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CURSO DE PSICOLOGIA
JUAZEIRO DO NORTE – CE
2022
DAYANA DA SILVA FREITAS
JUAZEIRO DO NORTE – CE
2022
DAYANA DA SILVA FREITAS
Aprovado em ___/___/____
BANCA EXAMINADORA
JUAZEIRO DO NORTE – CE
2022
DEDICATÓRIA
A Deus, quem me deu o dom da vida e que me deu sabedoria e sustento até chegar
aqui, me dando fé, força e coragem para não desistir. Em memória de Melzinha, que
passou tantos anos ao meu lado me dando tanto amor e me fazendo sorrir.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, pela saúde, por me dar
sabedoria para seguir em frente, pela oportunidade e por me tornar capaz de chegar
até aqui. Aos meus pais, Cristina Silva e Afonso Moura, pelo apoio, incentivo e pelo
investimento em toda minha vida escolar.
Ao meu noivo, Kayuby Fechine, por todo apoio, incentivo, cuidado e paciência
nos dias em que eu estava exaustivamente estressada e por sua compreensão
perante minha ausência diversas vezes.
A Mel que não está mais presente em vida, mas acompanhou comigo minhas
noites e noites em claro até março, com tanto amor e carinho.
A minha amiga de curso, que foi um presente nessa graduação, Patricia
Andrade, por seu companheirismo, amizade, lealdade e por sempre me dar força nos
momentos em que eu quis desistir da monografia. A minha madrinha de jaleco
Josilene Izidio, por todo auxílio ao decorrer do curso, apoio, incentivo e amizade.
Agradeço também aos meus professores, os quais contribuíram de forma
significativa nessa jornada, transmitindo tanto conhecimento e por serem excelentes
profissionais. Em especial duas pessoas incríveis, a professora Karla Rossana, pois
em um determinado momento lá atrás, no terceiro semestre eu iria trancar o curso e
ela me fez enxergar com outros olhos a situação em que eu havia passado na
faculdade. Inclusive, a minha graduação eu daria o nome de Karla Rossana. E
também ao meu professor José Alves, que foi meu supervisor de estágio e que me
ensinou tanto, ambos não me ensinaram apenas sobre a psicologia, mas sim sobre
ser humano também.
A minha excepcional orientadora Priscila Ribeiro, por sua paciência, auxílio,
dedicação, competência e profissionalismo, e por ser exemplo a seguir.
RESUMO
The present work is a bibliographic research and the document deals with sexual
abuse in children and adolescents, as well as possible interference by professionals in
the field of psychology, in the intention of which are the main interventions and which
studies to follow in the psychological treatment of the child. and adolescents of sexual
abuse or violence. All work that is often complex to pay attention to the slightest
paradox, and is often complex to be treated by silence in the intention of not being
judged, dealing with a topic. Finally, initially, the concept and history of abuse and
sexual violence against minors and adolescents, the symptoms and analyze the
characteristics by the last objectives for children of this crime and, by age, to
investigate the psychological face of the fact. Therefore, the work was first divided into
four chapters, of which the second deals with the methodological procedures, the
second addresses the concept and historicity of sexual abuse against children and
adolescents, the third brings the symptoms and psychosocial damage presented by
the victims. and the fourth presents a psychological intervention in victims of sexual
abuse. It can be very multidisciplinary and researched, it can be seen that the damage,
although it can be studied a lot in the victims' lives, can be studied a lot with the correct
treatment and follow-up.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 10
3 CONCEITO E HISTORICIDADE DO ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E
ADOLESCENTES.................................................................................................... 12
4 SINTOMAS E DANOS PSICOSSOCIAIS APRESENTADOS PELAS VÍTIMAS ... 15
4.1 A PRÁTICA DA VIOLÊNCIA SEXUAL NO MEIO FAMILIAR .............................. 16
4.2 AS CONSEQUÊNCIAS PERPÉTUAS NAS VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL ...... 19
4.3 ESTUDO DE CASO: JOANNA MARANHÃO ..................................................... 22
5 A INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA NAS VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL .............. 24
5.1 ASPECTOS GERAIS E PESQUISAS RECENTES ............................................ 24
5.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÉTICA NO ATENDIMENTO ............................... 27
5.3 IMPACTO ESPERADO DA INTERVENÇÃO ...................................................... 29
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 32
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 33
9
1 INTRODUÇÃO
1 Tradução para o português: Organização Mundial da Saúde (OMS) como é mais conhecida.
10
fato o que está havendo ou por conviverem com o sentimento de culpa, vergonha, dor
e medo, que se caracteriza como a síndrome do medo (GOTTARDI, 2016, p.22).
As consequências mais comuns são vergonha excessiva, comportamento
agressivo, hiperatividade, fuga de contato físico, tentativa de suicídio, comportamento
antissocial, falta de confiança nos adultos, depressão e medo (FURNISS, 2002, p.
125). A partir destas considerações, visa-se analisar as consequências do abuso
sexual contra crianças e adolescentes e a importância da intervenção psicológica
através da psicoterapia.
