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JEFERSON HENRIQUE DA SILVA

PSICOLOGIA E POLITICAS PÚBLICAS NO


ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA SEXUAL CONTRA
CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Jundiaí
2017
JEFERSON HENRIQUE DA SILVA

PSICOLOGIA E POLITICAS PÚBLICAS NO


ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA SEXUAL CONTRA
CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Anhanguera Educacional, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Psicologia.

Orientador: Lais Rocha

Jundiaí
2017
JEFERSON HENRIQUE DA SILVA

PSICOLOGIA E POLITICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA


VIOLENCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Anhanguera Educacional, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Psicologia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Doutoranda Edna Rosa Correia Neves

Prof(ª). Especialista Telma Marques Silva

Prof(ª). Especialista Thais Vaz Miranda de


Castro

Jundiaí, 08 de dezembro de 2017


Dedico este trabalho a minha família e
futura esposa.
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao único e Eterno Deus que esteve comigo em cada etapa do curso.
A minha família que sempre me apoiou desde o início da graduação e a minha futura
esposa que sempre esteve ao meu lado.
SILVA, Jeferson Henrique. Psicologia e políticas públicas no enfrentamento da
violência sexual contra crianças e adolescentes. 2017. 60 (sessenta), número total
de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Faculdade
Anhanguera Educacional, Jundiaí, 2017.

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso foi fruto de uma pesquisa desenvolvido nas áreas
da psicologia e política pública infanto juvenil, com o objetivo de descrever o contexto
cultural da violência sexual, parâmetros e conceitos da violência sexual contra
crianças e adolescente, como ocorre o acompanhamento psicoterapêutico dessas
vítimas e ainda quais são as políticas públicas existentes no enfrentamento dessa
violação de direito, baseando-se em conceitos teóricos. Para alcançar este objetivo
foram elaborados procedimento metodológicos como levantamento bibliográfico,
pautado em referências concernentes a psicologia e políticas públicas no
enfrentamento de violência sexual contra crianças e adolescentes, revisão
bibliográfica a fim de estudar a temática de forma ordenada de maneira mais racional
possível. Ao longo deste trabalho foi observado grande demanda no campo da
psicologia e políticas públicas pois tal violação aumenta todos os dias no mundo todo,
sendo que todos as crianças e adolescentes estão passíveis de tal violência. Por
vezes tal violação se demonstra disfarçada de tradição, costumes, religião entre
outros aspectos. O pressuposto que permeia as atividades do psicólogo em relação a
violência sexual das vítimas pode ser encarado como um desafio devido à
complexidade que os casos se manifestam. Conclui-se que é demasiadamente
importante o trabalho do psicólogo junto as políticas públicas de enfrentamento, pois
sua escuta qualificada e métodos de trabalho voltados para questões psicológicas
fazem com que as vítimas tenham melhoras e desenvolvimento. Com os avanços
científicos pode-se compreender que a psicologia se faz fundamental nos diversos
âmbitos e espaços de construção de política pública infanto juvenil.

Palavras-chave: Violência Sexual; Criança; Adolescente; Política Pública;


SILVA, Jeferson Henrique. Public psychology and policy in the figth against
violence against sexual and adolescent children. 2017. 60 (sessenta), número total
de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Faculdade
Anhanguera Educacional, Jundiaí, 2017.

ABSTRACT

This work was the result of a research developed in the areas of psychology and public
policy for children and adolescents, with the purpose of describing the cultural context
of sexual violence, parameters and concepts of sexual violence against children and
adolescents, as the psychotherapeutic follow-up of these victims and also what public
policies exist in the face of this violation of law, based on theoretical concepts. To reach
this goal, a methodological procedure was elaborated as a bibliographical survey,
based on references concerning psychology and public policies in the confrontation of
sexual violence against children and adolescents, a bibliographical review in order to
study the subject in an orderly manner in the most rational way possible. Throughout
this work great demand has been observed in the field of psychology and public
policies since such rape increases every day all over the world, and all children and
adolescents are liable to such violence. Sometimes such a violation is disguised as
tradition, customs, religion, among other aspects. The assumption that permeates the
activities of the psychologist in relation to the sexual violence of the victims can be
seen as a challenge due to the complexity that the cases manifest themselves. It is
concluded that the psychologist's work with the public coping policies is too important,
because his qualified listening and working methods focused on psychological issues
cause the victims to improve and develop. With the scientific advances one can
understand that the psychology becomes fundamental in the diverse scopes and
spaces of construction of public policy infantojuvenil.

Key-words: Sexual Violence; Child; Adolescent; Public Policy;


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Casamento Infantil.................................................................................. 15


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Violações de direito segundo categorias empregadas pelo Conselho


Tutelar de Ribeirão Preto, São Paulo..........................................................................19
Tabela 2 – Vínculo do agressor com as vítimas..........................................................20
Tabela 3 - Associação de AN com antecedentes de abuso sexual na infância............23
Tabela 4 – Dados psiquiátricos de 205 vítimas de abuso sexual.................................24
Tabela 5 – Avaliação das ações do PAIR. ............................................................... .30
Tabela 6 – Balanço de denúncias do Disque ano de 2015 e 2016. ......................... .31
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – ECM de acordo com o modelo “PEACE”................................................23


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACP Abordagem Centrada na Pessoa


USAID Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional
AN Anorexia Nervosa
APSAC Sociedade Profissional Americana Sobre o Abuso de Crianças
CID 10 Classificação Internacional de Doenças
CF Constituição Federal
CP Código Penal
CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente
CONDECA Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente
CREAS Centro de Referência Especializado em Assistência Social
EC Entrevista Cognitiva
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
NICHD Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano
NOB Normas Operacionais Básicas da Política Pública de Assistência Social
OMS Organização Mundial da Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
PAIR Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento da
Violência Sexual Infanto-juvenil no Território Brasileiro.
SDH/PR Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República
SGD Sistema de Garantia de Direitos
SUS Sistema Único de Saúde
SUAS Sistema Único de Assistência Social
SNPDCA Secretaria Nacional de Promoção aos Direitos da Criança e do
Adolescente
TCC Terapia Cognitivo-Comportamental
TEPT Transtorno de Estresse Pós-Traumático
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................12
1. VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E
ADOLESCENTES......................................................................................................14
1.1 CONTEXTO CULTURAL DA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA
CRIANÇAS E
ADOLESCENTES......................................................................................................14
1.1.1 Parâmetros e conceitos descritivos da violência sexual contra crianças e
adolescentes.
...................................................................................................................................15
2 ACOMPANHAMENTO PSICOTERAPÊUTICO NO TRATAMENTO DE
CRIANÇAS E ADOLESCENTES VITIMAS DE VIOLÊNCIA
SEXUAL.....................................................................................................................20
2.1 IDENTIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA SEXUAL E TRATAMENTO
PSICOTERAPÊUTICO...............................................................................................22
3 POLÍTICAS PÚBLICAS EXISTENTES PARA O ENFRENTAMENTO
DA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E
ADOLESCENTES......................................................................................................26

CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................31

REFERÊNCIAS.....................................................................................32

ANEXOS...............................................................................................39
ANEXO A Capítulo II do Código Penal
ANEXO B Crimes Sexuais de acordo com o ECA
ANEXO C Guia de Entrevista Forense NICHD
12

INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso refere-se a temática da psicologia


enquanto ciência junto a políticas públicas no enfrentamento da violência sexual
contra crianças e adolescentes. O foco da psicologia neste trabalho se justifica com
a atuação do psicólogo no atendimento de crianças e adolescentes vítimas de
violência sexual, devido a tal violação de direito, veremos os impactos gerados no
desenvolvimento humano e possíveis sintomas presentes na vida adulta das vítimas.
A pesquisa escolhida ocorreu devido à violência sexual contra crianças e
adolescentes. Uma violação de direitos que vem crescendo no Brasil nos últimos
anos, infelizmente todos estão sujeitas a tal violência e, que junto a essa problemática
existe uma sociedade despreparada para lidar com está realidade. A cada hora o
disque 100 recebeu denúncias de abuso e exploração sexual de crianças e
adolescentes, em 2014 foram registradas milhares (SOUZA, 2015). Diariamente em
nosso país e no mundo tal violação de direitos ocorreu contra crianças e
adolescentes, violências que infringiram também os direitos da vida, liberdade,
respeito e dignidade, marcas profundas.
Atrelando as duas facetas do conhecimento a saber psicologia e políticas
públicas, contemplamos a formação de redes de atendimento para proteção integral
de crianças e adolescentes no que diz respeito a violência sexual, como o psicólogo
se faz demasiadamente necessário no quesito proteção e atendimento dessas
vítimas, qual foi o seu olhar para com as mesmas, quais técnicas e testes
desenvolvidos para verificar hipóteses de violência sexual quando existir denúncias.
Como foi definido a junção dessas duas áreas do conhecimento humano no combate
a violação sexual.
O objetivo geral desse trabalho foi analisar a função do psicólogo junto as
políticas públicas para crianças e adolescentes no enfrentamento da violência sexual.
Em seguida os objetivos específicos foram conceituar violência sexual contra crianças
e adolescentes, caracterizar as políticas públicas existentes no enfrentamento da
violência sexual contra crianças e adolescentes e caracterizar a atuação do psicólogo
no tratamento à vítimas de violência sexual e métodos de intervenção.
Para realização desse trabalho foi utilizado o método cientifico de revisão
bibliográfica, a fim de estudar a temática de forma ordenada de maneira mais racional
possível, a fim de evitar enganos, sempre buscando evidências cientificas para
conclusões e afirmações. Pautou-se no levantamento de referências bibliográficas
concernentes a psicologia e políticas públicas no enfrentamento de violência sexual
13

contra crianças e adolescentes. Essa revisão bibliográfica tem o enfoque na análise


meticulosa e ampla de artigos e publicações concernentes a área de conhecimento
abordada nesse trabalho.
14

1 VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Desde que o homem veio a ser, a violência e desigualdades ocorrem contra


crianças e adolescentes. Fatores como religião, costumes, tradições, situações
econômicas instáveis e outros estão relacionados à violência sexual. De acordo com
KUHLMANN (2005) “no século XIX, as crianças pobres e trabalhadoras eram mais
baixas e morriam em maior número do que as de classe alta.

1.1 CONTEXTO CULTURAL DA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E


ADOLESCENTES

Na sociedade como um todo a violência sempre existiu desde os primórdios


dos séculos, por todo mundo milhares de crianças e adolescentes foram vítimas
silenciadas por pessoas que as submetiam a crueldade de forma atroz. Segundo CFP
(p. 2, 2016) “A violência contra a criança e o adolescente sempre esteve presente na
sociedade e em diferentes classes sociais.”
No século em vivemos a violência sexual não parou, como no caso da criança
Nojoud Ali de 10 anos, em 2008 uma menina iemita foi notícia mundial quando, ao
ousar pedir e obter divórcio, ela transpassou não apenas as tradições ancestrais do
seu país, mas a autoridade paterna. Casada à força com idade inferior à legal para
contracção de matrimonio, Nojoud Ali eclodiu do cárcere da violência sexual indo até
um Juiz, quando se julgava que a mesma havia ido comprar pão. “texto traduzido”
(KRISTOF, 2010, tradução nossa).
Principalmente as meninas, sofrem violência sexual por conta de tradições,
religiões, costumes e culturas em todo mundo. Sujeitas ao casamento infantil, são
forçadas à uma vida de escravidão, onde são violentadas de maneira física e
psicológica. De acordo com a ONU (2012), 46% das meninas menores de 18 anos
são casadas no Sul da Ásia; 38% na África Subsaariana; 29% na América Latina e
no Caribe; 18% no Oriente Médio e no Norte da África; e em algumas comunidades
na Europa e na América do Norte.
Segundo os dados “na América Latina e no Caribe, 23% dos casamentos foram
realizados quando um dos cônjuges era menor de idade.” (ONU, 2017). As causas
para o casamento infantil são complexas e com frequência estão relacionadas. Outra
razão para que o casamento infantil torne-se comum em diversos contextos está
ligado a questões econômicas. Quando a família é de baixa renda, é permitido que a
15

criança se case com um homem mais velho a fim de garantir a segurança econômica
dos familiares. (LAURO; GREENE, 2013).
O casamento infantil de crianças está inteiramente ligado à violação conjunta
de outros grupos de direitos, pois com as responsabilidades que recebem de forma
escrava, não existe espaço para o desenvolvimento biopsicossocialespiritual, direitos
como à educação, lazer, esporte, vida, dignidade, liberdade são reprimidos, causando
infinitos desdobramentos de ordem psíquica. Essa triste realidade dificulta a
capacidade dessas meninas saírem da pobreza. (ONU, 2012).
Figura 1 – Casamento Infantil.

Fonte: José, J. (2014).


No caso da figura acima temos o exemplo sobre o casamento infantil que
consequentemente está ligado a violência sexual. Ocorre na Palestina, pais entregam
suas filhas para o cumprimento de uma religião específica.

1.1.1 Parâmetros e conceitos descritivos da violência sexual contra crianças e


adolescentes.

Em 1973 no Brasil o caso Araceli chocou o estado do Espírito Santo, quando


a criança de apenas 8 anos fora sequestrada, drogada, violentada sexualmente e
morta. Após essa data tornou-se um marco que foi o dia 18 de maio Dia Nacional de
combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes. (BEGALLI, p. 1009, 2014)
Com origem no latim “abusus” o termo tem conotação do uso incorreto, injusto,
impróprio ou indevido de algo. A violência sexual ou abuso sexual é o termo utilizado
fora do âmbito jurídico/penal, “se destaca, já que se configura como um tipo de
agressão que atinge a parte mais individual e reservada do ser humano sua
sexualidade”. (MONTEIRO, p. 460, 2008).
16

Segundo a OMS (p. 7, 1999),


Abuso sexual infantil é o envolvimento de uma criança em atividade sexual
que ele ou ela não compreende completamente, é incapaz de consentir, ou
para a qual, em função de seu desenvolvimento, a criança não está
preparada e não pode consentir, ou que viole as leis ou tabus da sociedade.
O abuso sexual infantil é evidenciado por estas atividades entre uma criança
e um adulto ou outra criança, que, em razão da idade ou do desenvolvimento,
está em uma relação de responsabilidade, confiança ou poder.

