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Intervenção Social em Crianças e Jovens – Resumos 2018/2019
16. Acesso a informação apropriada - O Estado deve garantir à criança o acesso a uma informação e a
materiais provenientes de fontes diversas, e encorajar os media a difundir informação que seja de
interesse social e cultural para a criança.
• O Estado deve tomar medidas para proteger a criança contra materiais prejudiciais ao seu bem-
estar.
17. Responsabilidade dos pais - Cabe aos pais a principal responsabilidade comum de educar a criança, e
o Estado deve ajudá-los a exercer esta responsabilidade.
• O Estado deve conceder uma ajuda apropriada aos pais na educação dos filhos.
18. Proteção contra maus tratos e negligência - O Estado deve proteger a criança contra todas as formas
de maus tratos por parte dos pais ou de outros responsáveis pelas crianças e estabelecer programas
sociais para a prevenção dos abusos e para tratar as vítimas
19. Proteção da criança privada de ambiente familiar - O Estado tem a obrigação de assegurar proteção
especial à criança privada do seu ambiente familiar e de zelar para que possa beneficiar de cuidados
alternativos adequados ou colocação em instituições apropriadas.
• Todas as medidas relativas a esta obrigação deverão ter devidamente em conta a origem cultural
da criança.
20. Adoção - Em países em que a adoção é reconhecida ou permitida só poderá ser levada a cabo no
interesse superior da criança, e quando estiverem reunidas todas as autorizações necessárias por
parte das autoridades competentes, bem como todas as garantias necessárias.
21. Crianças refugiadas - Proteção especial deve ser dada à criança refugiada ou que procure obter o
estatuto de refugiada.
• O Estado tem a obrigação de colaborar com as organizações competentes que asseguram esta
proteção.
22. Crianças deficientes - A criança deficiente tem direito a cuidados especiais, educação e formação
adequados que lhe permitam ter uma vida plena e decente, em condições de dignidade, e atingir o
maior grau de autonomia e integração social possível.
23. Saúde e serviços médicos - A criança tem direito a gozar do melhor estado de saúde possível e a
beneficiar de serviços médicos.
• Os Estados devem dar especial atenção aos cuidados de saúde primários e às medidas de
prevenção, à educação em termos de saúde pública e à diminuição da mortalidade infantil.
• Neste sentido, os Estados encorajam a cooperação internacional e esforçam-se por assegurar que
nenhuma criança seja privada do direito de acesso a serviços de saúde eficazes.
24. Revisão periódica da colocação - A criança colocada numa instituição pelas autoridades competentes
para fins de assistência, proteção ou tratamento tem direito a uma revisão periódica dessa colocação.
25. Segurança social - A criança tem o direito de beneficiar da segurança social, incluindo prestações
sociais.
26. Nível de vida - A criança tem direito a um nível de vida adequado ao seu desenvolvimento físico,
mental, espiritual, moral e social.
• Cabe aos pais a principal responsabilidade primordial de lhe assegurar um nível de vida adequado.
• O Estado tem o dever de tomar medidas para que esta responsabilidade possa ser – e seja –
assumida.
• A responsabilidade do Estado pode incluir uma ajuda material aos pais e aos seus filhos.
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27. Educação - A criança tem direito à educação e o Estado tem a obrigação de tornar o ensino primário
obrigatório e gratuito, encorajar a organização de diferentes sistemas de ensino secundário acessíveis
a todas as crianças e tornar o ensino superior acessível a todos, em função das capacidades de cada
um.
• A disciplina escolar deve respeitar os direitos e a dignidade da criança. Para garantir o respeito
por este direito, os Estados devem promover e encorajar a cooperação internacional.
28. Objetivos da educação - A educação deve destinar-se a promover o desenvolvimento da
personalidade da criança, dos seus dons e aptidões mentais e físicas, na medida das suas
potencialidades.
• Deve preparar a criança para uma vida adulta ativa numa sociedade livre e inculcar o respeito
pelos pais, pela sua identidade, pela sua língua e valores culturais, bem como pelas culturas e
valores diferentes dos seus.
29. Crianças de minorias ou de populações indígenas - A criança pertencente a uma população indígena
ou a uma minoria tem o direito de ter a sua própria vida cultural, praticar a sua religião e utilizar a sua
própria língua.
30. Lazer, atividades recreativas e culturais A criança tem direito ao repouso, a tempos livres e a participar
em atividades culturais e artísticas.
31. Trabalho das crianças - A criança tem o direito de ser protegida contra qualquer trabalho que ponha
em perigo a sua saúde, a sua educação ou o seu desenvolvimento.
• O Estado deve fixar idades mínimas de admissão no emprego e regulamentar as condições de
trabalho.
32. Consumo e tráfico de drogas - A criança tem o direito de ser protegida contra o consumo de
estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, e contra a sua utilização na produção e tráfico de tais
substâncias.
33. Exploração sexual - O Estado deve proteger a criança contra a violência e a exploração sexual,
nomeadamente contra a prostituição e a participação em qualquer produção de carácter
pornográfico.
34. Venda, tráfico e rapto - O Estado tem a obrigação de tudo fazer para impedir o rapto, a venda ou o
tráfico de crianças.
35. Outras formas de exploração - A criança tem o direito de ser protegida contra qualquer outra forma
de exploração não contemplada nos artigos 32, 33, 34 e 35.
36. Tortura e privação de liberdade - Nenhuma criança deve ser submetida à tortura, a penas ou
tratamentos cruéis, à prisão ou detenção ilegais.
• A pena de morte e a prisão perpétua sem possibilidade de libertação são interditas para infrações
cometidas por pessoas menores de 18 anos.
• A criança privada de liberdade deve ser separada dos adultos, a menos que, no superior interesse
da criança, tal não pareça aconselhável.
• A criança privada de liberdade tem o direito de beneficiar de assistência jurídica ou qualquer outro
tipo de assistência adequada, e o direito de manter contacto com a sua família.
37. Conflitos armados - Os Estados Partes tomam todas as medidas possíveis na prática para que
nenhuma criança com menos de 15 anos participe diretamente nas hostilidades.
• Nenhuma criança com menos de 15 anos deve ser incorporada nos exércitos.
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• Os Estados devem assegurar proteção e assistência às crianças afetadas por conflitos armados,
nos termos das disposições previstas pelo direito internacional nesta matéria.
38. Recuperação e reinserção - O Estado tem a obrigação de assegurar que as crianças vítimas de conflitos
armados, tortura, negligência, exploração ou sevícias beneficiem de cuidados adequados para a sua
recuperação e reinserção social.
39. Administração da justiça de menores - A criança suspeita, acusada ou reconhecida como culpada de
ter cometido um delito tem direito a um tratamento que favoreça o seu sentido de dignidade e valor
pessoal, que tenha em conta a sua idade e que vise a sua reintegração na sociedade.
• A criança tem direito a garantias fundamentais, bem como a uma assistência jurídica ou outra
adequada à sua defesa. Os procedimentos judiciais e a colocação em instituições devem ser
evitados sempre que possível.
40. Respeito pelas normas estabelecidas - Se uma disposição relativa aos direitos da criança que figura
no direito nacional ou internacional em vigor num Estado for mais favorável do que a disposição
análoga na Convenção, é a norma mais favorável que se aplica.
41. Aplicação e entrada em vigor - As disposições dos artigos 42 a 54 preveem nomeadamente os pontos
seguintes:
• A obrigação do Estado tornar amplamente conhecidos os direitos contidos na Convenção, tanto
pelos adultos como pelas crianças.
• A criação de um Comité dos direitos da criança composto por dez peritos encarregados de
examinar os relatórios que os Estados Partes devem submeter dois anos após a ratificação e, em
seguida, de cinco em cinco anos. A Convenção entra em vigor após a sua ratificação por 20 países,
sendo então constituído o Comité.