Esta monografia contribui, diretamente, para maior entendimento sobre os
sintomas que as crianças e adolescentes podem demonstrar após violência sexual
que, muitas vezes, podem passar despercebidos pelas famílias das vítimas. Além
disso, reconhecer essencial a intervenção da psicologia através da psicoterapia
durante todo o processo, tratando sequelas das vítimas, tornando possível uma vida
adulta com mais qualidade, sem traumas físicos e psicológicos.
De acordo com Berman et al (2001), existe na área da psicologia alguns
caminhos que podem ser tomados neste sentido, por exemplo, a psicoterapia, que se
apresenta como componente extremamente necessário ao tratamento de vítimas de
abuso sexual infantil e, em alguns casos, é superior ao tratamento farmacológico
(BERMAN, et al, 2001, p.34).
O objetivo geral do trabalho é observar o impacto psicológico causado pelo
abuso sexual em crianças e adolescentes, assim como analisar as prováveis e mais
comuns consequências de tal crime. Os objetivos específicos, que norteiam o
desenvolvimento de cada um dos capítulos foi, inicialmente, analisar o conceito e
contexto histórico do abuso sexual contra crianças e adolescentes para, em seguida,
verificar os sintomas e os danos psicológicos, inclusive fazendo uma investigação de
caso concreto muito conhecido e, por fim, fazer uma avaliação das possíveis e
cabíveis intervenções psicológicas em face da situação estudada.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Vale salientar que, por ser sistemática, primordialmente ela deve ser fruto de
um planejamento; deve “indicar claramente as evidências a serem incluídas; indicar e
delimitar a área de busca; apontar previamente os escritores para a busca; evitar ao
máximo a apreensão subjetiva dos fatos observados; indicar o campo e a cronologia
da revisão” (MARTINS, 2018, p. 06).
A segunda se trata da revisão integrativa, uma revisão “que também utiliza
métodos explícitos e sistemáticos para analisar tendências, sintetizar resultados,
identificar, selecionar e avaliar não só estudos primários (pesquisas), como revisões
teóricas, relatos e outros tipos de estudos” (MARTINS, 2018, p.14).
“A questão de pesquisa é mais ampla do que aquela que gera uma revisão
sistemática, pois pode reunir vários tipos de estudos” (MARTINS, 2018, p.15). Além
disso, “busca, avaliar criticamente e sintetizar o conhecimento; combina dados da
literatura teórica e empírica” (Idem, p.15). A metodologia empregada assemelha-se à
da revisão sistemática, diferenciando-se pelo fato de permitir “a inclusão de estudos
12
tem por objetivo mapear o conhecimento sobre uma questão ampla (análise
da literatura); Não há critério explícito e sistemático para a busca e análise
crítica das evidências – não exige protocolo rígido; Fontes: não são pré-
determinadas ou específicas. Geralmente são menos abrangentes; Seleção
arbitrária dos estudos. O pesquisador decide quais artigos ou informações
são mais relevantes; Passível de viés; Grande interferência de intervenção
subjetiva (CORDEIRO, 2007, p. 52).
O abuso sexual supõe uma disfunção em três níveis: o poder exercido pelo
grande (forte) sobre o pequeno (fraco); a confiança que o pequeno
(dependente) tem no grande (protetor); e o uso delinquente da sexualidade,
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isso, a família deve assegurar que estejam “a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” (BRASIL, 1988).
Dentro desse contexto legal, é importante destacar o que afirmam Bitencourt
e Roberto (2012) considerando com veemência
o abuso sexual infantojuvenil intrafamiliar como uma das mais graves formas
de violência, pois lesa os direitos fundamentais das crianças e adolescentes,
apresentando contornos de durabilidade e habitualidade; trata-se, portanto, de
um crime que deixa mais do que marcas físicas, atingindo a própria alma das
pequenas vítimas. Consiste na utilização de uma criança ou adolescente para
satisfação dos desejos sexuais de um adulto que sobre ela tem uma relação
de autoridade ou responsabilidade socioafetiva. A origem do abuso sexual
intrafamiliar transcende as fronteiras das culturas, e tem seus precedentes nos
primórdios da civilização humana (BITENCOURT, 2012, p.1175).
A partir disso, é mais comum que essas violências ocorram dentro do contexto
familiar e que suas denúncias, na maioria das vezes, não ocorram. A própria família,
por vezes, oprime e esconde o fato quando se trata de um agressor membro familiar.
Aded et al. (2006, p. 207) postulam que, na maioria dos casos, o abusador é um
familiar, amigo ou vizinho, mas sempre alguém que faz parte do universo da criança.
Em uma entrevista em 2018, Joanna fala que chegou a tentar falar com sua
mãe, quando criança, que o seu ex-treinador tentou lhe dar um beijo, ao que sua mãe
respondeu ser impossível e que a mesma poderia estar confundindo o carinho que ele
tinha por ela, como se uma filha fosse. Em alguns trechos da entrevista fica nítido que,
apesar dos anos passarem, ainda há vestígios dessas consequências.
Em uma de suas falas, ela diz que seu ex-treinador era de tamanha
proximidade familiar que a levava para tomar caldo de cana, de tal modo que hoje ela
não consegue sentir nem mesmo o cheiro da bebida sem ter algum tipo de aversão.
