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Andreia Machado Penedo – 3701172

Esther Pereira Bento – 3701324


Gabriele Oliveira de Santana - 3701294

As consequências psicossociais do abuso sexual em crianças e adolescentes

Duque de Caxias, Rio de Janeiro


2023.1
Andreia Machado Penedo – 3701172
Esther Pereira Bento – 3701324
Gabriele Oliveira de Santana – 3701294

As consequências psicossociais do abuso sexual em crianças e adolescentes

Projeto apresentado ao Curso de Psicologia, da


Universidade do Grande Rio Prof. José de
Souza Herdy, como requisito parcial para a
disciplina Projeto Curricular Articudor – 9ª
fase.

Orientador: Patrícia Estrella Liporace Barcelos

Duque de Caxias, Rio de Janeiro


2023.1
SUMÁRIO

1 JUSTIFICATIVA........................................................................................... 4
2 PROBLEMA .............................................................................................. 4
3 OBJETIVOS .................................................................................................... 5
3.1 - OBJETIVO GERAL ............................................................................ 5
3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................... 5
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 6
5 MÉTODO ............................................................................................... 7
6 CRONOGRAMA ....................................................................................... 10
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 11
1. JUSTIFICATIVA

Com a pesquisa bibliográfica feita acerca do tema proposto, espera-se que essas
informações atinjam a população em geral sobre o que é o abuso sexual, suas dimensões e
complexidades. Como resultado esperado do projeto de intervenção, o Programa Ressignificar,
espera-se que este levante reflexões e conscientize crianças e adolescentes de ambos os sexos
sobre o abuso sexual e toda a temática citada, e que conscientize principalmente o público
masculino, de que essa violência também acontece com eles e os incentivem a denunciar para
seus responsáveis sem medo de terem sua sexualidade questionada e sem medo de serem
ouvidos.

2.PROBLEMA

As consequências psicossociais do abuso sexual em crianças e adolescentes têm um


impacto profundo em sua saúde mental e bem-estar. Compreender essa relação é crucial para
promover intervenções adequadas, apoiar as vítimas e prevenir futuros casos de abuso.
Através de uma abordagem abrangente, que englobe intervenções terapêuticas, apoio familiar
e educação preventiva, é possível contribuir para a recuperação e proteção desses jovens,
visando a sua saúde mental e qualidade de vida.

3.OBJETIVOS

Objetivo geral:

Diante dessa realidade complexa, é essencial fornecer intervenções especializadas e


abrangentes para promover a recuperação das vítimas e proteger sua saúde mental. Isso
envolve o acesso a serviços de saúde mental, como psicoterapia individual e em grupo, que
permitam às vítimas processar o trauma, fortalecer habilidades de enfrentamento e reconstruir
sua autoestima e confiança. Além disso, a intervenção familiar desempenha um papel crucial
na criação de um ambiente de apoio e compreensão para as vítimas, facilitando sua
recuperação.

A conscientização e a educação sobre o abuso sexual também são fundamentais na


prevenção e no combate a essa violência. Ao aumentar a conscientização sobre os sinais de
abuso, a importância da denúncia e a disponibilidade de recursos de apoio, é possível criar
uma rede de proteção mais eficaz para crianças e adolescentes.

Objetivos específicos:
Números e pesquisas feitas e apontadas nessa pesquisa comprovam que o abuso sexual também
ocorre com o sexo masculino sendo a vítima, e que em sua maioria das vezes, acontece na
infância. Dito isto, o presente estudo tem por objetivo:
- Desenvolver estratégias de intervenção psicológica para crianças e adolescentes vítimas de
violência sexual;
- Orientar crianças e adolescentes a partir de estratégias Psicoeducacionais.
- Orientar as crianças/adolescentes e os pais sobre a saúde mental diante do trauma.
- Desenvolver Palestras e Rodas de conversas , com profissionais qualificados atuantes da saúde
mental e assistência social, para sanar dúvidas, divulgar endereços e contatos de centros
importantes para esta temática, como o NAV – Núcleo de Atendimento à Violência Sexual,
Centro de Atenção Psicossocial Infanto – Juvenil, e outras instituições que possam atender essas
vítimas.