• Os Estados Partes asseguram aos seus relatórios uma larga difusão nos seus próprios países.
• O Comité pode propor a realização de estudos específicos sobre questões relativas aos direitos
das crianças. Essas sugestões e recomendações de ordem geral são transmitidas aos Estados
interessados e levadas ao conhecimento da Assembleia Geral.
• A fim de «promover a aplicação efectiva da Convenção e encorajar a cooperação internacional»,
agências especializadas das Nações Unidas (como a OIT, a OMS e a UNESCO) e a UNICEF podem
assistir às reuniões do Comité. E podem – como qualquer organismo considerado «competente»,
nomeadamente as ONGs que gozem de um estatuto consultivo junto das Nações Unidas e órgãos
das Nações como o ACNUR – apresentar informações pertinentes ao Comité e vir a ser convidadas
a dar parecer sobre a melhor forma de garantir a aplicação da Convenção.
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Sociologia da Infância tem vindo, sobretudo no decurso das duas últimas décadas, a ganhar maior
expressão, através da criação dos seus próprios conceitos, da formulação de teorias e abordagens
distintas e de constituição de problemáticas autónomas.
➢ Considerando, simultaneamente, as dimensões estruturais e interativas da infância, a Sociologia da
Infância desenvolve-se contemporaneamente, em boa parte, por necessidade de compreensão do
que é um dos mais importantes paradoxos atuais (nunca como hoje as crianças foram objeto de
tantos cuidados e atenções e nunca como hoje a infância se apresentou como a geração onde se
acumulam exponencialmente os indicadores de exclusão e de sofrimento.)
➢ Incorpora na sua agenda teórica, a interpretação das condições atuais de vida das crianças
(construção da reflexividade contemporânea sobre a realidade social)
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Estatuto pré-social:
1. as crianças são “invisíveis” porque não são consideradas como seres sociais de pleno direito.
2. Acresce a isto o facto da modernidade ter confinada às crianças ao espaço privado, ao cuidado da
família e ao apoio de instituições sociais (asilos, infantários, creches, etc),
3. A privatização da infância não apenas opera um efeito de ocultamento e invisibilização da condição
social da infância
4. não tematizado como atividade social e não referenciado tradicionalmente como atividade económica
5. O trabalho de construção científica do objeto social infância torna indispensável, por isso mesmo,
desconstruir a produção pericial da infância pelas ciências do indivíduo, tarefa esta que não é feita
sem escolhos teóricos e epistemológicos, 5 gerações.
Qvortup (1995) afirma que as crianças, mais do que ignoradas, têm sido marginalizadas e “menorizadas”
pelo discurso sociológico.
➢ A emergência contemporânea de um novo surto do discurso sociológico centrado na infância toma
por referência uma revisão crítica do conceito de “socialização”:
1. sendo as crianças analisadas como atores no processo de socialização e não como destinatários
passivos da socialização adulta
2. considerando a complexidade das variáveis sociais em presença (onde as relações de classe,
género, etnia se associam a características interindividuais que tornam o processo de transmissão
e receção dos saberes, normas e valores sociais muito mais complexo do que aquilo que a
conceção tradicional de socialização propõe).
3. Acresce à revisão científica do conceito de socialização, o facto da sociologia se ter vindo a ocupar
progressivamente das dimensões sociais do espaço privado e individual.
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A infância depende da categoria geracional constituída pelos adultos para a provisão de bens
indispensáveis à sobrevivência dos seus membros,
➢ Esta dependência tem efeitos na relação assimétrica relativamente ao poder, ao rendimento e ao
status social que têm os adultos e as crianças, sendo esta relação transversal (ainda que não
independente) das distintas classes sociais.
O poder de controlo dos adultos sobre as crianças está reconhecido e legitimado, não sendo verdadeiro
o inverso, o que coloca a infância – independentemente do contexto social ou da conjuntura histórica –
numa posição subalterna face à geração adulta.
➢ A existência de um grupo que é socialmente subalterno devido a sua condição etária é, por
consequência, essencial à definição da infância.
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Definição de Criança:
A Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas, de 1989, estabelece o limite da infância
nos 18 anos e adotamos este marco referencial como o arbítrio mais consensual para a definição dos
limites da infância, sem prejuízo da consideração da existência de vários subgrupos etários, como
categorias sócias (e não apenas psicológicas) no interior da infância.
Contradições
1. No plano diacrónico, essas diferenças e contradições ocorrem a propósito das várias e sucessivas
imagens sociais construídas sobre a infância e aos vários papeis sociais atribuídos: (Ex: trabalho
das minas, aproveitando a diminuta estatura das crianças para penetrar nas galerias mais estreitas
hoje geralmente condenado.
2. No plano sincrónico, essas diferenças e contradições operam por efeito da pertença a diferentes
classes sociais, ao género, à etnia, ao contexto social de vida (urbano ou rural), ao universo
linguístico ou religioso de pertença, etc.
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As 9 teses que Jans Qvortrup formulou como síntese da interpretação da Sociologia da Infância sobre:
A infância como fenómeno social:
Tese 1: A infância é uma forma particular e distinta de uma estrutura social da sociedade (…).
Tese2: A infância é, sociologicamente falando, não uma fase transitiva mas uma categoria social
permanente (…).
Tese 3: A ideia da [essência] da criança enquanto tal é problemática, dado que a infância é uma categoria
histórica e intercultural (…).
Tese 4: A infância é uma parte integrante da sociedade e da sua divisão de trabalho (…).
Tese 5: As crianças são elas próprias co-construtoras da infância e da sociedade (…).
Tese 6: A infância está em princípio exposta às mesmas forças macro-sociais que a adultez (e.g. forças
económicas e institucionais), ainda de que uma forma particular (…)
Tese 7: A dependência estipulada das crianças tem consequências para a invisibilidade das crianças nas
descrições históricas e sociais, bem como na sua consideração como beneficiárias do Estado Providência
(…).
Tese 8: A ideologia familialista, não a parentalidade, constitui um obstáculo contra os interesses e o bem-
estar das crianças (…).
Tese 9: A infância é uma clássica categoria minoritária, dado que é sujeita a tendências marginalizadoras
e paternalistas.” (Qvortrup, 2001:223-232)
Programa da nova Sociologia da infância está presente nos dois textos de enunciação programática que
transcrevemos:
1. o carácter não natural, mas histórico e social, da categoria infância, a diferenciação categorial da
infância face à adultez,
2. outras categorias estruturais da sociedade (classe, género, etnia, etc.)
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9. As mutações da modernidade têm implicações nas condições de vida das crianças e no estatuto
social da infância.
➢ As crianças exprimem fortemente as mudanças sociais, interpretando-as e posicionando-se
perante elas;
➢ As mudanças radicam nas transformações mais profundas da sociedade contemporânea:
• emergência da “sociedade de risco”
• pela globalização hegemónica, com inerentes alterações culturais e tecnológicas,
• pelo agravamento das desigualdades sociais, incremento dos fatores de desproteção e
desenvolvimento dos dispositivos de influência da indústria cultural para
➢ A Sociologia da Infância promove o entendimento de que as transformações e mudanças sociais
não levam ao desaparecimento da infância, mas promovem transformações estruturais e
simbólicas nas condições de vida e nas culturas da infância envolvendo-se num projeto social mais
amplo de promoção dos direitos de cidadania da infância.
10. A Sociologia da Infância só poderá desenvolver-se se for capaz de se articular com um programa em
renovação na própria Sociologia e de dar conta das transformações sociais e da “mudança
paradigmática”
➢ necessita de dar conta do “declínio do programa institucional”, com os processos
contemporâneos de subjetivação;
➢ carece de esbater as suas barreiras disciplinares, constituir-se também, como uma sociologia da
construção discursiva da infância;
➢ só poderá concretizar o seu programa científico:
1. se assumir a participação da criança como referente a um tempo social e metodológico;
2. se tomar a criança como sujeito de conhecimento e se fizer de si própria uma verdadeira
Sociologia.