De acordo com Monteiro et al (p. 460, 2008), o abuso infantil é considerado


como toda forma sexual em que uma criança ou adolescente é submetido, no qual o
indivíduo mais desenvolvido psicossexualmente tem a intenção de estimular
sexualmente ou garantia de uma satisfação a seu próprio prazer sexual. Nesse
sentido além da penetração dos órgãos sexuais, o simples toque nas genitais ou uma
situação contrária já é considerado como violência sexual infantil, pois a criança em
desenvolvimento não tem condições psíquicas para tal pratica.
Vimos que a pedofilia tem origem grega, em suma tem por significado “amor
por crianças”, criança é formada pelo vocábulo “pedos” ou “paidós”, “philia” ou “phyla”
pode ser traduzido como paixão, amor ou inclinação. O termo teve origem no século
XIX, um neologismo introduzido pelo psiquiatra viénes Richard von Krafft-Ebing
através de sua obra conhecida como Psicopatia sexuais. (PEREIRA, p. 380, 2009).
Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (p. 698, 2014), a pedofilia é
classificada como transtorno pedófilo 302.2, um transtorno psicológico suscetível a
tratamento, exemplo dessa parafilia é identificado quando o indivíduo reconhece
abertamente interesse sexual intenso por crianças.
O transtorno pedófilo por ser uma psicopatologia é definida como a preferência,
atração de um adulto por crianças, do mesmo sexo ou de sexo diferente, classificada
na classificação internacional das doenças com o código F 65.4. (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE, p. 254, 1993).
Dentro desse contexto, o exibicionismo corresponde a classe de violação de
direitos da violência sexual, momento em que o violentador expõe suas partes intimas
para satisfação pessoal, respostas de exposições impróprias dos genitais que
provocam prejuízos em diversos âmbitos. (FUKAHORI; SILVEIRA; COSTA; 2005).
Já o transtorno do Voyeurismo tem a intenção de visualizar nudez do menor
de idade com a intenção do prazer. De acordo com SILVA, (2014) “o voyeurismo é
considerado como uma psicopatologia que consiste no desvio da conduta sexual tida
como normal, sendo também conhecido como mixoscopia”.
A violência sexual sem contato físico ocorre quando um adulto ou adolescente
mais velho tem diálogos de caráter sexual com a criança, sendo inapropriados para
a sua fase de desenvolvimento, relatos de atividades sexuais e vocabulário de cunho
17

sexual. A violência sexual virtual, em especial nas redes sociais, segundo Bretan (p.
6, 2012) “por sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, que, em geral,
os torna mais vulneráveis que os adultos, crianças e adolescentes podem não ser
capazes de identificar esses riscos ao utilizar a tecnologia”
Segundo Nascimento & Hetkowski (p. 188, 2009),
A infância parece estar cada dia mais curta com a inserção precoce das
crianças no universo adulto através do consumo e de novos comportamentos
que há· alguns anos ainda não lhes eram pertinentes. Atualmente, roupas,
acessórios e aparelhos tecnológicos, como os celulares, assumem
rapidamente o lugar dos brinquedos tradicionais no cotidiano infantil e
passam a representar, desde muito cedo, um papel fundamental na
estruturação da identidade e das relações sociais entre os adolescentes.

Segundo Brasil 2010 apud (DREZZET, p. 191, 2011) “A conjunção


carnal corresponde exclusivamente à penetração vaginal e o ato
libidinoso compreende toda prática sexual diferente da penetração vaginal”; são
denominados como qualquer ação em que envolva caráter sexual com as áreas
erógenas das vítimas. Tais atos correspondem a violência psicológica dos menores.
Em geral as vítimas são atingidas em âmbitos primários de relacionamento
social, onde deveriam receber suporte para a maturidade cognitiva. No primeiro
ambiente de convivência dos seres humanos, as vítimas são silenciadas de maneira
atroz. Conforme Araújo (2002), “[...] a violência que ocorre na família, envolvendo
parentes que vivem ou não sob o mesmo teto, embora a probabilidade de ocorrência
seja maior entre parentes que convivem cotidianamente no mesmo domicílio.
Corresponde à exploração sexual, quando crianças ou adolescentes são
usados para obtenção de benefício ou lucro. As vítimas são persuadidas por um
aliciador com falsas promessas, suborno ou até mesmo sedução. Essa violência
sexual pode ocorrer de maneira indireta, quando um terceiro visa a obtenção de lucro.
Segundo Cerqueira-Santos et al (2008), “mesmo quando a criança "se oferece" de
maneira direta, ou seja, quando não há lucro por parte de um terceiro, ainda assim
há exploração da criança pelo cliente, pois há nesta relação desigualdade [...]”.
Considera-se ainda o ato de violência sexual contra criança e adolescente,
carícias inapropriadas em partes consideradas intimas ou de forma insinuante
assédio, exibição inapropriada de performance sexualizada de forma a constranger,
relações sexuais com contatos físicos genitais, prostituição a troca de favores sexuais
por bens materiais ou sociais, shows eróticos com exibição ao vivo de atos sexuais
envolvendo menores de idade para o libido da plateia, filmagens ou fotografias de
atos libidinosos envolvendo menores de idade, promover a saída ou entrada, do
território nacional para exercer a prostituição (FALEIROS, 1995).
18

Existem multicausalidades na questão da violência sexual, segundo Monteiro


et al (p. 461, 2008) o perfil de um agressor, os dados levantados evidenciam que o
mesmo pode ser desde uma criança a um idoso.
Vimos que a violência sexual contra crianças e adolescentes está em todo
país, do total de ligações recebidas pelo Disque 100, 63,2% são estão diretamente
ligadas a violações de direitos humanos de crianças e adolescentes (42.114). A
prevalência na região Sudeste (43,1%), São Paulo e Rio de Janeiro são os estados
com maior índice e, junto com Minas Gerais, lideram essa região no país. (PEPE,
2015).
Tabela 1 – Violações de direito segundo categorias empregadas pelo
Conselho Tutelar de Ribeirão Preto, São Paulo.

Fonte: Bazon (2008, p. 327).

A Tabela acima demonstra a distribuição em ordem decrescente, em


frequência e porcentagem das notificações de ameaças e/ou violação de direito de
crianças e adolescentes, segundo categorias empregadas pelo Conselho Tutelar de
Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, entre os anos de (2000,2003). Órgãos que zelam
por direitos de crianças e adolescentes como o Conselho Tutelar recebem denúncias
de violência sexual contra crianças e adolescentes diariamente através do Disque
100. Diante dessa temática é possível identificar indicadores de violência sexual
contra crianças e adolescentes.
Tabela 2 - Vínculo do agressor, com as vítimas.
19

Fonte: Costa et al, (2007, p. 1134).

