is about family sexual abuse. The purpose of this research to show
that family-based sexual violence violates the constitutional guarantee system and
consequently hurts human rights. This work is relevant due to the seriousness of such a
crime, which represents a real setback in social relations in our country, and the fact that it
configures a single criminal type through law 12.015 / 09, thus determining new rules and
interpretations of the cases that occurred. The general objective of presenting is making a
reflection on the aforementioned theme and the specific objectives are to identify the
occurrence of sexual violence in the family dimension and to detect the normative supports
that underlie the protection of children and adolescents.
For the development of the work was used the methodology of bibliographical
research, made through literature review of authors recognized for their contribution to the
study, as Araújo (2002). Geraldo Ballone (2003). Freire Neto (2007). This work was based
on the Federal Constitution of 1988, Statute of the Child and Adolescent-ECA. It is
concluded that in this research the problem of sexual violence against vulnerable is
presented as a problem in which all civil society must be committed to identifying, denounce
and care for the victim.
SUMARIO
Introdução..................................................................................................................6
Capítulo 1
Capítulo 2
das vitimas.................................................................................................................23
Considerações Finais.................................................................................................34
Referências.................................................................................................................36
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INTRODUÇÃO
Para alcançar os objetivos propostos nesta pesquisa, foi realizada inicialmente uma
pesquisa bibliográfica acerca do tema, para então apresentar um debate sobre os
conceitos mais importantes para o embasamento teórico deste trabalho, sendo o mesmo,
dividido da seguinte forma: o primeiro capítulo é dedicado a tratar do conceito de violência,
onde efetuamos uma análise histórica e sociológica do conceito, apresentando as suas
formas e como a violência se manifesta como fator de ordenamento social em diversas
sociedades e determinados contextos, é neste mesmo capítulo, que apresentamos os
conceitos de “Família” e de “Criança e Adolescente”, para então, através dos conceitos,
criar uma relação entre ambos para apresentar o problema da violência no âmbito familiar,
e é nesta relação, que são feitas as definições acerca do que é a violência sexual, sendo
este conceito, fundamental para esta pesquisa.
O imperador romano Tibério, segundo obra de Suetônio sobre a vida dos Césares,
tinha inclinações sexuais que incluíam crianças como objeto de prazer. Há relato de
que ele se retirou para a ilha de Capri com várias delas, e que as obrigava a
satisfazer sua libido através da prática de diversas formas de atos sexuais. (Carter-
Lourensz e Johnson-Powell, 1999 In: ADED et al, 2006).
Os atos de violências e abusos sofridos pelas crianças e adolescentes não eram
reconhecidos como sendo errados, tendo em vista que no século XVI e início do século xvii
que os direitos deste ainda estavam brotando, porem sem produzir ainda seus efeitos. No
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entanto ainda no século XVII, conforme relata Áries (1981) a criança e o adolescente
passou a ser visto com outra temática, surge então o termo inocência infantil, a concepção
moral infância que segundo ainda menciona Áries a criança ganhou as características de
frágil e pura, começa a se observar as primeiras ações que tinham como objetivo proteger
a pureza infantil.
Diferente da violência física aonde existe o contato entre vítima e autor, esse tipo de
violência usa, nas maiorias das vezes agressões verbais, gestos repetidos e
sistematizados para ferir a integridade psicológica da vítima, ou seja contra sua integridade
moral e ética. Na maioria das vezes esse tipo de violência ocorre nas famílias de
baixa renda, que vivem em níveis de pobreza extrema, onde as crianças são quase que
obrigadas a irem trabalhar para aumentar a renda da família e em muitos dessas atividades
laborais existe grande risco à integridade física de quem as pratica, devidos as condições
insalubres ou a falta de equipamento de proteção, como exemplo, podemos destacar as
crianças que trabalham em pedreiras. Embora nesse tipo de violência ocorra contato físico
além da agressão psicológica, ele tem um objetivo bastante delimitado seja para obter uma
informação, uma confissão, nesse sentido as praticas lesivas não iram cessar ater que
obtenha o resultado, como também ela é praticada para satisfazer o desejo da pessoa em
torturar outra.