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• Os jovens entre os 15 e 24 anos de idade são o grupo etário mais conectado. Mundialmente 71%
está online, comparado a 48% da população total.
• Crianças e adolescentes abaixo dos 18 anos, uma em cada três usam internet.
• Há cada vez mais crianças a aceder à internet a partir de idades cada vez mais baixas. Em alguns
países crianças abaixo dos 15 anos usam tanto a internet como um adulto com 25 anos.
• Existem cada vez mais crianças a usar smartphones com acesso online, criando uma cultura de
quarto, torna-se assim mais pessoal, mais privado e menos supervisionado.
• Conectividade pode ser uma mais-valia para algumas crianças marginalizadas do mundo,
ajudando-as a alcançar o seu potencial e a quebrar ciclos de pobreza intergeracionais.
• As tecnologias digitais podem ser oportunidade económicas, dando aos jovens oportunidades de
treino e serviços de conjugação de trabalho, criando assim novos tipos de trabalho.
• O acesso ao mundo digital está a tornar-se na nova linha de divisão, há medida que milhões de
crianças poderiam beneficiar do mesmo, outras encontram-se a perder oportunidades.
• 29% dos jovens ao nível mundial não estão a usar internet.
• A juventude africana é a menos conectada, cerca de 60% em contraste com 4% na Europa.
• As divisões digitais vão para além da questão do acesso, crianças que utilizam telemóveis em vez
de computadores obtêm uma experiência online inferior, e aquelas que têm falta de aptidão
digital ou falam línguas minoritárias frequentemente não conseguem encontrar conteúdo
relevante online.
• As divisões digitais espelham as discrepâncias económicas, amplificando as vantagens das crianças
mais ricas e falhando em distribuir oportunidades às crianças mais pobres, com menor vantagens.
• Existe também uma disparidade entre géneros. Mundialmente os homens usam 12% mais
internet que as mulheres (2017). Na Índia menos de um terço dos utilizadores de internet são
mulheres.
• A tecnologia digital pode fazer com que as crianças sejam mais susceptíveis a danos online ou
offline. As crianças mais vulneráveis poderão correr um risco maior, incluindo perda de
privacidade.
• As TIC estão a favorecer os riscos na infância: bulling, servindo assim de combustível a novas
formas de abuso a crianças – pedofilia e pornografia infantil.
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• Os predadores entram com mais facilidade em contacto com as crianças, criando perfis falsos e
acedendo a perfis que não se encontrem protegidos nos media sociais e em fóruns de jogos.
• Dark web
• Holanda, Canadá, EUA, Rússia e França, são os países em que 92% dos endereços associados a
abusos sexual de crianças estão sedeados.
• As atitudes variam em função da cultura. As crianças frequentemente recorrem aos seus
seguidores ou visualizadores quando experienciam riscos ou danos online, tornando difícil para
aos pais proteger os filhos.
• Os uso das TIC, contribuem para crises como depressões, ansiedade, gerando até obesidade
infantil, mas em alguns casos poderá ser benéfico, providenciando apoio às crianças que não o
recebem offline.
• É importante uma boa gestão do tempo online, sendo que é aconselhável uma concentração
naquilo que as crianças fazem online em detrimento de quanto tempo estão online, por via a faze-
los obter o máximo proveito do tempo na internet.
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1- Definição de criança
O conceito de criança encontra-se expressamente definido no artigo 1.º da Convenção sobre os Direitos
da Criança, segundo o qual: “criança é todo o ser humano menor de 18 anos, salvo se, nos termos da lei
que lhe for aplicável, atingir a maioridade mais cedo”
No domínio do emprego, por exemplo, os 18 anos constituem a idade mínima para o desempenho de
trabalhos perigosos ou suscetíveis de comprometer a saúde, segurança ou moralidade da pessoa, mas a
idade mínima geral de acesso ao emprego está fixada nos 15 anos, podendo ser de 14 para os países em
desenvolvimento e admitindo-se mesmo a possibilidade de desempenho de trabalhos leves, que não
prejudiquem a frequência escolar, a partir dos 13 anos (artigo 32.º CDC e Convenção n.º 138 da OIT,
artigos 2.º, n.os 3 e 4 e 3.º e 7.º).
O Comité dos Direitos da Criança, por exemplo, tem vindo a considerar reiteradamente que a fixação de
idades mínimas tem de ser levada a cabo no contexto dos princípios básicos subjacentes à CDC,
nomeadamente os princípios da não discriminação e do interesse superior da criança, devendo também
respeitar o “desenvolvimento das suas capacidades” (artigo 5.º CDC).
• Sublinha também que todas as crianças — tanto de tenra idade como adolescentes até aos 18
anos de idade — são titulares de todos os direitos previstos na Convenção, tendo direito a
medidas gerais de proteção e, de acordo com as suas capacidades em evolução, ao exercício
progressivo dos seus direitos2.
• Considera ainda dever haver coerência entre, por exemplo, as idades fixadas para a conclusão do
ensino obrigatório e a admissão ao emprego. Está neste momento em elaboração um Comentário
Geral específico sobre os direitos dos adolescentes3.
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Na área do direito internacional humanitário, refira-se que 25 artigos das Convenções de Genebra de 12
de agosto de 1949 e seus Protocolos de 1977 tratam de questões relativas às crianças, como o tratamento
preferencial na assistência alimentar e médica e a proibição do recrutamento e participação direta nas
hostilidades dos menores de 15 anos
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), com as crianças praticamente desde a sua fundação,
adotou até hoje mais de uma dezena de tratados que visam especificamente a proteção das crianças,
dois deles considerados tratados fundamentais:
1. as Convenções n.º 138, sobre a idade mínima de admissão ao emprego (1973)
2. n.º 182, relativa à eliminação das piores formas de trabalho das crianças (1999).
Conferência da Haia de Direito Internacional Privado (CHDIP) - Foram adotados desde 1956, sob a égide
da, onze tratados que visam expressamente a proteção internacional da infância, abrangendo áreas como
a garantia das obrigações de alimentos, o rapto de crianças e as adoções.
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Comité dos Direitos da Criança - foi criado para a monitorização da aplicação da Convenção sobre os
Direitos da Criança, é hoje composto por 18 peritos independentes e com natureza e competências
idênticas às dos restantes oito órgãos dos tratados fundamentais de direitos humanos da ONU.
O Comité examina relatórios que lhe são periodicamente apresentados pelos Estados Partes dando conta
das medidas adotadas para cumprir as obrigações impostas pela Convenção:
1. elabora comentários gerais interpretativos das disposições da Convenção a fim de auxiliar tais
Estados no cumprimento das suas obrigações,
2. formula recomendações gerais e organiza regularmente debates temáticos sobre assuntos
relacionados com os direitos da criança.
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➢ tem hoje uma ligação umbilical com a CDC, já que é a única agência expressamente mencionada no
texto da Convenção (artigo 45.º) - o seu trabalho é orientado por esta, tentando mobilizar vontade
política e recursos materiais para ajudar os países, particularmente países em desenvolvimento, a
dar prioridade às crianças e adotar políticas e serviços adequados a estas e suas famílias.
➢ No seu trabalho, a UNICEF diz-se empenhada em garantir a proteção especial das crianças em
situação de maior desvantagem, como vítimas de guerra, desastres, pobreza extrema, todas as
formas de violência e exploração e com deficiência.
➢ Trabalhando em parceria com entidades do sistema da ONU e agências humanitárias, tenta dar
resposta em situações de emergência e prosseguir os objetivos de desenvolvimento sustentável.
➢ Os seus programas no terreno promovem ainda a igualdade de género e a participação das mulheres
e raparigas no desenvolvimento político, social e económico das suas comunidades.