A tabela 2 demonstra a prevalência do vínculo do agressor, segundo o tipo de


violência e faixa etária das vítimas, de acordo com os registros dos Conselhos
Tutelares (I e II), Feira de Santana. Bahia (2003,2004). Vemos que o vínculo do
agressor para com a vítima é de caráter terciário, sendo que a prevalência da idade
da vítima é de dois a cinco anos de idade. Isso aponta que os violadores estão em
diversos níveis do círculo de relacionamento com as vítimas.
No que concerne a legislação brasileira, a mesma sofreu alteração importante
no que diz respeito aos crimes sexuais contra crianças e adolescentes, de acordo
com Costa (p. 27, 2016) “a Lei 12.015/2009 alterou o capítulo II do título IV, que antes
era chamado de crimes contra a dignidade sexual para crimes sexuais contra
vulnerável. Portanto é caracterizado como pedófilo a pessoa que por conta dos
pensamentos que lhe acometem pratica o ato ilícito contra a criança ou o adolescente
conforme é possível verificar no “ANEXO A” deste trabalho (BRASIL, 2017).
Já o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), também possui dispositivos
para descrever crimes de violência sexual conforme é possível verificar no “ANEXO
B” deste trabalho (BRASIL, 2017); com a sua formação “é constituído um novo
paradigma de proteção integral, determinando o reconhecimento de crianças e
adolescentes brasileiros enquanto sujeitos de direitos”. (LIMA; DESLANDES, 2011).
20

2 ACOMPANHAMENTO PSICOTERAPÊUTICO NO TRATAMENTO DE


CRIANÇAS E ADOLESCENTES VITIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

Os consultórios de psicologia com frequência recebem crianças e


adolescentes vítimas dessa violência, elas chegam de diversas formas, por vezes
devido a aprendizagem escolar estar em defasagem, criança apresentando
agressividade exacerbada, demonstrando em diversos ambientes gestos que
insinuam a relação sexual propriamente dita. (BALBINOTTI, 2009).
Quando são violentadas, segundo Ferrari & Vecina et al (p. 260, 2002) “[...] são
levadas, várias vezes, a sentir que a culpa foi delas ou foram elas que provocaram a
situação [...]”.
Ao serem encaminhadas para processo psicoterápico a exemplo da rede
Sistema Único de Saúde (SUS) muitas vezes o motivo do encaminhamento não é a
suspeita de violência e sim outras queixas, no tratamento psicoterápico clinico e
particular também, em diversos meios para o acompanhamento terapêutico a queixa
inicial e principal não se trata da violência em si. (SINIBALDI, 2013).
A maneira como cada criança reage ao abuso é diferente, algumas se fascinam
com o abuso e elas mesmas se tornam abusadoras, outras temem o abusador mais
do que o abuso propriamente dito, outras sentem uma profunda afeição pelo
abusador, outras ultrapassam os receios e sofrimentos advindos da situação de
abuso, por fim, há crianças que experimentam todas estas dificuldades. (ALVAREZ,
1994).
No tratamento psicoterápico propriamente dito, todas as abordagens
correspondem para um atendimento focado para esse tipo de público, na perspectiva
psicanalítica o enfoque está ligado ao desenrolar do complexo de Édipo e sua
formação, segundo Malgarim e Benetti (2010 apud FAIMAM, 2004) “a psicanálise
vem dizer que a concretização desses desejos, sejam eles agressivos ou sexuais,
tornar-se-ia, para a criança, uma experiência bizarra e não prazerosa[...].
De acordo com Lima, Cunha e Dias et al (2010 apud BECK, 1997),
Atualmente, a abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) vem
apresentando interesse e resultados positivos no estudo de vítimas de abuso
sexual. Essa forma de terapia configura-se como uma abordagem
estruturada, que visa trabalhar os aspectos do presente do indivíduo, assim
como suas distorções cognitivas. Essas distorções 3 cognitivas são
desenvolvidas ao longo de sua vida em decorrência de experiências,
modelos ou mesmo eventos estressores, os quais podem estar presentes no
desenvolvimento do indivíduo.

Na visão humanista, a saber na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP),


vemos que as crianças e adolescentes vítimas da violência sexual carregam na
21

construção da autoimagem, distorções a respeito de si mesmas, para Mello (p. 45,


2008,), “atualização do self, ou, melhor ainda, em (re) construção do self, tendo em
vista que a fluidez que lhe é essencial nos dá a condição de sempre podermos dar
novos sentidos às nossas experiências, passadas presentes e apontar diferentes
rumos [...].
Nesse processo psicoterápico as crianças vão demonstrar indícios da violência
a priori, através das atividades lúdicas propostas pelo psicoterapeuta, com a caixa
lúdica a criança irá demonstrar seu mundo interno, de forma simbólica expressa suas
angustias, fantasias e medos principalmente através de jogos e desenhos (BOARATI
et al, p. 429, 2009).
De acordo com Silva e Dell’Aglio (2010 apud BERLINER & CONTE, 1995), a
revelação do abuso sexual infantil está diretamente ligado a qualidade da relação que
o psicoterapeuta estabelece com a criança, por conseguinte com a análise que a
mesma pressupõe que o psicoterapeuta faria caso fosse revelado.
Os impactos vivenciados no desenvolvimento devido à violência são diversos,
podendo gerar transtornos psicopatológicos, segundo Zavaschi et al (2002, apud
BOARATI, p. 144, 2009) “[...] forte associação entre abuso sexual e transtornos
mentais, tais como: transtorno afetivo, transtorno de estresse pós-traumático,
distúrbios alimentares, dependência química e transtornos psicossexuais[...]”.
Tabela 3 – Associação de AN com antecedentes de abuso sexual na infância.

Fonte: Paraventi (2011)

De acordo com a tabela acima o transtorno alimentar anorexia nervosa está


ligado em relação ao abuso sexual na infância das pacientes, ocorreu exposição
positiva em 14,8% dos casos. Nesse grupo, 3,7% das pacientes contavam história de
dois ou mais episódios de abuso sexual na infância.
Segundo Florentino (2015 apud ROMARO, CAPITAO, p. 180, 2007),
A reflexão estabelecida até o presente momento parece denunciar a
gravidade do fenômeno, uma vez que as consequências deste para a vitima
podem ser traumáticas. O abuso sexual, sendo ele de caráter incestuoso ou
não, deixa a criança numa sensação de total desamparo. O adulto que
deveria ser sinônimo de proteção se torna fonte de perturbação e ameaça.
Ela não tem com quem contar, não pode comentar o fato e ainda é
mobilizada, pela complexidade da relação, a sentir-se culpada. O silêncio,
22

portanto, pode estar associado ao sentimento de culpa, às ameaças feitas,


ao vínculo estabelecido na relação, principalmente por parte da criança.

Ainda no que diz respeitos aos impactos no desenvolvimento infantil, de acordo


com Amazarray e Koller (1998), [...] em pré-escolares são: ansiedade, pesadelos,
transtorno de stress pós-traumático e comportamento sexual inapropriado. Para as
crianças em idade escolar, os sintomas mais comuns incluem: medo, distúrbios
neuróticos”.
De acordo com Borges e Dell’Aglio (2008 apud PAOLUCCI ET AL 2001;
TYLER, 2002).
As sequelas do abuso sexual infantil podem ser diversas e severas. Incluem
consequências físicas, como trauma físico, doenças sexualmente
transmissíveis, abortos e gravidez indesejada na adolescência.
Consequências emocionais, como medo, depressão, ansiedade, sentimento
de culpa e TEPT têm sido comumente citadas na literatura.