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A violência sexual é um grande mal que assola a sociedade, ela possui várias
formas meios de modos de ocorrência e está presente nas mais diversas classes sociais, é
um fator sócio cultural e independe de cor, raça, religião ou credo. Ela implica basicamente
na utilização de crianças e adolescentes para fins de obtenção de prazeres libidinosos, seja
por uso da forma ou algum meio fraudulento. E por mais absurdo que pareça ele ocorre
mais no meio familiar.
O crescente número de casos de violência sexual tem chamo a atenção das
autoridades, nos últimos anos os números de denuncias realizadas cresceu
exponencialmente, tornando-se caso de saúde pública.
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seja qual for o número de abusos sexuais em crianças que se vê nas estatísticas,
seja quantos milhares forem, devemos ter em mente que, de fato, esse número
pode ser bem maior. A maioria desses casos não é reportada, tendo em vista que
as crianças têm medo de dizer a alguém o que se passou com elas. E o dano
emocional e psicológico, em longo prazo, decorrente dessas experiências pode ser
devastador”.
A evolução do conceito de criança, o reconhecimento de sua condição de fragilidade
e pureza, propiciou o surgimento dos direitos destes e consequentemente a criação de
políticas publicas destinada a acabar com os mais diversos tipos de violência.
A descoberta da infância começou sem dúvida no século XIII, e sua evolução pode
ser acompanhada na história da arte e na iconografia dos séculos XV e XVI. Mas os
sinais de seu desenvolvimento tornaram-se particularmente numerosos e
significativos a partir do século XV e durante o século XVII (ÁRIES, 1978, p. 28).
Ainda nas palavras deste autor no século XVIII, as crianças eram submetidas a
castigos cruéis, espancamentos e as vestimentas eram comum entre meninos e meninas e
em muitas vezes se vestiam iguais aos adultos.
Na idade medieval as crianças eram vistas como adultos em miniaturas, pensava-se
que esta tinha condições de viver sem o apoio das mães ou amas, ingressavam na
sociedade adulta sem nenhum tipo de distinção. As mudanças percebidas em relação as
famílias e consequentemente nas crianças ocorreu no final do século XVIII e esta ligada
diretamente a reforma industrial, ocorrida na Inglaterra. A função de educar que ate então
era atribuição de cada família para a ser atribuição das escolas no entanto, influenciados
pela revolução industrial as crianças eram preparadas para exercer as atividades inerentes
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que os filhos dos escravos faziam pequenos trabalhos e serviam de montaria nos
brinquedos dos sinhozinhos. Na rua, trabalhavam para os senhores ou eram por
eles alugados. Em muitos casos, eram a única fonte de renda das viúvas.
Trabalhavam de carregadores, vendedores, artesãos, barbeiros, prostitutas. Alguns
eram alugados para mendigar. (2004, p. 20)
Isso nos mostra que embora sejam sociedades tivesse culturas distintas as crianças
e adolescente de todas elas e em todos os períodos da historia sofreram maus tratos,
abusos e as mais diversas violação dos direitos, sem que isso fosse tido como sendo algo
errado, muito pelo contrários tinha-se o castigo físico como disciplinar um exemplo disso
era a palmatória. Tudo isso passou a mudar com as convenções da Organização
Internacional do Trabalho, ocorridas no final do século XIX e início do século XX, nela
foram reconhecidas a proteção a maternidade a proibição de trabalho noturno para
menores de 18 anos e a proibição ao trabalho para menores de 14 anos, porem somente
em 1994, na Declaração de Genebra, também denominada carta da Liga as Crianças, que
foi apresentada um visão ampla dos direitos inerentes as crianças tendo sido apresentados
cinco itens:
Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua
família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário,
ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais
necessários, [...] 2.A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência
especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da
mesma proteção social.