Também relata que teve uma crise, em uma farmácia, ao sentir o cheiro de um protetor
solar que era da mesma marca utilizada pelo então treinador.
Aos 12 anos, quando entrou na fase da puberdade, cortou o cabelo e passou
a usar roupas largas e soltas, pois não queria que ninguém tivesse interesse nela, de
modo que isso a fazia se sentir segura.
Quando entrei na minha primeira experiência sexual, as memórias do abuso
começaram a voltar de uma maneira muito forte e minha relação com a
piscina deixou de ser prazerosa. Nesse momento eu entendi que não tinha
mais como fugir. Essas memórias vinham na minha cabeça, mas eu me
embriagava de natação e dos resultados que estavam vindo. Isso seria
suficiente para eu ir tocando a minha vida (MARANHÃO, 2016, Youtube).
23
Anos depois, um senador da república propôs à Joanna que seu caso servisse
de base para uma lei, o que veio a se realizar em 18 de maio de 2012, quando
promulgada a lei n° 12.650, ou “Lei Joanna Maranhão”, marcando a data como o dia
nacional da luta contra o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
Na redação da lei, foi alterado o prazo de prescrição desse tipo de crime que
fere a honra sexual infantojuvenil. A partir de então, foi também considerado que, com
auxílio da psicologia, é possível que as vítimas tenham uma maior compreensão sobre
o que aconteceu, tendo atingido a maturidade emocional e psicológica, tal como
aconteceu com a atleta.
Nesse sentido, a Lei n° 12.650, em seu Art. 111, determina que “nos crimes
Em 2014, Joanna criou uma ONG chamada Infância Livre, que ajuda crianças
e adolescentes que sofreram violência sexual. Uma organização que não tem sede
fixa, por se tratar de um trabalho cuja itinerância marca a missão do grupo, que é ir
até aquelas pessoas que desejam ouvir sobre esse assunto, entender como isso
acontece e construir formas de ajudar as vítimas.
Esse capítulo aborda uma revisão crítica da bibliografia sobre o tema do abuso
sexual contra crianças e adolescentes, enfatizando o manejo psicanalítico nesses
casos e, como a psicanálise pode contribuir para a superação dos traumas. A
intervenção psicológica é uma fonte de superação e não deve ser deixada de lado
quando o assunto for a busca pela compreensão e convivência com um trauma, de
maneira que a vida da vítima não seja tão drasticamente afetada ou estagnada.
Pelo exposto, a melhoria que se espera observar nas crianças não depende
apenas da eficácia/efetividade do tratamento, mas sim, está relacionada de forma
direta à forma como os adultos cuidadores da criança atuam. Nesse sentido, fatores
como a saúde mental dos pais, conflitos conjugais, presença de eventos estressores,
o nível socioeconômico familiar, fatores culturais e comunitários influenciam de forma
acentuada no grau e na manutenção da melhoria (HABIGZANG et al, 2008, p.67)
No tratamento da criança ou do adolescente que tenha sido vítima de um
abuso do tipo em estudo, independentemente de qual seja o referencial teórico e qual
abordagem de intervenção, existe a necessidade de se criar um clima de segurança
e aceitação para que a criança adquira confiança e possa se comunicar com menor
tensão, maior conforto e disposição em expressar o que sente. Deve-se, inclusive,
buscar transformar o trauma em uma influência para a vida e não deixar que seja um
obstáculo perpétuo na existência daquela vítima.
“No Brasil, estudos sobre avaliação de métodos terapêuticos são escassos,
sendo que, além das dificuldades anteriormente citadas, verifica-se a ausência de
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Vale ainda observar que alguns estudos também apontam para os benefícios
da TCC no formato grupal, em que as crianças e adolescentes vítimas do mesmo tipo
27
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ADED, N.L.O et al. Abuso sexual em crianças e adolescentes: revisão de 100 anos
de literatura. Rev. Psiq. Clín. v.33, n.4, p.204-213, 2006.
COLIN, R. Real World Research: A resource for social sciences and practioner-
reseacher. Oxford: Blackwell, 1993.
CORDEIRO, A. M. et al. Revisão sistemática: uma revisão narrativa. Rev. Col. Bras.
Cir., Rio de Janeiro, v. 34, n. 6, p. 428-431, dez. 2007.
GHETTI, S. et al. Legal involvement in child sexual abuse cases. Consequences and
interventions. International Journal of Law and Psychiatry. v.25, p.235-251, 2002.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,
1987.
______. Nadadora Joanna Maranhão fala sobre carreira, abuso sexual e suicídio.
Trip TV. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=A2prD1g3TV4>.
Acesso em: 14 abr. 2022.
WHO (World Health Organization). Child sexual abuse: a silent health emergency.
AFR/RC54/15 Rev. v.1, 23 jul. 2010. Disponível em:
<http://afrolib.afro.who.int/RC/RC%2054%20Doc-
En/AFR.RC54.15%20Rev.1%20Child.Sexual.Abuse.18.06.04-5a.pdf.>. Acesso em:
15 mar. 2022.