2.2 IDENTIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA SEXUAL E TRATAMENTO


PSICOTERAPÊUTICO.

No acompanhamento psicoterapêutico é fundamental o uso da anamnese


como instrumento de avaliação psicológica das vítimas, pois permite a busca
profunda dos dados da crianças na entrevista com os cuidadores primários Segundo
Gava, Pelisoli et al (2013 apud CHAGNON, 2010), existem três métodos de avalição
do sujeito que diz ser vítima, primeiro se apresenta transtornos ou deficiências que
poderiam influenciar o seu comportamento, seguido por avaliação geral e avaliação
da repercussão dos fatos no psiquismo da vítima em relação ao seu desenvolvimento.
Tabela 4 – Dados psiquiátricos de 205 vítimas de abuso sexual.

Fonte: Paraventi (2011)


23

Vimos que a Tabela 4 corresponde a dados de avaliação psiquiátrica pautado


na CID-10. A depressão está em primeiro com prevalência nas meninas (59,2%) em
relação aos meninos (38,6%). Em seguida os aspectos comportamentais em relação
ao abuso sexual são significativos no que diz respeito ao isolamento das vítimas,
indicadores que apontam para o tratamento psicoterapêutico.
De acordo com Serafim et al, (p. 144, 2011), no acompanhamento são
realizados testes psicológicos como o CAT–A, se trata de um teste projetivo para
avaliação da dinâmica afetivo-emocional e o H.T.P., um teste projetivo de avaliação
da personalidade. Obtendo a correção dos testes são realizadas intervenções, no
trabalho das questões de ordem emocional das vítimas como insegurança, medo,
autoestima distorcida, não aceitação do fato ocorrido.
Segundo Gava, Pelisoli et al (2013 apud ECHEBURÚA E SUBIJANA, 2008),
Afirmam que a entrevista psicológica, junto à observação, é um meio
fundamental de avaliação de abusos sexuais. Segundo os autores, na
realização da entrevista devem ser levados em consideração o estado
emocional da criança, seu desenvolvimento evolutivo, seus recursos
psicológicos, suas aflições, suas fontes de apoio familiar e social e sua
adaptação na vida cotidiana. Dessa forma, é possível detectar indicadores
significativos relacionados à existência de abuso sexual e, portanto, verificar
se as respostas emocionais, comportamentais e físicas emitidas pelas
crianças são compatíveis com os sintomas comumente considerados efeitos
do abuso sexual.

No decorrer das sessões psicoterapêuticas pode ser utilizado o protocolo de


entrevista investigativa do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento
Humano (NICHD) conforme é possível verificar no “ANEXO C” deste trabalho
(HOHENDORFF, p. 111, 2016). Se trata de uma avaliação forense de casos com
suspeita de abuso sexual infantil, [...] “foi desenvolvido após a constatação de que os
profissionais responsáveis por entrevistas com crianças vítimas de AS tinham
significativa dificuldade em aderir às recomendações de boas práticas em entrevistas
investigativas”. (WILLIAMS ET AL, 2014).
Quadro 1 – ECM de acordo com o modelo “PEACE”.
24

Fonte: Dos autores Paulo, Albuquerque e Bull (2014).

Um instrumento do âmbito forense além do protocolo NICHD outro método


conceituado de entrevista é a Entrevista Cognitiva Melhorada (ECM), pode auxiliar no
tratamento psicoterapêutico, está subdivida em nove fases mnemónica sendo
algumas delas, relatar tudo, reestabelecimento do contexto, mudança de ordem e
mudança de perspectiva, que tem sido utilizado em vários países como forma de
entrevista das testemunhas. (PAULO; ALBUQUERQUE; BULL, 2014).
É utilizado o guia prático de avaliação em casos de abuso sexual elaborado
pela Sociedade Profissional Americana Sobre o Abuso de Crianças (APSAC), no qual
consiste em uma avaliação psicológica da susposta vitima, De acordo com Gava,
Pelisoli et al (2013 apud APSAC 1977), em primeiro momento recomenda-se uma
avaliação dos documentos disponíveis acerca dos fatos, seguido por entrevista com
cuidador primário, perguntas mais abertas e somente então questionamentos mais
especifícos.
Com o decorrer do processo os indicadores da violência serão coletados a
partir das atividades lúdicas. Com as intervenções e acompanhamento das vítimas
ocorre melhoras no desenvolvimento emocional e a interrupção no ciclo de violência
estabelecido nas pessoas que frequentemente perpetuam a violência sofrida.
(BOARATI et al, p. 433, 2009).
O tratamento para crianças e adolescentes será planejado e estruturado
conforme a demanda presente nos espaços de saúde psicológica, o atendimento
pode ocorrer em caráter individual, grupos psicoterapêuticos ou de par, os
atendimentos estão voltados à família como um todo no sentido da recuperação deste
paciente. Segundo Yalom (2006), “[...] a terapia de grupo é uma forma bastante
efetiva de psicoterapia e que ela é pelo menos igual à psicoterapia individual em sua
capacidade de proporcionar benefícios”.
25

Nas sessões estruturadas considerando a criança como um todo, poderá ser


utilizado técnicas de psicoterapia infantil como discussões, jogos, teatros, desenhos,
redações, relaxamento, musicoterapia etc. De acordo com Cuoghi e Mouammar (p.
215, 2014), [...] “os desenhos apontaram tendências decorrentes do violento trauma
sofrido por estas crianças com o abuso sexual e, nesse sentido, o resultado da
projeção traumática expressa nesses desenhos foi para auxiliar numa intervenção”.
Alguns elementos utilizados na TCC apontados por Almeida (2012 apud ROSS
e O’CARROLL, 2004), são de extrema importância para o paciente pois o mesmo é
encorajado a expressar seus sentimentos em relação ao abuso, seguido por
clarificação de crenças errôneas que levam a atribuição negativa sobre si mesmo e
sobre os outros, por fim é trabalhado a universalidade dos sentimentos em relação
ao seu isolamento em grupos de psicoterapia.
26

3 POLITICAS PÚBLICAS EXISTENTES NO ENFRENTAMENTO DA VIOLAÇÃO


SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A Constituição Federal (CF) 1988 sinalizou espaços mais democráticos e


discussões sobre o significado de criança e adolescente, onde começaram a ser
considerados como agentes possuidores de direitos na sociedade civil, com esse
apontamento criou-se no dia 13 de julho de 1990 o estatuto da criança e do
adolescente, no qual visa assegurar a crianças e adolescentes o direito a uma vida
digna e pleno desenvolvimento. (NEVES et al, p. 101, 2010).
Segundo Brasil (2016),
A constituição de 1988 é a atual carta magna da República Federativa do
Brasil. Foi elaborada no espaço de 20 meses por 558 constituintes entre
deputados e senadores à época, e trata-se da sétima na história do país
desde sua independência. Promulgada no dia 5 de outubro de 1988, ganhou
quase que imediatamente o apelido de constituição cidadã, por ser
considerada a mais completa entre as constituições brasileiras, com
destaque para os vários aspectos que garantem o acesso à cidadania.

Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente veio o conceito do


Sistema de Garantia de Direitos (SGD), além de prever e garantir os direitos
universais o SGD constitui em uma rede proteção através da integração de um
conjunto de atores da rede de proteção à criança e ao adolescente, âmbitos
instrucionais, formais e informais com papéis e atribuições pautadas no ECA.
(FARAJ, p. 731, 2006).
De acordo com Arantes (p. 446, 2009),
O ECA é instrumento político-normativo que ainda precisa de base concreta
para efetuar uma política pública que garanta a proteção integral e faça tornar
realidade o Sistema de Garantia de Direitos por ele preconizado. É,
sobretudo, instrumento de direitos humanos; mas não se pode negar que
iniciativas bem intencionadas nos revelam, senão por oposição ao menos
pela contradição, as tensões entre as práticas político-jurídicas, sociais,
culturais e econômicas e, em vez de buscar garantir a proteção ante as
variadas formas geradoras e/ou mantenedoras da desigualdade social,
opressão e violência, podem reafirmá-las.

Nesse sentido de acordo com Fonseca (2013), “entra em funcionamento o


Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que
responde pela integração dos representantes sociais e governamentais a favor da
execução do ECA”. Por conseguinte a criação dos conselhos de direitos a saberem
outros níveis, conselho tutelar, conselhos municipais e conselhos estaduais dos
direitos de crianças e adolescentes, como o Conselho Estadual dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CONDECA) no estado de São Paulo.
27

O art. 88 do ECA também trouxe a política de atendimento aos direitos da


criança e do adolescente, na qual prevê a participação popular, descentralização, e o
trabalho em rede de serviços que atenda essa demanda. Assim sendo é importante
ressaltar segundo Martins (2004, p. 68 apud CURY, 1996, p. 255) "a política de
atendimento prevê ações que, historicamente, nunca fizeram parte dos programas
dinamizados pelas políticas públicas brasileiras. E as prevê exatamente em razão
dessa histórica ausência."
Nosso país é caracterizado por ter um dos maiores mecanismos legislativos de
proteção integral ao que se refere os direitos humanos de crianças e adolescentes,
não obstante, além de possuir grandes avanços em questões de
políticas públicas para adolescentes, a realidade se caracteriza por se outra
(SANDES, 2014).
As políticas públicas se configuram em um método que o estado possui, uma
ferramenta para solucionar questões sociais. Um constructo de programas, ações e
atividades desenvolvidas direta ou indiretamente, com participação da sociedade civil
em si e agentes privados, no qual objetiva-se o garantir de direitos sociais, com um
fim específico, nesse caso, a área da infância e juventude. De acordo com Souza
(2006 apud MEAD, 1995), a define como um campo dentro do estudo da política que
analisa o governo à luz de grandes questões públicas.
Segundo Pinheiro (1997) “o governo federal criou a Secretaria Nacional de
Direitos Humanos, no Ministério da Justiça, para coordenar e monitorar a execução
[...]”. Por conseguinte, à promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes, é
executada pela Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do
Adolescente (SNPDCA).
Como forma de política pública para enfrentamento da violência sexual e
outras violações, foi instituído pelo governo federal através do SUAS (Sistema Único
de Assistência Social) o Centro de Referência Especializado em Assistência Social
(CREAS), conforme a elucidação da Lei Nº 12.435/11, oferecem um conjunto de
procedimentos de nível técnico para cumprimento da política de atendimento aos
direitos da criança e do adolescente vítimas de violência sexual "[...] nos territórios,
da oferta de trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em
situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos.’’ (MDS, 2011, p. 8).
Sendo assim o trabalho dos profissionais da psique no âmbito do CREAS
consiste na “[...] construção de estratégias que exige da (o) psicóloga (o) ir além dos
modelos teóricos, assumindo a função política e social da ação, ou seja, perceber-se
enquanto sujeito desta prática." (CREPOP 2012, p. 62).
28

O CONANDA em meados do ano 2000 estabeleceu o plano nacional de


enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil, no qual estabelece diretrizes que
norteiam as políticas públicas voltadas para a temática, a fim de referenciar a atuação
do governo federal, estaduais e municipais. De acordo com Brasil (p., 3, 2013), “esse
instrumento tornou-se referência e ofereceu uma síntese metodológica para a
estruturação de políticas, programas e serviços para o enfrentamento à violência
sexual”.
Tabela 5 – Avaliação das ações do PAIR

Fonte: Costa et al (2010).

Com parceria entre o governo federal e a Agência dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional (USAID), foi implantando o Programa de Ações
Integradas e Referenciais de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-juvenil no
Território Brasileiro (PAIR), pautada na proteção integral consiste na articulação de
ações e serviços, fortalecimento dos conselhos de direitos e na capacitação para
profissionais que atendem essa demanda. A tabela demonstra que 60% dos
profissionais consideram a atuação das políticas públicas setoriais junto ao PAIR com
desempenho satisfatório (bom e ótimo).
No âmbito das políticas públicas também existe o Serviço de Proteção e
Atendimento Especializado a famílias e indivíduos (PAEFI), o programa foi
implementado através do CREAS em 2006, consoante com as Normas Operacionais
Básicas da Política Pública de Assistência Social (NOB/SUAS), o PAEFI passou a ser
compreendido como serviço de média complexidade, com intuito de compreender
29

orientações à promoção de direitos, para preservar o fortalecimento de vínculos


afetivos-familiares, comunitários, diante da situação violadora de direito. (CFP, 2009).
Segundo o MDS (2011),
Compreende o trabalhos dos centros de referência especializados a
articulação com toda a rede de políticas públicas para os indivíduos com a
função da promoção do protagonismo social e seu desenvolvimento visando
melhores condições de vida, esse evento ocorre através de reuniões mensais.

O Disque Denúncia foi criado em 1997 por iniciativa de organizações não-


governamentais que atuam especificamente na promoção dos direitos humanos das
crianças e dos adolescentes no Brasil. Sendo que em 2003, o serviço passou a ser
de responsabilidade da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
(SDH/PR) chamando de Disque 100. (MELO, p. 16, 2015).
Segundo Furlan (p. 203, 2011) “O Disque 100 (Disque Denúncia Nacional de
Abuso e Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescente) é um canal de
comunicação da sociedade com o poder público [...].
Explica Sanderson (p. 289, 2008),
O telefone de ajuda é o primeiro ponto de parada de qualquer abusador
potencial. Daí em diante, uma vez que a natureza do problema tenha sido
estabelecida, eles serão enviados para instituições de tratamentos
apropriadas. Ainda que o disque-ajuda não possa oferecer tratamento, ele
usa um sistema de semáforo (vermelho, verde e amarelo) para avaliar a
gravidade do comportamento relatado. Embora o serviço ofereça anonimato
e confidencialidade a quem faz a chamada, se em sua avaliação, uma
criança estiver em situação de risco, ele pode acionar agências apropriadas
para cuidar disso.

Nos últimos anos o Disque 100 tem demonstrado ser um dos poucos métodos
existentes no Brasil no que diz respeito ao enfrentamento da violência sexual contra
crianças e adolescentes. Segundo Brasil (p., 6, 2016) explica, “O Disque 100 com
131.201 denúncias, a Ouvidoria Online com 6.005 denúncias e o Clique 100 com 310
denúncias, numa média de 376,7 denúncias/dia e 270.801 encaminhamentos [...]”.
Tabela 6 – Balanço de denúncias do Disque ano de 2015 e 2016.