A criança passou a ser vista comum ser dotado de direitos desde a concepção e em
pleno desenvolvimento. E nesse mesmo sentido foi criado o estatuto da criança e do
adolescente que para Freire Neto
É correto afirmam que o conceito de família, durante o decorrer dos anos, passou
por inúmeras modificações, tais modificações foram necessárias para atender os anseios
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da sociedade, que não estava mais satisfeita com o apego tradicional já ultrapassado.
Nesse sentindo afirma
Rolf Madaleno (2015, p. 36) faz importante comentário acerca das mudanças ocorridas no
conceito tradicional de família: A família matrimonial, patriarcal, hierarquizada,
heteroparental, biológica, institucional vista como unidade de produção cedeu lugar para
uma família pluralizada, democrática, igualitária, hetero ou homoparental, biológica ou
socioafetiva, construída com base na afetividade e de caráter instrumental. No
ordenamento jurídico brasileiro tem podemos depreender que conceito de família e suas
aplicações também passarem por um processo de modificação, que possibilitou outras
relações também fossem consideradas como sendo uma unidade família.
Verifica-se que o modelo de família que acabou plasmado no código civil de 1916
era necessariamente solidário na medida em que o esforço de todos se fazia
necessário à sobrevivência de cada um dos seus membros. Era inimaginável,
àquela altura, cogitar-se da dignidade da pessoa humana, tal como concebemos
hoje.
Ensina-nos Souza (apud, DIAS, 2005, p. 39):
homem a mulher judicialmente casados e os seus filhos, qualquer outro arranjo fora dessa
ideia não era vista e nem reconhecida como sendo uma família. Porém as novas
relações e os anseios das sociedades possibilitaram o surgimento de novos conceitos, por
exemplo: Família Matrimonial, concubinato, União Estável ou União Heteroafetiva ,Família
Monoparental, Família Anaparental, Família Pluriparental Eudemonista, Família ou União
Homoafetiva, Família Paralela, Família Unipessoal etc. ambas importante no contesto
atual.O instituto do casamento sofreu alterações concomitantemente com o conceito de
família, o que era visto como uma mera celebração de contrato, passa a ser um ato
sacramental da constituição de uma família.
A união estável foi reconhecida na Constituição de 88, porem só foi viabilizado com
a criação da lei 8971/94 especificando os atributos que deveriam ser atendidos, segundo
Nader, a família monoparental “é aquela constituída pelo homem ou mulher e seus
descendentes, a qual se caracteriza de múltiplos modos: pela viuvez, pais ou mães
solteiros ou separados e filhos”, ela também encontrasse reconhecida na carta magna de
88, mais precisamente no art. 226,§ 4º. Embora seja um conceito novo no Brasil temos
inúmeros casos de família monoparental, especialmente as chefiados por mulheres, que
ouvi um aumento considerável. A família
homoafetiva consiste na relação entre pessoas do mesmo sexo, unidas com o objetivo de
forma a unidade familiar, é bastante moderno este conceito e surgiu com a ruptura dos
padrões morais e éticos da sociedade, que embora configure uma maior liberdade social
ainda sobre muitos preconceitos e discriminação.
adolescentes, crianças, e todo o grupo familiar, já que muitos casos ocorrem dentro do
ambiente familiar.
seja qual for o número de abusos sexuais em crianças que se vê nas estatísticas,
seja quantos milhares forem, devemos ter em mente que, de fato, esse número
pode ser bem maior. A maioria desses casos não é reportada, tendo em vista que
as crianças têm medo de dizer a alguém o que se passou com elas. E o dano
emocional e psicológico, em longo prazo, decorrente dessas experiências pode ser
devastador.