Inteiramente financiada por contribuições voluntárias, a UNICEF desenvolve o seu trabalho enquanto
parte integrante das atividades da ONU em cada país, estando atualmente presente em 190 Estados:
• quer através dos seus gabinetes no terreno, que desenvolvem programas individualizados de
cooperação com os governos anfitriões (sob orientação e com o apoio dos gabinetes regionais);
• quer através dos comités nacionais, ONG que, nos países industrializados, apoiam a promoção dos
direitos da criança, angariam fundos e estabelecem parcerias com a sociedade civil e o mundo
empresarial.
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20. exige-se que as crianças sejam tratadas de forma consentânea com a sua idade (artigo 37.º, alínea c)
e artigo 40.º, n.º 4) e que as crianças privadas de liberdade sejam separadas dos adultos (artigo 37.º,
alínea c)).
21. Obriga-se também ao estabelecimento de leis, processos, autoridades e instituições especificamente
adequadas a crianças suspeitas, acusadas ou reconhecidas como tendo infringido a lei penal (artigo
40.º, n.º 3), nomeadamente a fixação de uma idade mínima de imputabilidade penal e, sempre que
possível, a adoção de medidas sem recurso ao processo judicial.
22. A criança institucionalizada tem direito à revisão periódica do seu tratamento e colocação (artigo
25.º).
23. Os Estados Partes na CDC ficam também obrigados a respeitar as responsabilidades, direitos e
deveres dos pais, representantes legais, membros da família e da comunidade (artigo 5.º) e
nomeadamente a responsabilidade primacial e comum dos pais na educação e desenvolvimento da
criança (artigo 18.º, n.º 1), assim como a combater a deslocação e retenção ilícitas de crianças no
estrangeiro (artigo 11.º) e a divulgar a Convenção (artigo 42.º).
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Em Portugal
Em janeiro de 2014 apresentou ao Comité dos Direitos da Criança, reunido em Genebra:
• o seu terceiro e quarto relatórios periódicos sobre a aplicação da Convenção
• os relatórios iniciais relativos à aplicação dos Protocolos Facultativos sobre a participação de crianças
em conflitos armados e sobre a venda de crianças, prostituição infantil e pornografia infantil.
Reconheceu então o Comité - tal como havia já reconhecido aquando da análise dos dois primeiros
relatórios, em 1995 e 2001, respetivamente — a adoção pelo Estado português de diversas medidas com
impacto positivo no cumprimento das obrigações impostas pela Convenção, nomeadamente:
1. alterações no regime de proteção na parentalidade,
2. atribuição de subsídio pré-natal a mulheres grávidas e prestações sociais a famílias com filhos;
3. regime de execução das medidas de promoção e proteção das crianças e jovens em perigo em
meio natural de vida;
4. aumento da proteção social às famílias monoparentais;
5. aumento do apoio à educação pré-escolar e ao ensino básico e secundário;
6. adoção do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES) e do Programa
de Apoio ao Investimento em Equipamentos Sociais (PAIES);
7. criminalização de todas as formas de castigos corporais em 2007 (em resultado de uma queixa
apresentada em 2006 pela ONG World Organisation against Torture ao Comité Europeu dos
Direitos Sociais, o qual concluiu que a legislação então em vigor em Portugal não assegurava
satisfatoriamente a proteção das crianças, conforme exigido pela Carta Social Europeia Revista);
8. medidas de combate à discriminação contra as pessoas com deficiência;
9. novo regime legal da adoção de 2003;
10. adoção dos planos/programas nacionais nas áreas da igualdade, violência de género e violência
doméstica, tráfico de seres humanos, integração de imigrantes e integração das pessoas com
deficiência;
11. adoção do Programa de Emergência Social em 2011;
12. medidas de apoio às comunidades ciganas, como gabinetes de apoio e projetos-piloto de
mediadores municipais; e criação da rede nacional de centros de acolhimento para vítimas de
violência doméstica.
O Comité felicitou também Portugal pela ratificação de diversos instrumentos internacionais, incluindo
a maioria dos principais tratados de direitos humanos da ONU e outros com incidência específica na
proteção da infância.
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Destaca-se ainda:
1. uma notável redução na taxa de mortalidade infantil,
2. campanhas contra o bullying em meio escolar (incluindo o bullying homofóbico),
3. melhorias no acolhimento e tratamento das crianças imigrantes
4. programas específicos nas áreas da inserção social e educação, intervenção precoce na infância,
segurança em meio escolar, saúde infantil e juvenil, prevenção de acidentes e mutilação genital
feminina.
A atual crise económica e financeira que Portugal atravessa foi, no entanto, identificada como um dos
obstáculos à plena realização das disposições da Convenção e várias são as recomendações que visam
minimizar o seu impacto sobre as crianças, nomeadamente com vista à afetação de recursos adequados
aos mecanismos de proteção da infância e sistemas de educação, saúde e segurança social.
➢ Recomendações do Comité
1. uma avaliação completa das necessidades das crianças e a afetação dos recursos financeiros
adequados a tais necessidades,
2. a adoção de uma perspetiva de direitos da criança na elaboração do orçamento,
3. o estabelecimento de mecanismos de avaliação do impacto do orçamento na situação das crianças
4. dotações específicas para crianças em situação de desvantagem ou vulnerabilidade.
5. a plena compatibilização da legislação nacional com as disposições da Convenção,
6. a adoção de uma estratégia nacional abrangente para a implementação da Convenção,
7. a melhoria dos mecanismos de coordenação e monitorização na área dos direitos da criança,
8. o desenvolvimento de procedimentos e critérios para orientar todas as partes competentes na
determinação do interesse superior da criança em todas as áreas relevantes
9. o reforço dos esforços para assegurar o respeito do direito da criança a ser ouvida em todos os
processos judiciais ou administrativos que afetem os seus interesses.
10. uma série de medidas relativas à recolha de dados estatísticos sobre a situação das crianças,
designadamente a introdução de um sistema de recolha de dados abrangendo toda a infância, até
aos 18 anos de idade,
11. o desenvolvimento de um sistema de indicadores na área dos direitos da criança.
12. o reforço das medidas de informação e sensibilização sobre direitos da criança, bem como da
formação dos profissionais que trabalham com e para crianças, como juízes e outros magistrados,
assistentes sociais, polícias, profissionais de saúde e jornalistas.
13. deverão ser intensificados os esforços para eliminar todas as formas de discriminação contra
crianças imigrantes, estrangeiras e pertencentes a minorias étnicas e raciais, incluindo de origem
cigana e afrodescendentes, bem como discriminadas com base na sua orientação sexual ou
identidade de género. (há ainda outras recomendações).
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A UNICEF lembra que as medidas que vieram a ser adotadas para proteger os oceanos e ecossistemas,
criar cidades sustentáveis, investir na energia e nas infra-estruturas, reforçar as instituições e estabelecer
parcerias “darão forma” à vida das crianças e ao mundo que as rodeia e, nesta medida, influenciarão
decisivamente o gozo dos seus direitos.
➢ A realização de cada ODS terá pois impacto na realização dos restantes e, nesta medida, de todos
os direitos da criança.
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1. Ama - Atividade desenvolvida por pessoa capacitada que, por conta própria e mediante retribuição, cuida
de uma ou mais crianças até aos 3 anos de idade que não sejam suas parentes ou afins na linha reta ou
no 2.º grau da linha colateral, por um período de tempo correspondente ao trabalho ou impedimento
dos pais ou da pessoa que tenha a guarda de facto.
Tem por objetivos:
➢ Apoiar as famílias mediante o acolhimento de crianças;
➢ Manter as crianças em condições de segurança;
➢ Proporcionar, num ambiente familiar, as condições adequadas ao desenvolvimento integral da
criança.
2. Creche - Resposta social de natureza socioeducativa, para acolher crianças até aos 3 anos de idade,
durante o período de impedimento dos pais ou da pessoa que tenha a sua guarda de facto.