Fonte: Secretaria Especial de Direitos Humanos (2017).

A tabela acima demonstra o aumento de denúncias referente a violência sexual


contra crianças e adolescentes, balanço feito pela secretaria especial de direitos
30

humanos. De acordo com o balanço, as meninas são as maiores vítimas 44% e


meninos com 39%, entre 04 (quatro) e 11 (onze) anos, somando 42%, seguido das
faixas etárias de 12 (doze) à 17 (dezessete) anos com 30% e, de 0 (zero) a 03 (três)
anos com 18%.
De acordo com Tejadas (2011), a política de atendimento aos direitos da
criança e do adolescente devem ser um conjunto de ações governamentais e não
governamentais, isso aponta a importância da implantação de redes de atendimento
aos direitos desses indivíduos.
Existentes nos municípios as redes deveriam envolver diversos órgãos de
proteção como conselho tutelar propriamente dito, ministério público, polícia civil,
assistência social, órgão de saúde como hospital entre outros. O sistema de garantia
de direitos funciona através das redes de atendimento, que visam a efetivação,
assegurar tais direitos, Segundo Aquino (p. 329, 2004) “o aspecto dinâmico do
sistema, conformado a partir das conexões entre atores que compartilham um sentido
de ação”.
31

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No fechamento desse trabalho de conclusão de curso, pode-se ter maior


concepção da importância do trabalho do psicólogo no campo da psicoterapia junto a
políticas públicas de enfrentamento a violência sexual de crianças e adolescentes, tal
compreensão ocorreu com a revisão bibliográfica feita pautando-se nos estudos e
concepções cientificas levantados no decorrer da elaboração do presente trabalho.
Nesse momento, observa-se de forma crítica e conscientizada que o psicólogo
tem extrema importância no que diz respeito ao atendimento psicoterápico. Existe
uma necessidade do acompanhamento psicoterapêutico infanto-juvenil das vítimas e
formulação de novas políticas públicas de enfrentamento, devido ao número ao
crescimento das demandas. A observação supracitada se deu através da reflexão
sobre a atualidade dos conceitos e concepções teóricas.
Através do levantamento bibliográfico foi possível de maneira conclusiva que
o encargo profissional do psicólogo é um desafio devido à complexidade dos casos,
mas existem diversos resultados no desenvolvimento das crianças e adolescentes
que sofreram violência sexual.
No que concerne o campo das formulação e efetivação das políticas públicas
também ocorrem desafios, não obstante a criação das mesmas tem efeito preventivo.
Para a evolução e aprofundamento científico do tema abordado sugere-se
novas pesquisas no que tange psicologia e políticas públicas no enfrentamento da
violência sexual contra crianças e adolescentes.
32

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39

ANEXO A
CAPÍTULO II DO CÓDIGO PENAL
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Sedução

Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015,


de 2009)

§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com


alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído


pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº


12.015, de 2009)

§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de


2009)

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº


12.015, de 2009)

Corrupção de menores

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de


outrem: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei


nº 12.015, de 2009)

Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou


adolescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
40

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou


induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer
lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº


12.015, de 2009)

Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual


de criança ou adolescente ou de vulnerável. (Redação dada pela Lei nº
12.978, de 2014)

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de


exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato,
facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009)

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº


12.015, de 2009)

§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-


se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de
18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem


as práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)

§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da


condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do
estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
41

ANEXO B
CRIMES SEXUAIS DE ACORDO COM O ECA

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por


qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou
adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada


pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de


qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas
referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses
contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o


crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-


la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de


hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim até o


terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima
ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu
consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada


pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou


divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito
ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829,
de 2008)

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº


11.829, de 2008)

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de


2008)

I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias,


cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)
42

II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às


fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo. (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são puníveis


quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa
de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia,


vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829,
de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela


Lei nº 11.829, de 2008)

§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena


quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)

§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de


comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos
arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita
por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Lei nº


11.829, de 2008)

II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas


finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de
notícia dos crimes referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)

III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou


serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material
relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder
Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob sigilo o


material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de


sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação
de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº


11.829, de 2008)

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda,
disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou
armazena o material produzido na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)
43

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de


comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº


11.829, de 2008)

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)

I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo


explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir


criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de
sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança
ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição
dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente
sexuais. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer


forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:

Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº


10.764, de 12.11.2003)

Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de


qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por
utilização indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui
crime mais grave.

Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que


gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou,
sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência
física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)

Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui


crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer


forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles
que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico
em caso de utilização indevida:

Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.


44

Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do


art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual: (Incluído pela Lei nº
9.975, de 23.6.2000)

Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa.

Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e


valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e
do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi
cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada
pela Lei nº 13.440, de 2017)

§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável


pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas
referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)

§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de


localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº
9.975, de 23.6.2000)

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos,


com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela
Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº


12.015, de 2009)

§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as


condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas
de bate-papo da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço


no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei
no 8.072, de 25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
45

ANEXO C

Guia de Entrevista Forense NICHD1 2

Versão Português – Brasil3

I. Introdução

1. “Olá, meu nome é _______ e sou_____ (identificar profissão). (Apresentar todas


as outras pessoas presentes na sala; idealmente mais ninguém estará presente).
Hoje é ____ (data) e agora são ____ (horas). Estou entrevistando ____ (nome
do entrevistado/a) no/a _______ (local).”

“Como você pode ver, temos aqui uma câmera de vídeo e um microfone para
gravar a nossa conversa. Assim, é mais fácil me lembrar de tudo o que você
vai me contar. Às vezes, esqueço de algumas coisas e a gravação me ajuda a
ouvir com toda a atenção sem ter que escrever tudo o que você disser”.

“Parte do meu trabalho envolve falar com crianças (jovens) sobre as coisas
que aconteceram com elas. Eu me encontro com muitas crianças (jovens)
e assim elas podem me contar a verdade sobre coisas que lhes
aconteceram. Por isso, antes de começarmos, quero ter certeza de que
você compreendeu que é muito importante contar a verdade” (com crianças
pequenas explicar: “Aquilo que é verdade e aquilo que é mentira”).

“Se eu disser que os meus sapatos são vermelhos (ou verdes), isso é
verdade ou é mentira?”

(Esperar pela resposta, e depois dizer:)

2. “Não pode ser verdade, pois os meus sapatos são (pretos, azuis, etc.). E se eu
disser que agora estou sentado(a), isso é verdade ou é mentira (certo ou errado)?”

(Esperar pela resposta).

3. “Isso é verdade porque você pode ver que estou de fato sentada”.

“Já vi que você compreende o que significa contar a verdade. É muito


importante que hoje você me diga só a verdade. Você deve me falar só das
coisas que realmente aconteceram com você”.