É imprescindível mencionar que as vítimas além de serem afetadas fisicamente
sofrem também moralmente e psicologicamente, pois na maioria dos casos quem deveriam
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protege-las são os autores dos atos ilícitos, causando danos que se refletem diretamente
no comportamento das vitimas nesse sentido assim ensina Sanderson:
Embora não seja apenas de uma classe social as evidencias mostram que a
violência sexual ocorre mais em ambientes de famílias desestruturadas, de poderes
econômicos baixos.
Tudo isso nos leva a crer que são necessárias políticas publicas mais fortes e
eficazes e a união de todos para combater essas pratica libidinosas que assola a nossa
sociedade. Somente assim poderemos crer que as crianças e adolescentes possuem de
fato os seus direitos efetivados.
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Um dos maiores problemas que se tem para combater os casos de abuso sexual
esta ligada na dificuldade de identificar sua incidência, principalmente dentro do âmbito
familiar, seja pelo fato do autor ser alguém muito próximo, seja pela vergonha que as
vítimas possuem em relatar que sofreram algum tipo de abusos sexual, não por outro
motivo tais ações são conhecidas como sendo crimes silenciosos. Os sinais se apresentam
em pequenos detalhes, nos mínimos comportamentos, é uma mudança de atitude,
isolamentos, mudanças de apetite entre outros, a questão é que os pais, os outros
responsáveis, nem sempre conseguem perceber tais mudanças, tão pouco as associam ao
um crime, pensam que é um comportamento normal da idade da criança ou adolescentes
ou as relacionam com outra causa.
As vitimas por outro lado além da vergonha de relatar que sofreram violência contra a
sua dignidade, pois tais crimes estão relacionados com a intimidade, tendo que relatar
situações desconfortáveis, em outras palavras tendo que vivenciar novamente, se sentem
acuadas pelo fato do agressor está presente, no mesmo âmbito familiar. É como se tivesse
sendo violada e vigiada pelo criminoso. Neste caso é necessário que os responsáveis, na
grande maioria os pais, estejam sempre prestando as mínimas mudanças de
comportamento, ou até mesmo os sinais que aparecem no corpo das vitimas, tais como:
enfermidades psicossomáticas, vômitos e questões emocionais, na grande maioria dos
casos de abusos sexuais, as vitimas apresentam alguns dessas lesões, ou patologias, no
corpo, ficando evidente que esta criança passou ato que veio a viola-lo físico
psicologicamente, que por sua vez ira ocasionar outras consequências, que caso não
identificadas a tempo pode causa danos mais profundos e irreparáveis.
É importante mencionar que esta não uma tarefa exclusiva dos pais, mas sim de
todos, pais avos etc. os professores e educadores também possuem um papel fundamental
na luta contra este tipo de crime, visto que eles são bastantes próximos das possíveis
vitimas assim como tem o papal de orientar as crianças, bem como os pais deste em
identificar os sinais de possíveis abusos, prevenindo, desta forma a ocorrência de tal crime,
ou diminuindo as consequências do ato libidinoso.
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Conforme já mencionado o abuso sexual é uma prática presente que está presente
em todos os níveis sociais e independe de cor, raça religião. é um mal que tem crescido em
numero de casos relatados vindo a ser considerado caso de saúde pública, por essas
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razões inúmeros tem sido os esforços do Estado, por meio de seus órgãos responsáveis,
para criar meios e modos para combater tal ato ilícito.
O Estado também tem a sua contribuição, pois entre outras ações é dele o dever
de punir os agressores. A pena neste caso servirá não somente para punir, mais também
para servir de exemplos para os demais indivíduos. Nesse caso quanto mais eficiente for a
persecução criminal e quanto mais severas forem as penas aplicadas, haverá a diminuição
de casos. Outra forma que o Estado pode combater os abusos sexuais, seria reduzir as
desigualdades sociais e a pobreza, oferecendo a juventude mais oportunidades, diminuindo
as chances de estas conviverem com famílias desestruturas que não lhes oferecem
suporte necessários.
o sistema de justiça, que deveria ter o compromisso com a garantia dos direitos da
criança, por um lado, exige a sua inquirição e, por outro, poupa o abusador, na
medida em que deixa de recorrer a avaliações hoje disponíveis, em psicologia e em
psiquiatria, que poderiam elucidar características do funcionamento mental e
permitir a adoção de medidas de prevenção contra novos abusos.