4.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Historicamente, existem diversos indicativos que apresentam a construção das relações


de violência com gênero. Pode-se dizer que até os dias atuais, a violência é usada como
estratégia para conquista, dominação de poder e manutenção do mesmo. Ao analisar a
incidência da violência, Prado (2006) aponta que em diversas circunstâncias e modalidades de
violência seus agressores são do sexo masculino, em sua maioria. Prado (2006) informa que o
homem é visto como um “algoz” e agressor, e identifica que 80% dos atos violentos são
praticados por eles. É válido dizer que as notificações de mulheres como autoras das agressões
são significativamente menores. Aqui, nota-se que a violência sexual é uma relação de poder,
não de sexo. O agressor (a), não se importa se a vítima é menor ou maior de idade, nem se é de
sexo masculino ou feminino, o que importa ali é exercer o poder sobre a vítima e o meio que
encontrou para isso, que foi o meio sexual (FEOLA, 2021).

Podemos distinguir o que é ser homem e ser mulher, inseridos numa determinada cultura
e criando estereótipos de papéis diferenciados. Vale ressaltar, que a sociedade patriarcal sempre
fora rígida com meninos, os submetendo a tornarem – se homens fortes, provedores, racionais,
agressivos e autônomos. Dado a isso, deve –se fazer a seguinte pergunta: “O que é Gênero? E
como articular gênero e violência sexual?” Pode-se definir gênero como uma relação
socialmente construída entre homens e mulheres, ou seja, tudo aquilo que a sociedade entende
como um papel, função ou comportamento do sujeito com base no seu sexo biológico. Desde a
antiguidade, é visto a dominação dos homens sob as mulheres, a ideologia machista, uma
sociedade patriarcal e as lutas feministas por igualdade de gênero e livre arbítrio.
Entretanto, o homem também pode ser a vítima, e é aqui que entra o foco do trabalho.
Uma pesquisa feita em 1999, por Rodrigues (2000), relatou que nas delegacias do Distrito
Federal, foram registradas 123 queixas por homens agredidos por familiares, casos como lesão
corporal, ameaças e tentativas de homicídio (estes praticados por companheiras/ex
companheiras, amantes, filhos etc). Desta forma, o homem também é uma vítima de violência
sexual, porém de acordo com dados e estatísticas de pesquisadoras como Weare (2017), ele é
silenciado, negligenciado e tornando-se invisível sob os olhos de toda a sociedade. Prado (2006)
dispara:

Estamos diante de um grande paradoxo, pois aquele que se torna o grande


agressor é também a vítima silenciosa que se cala e que consente por medo e
vergonha como tantas vítimas se calam, sejam meninas, meninos ou mulheres
agredidas (PRADO, 2006, p.55).

Através do estudo de Carvalho (2015), onde ele reforça a quase ausência de estudos e
denúncias focadas no sexo masculino como vítimas dos abusos sexuais, é identificado que essa
baixa incidência que ocorre no mundo todo e está associado a classes sociais, relações de poder,
aspectos de gênero, poder familiar, cultura, situação financeira etc.

Um importante teórico sobre a sexualidade humana foi Freud, ele entendia que a
sexualidade não se restringia apenas ao comportamento sexual e a sua parte genital, mas é uma
força que permeia todas as áreas da vida do indivíduo, incluindo sua identidade,
relacionamentos e comportamentos cotidianos. A sexualidade é vista como uma das principais
forças motivadoras do desempenho humano, podendo ocorrer de diversas formas, com desejos,
os pensamentos e as fantasias.

Em uma das suas obras célebres sobre esse assunto que se chama “Três ensaios sobre a
teoria da sexualidade” publicada em 1905, Freud apresenta sua teoria da sexualidade infantil e
discute a natureza e a evolução do desenvolvimento sexual humano. Nessa obra mostra o quanto
a sexualidade é uma parte intrínseca do ser humano, que começa na infância que começa na
infância e evolui ao longo da vida.

A primeira parte do ensaio tem o nome de “As aberrações sexuais”, que trata dos
comportamentos sexuais que não se enquadram nas normas pré-estabelecidas. Freud coloca
nesses grupos três tipos: os Invertidos (gays e bissexuais), pessoas que tem preferência sexual
por pessoas imaturas (crianças e adolescentes) e animais como objeto sexual. Lógico que
comprara homossexuais com pedófilos é um pensamento distorcido para o nosso século, mas
vamos levar em consideração que Freud é da era vitoriana, uma época de muitos tabus e muitas
discriminações, principalmente com gays, mas isso não é objeto do nosso estudo, vamos
salientar somente no caso de satisfação sexual por pessoas imaturas.