Tem por objetivos:
➢ Proporcionar, através de um atendimento individualizado, o bem-estar e desenvolvimento integral
das crianças num clima de segurança afetiva e física;
➢ Colaborar com a família na partilha de cuidados e responsabilidades no desenvolvimento das
crianças;
➢ Colaborar no despiste precoce de qualquer inadaptação ou deficiência assegurando o seu
encaminhamento adequado.
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4. Centro de atividades de tempos livres - Resposta social que proporciona atividades de lazer a crianças e
jovens a partir dos 6 anos, nos períodos disponíveis das responsabilidades escolares, desenvolvendo-se
através de diferentes modelos de intervenção, nomeadamente acompanhamento/inserção e prática de
atividades específicas.
Tem por objetivos:
➢ Criar um ambiente favorável ao desenvolvimento de cada criança ou jovem;
➢ Colaborar na socialização de cada criança ou jovem, através da participação na vida em grupo;
➢ Favorecer a relação entre família, escola, comunidade e estabelecimento, com vista a uma
valorização, aproveitamento e rentabilização de todos os recursos do meio;
➢ Proporcionar atividades integradas num projeto de animação sócio-cultural;
➢ Melhorar a situação social e educativa e a qualidade de vida das crianças;
➢ Potenciar a interação e a integração social das crianças com deficiência, em risco e em exclusão
social e familiar.
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Medidas de Colocação - Nas situações em que a manutenção da criança ou do jovem no seu agregado
familiar de origem não corresponde ao seu superior interesse, estão previstas medidas de colocação por
forma a assegurar, de forma temporária ou mais prolongada, a satisfação das suas necessidades básicas
e educativas.
1. Acolhimento familiar — consiste na atribuição da confiança da criança ou do jovem a uma pessoa
singular ou a uma família, habilitada para o efeito, proporcionando:
• a sua integração em meio familiar
• a prestação de cuidados adequados às suas necessidades e bem-estar,
• a educação necessária ao seu desenvolvimento integral.
➢ As famílias de acolhimento podem constituir-se em lar familiar ou em lar profissional, sendo que,
neste último caso, o mesmo deverá ser constituído por uma ou mais pessoas com formação técnica
adequada às necessidades específicas da criança.
➢ O acolhimento familiar, por seu turno, poderá ser de curta duração ou prolongado, consoante,
respetivamente, seja previsível o retorno da criança ou do jovem à família natural em prazo não
superior a seis meses ou em que, sendo previsível o retorno à família natural, circunstâncias
relativas à criança ou ao jovem exijam um acolhimento de maior duração.
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Medidas complementares
1. Abono de família pré-natal — prestação atribuída à mulher durante o período de gravidez, para
compensar os encargos acrescidos.
2. Abono de família para crianças e jovens — prestação paga mensalmente para compensar os encargos
familiares respeitantes ao sustento e educação das crianças e jovens. Existem majorações para
ambos os abonos nas seguintes situações:
a) Famílias monoparentais: aumento de 20 % no valor do abono;
b) Famílias com 2 ou mais crianças: aumento do valor do abono de família para crianças e jovens.
3. Subsídio parental — prestação atribuída ao pai e à mãe, durante o período de impedimento para o
exercício de atividade profissional, por nascimento de filho.
4. Subsídio social parental — prestação atribuída ao pai e à mãe, em situação de carência económica,
por nascimento de filho.
5. Subsídio parental alargado — prestação atribuída aos pais, após a concessão do subsídio parental
inicial ou do subsídio parental alargado do outro progenitor, durante os períodos de impedimento
para a atividade profissional, para assistência a filho.
6. Subsídio por risco clínico durante a gravidez — prestação atribuída à trabalhadora, durante os
períodos de impedimento para a atividade profissional, nas situações de risco clínico para a grávida
ou para o nascituro.
7. Subsídio social por risco clínico durante a gravidez — prestação atribuída à trabalhadora, em situação
de carência económica, em caso de risco clínico para a grávida ou para o nascituro.
8. Subsídio por interrupção da gravidez — prestação atribuída à trabalhadora, durante o período de
impedimento para o exercício de atividade profissional, nas situações de interrupção da gravidez.
9. Subsídio social por interrupção da gravidez — prestação atribuída à trabalhadora, em situação de
carência económica, em caso de interrupção da gravidez.
10. Subsídio por riscos específicos — prestação atribuída à trabalhadora grávida, puérpera e lactante
que desempenhe trabalho noturno ou esteja exposta a riscos específicos que prejudiquem a sua
segurança e saúde, durante o período de impedimento para o exercício de atividade profissional.
11. Subsídio social por riscos específicos — prestação atribuída à trabalhadora grávida, puérpera e
lactante, em situação de carência económica, que desempenhe trabalho noturno ou esteja exposta
a riscos específicos que prejudiquem a sua segurança e saúde.
12. Subsídio para assistência a filho — apoio em dinheiro dado às pessoas que têm que faltar ao trabalho
para prestar assistência urgente e necessária aos filhos (biológicos, adotados ou do seu cônjuge), em
caso de doença ou acidente. Aplica-se a filhos menores ou maiores que integrem o agregado familiar
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do beneficiário, bem como aos filhos que, independentemente da idade, sejam deficientes ou
doentes crónicos.
13. Subsídio para assistência a neto — prestação atribuída aos avós ou equiparados, por nascimento de
neto, com vista a substituir os rendimentos de trabalho perdidos durante o período de impedimento
para a atividade profissional.
14. Subsídio por adoção — apoio em dinheiro dado aos candidatos a adotantes que estão de licença
(podem faltar ao trabalho) por adoção de uma criança menor de 15 anos, e destina-se a substituir os
rendimentos de trabalho perdidos durante o período de licença.
15. Subsídio de assistência a filhos com deficiência ou doença crónica — apoio em dinheiro dado às
pessoas que tiram uma licença no seu trabalho para acompanharem os filhos (biológicos, adotados
ou do seu cônjuge) devido a deficiência ou doença crónica, por período até 6 meses, prorrogável até
ao limite de 4 anos.
15. Subsídio por assistência de terceira pessoa — valor em dinheiro que é pago em cada mês às crianças
ou adultos portadores de deficiência, a receber abono de família com bonificação por deficiência ou
subsídio mensal vitalício, e que necessitem de acompanhamento permanente de uma terceira
pessoa.
16. Subsídio de bonificação por deficiência — consiste num acréscimo ao abono de família para crianças
e jovens que é atribuído quando por motivo de perda ou anomalia congénita ou adquirida, de
estrutura ou função psicológica, intelectual, fisiológica ou anatómica, a criança ou jovem necessite
de apoio pedagógico ou terapêutico.
17. Subsídio por frequência de estabelecimento de ensino especial — apoio para as crianças ou jovens
(com menos de 24 anos) com deficiência, pago mensalmente às pessoas que tenham a criança ou
jovem a seu cargo, destinada a compensar as despesas com frequência de estabelecimentos
particulares de ensino especial ou regular, frequência de creche ou estabelecimentos de educação
pré-escolar particular, apoio individual especializado.
18. Pensão por orfandade — apoio mensal em dinheiro dado a crianças e jovens órfãos, até atingirem os
18 anos ou se tornarem emancipados (o que acontecer primeiro) que sejam órfãos de pessoa que
não descontou para a Segurança Social nem para qualquer outro sistema de proteção social ou não
tem período contributivo de, pelo menos, 36 meses.
19. Bolsa de estudo — informação sobre prestação, paga mensalmente, para combater o abandono
escolar, melhorar a qualificação dos jovens em idade escolar e compensar os encargos acrescidos
com a frequência obrigatória de nível secundário ou equivalente.
20. Fundo de Garantia de Alimentos Devidos a Menores — o Fundo de Garantia dos Alimentos Devidos
a Menores assegura o pagamento das prestações de alimentos, em substituição do pai/mãe
faltoso(a), no caso de incumprimento desta obrigação.