Essa intervenção psiquiatra é importante na medida que mesmo se agressor vier a
ser preso não necessariamente significar dizer que assumirá seus atos tão pouco o
impedira que venha fazer novas vitimas. No âmbito familiar por sua vez fatores de ricos
facilitam a ocorrência dos abusos, violência intrafamiliar, problemas entre os membros,
condições precárias de saúde, negligencias entre outros. Acaba que esse tipo de violência
fica encoberto, ou ponto de que muitas crianças passam a negar a incidência dos abusos.
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O Art. 217-A do Código Penal - Decreto Lei 2848/40, considera como estupro de
vulnerável, o ato de: “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos, como ato Penal, com reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.”,
determinando também, que são considerados vulneráveis, os indivíduos que não podem
oferecer resistência ao ato, seja por alguma enfermidade ou por deficiência mental
(paragrafo 1). As penas previstas para tal crime, se tornam mais severas em caso de ter
como consequência para a vitima, lesão corporal grave ou resultar a morte da mesma,
sendo então ampliadas para reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos, e reclusão, de 12
(doze) a 30 (trinta) anos, respectivamente (parágrafos 3 e 4). É importante dizer, que a lei
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Existem muitos debates acerca da interpretação e dos efeitos deste aparato normativo,
porem, esta pesquisa não pretende problematizar as diferentes interpretações que estes
casos, possam ter durante seus julgamentos, neste tópico, optamos por focar na
apresentação destas normas jurídicas e iremos agora, discutir um pouco sobre a relação
entre estas normas e a atuação do profissional do serviço social, de toda forma, para
medida de enriquecer o tema, vale informar brevemente que, a legislação vigente ainda
tem um pouco de dificuldades em agir e julgar casos onde o acusado, alega não ter tido
conhecimento prévio da idade da vítima, levando o processo a considera-lo como autor de
crime culposo. É fundamental que o profissional do serviço social,
tenha conhecimento acerca da legislação vigente que trata dos direitos das crianças e
adolescentes e que tenha conhecimento sobre as questões normativas que norteiam os
conceitos de cidadania, participação e direitos humanos, uma vez que este profissional
atua diretamente na dimensão da questões sociais, e é peça importante na sociedade para
a garantia de melhoria social e diminuição das desigualdades sociais, se faz necessário
que o seu olhar, ao identificar sintomas de vulnerabilidades, tenha também um senso
jurídico, para diminuir as chances de erro e para garantir que as suas ações sejam
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embasadas pela racionalidade ao mesmo tempo que sejam amparadas pela constituição.
Ter ciência do aparato legal que rege e determina os crimes sexuais contra
vulneráveis, permite ao assistente social, identificar mais facilmente estes crimes e, a partir
da identificação, tomar atitudes que visem a proteção da criança em situação de violência e
vulnerabilidade, ou seja, se faz necessário uma quebra do sigilo profissional previsto no
código de ética do serviço social e inicia-se o processo de articulação com as redes
formadas pelos CREAS e Conselhos Tutelares, a fim de se analisar a questão e dar auxilio
as vitimas que tiveram seus direitos corrompidos e sua dignidade violada.