No caso das crianças sexualmente imaturas, é importante lembrar que a sexualidade


infantil é uma parte natural do desenvolvimento humano e que muitos comportamentos que
seriam considerados aberrantes em adultos podem ser vistos como naturais ou exploratórios em
crianças. No entanto, a prática da pedofilia se encaixa nas aberrações sexuais, pois o indivíduo
vê a criança apenas como uso indiscriminado das suas satisfações libidinal. No livro Três
ensaios da sexualidade, na parte de pessoais imaturas, Freud (1905.p.38) explica:

“Apenas excepcionalmente as crianças são os objetos sexuais exclusivos; em geral


assumem esse papel quando um indivíduo medroso e que se tornou impotente resolve
adotar esse tipo de substituto ou quando um instinto urgente (inaudível) não consegue,
no momento, tomar um objeto mais apropriado”

Em outro momento Freud também reflete de quanto o instinto sexual admiti tanta
variação ou diminuição do seu objeto de prazer. Em outra obra também de Sigmund Freud,
publicada em 1916, chamada de teoria geral das neuroses abordou o tema das perversões
sexuais em pessoas neuróticas. Ele argumentou que essas perversões decorrem de conflitos
internos e traumas emocionais, em que o indivíduo usa a sexualidade como forma de aliviar sua
angustia psicológica. As perversões sexuais em pessoas neuróticas são consideradas uma forma
de comportamento desviante da norma social, uma vez que envolvem práticas sexuais que são
consideradas incomuns ou inadequadas.
De acordo com Freud, as perversões sexuais em pessoas neuróticas resultam de um desvio
do desenvolvimento sexual normal, onde o indivíduo fica preso em uma fase do
desenvolvimento infantil. Essa estagnação pode ocorrer como resultado de traumas emocionais
ou de uma educação inadequada, levando a uma fixação de determinados comportamentos ou
fantasias sexuais. Esses comportamentos sexuais desviantes podem ser o resultado de uma
fixação em uma fase do desenvolvimento sexual infantil ou da repressão sexual.
No entanto, é importante notar que a sexualidade infantil é muito diferente da sexualidade
adulta. As crianças são sexualmente imaturas e ainda estão descobrindo o seu corpo e as
sensações que o acompanham. Como resultado, comportamentos que seriam considerados
aberrantes ou perversos em adultos podem ser vistos como naturais ou exploratórios em
crianças. Além disso, a repressão sexual também pode levar a uma intensificação da perversão.
A pessoa pode se sentir envergonhado ou culpado por seus desejos sexuais e, portanto, reprimi-
los. O que pode levar a um aumento da intensidade desses desejos reprimidos.
Como Freud pertence a Europa, sentia a necessidade de colocar algum teórico brasileiro para
indicar as nossas raízes da sexualidade, decidi utilizar uma importante obra da nossa literatura:
Casa-Grande e Senzala do escritor Gilberto Freyre, ele foi um importante sociólogo e
antropólogo brasileiro que contribuiu significativamente para o estudo da cultura e da sociedade
brasileira. Uma das áreas que ele se destacou foi no estudo da sexualidade brasileira. Em sua
obra Freyre explorou as características distintas da sexualidade brasileira em comparação com
outras culturas, bem como a influência de fatores sociais, culturais e históricos na sua formação.
Freyre argumentou que a sexualidade no Brasil é marcada por uma mistura de influências
africanas, europeias e indígenas. Ele acreditava que essa mistura cultural resultou em uma
sexualidade brasileira que é aberta e menos reprimida do que em outras culturas. Segundo
Freyre, a influência africana trouxe uma maior liberdade sexual e uma maior tolerância para a
homossexualidade e outras formas de expressão sexual. Já a influência europeia trouxe uma
maior preocupação com a privacidade sexual e o estabelecimento de normas sociais que
limitava a expressão sexual em público.
Freyre também enfatizou a importância da família na formação da sexualidade brasileira. Ele
argumentou que a estrutura familiar brasileira é mais flexível do que em outras culturas,
permitindo uma maior liberdade sexual e uma maior aceitação da diversidade sexual. Além
disso, ele afirmou que a influência da religião católica no Brasil é mais aberta do que em outros
países católicos, permitindo uma maior tolerância para outras formas de expressão sexual.
No entanto, Freyre reconheceu que a sexualidade brasileira também é marcada por
desigualdades sociais e econômicas. Ele argumentou que a elite brasileira, em particular,
mantém uma visão conservadora da sexualidade, que se reflete na marginalização e na
discriminação de grupos sexuais minoritários, como homossexuais e mulheres.
Em resumo, a visão de Gilberto Freyre sobre a sexualidade brasileira é de uma cultura
aberta, diversa e menos reprimida do que outras culturas. Ele enfatizou a importância da mistura
de influências culturais e da flexibilidade da estrutura familiar brasileira na formação da
sexualidade brasileira, bem como a influência da religião católica. No entanto, ele também
reconheceu que levam a discriminação de grupos sexuais minoritários.
5.DISCUSSÃO