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• Rec (2006) - Esta Recomendação reconhece a família como a instância em que a coesão social é
primeiramente experienciada e aprendida pelo que se recomenda aos Estados a adoção das
necessárias medidas legislativas, administrativas e financeiras com vista ao exercício de uma
parentalidade positiva.
• O contexto de crise financeira, que Portugal tem vivido nos últimos anos, introduziu uma tendência
de concentração de apoios nas famílias de maior fragilidade sócio-económica, mas acabou por não
permitir, por outro lado, um apoio mais abrangente e direcionado à generalidade das famílias.
➢ Se esta última vertente decorre necessariamente da opção por políticas de carácter mais
generalista, suportadas por uma evolução prestacional positiva e por um desenvolvimento da
disponibilidade e qualidade de apoios e serviços, a luta contra a pobreza, especialmente a infantil,
constituiu-se necessariamente como um dos grandes desafios na área das políticas sociais para a
infância.
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O conceito de pobreza infantil - para além dos indicadores e critérios por regra utilizados no seu
aferimento, acaba por corresponder à insuficiência ou mesmo ausência de respostas satisfatórias, tendo
em conta os parâmetros anteriormente referidos, no que concerne às famílias e suas crianças antes
identificadas como em situações de exclusão social ou em risco de exclusão social.
➢ Sendo, pois, na dupla vertente acima identificada que se colocam os grandes desafios às políticas
sociais para a infância em Portugal, com especial preocupação, como também já foi acentuado,
relativamente ao fenómeno da pobreza infantil, importa, contudo, partindo do mesmo,
considerar, de forma mais alargada, todos os quadros, individuais, familiares e socioeconómicos,
em que os fatores de risco (e não apenas económico) surgem com maior intensidade bem como
a sua passagem a contextos de perigo quando não prevenidos oportuna e eficazmente.
• A avaliação que Portugal teve oportunidade de fazer da sua realidade a este nível e no quadro da
avaliação a que, nos termos do artigo 44.º da Convenção dos Direitos da Criança, foi alvo em 2014,
por parte do Comité dos Direitos da Criança, acaba por se constituir como indicador relevante dos
desafios para o presente e também para o futuro.
• Regime Jurídico do Processo de Adoção - recentemente publicado, veio dar mais um passo no
aprofundamento do direito da criança a uma família, criando e consolidando um conjunto de
mecanismos e procedimentos com vista à garantia de uma maior eficácia no respeito desse mesmo
direito.
➢ Assim, de referir, em termos mais genéricos, o dever de informação e apoio técnico no acesso
ao conhecimento das suas origens por parte da criança adotada.
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• Em termos mais específicos, salienta-se aqui a criação de um Conselho Nacional para a Adoção a par
de uma especialização das equipas técnicas intervenientes, autonomizando o processo de avaliação
e seleção dos candidatos do processo posterior de estudo da situação das crianças e concretização
dos respetivos projetos adotivos.
➢ De referir ainda a consagração do acompanhamento após a adoção, o qual se poderá prolongar
até aos 18 ou mesmo 21 anos, de acordo com solicitação expressa dos destinatários.
A recente alteração à Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo vem corresponder de forma mais
operativa ao princípio da prevalência da família, nomeadamente:
1. na preferência que deve ser dada ao acolhimento familiar relativamente ao acolhimento
residencial, em particular relativamente a crianças até aos seis anos de idade
2. ao criar uma nova medida de confiança a família de acolhimento com vista a futura adoção,
viabilizando-se por esta via uma transição harmoniosa entre o acolhimento familiar e o projeto
adotivo.
• Pretendeu-se ainda dar um sentido mais eficaz e direcionado para a construção de projetos de vida
das crianças e jovens, desde logo alterando a sua designação de institucional para residencial, de
casas de acolhimento temporário e lares de infância e juventude tão só para casas de acolhimento,
as quais, por sua vez, se podem organizar por unidades especializadas, nomeadamente para
situações de emergência, para resposta a problemáticas específicas ou para apartamentos de
autonomização para o apoio e promoção de autonomia dos jovens.
Políticas públicas - um conjunto das grandes linhas de orientação e ação assentes em princípios e
normativos não apenas nacionais como internacionais,
➢ elas materializam-se em programas e serviços, estes últimos entendidos como instrumentos
institucionais ou emergentes da sociedade civil, tendo em vista a execução dos referidos programas
enquanto conjunto de projetos e iniciativas num tempo e contexto específicos.
Conjunto de políticas de carácter social para a infância em Portugal - Procurou-se, assim e desta forma
identificar e caracterizar sucintamente, ainda que tendo em atenção as evoluções mais significativas
ocorridas, reafirmando o denominador comum a todas elas assente num paradigma que busca os seus
referenciais na Convenção dos Direitos da Criança consubstanciada no seu princípio basilar da criança
como sujeito de direitos, devendo, assim, tal como define o respetivo artigo 3.º, todas as decisões
relativas à infância e juventude terem primacialmente em conta o interesse superior da criança.
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Modelos de Família
1. O modelo de sistema fechado é caracterizado pela rigidez da organização, sendo a sua estabilidade
resultante de uma homeostasia predominante.
2. O modelo de sistema aberto, com a inclusão complexa do tempo, isto é, a evolução histórica das
entradas e saídas do sistema, implica elementos de crescimento, de crise e de criatividade, elementos
característicos de uma auto-organização em evolução.
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Os subsistemas familiares
1. o individual, isto é, o indivíduo que além de desempenhar funções diferenciadas no sistema familiar,
desempenha papéis e funções noutros sistemas que o influenciam, e consequentemente vão
influenciar o seu posicionamento na família;
2. o conjugal, que emerge quando dois adultos se unem numa relação interdependente e
complementar, formando um casal;
3. o parental, surge com o nascimento dos filhos, pela diferenciação do subsistema conjugal, para
desempenhar as tarefas ligadas à educação, proteção, socialização e desenvolvimento das gerações
mais novas, sendo na maior parte das vezes constituído pelos pais;
4. o fraternal, constituído pelos irmãos, que aprendem e treinam entre si as relações sociais,
aprendendo a cooperar, a competir, a negociar, a fazer amigos e aliados.
Subsistema (Relvas, A.R 1996) - uma unidade sistémico-relacional criada por interações particulares que
têm que ver com os indivíduos nelas envolvidos, com os papéis desempenhados e os estatutos ocupados,
com as finalidades e objetivos comuns e, finalmente, com as normas transacionais que se vão
progressivamente construindo”.
Estrutura familiar
À forma como se organizam os subsistemas, como se desenvolvem as relações dentro de cada subsistema
e entre eles-, chama-se estrutura de família.
➢ A estrutura familiar é consequência de transações e comunicações repetidas que levam à definição
de padrões de relação (como, quando e com quem se relacionar) que regulam o comportamento
dos seus membros.
➢ A estrutura tem um limiar de tolerância a padrões alternativos que, quando ultrapassado, faz surgir
mecanismos que repõem os padrões preferidos. Por exemplo: quando a mãe lembra ao filho/filha
que está na hora de se ir deitar e ele/ela obedece, define naquele contexto um padrão transacional.
➢ A estrutura familiar vai-se alterando à medida que as circunstâncias de vida mudam, sem perder a
continuidade que oferece um esquema de referência aos seus membros.
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Os padrões de autoridade são importantes na organização familiar, pois tendo em si um potencial para
a harmonia ou conflito, podem ser desafiados à medida que os membros da família crescem e se
modificam.
Fronteiras
As fronteiras delimitam o sistema familiar em relação ao exterior e os diferentes subsistemas familiares
entre si tendo a função de proteger a diferenciação de sistemas.
➢ Por exemplo: quando a mãe diz ao filho mais velho “não és o pai do teu irmão! Se ele faz uma
asneira não lhe bates, diz-me que eu saberei o que fazer”.