Lidar com a questão da violência sexual contra vulneráveis exige uma clara definição
sobre o que é violência, e como a mesma se perpetua e ocorre no Brasil, embora existam
diversas definições para a violência, conforme explicado em no primeiro capítulo deste
trabalho, ao olharmos a mesma sob a perspectiva do estupro, se faz necessário mobilizar o
conceito desenvolvido por Marilena Chauí, primeiro porque a autora explica que a violência
é algo estrutural em nossos país e está ancorada em nossa formação social e política, que
contribuiu, após anos de escravidão e a partir de diversos golpes na dimensão da política,
para uma verticalização e hierarquização do tecido social, criando assim, uma dinâmica
que reforçam as desigualdades sociais, uma vez que as relações sociais se dão num
movimento de exercício do poder por quem detém o poder, determinado como superior
para quem não possui poder, determinado como inferior, logo, as trocas e interações
sociais baseadas nessa estrutura vertical de poder, contribuem para uma ampliação das
desigualdades e para uma quebra da noção de igualdade. (CHAUÍ, 2006, p.89), e segundo,
porque para a autora, a violência se caracteriza por uma relação de poder entre sujeitos
diferentes, onde o ato tem por objetivo, a exploração, opressão, dominação e um
aprofundamento das desigualdades sociais e, a partir disso, a consideração do outro como
objeto e não sujeito portador de direitos, anulando e desconsiderando a vontade destes
sujeitos. (CHAUÍ, 1985, p.33). A visão e a atuação do profissional do serviço
social, precisa então, estar norteada e amparada por uma clara visão acerca do que é a
violência e as formas com que ela se apresenta, e também por uma clara definição de seus
compromissos morais e éticos para com a redução das desigualdades sociais e a proteção
dos direitos dos indivíduos vulneráveis, esta definição, necessita estar embasa por todo
aparato normativo que determina os limites e entendimentos acerca da violência sexual
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contra vulneráveis, logo, é correto afirmar que o assistente social, ao inserir em sua
dimensão de atuação, estes conceitos e o seu entendimento, conseguirá atuar de forma
satisfatória e conseguirá promover melhorias significativas para a sociedade.
do interesse do menor, ou seja, todas as decisões que irão influenciar a vida do menor,
devem ser consideradas sob a perspectiva do seu interesse superior, e o principio da
prioridade absoluta, ou seja, conforme consta no artigo 227 da constituição, os direitos de
crianças e adolescentes, devem ser aparados com absoluta prioridade. (BRASIL, 1990).
Conforme disposto no artigo 131 do ECA, os conselheiros
tutelares são atores sociais fundamentais para que as normas e diretrizes do ECA sejam
cumpridas, pois é dever dos conselhos tutelares, zelar pela garantia e pelo cumprimento
dos direitos das crianças e dos adolescentes, entre as suas principais atribuições, estão o
atendimento as crianças e adolescentes que sofreram a violação de seus direitos e ao
menores que cometeram infrações, o atendimento e aconselhamento de pais e
responsáveis dentro do escopo de apoio a família, e promover além de incentivar,
campanhas para o reconhecimento e denuncia de ações que violem os direitos das
crianças e dos adolescentes. Os conselheiros tutelares, são eleitos pela sociedade, em
eleições regulares, sendo necessário para se candidatar que o candidato tenha no mínimo
21 anos de idade, seja residente do município que deseja atuar e que tenha reconhecida
idoneidade moral perante a sociedade, os mandatos duram quatro anos e todo conselheiro
tutelar por tentar uma reeleição no máximo.