O abuso sexual é uma violação grave dos direitos das crianças e adolescentes,
com efeitos profundos em sua saúde mental e bem-estar psicossocial. As consequências
desse tipo de abuso podem ser duradouras e afetar significativamente o desenvolvimento
emocional e social desses jovens. Compreender a relação entre as consequências
psicossociais do abuso sexual e a saúde mental é essencial para direcionar intervenções
adequadas e promover a recuperação das vítimas.

As consequências psicossociais da violência sexual abrangem uma ampla gama de


sintomas e problemas emocionais. Muitas vezes, as vítimas experimentam sentimentos
intensos de vergonha, culpa e autoestima prejudicada. Elas podem apresentar sintomas de
ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático e até mesmo ideação suicida. O
trauma do abuso sexual pode afetar negativamente a capacidade das vítimas de confiar nos
outros, estabelecer relacionamentos saudáveis e desenvolver habilidades sociais adequadas.

A saúde mental das crianças e adolescentes está intrinsecamente ligada às suas


experiências traumáticas. O abuso sexual pode perturbar o desenvolvimento normal do
cérebro e do sistema nervoso, resultando em disfunções cognitivas e emocionais. As
vítimas podem apresentar dificuldades no controle das emoções, problemas de sono,
pesadelos recorrentes e flashbacks traumáticos. Esses sintomas podem afetar
negativamente o desempenho escolar, o funcionamento social e a qualidade de vida geral
das vítimas.

Além dos impactos psicológicos, as consequências psicossociais do abuso sexual


também têm implicações significativas no bem-estar social das vítimas. O abuso sexual
pode comprometer a confiança nas relações interpessoais, tornando as vítimas mais
suscetíveis ao isolamento social, à estigmatização e ao bullying. A falta de apoio adequado
e o medo de serem julgadas podem levar as vítimas a se sentirem sozinhas, o que agrava
ainda mais os efeitos negativos em sua saúde mental.
6.CRONOGRAMA

Ordem do programa

Primeiro dia: Iniciar uma palestra sobre o “Abuso sexual em crianças e adolescentes e a
importância da saúde mental”

Segundo dia: Iniciar uma atividade lúdica conhecendo seu corpo e logo após dar uma aula
sobre o corpo.

Terceiro dia: Abordar sobre a saúde mental e importância de buscar ajuda psicológica.

Quarto dia: Último dia do programa realizar uma roda de conversa sobre educação sexual e
a saúde mental.

Todo esse cronograma será feito em uma escola pública de forma gratuita, os pais podem
acompanhar toda a dinâmica feita durante a instituições e para que eles possam aprimorar
mais seus conhecimentos.
REFERÊNCIAS

CARVALHO. Fabiana Aparecida de, “Homem não chora: o abuso sexual contra menino.”

PUC. SP. 2015. Disponível em:

<https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/17716/1/Fabiana%20Aparecida%20de%20Carval

ho.pdf> Acesso em 28 Mar. 2023

FEOLA, Gabriella. “Violência sexual contra meninos e homens.” Site Papo de Homem, 04

fev. 21 Disponível em:<https://papodehomem.com.br/violencia-sexual-contra-meninos-e-

homens/> Acesso em 28 mar 2023

Florentino BRB. As possíveis consequências do abuso sexual praticado contra crianças e

adolescentes. Fractal, Rev Psicol [Internet]. 2015May;27(2):139–44. Available from:

https://doi.org/10.1590/1984-0292/805> acessado em: 11 de junho de 23

FREUD, Sigmund. Três Ensaios da sexualidade. São Paulo, editora Schwarcz,2022.

FREUD, Sigmund.Teoria Geral das neuroses. Rio de Janeiro, editora Imago, 1976.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande e sensala. Rio de janeiro, editora Record, 2002.

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