As fronteiras implicam a diferenciação com o mundo exterior - “somos uma família, não queremos
problemas com os vizinhos e diferenciação entre gerações (os adultos têm funções e relacionamentos
diferentes dos seus filhos).
A família é a matriz do desenvolvimento psicossocial dos seus membros e como sistema socio-cultural
aberto e em transformação requer flexibilidade e responsabilidade compartilhada.
Minuchin refere que a família é «um sistema que se adapta a diferentes exigências das diversas fases de
desenvolvimento, assim como às mudanças nas solicitações sociais, com o fim de assegurar continuidade
e crescimento psicossocial aos membros que a compõem».
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Regras familiares
É a existência de regras familiares que permite a qualquer família sobreviver e escapar à destruição.
As regras são diferentes de família para família:
➢ Democrática ou mais autoritária, uma família é, portanto, um sistema auto-regulado por regras
passíveis de modificação ao longo do tempo, através de tentativas e erros que permitem -os vários
membros perceber o que é permitido e o que não é permitido, até uma definição estável da
interacção.
Ciclo vital
➢ Ao longo do tempo a família sofre transformações na sua organização.
➢ O caminho que a família percorre desde que nasce até que morre.
➢ Integra de forma interactiva factores como a dinâmica interna do sistema, os aspectos e
características individuais e a relação com os contextos em que a família se insere.
A primeira classificação das etapas do ciclo vital surge com Duvall (1977) que usa como critério para a
delimitação dos diferentes estádios a presença de crianças na familia, e a idade e evolução do filho mais
velho.
➢ Define oito etapas: casal sem filhos, família com recém-nascido, família com criança(s) em idade
pré-escolar, família com criança(s) em idade escolar, família com filho(s) adolescente(s), família
com jovem(ns) adulto(s), casal na meia-idade, envelhecimento.
A maioria dos autores considera que o ciclo de vida familiar se inicia no casamento.
Relvas (1996 op.cit.) propõe o seguinte esquema:
1. a etapa - formação do casal
2. a etapa - família com filhos pequenos
3. a etapa - família com filhos na escola
4. a etapa - família com filhos adolescentes
5. a etapa - família com filhos adultos
(normalmente não acontece reais famílias reais)
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O genograma consta de um diagrama visual da árvore genealógica da família. E utilizado como técnica
de trabalho quando se lida com famílias numa perspetiva transgeracional.
➢ E normalmente preenchido em colaboração com a família.
Tratando-se de uma árvore genealógica, a sua elaboração dá-nos indicações preciosas sobre a passagem
através das gerações de tradições, crenças e comportamentos específicos da família com que lidamos.
➢ Abrange habitualmente três gerações familiares, permitindo registar os seus movimentos ao
longo do ciclo vital da família.
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Diferenciação
A interação que cada cônjuge estabelece com a sua família de origem está muitas vezes na base de
conflitualidade conjugal.
➢ Os cônjuges adotam diferentes padrões de funcionamento com as suas famílias de origem.
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Do nascimento do primeiro filho à entrada na escola - O nascimento do primeiro filho exige uma
reorganização familiar, exige espaço para a parentalidade
• por vezes difícil de criar, na medida em que a atividade profissional deixa pouco espaço para a
vida familiar.
• A integração no jardim infantil, prática corrente nos dias de hoje, é o início da relação com um
sistema novo mais organizado, com outras regras, valores e normas, que exige especial atenção.
• Dificuldades de adaptação persistentes e manifestações psicossomáticas frequentes (vómitos,
dores de barriga, faltas de apetite) são sinais de sofrimento psíquico a ter em conta.
A entrada para a escola - Com a entrada dos filhos para a escola, a família é posta à prova no exterior,
quer em termos das competências que a criança manifesta para as aprendizagens, quer em termos das
competências do relacionamento com os outros (crianças e adultos).
➢ Com a entrada na escola ocorrem necessariamente mudanças na família:
1. mudanças ao nível das actividades do quotidiano, desde a concertação dos horários e partilha
das tarefas parentais (quem acompanha a criança à escola, quem a ajuda a fazer os deveres, etc.)
até ao arranjo dos espaços em casa (criação de uma zona de estudo, de uma zona de brincadeira,
etc.).
2. mudanças e ajustamentos relacionais - tendo em conta o movimento recíproco de separação
pais-filhos, movimento que se acelera quantitativa e qualitativamente, pois a criança vê-se
reforçada com novas possibilidades afetivas, relacionais, sociais e cognitivas.
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Efetivamente, a mudança do contexto social da geração dos pais para o atual, não permite comparar a
adolescência daqueles com a dos filhos, não adiantando que façam eco da sua adolescência no sentido
de apontarem soluções.
A compreensão deste aspecto é um bom ponto de partida para que a comunicação se estabeleça.
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O contexto Escolar - A forma como o sistema familiar vai lidar com a vida escolar do(a) filho(a) terá
reflexos nesta mesma aprendizagem, bem como na gestão das próprias relações intra-familiares.
➢ Efetivamente podem avolumar-se as dificuldades desta etapa do desenvolvimento se não for
prestada atenção ao contexto escolar e às características próprias da adolescência.
➢ É no contexto da escola que o(a) adolescente vai protagonizar nova conquista da sua autonomia,
desta vez face ao professor.
O abandono da escolaridade obrigatória vai resultar:
➢ da experiência de insucesso escolar vivida ano após ano pelo(a) jovem,
➢ das fortes pressões internas e externas à família, para a entrada precoce no mundo do trabalho.
Os Tempos Livres - no essencial, o conceito de tempo livre baseia-se em dois pressupostos: ser capaz de
fazer algo; ter a liberdade de o fazer.
➢ Surge inicialmente associado ao adulto e ao mundo do trabalho, no decurso da Revolução
Industrial, em que os horários de trabalho passam a ser coletivos e rígidos.
➢ Só recentemente aparece o conceito de tempo livre associado à infância, à juventude e aos
reformados.
➢ Assistimos atualmente a uma tomada de consciência da necessidade do lazer, bem como a formas
coletivas e organizadas de dar resposta a esta necessidade.
➢ Associado a lazer, entraram no vocabulário corrente um conjunto de termos tais como: recreação,
ocupação ou animação de tempos livres, desporto para todos, etc.
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Outros modelos familiares - O surgimento da família nuclear, que ainda hoje é o modelo mais enraizado
na sociedade ocidental, será anterior à industrialização embora se reforce neste período.
A família evoluiu em três aspetos fundamentais (Shorter, E.):
1. rutura das ligações dos jovens às gerações antigas (diferença de valores entre pais e filhos)
2. instabilidade da vida do casal (insatisfação conjugal e crescente número de divórcios)
3. destruição da ideia da família nuclear como “ninho” acolhedor e protetor, com a mãe/esposa
sempre presente e sempre disponível.
➢ Hoje em dia, viver numa família monoparental ou numa família reconstruída não é uma situação
anómala, mas frequente.
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Famílias monoparentais
A incidência deste tipo de família está em crescendo na sociedade moderna.
➢ pode resultar de três situações:
1. mãe solteira (14,5%);
2. mãe divorciada ou separada (45%);
3. mãe viúva (29,9%).
➢ três problemas que se inter-relacionam, a dominar a sua vida:
➢ a sobrevivência económica
➢ a paternidade (entendida aqui como função parental)
➢ os relacionamentos sociais.
Famílias reconstruídas
➢ um segundo casamento significa (quando existem filhos do casamento anterior), envolvimento de
três ou mais famílias (nova família, família de origem da mãe, família de origem do pai, família de
origem da madrasta ou padrasto), o que torna complexo o processo de estabilização e recuperação
da confiança desenvolvimental.
➢ Esta nova família exige que se tenha em conta novos relacionamentos e papéis extremamente
complicados.