O ECA prevê diversas ações e encaminhamentos para atuar em casos onde o
menor cometeu alguma infração, porem esta pesquisa não pretende se aprofundar neste
aspecto, visto que o objetivo deste tópico, é analisar as medidas previstas no ECA para os
casos de violência sexual cometida contra menores de idade. (ECA, 2017, p. 80). As
medidas de proteção a crianças e adolescentes, estão dispostas nos artigos 98 a 102 do
ECA, nestes artigos, são apresentadas as medidas de proteção aplicáveis observadas a
natura da violação de direitos e as questões sociológicas da vitima, sendo assim,
apresentada sete medidas de proteção possíveis: o encaminhamento aos pais ou
responsável, mediante termo de responsabilidade, a orientação, apoio e acompanhamento
temporários, a matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental, a inclusão em programa comunitário de auxílio à família, à criança e ao
adolescente, a requisição e encaminhamento de tratamento médico, psicológico ou
psiquiátrico, a inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, a orientação e
tratamento a alcoólatras e dependentes químicos, o acolhimento institucional, a inclusão
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legais, socionormativos, que amparam a sua profissão e garantem uma rede de proteção
para crianças e adolescentes, para além disso, também se faz como importante, uma maior
interação deste profissional com a sociedade civil, que pode atuar auxiliando nas denuncias
de violação de direitos e abusos que os vulneráveis podem receber. Os conflitos sociais, se
baseiam em questões de cultura, costumes e são unidos a questões de moralidade de
indivíduos ou grupos, sendo necessário então, que o assistente social, saiba reconhecer a
relação entre a formação social de determinado grupo, e suas práticas, podendo assim,
direcionar melhor as suas análises. (SANTOS et al., 1996). O
profissional do serviço social, tem papel chave nos casos de abuso sexual contra
vulneráveis, e este papel se mantém até a dimensão da esfera jurídica, isso se deve, por
que primeiramente, este profissional consegue identificar através do seu olhar critico e
considerando as questões sociológicas da família que está prestando atendimento, este
tipo de crime, e segundo, porque as ações e encaminhamentos posteriores a identificação
deste grave problema, recebem o apoio deste profissional, vale dizer, que as ações
jurídicas que lidam com os crimes sexuais contra vulneráveis, são configuradas como ação
penal incondicionada, ou seja, sua ação pública tem inicio através do Estado
independentemente de quem efetuou a denuncia, querer ou não direcionar a mesma para a
justiça penal, logo, é importante dizer que a identificação do crime e a sua denuncia, da
inicio a um processo que visa a proteção da criança e a punição do infrator.
(SANDALOWSKI, 2006, p. 110). Sabe-se que a inserção de crianças na esfera da
justiça criminal, como vítima e em muitos casos, depoente do crime, é algo bem difícil e
traumático para a mesma, o que exigem meios e formas menos traumáticas para que seja
possível lidar com a situação sem causar mais prejuízos a criança, neste sentido, percebe-
se o quão é importante a atuação do assistente social, que vai desde o encaminhamento
das famílias e crianças para as redes e que pode se adentrar na dimensão jurídica a fim de
ajudar na resolução de crimes.
Em Porto Alegre, um projeto de lei, representa bem o tipo de iniciativa que pode ser
cada vez mais utilizada pelo profissional do serviço social, quando este precisa lidar com a
questão da criança na justiça criminal, o projeto de lei 7.524/06, proposto pela Deputada
Federal Maria do Rosário, do Partido dos Trabalhadores (PT), “estabelece a redução do
dano durante a produção de provas em processos judiciais, nos quais crianças e
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apartado [...]”. Outra questão importante, é que esta atuação do assistente social no âmbito
jurídico, permite todo um movimento de interdisciplinaridade, amparada pelos artigos 150 e
151 do ECA, legitimando assim, a intervenção do serviço social na dimensão jurídica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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logo, podemos afirmar a importância das ações de todos os indivíduos envolvidos em todas
as fases que eclodem deste crime tão grave, neste movimento, destaca-se a atuação do
profissional do serviço social como um direcionador e impulsionador da conscientização
acerca do problema, pois segundo Iamamoto (2002, p. 41): a atuação do assistente social
em conjunto com os diferentes atores da sociedade, tem todo o potencial de promover a
justiça e a redução das desigualdades sociais, vale dizer que o profissional de serviço
social, ao adentrar novos espaços, tem ali, a oportunidade de contribuir para a diminuição
das desigualdades, uma vez que atua em conjunto com outros atores e dimensões da
sociedade.
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