Orientação os papéis e normas da família provocar graves problemas relacionais (Cárter e McGoldrick ):
1. Uma estreita fronteira de lealdade em torno dos membros da família excluindo pais ou filhos
biológicos não é realista, embora seja extremamente difícil para todos abandonarem a ideia da
“família nuclear”.
2. O facto de que o vínculo progenitor - filho antecede o vínculo conjugal, frequentemente por
muitos anos, faz com que o padrasto/ madrasta comece a competir com os seus enteados pela
primazia em relação ao cônjuge, como se os relacionamentos fossem ao mesmo nível.
3. Os tradicionais papéis de género, exigindo que as mulheres assumam responsabilidade pelo bem-
estar emocional da família, coloca a madrasta e a enteada em posições antagónicas e a ex-mulher
e a nova mulher em posições de adversárias, especialmente em relação aos filhos.
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Dahl e seus colegas (1987)30, num estudo sobre famílias reconstruídas não atendidas clinicamente,
concluíram que:
1. são necessários vários anos (3 a 5) para todos os seus membros se sentirem vinculados à nova família;
2. os problemas de autoridade mais graves em relação aos filhos eram geridos pelos progenitores
biológicos;
3. a satisfação conjugal estava relacionada com a relação que era estabelecida com os respetivos
enteados.
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Noção de crise - A palavra crise vem do grego crisia, que significa vulnerável, momento em que uma
decisão muda uma situação.
➢ Erickson considera-a como “um período crucial de vulnerabilidade acrescida e de
potencialidade acentuada (...) força criativa mas também de desequilíbrio”. Insiste na
reciprocidade evolutiva, considerando que “uma família só conseguirá educar um filho na
medida exacta em que se deixar educar por ele...”.
➢ Franck Pittman (1973)31 considera que crise é “o estado de um sistema no momento em que
está eminente a mudança”.
Crise individual - o seu aparecimento e desenvolvimento está necessariamente interligado:
1. à pessoa e à sua personalidade,
2. ao contexto,
3. aos recursos existentes e disponíveis,
4. às trocas e interações que se passam na família.
Considera-se que a crise está ultrapassada quando o novo equilíbrio é conseguido, quando se
recupera a confiança em si e nos outros.
Tipos de crise:
1. as crises de desenvolvimento - quer sejam individuais, ligadas ao ciclo de vida individual, quer
sejam familiares, ligadas ao ciclo de vida familiar;
2. as crises acidentais ou situacionais - causadas por acontecimentos inesperados (desemprego,
doença súbita, perdas);
3. as crises ecológicas ou da natureza - consequência de acontecimentos externos (terramotos,
secas, inundações) ou consequência de falhas humanas (acidentes);
4. as crises transacionais - provocadas por acontecimentos inesperados, pouco prováveis ou de
curta duração (saída de um filho de casa para ir estudar, mudança de emprego para longe da
residência).
Fatores de risco
➢ A Organização Mundial de Saúde define “fatores de risco” como “condições de vida de uma
pessoa ou grupo que os expõem a uma maior probabilidade de desenvolver um processo
mórbido ou sofrer os seus efeitos
Podemos considerar que há fatores predisponentes que podem gerar situações de crise (individual
ou familiar) e que têm a ver
1. com a pessoa, destacando a generalidade dos autores os acontecimentos ligados à relação
precoce e à primeira infância como os que envolvem maior risco individual;
2. com a família
3. com a sociedade
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FACTORES DE RISCO
INDIVIDUAL
1. Separação mãe/filho no pós-parto
2. Perda da mãe antes dos 5 anos
3. Ausência da mãe ou substituto materno
4. Prematuridade com perda de contacto com a mãe
5. Mudanças múltiplas de amas, infantários, escolas
6. Abandono
7. Maus tratos físicos ou psíquicos Hospitalização ou internamento em instituição
FAMILIAR
1. Progenitor com doença grave orgânica/mental Progenitor alcoólico ou toxicodependente
Progenitor preso Separação precoce dos pais Desentendimentos e conflitos conjugais graves
Famílias monoparentais
2. Famílias pouco diferenciadas, com baixo nível de estimulação e socialização
3. Famílias numerosas com problemas económicos ESCOLAR
4. Má adaptação social à escola desde início Deficiente qualidade das interações pedagógicas
professor/aluno Atitude negativa em relação à escola Desinvestimento escolar
SOCIAL
1. Precariedade económica e social
2. Problemas de vizinhança com alto índice de delinquência e atividades marginais
3. Problemas urbanísticos e habitacionais - degradação da habitação Ausência de infraestruturas
e saneamento básico
4. Deficiente cobertura em serviços educativos e de ocupação de tempos livres
5. Insuficiência de equipamentos no âmbito da saúde
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Sinais de alerta que podem permitir ao técnico que trabalha com famílias detetar eventuais
disfuncionalidades:
1. - o casal tende a ter poucas atividades recreativas em conjunto;
2. - o tempo que passa em conjunto é sentido como desagradável;
3. - ao nível da comunicação, o casal tem respostas negativas à emissão do outro e reciprocamente;
4. - a desigualdade de poder na relação conduz a uma luta constante por esse poder;
5. - a interpretação negativa do comportamento do outro é permanente;
6. - a desqualificação dos aspetos positivos do outro é uma constante;
7. - a interação do casal é de defesa e de retraimento;
8. - as discussões são frequentes;
9. - existe violência verbal e física.
Na criança
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No adolescente
Não é consensual nos autores que se dedicam ao estudo e investigação da adolescência, que nesta
etapa, para que o desenvolvimento se processe, tenha que existir crise.
➢ Ausloos entende a crise da adolescência como “ uma época de instabilidade do sistema onde
se torna necessário uma renegociação entre as finalidades individuais ( do jovem) e as
finalidades do conjunto do sistema (a família)
Fatores que podem colocar em risco a vida familiar, particularmente nesta fase do seu ciclo vital:
1. Rutura do diálogo na família;
2. Indiferença afetiva, mais que a própria hostilidade parental;
3. Atitudes constantes de recriminação e reprovação;
4. Atitudes de permanente desconfiança em relação ao adolescente;
5. Existência de segredos familiares que originam a dissimulação e mentira permanente,
6. Rigidez do sistema familiar - resistência à mudança;
7. A forma como a autoridade é exercida na família - modelo permissivo, modelo autocrático;
8. Dificuldades que a família revela nas trocas com o exterior - famílias fechadas;
9. Distância emocional entre o casal e conflitos conjugais que conduzem à noção de que os
adultos vivem juntos estritamente para cumprirem a sua função parental;
10. Famílias aglutinadas na definição dos seus limites
11. Famílias desagregadas na definição dos seus limites,
12. Limites do subsistema parental e filial esbatidos,
No que diz respeito ao adolescente, enumeramos alguns sinais de alarme no seu comportamento:
1. Períodos de tristeza frequentes em que o adolescente deixa de sair e de manter as distrações
que lhe davam prazer;
2. Quebra no aproveitamento escolar;
3. Faltas frequentes às aulas;
4. Sanções disciplinares repetidas;
5. Abandono escolar precoce;
6. Grupo de pares como substituto, demasiado cedo, da socialização oferecida pela família;
7. Ausência de amigos e de programas de saídas à noite, onde pode encetar desafios e correr
riscos;
8. Problemas de comportamento alimentar como anorexia nervosa e bulimia;
9. Consumo de bebidas alcoólicas ou de drogas;
10. Comportamentos de grande agressividade - auto e heteragressividade;
11. Comportamentos de grande bizarria e/ou desadequação;
12. Ideação ou tentativas de suicídio.
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A intervenção
Famílias centrífugas - aquelas em que os estereótipos são rígidos, não podendo os sentimentos ser
partilhados. Cada membro procura satisfazer essas necessidades emocionais fora da sua família.
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Por último, destacamos a importância de, com a população e as estruturas locais, pôr em curso
projetos que promovam um desenvolvimento global da comunidade em que a escola está inserida.
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