(Pausa)
1
NICHD – National Institute of Child Health and Human Development
2
Versão traduzida do original em inglês: Lamb, M.E.; Hershkowitz, I.; Orbach, Y.
& Esplin, P.W. (2008). Appendix 1 – Investigative interview protocol. In Lamb,
M.E.; Hershkowitz, I.; Orbach, Y. &
Esplin, P.W., Tell me what happened – Structured investigative interviews of
child victims and witnesses (pp. 283-299) England:Wiley-Blackwell
3
Tradução de Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams, Chayene Hackbarth,
Carlos Aznar Blefari e Maria da Graça Saldanha Padilha com base na versão original
em inglês e na versão para Portugal de Carlos Eduardo Peixoto, Isabel Alberto e
Catarina Ribeiro, em 2010 (instrumento não publicado).
46

4. “Se eu fizer uma pergunta que você não entendeu, diga “eu não2
entendi”. Está bem?”

(Pausa)

“Se eu não entender o que você está me contando, vou pedir para você
me explicar melhor”.

(Pausa)

5. “Se eu fizer uma pergunta e você não souber a resposta diga apenas
“eu não sei”.

“Então se eu perguntar qual o nome do meu cachorro? (Ou o nome do


meu filho), o que você vai responder?”

(Esperar pela resposta).


(Se a criança responder, “Não sei”, dizer:)

6.“Certo. Você não sabe mesmo”.

(se a criança tentar ADIVINHAR, dizer:)

“Não, você não sabe a resposta porque você não me conhece. Quando
não sabe a resposta, não precisa responder – pode dizer que não sabe”.

(Pausa)

7.“E se eu disser coisas erradas, você deve me avisar. Está bem?”

(Espere por uma resposta).

8.“Então se eu disser que você é uma menina de dois anos (quando estou
entrevistando um menino de 5 anos, etc.), o que é que você deve dizer?”

(Se a criança não o corrigir, dizer:)

“O que você deve dizer se eu errar e disser que você é uma menina de 2
anos (quando estou entrevistando um menino de 5 anos, etc.)?”

(Espere por uma resposta).

9.“Correto. Agora você já sabe o que fazer quando eu errar ou disser


alguma coisa que não está certa”.

(Pausa)
10.“Então se eu disser que você está de pé, o que você diz?”
(Espere por uma resposta)
“Correto”
47

II. Estabelecimento de Rapport:

“Agora quero te conhecer melhor”.

1.“Me conta coisas que você gosta de fazer”.

(Espere que a criança responda).


(Se a criança der uma resposta detalhada, passe para a questão 3).
(Se a criança não responder, se der uma resposta curta, ou ficar empacada, pode
perguntar:)

2.“Eu queria mesmo te conhecer melhor. Preciso que você me conta


coisas que gosta de fazer”.

(Espere por uma resposta).

3.“Me conta mais sobre (atividade que a criança mencionou no seu relato. Evitar
abordar temáticas como programas de televisão, filmes e fantasia)”.

(Espere por uma resposta).


48

III. Treino da Memória

Episódica Evento Especial

(Nota: esta seção é alterada dependendo do acontecimento).

(antes da entrevista, identifique um acontecimento recente que a criança tenha vivido -


primeiro dia na escola, aniversário, celebração de um feriado, etc. - coloque questões
sobre este evento. Se possível, escolher um acontecimento que terá sucedido no mesmo
momento que o abuso alegado ou suspeito. Se o abuso alegado aconteceu durante um dia
ou evento particular questione sobre outro acontecimento).

“Eu quero saber mais sobre você e sobre as coisas que você faz”.

1.“Há uns (dias/semanas) foi (Férias/festa de aniversário/o primeiro dia na escola/outro


evento). Me conta tudo o que aconteceu (no teu aniversário, Páscoa, etc.)” (Espere
por uma resposta).
1a. “Pensa bem sobre (atividade ou evento) e me conta tudo o que aconteceu
nesse dia, desde que você se levantou de manhã até (parte do evento
mencionado pela criança na resposta à questão anterior)”.

(Espere por uma resposta).


(Nota: use esta questão quantas vezes forem necessárias ao longo da seção).

1b. “E então o que é que aconteceu?”

(Espere por uma resposta).


(Nota: use esta questão quantas vezes forem necessárias ao longo da seção).

1c. “Me conta tudo o que aconteceu depois (parte do evento mencionado pela
criança) até você ir para a cama naquela noite”.

(Espere por uma resposta).


(Nota: use esta questão quantas vezes forem necessárias ao longo da seção).

1d. “Me conta mais sobre (atividade mencionada pela criança)”.

(Espere por uma resposta).


(Nota: use esta questão quantas vezes forem necessárias ao longo da seção).

1e. “Há pouco você me contou que (atividade mencionada pela criança). Me
conta tudo sobre isso”.

(Espere por uma resposta).


(Nota: use esta questão quantas vezes forem necessárias ao longo da seção).

(Se a criança fizer uma descrição pobre do acontecimento continue com as questões 2 e
2e).
(Nota: se a criança fizer uma descrição detalhada do acontecimento, diga:)
49

“É muito importante que você me conta tudo o que lembrar sobre as coisas que
aconteceram com você. Você pode me contar coisas boas e coisas ruins”.

Ontem

2. “Eu quero ficar sabendo das coisas que acontecem com você. Me conta tudo
o que aconteceu ontem, desde a hora que você acordou até ir para a cama”.

(Espere por uma resposta).

2a. “Eu não gostaria que você deixasse alguma coisa de fora. Me conta
tudo o que aconteceu desde que você acordou até (alguma atividade ou parte
do acontecimento mencionado pela criança na resposta à questão anterior)”.

(Espere por uma resposta).

2b. “E daí o que é que aconteceu?”

(Espere por uma resposta).


(Nota: use esta questão quantas vezes forem necessárias ao longo da seção).

2c. “Me conta tudo o que aconteceu depois (alguma atividade ou parte do evento
mencionado pela criança) até você ir para a cama”.

(Espere por uma resposta)

2d. “Me conta mais sobre (atividade mencionada pela criança)”.

(Espere por uma resposta).


(Nota: use esta questão quantas vezes forem necessárias ao longo da seção).

2e. “Há pouco você me contou que (atividade mencionada pela criança). Me
conta tudo sobre isso”.

(Espere por uma resposta).


(Nota: use esta questão quantas vezes forem necessárias ao longo desta seção).

Hoje

SE A CRIANÇA NÃO FORNECER UMA DESCRIÇÃO DETALHADA SOBRE


ONTEM, REPITA AS QUESTÕES 2 A 2e SOBRE HOJE, USANDO “A HORA QUE
VOCÊ CHEGOU AQUI” COMO EVENTO FINAL.

“É mesmo muito importante que você me conta tudo o que aconteceu


realmente com você”.
50

IV. Transição para as questões primordiais:

“Agora que conheço você um pouco mais, queria falar sobre porque você
veio aqui hoje”.

(Se a criança começa a falar, espere).


(Se a criança fizer uma descrição sumária da alegação - Exemplo: “o David mexeu no
meu pipi” ou “o papai me bateu”) - prossiga para a questão 10.
(Se a criança fizer uma descrição detalhada, prossiga para a questão 10a).
(Se a criança não fizer uma alegação, prossiga para a questão 1).

1.“Eu entendo que pode ter acontecido alguma coisa com você. Me conta
tudo o que aconteceu desde o início até ao fim”.

(Se a criança começar a responder, espere).


(Se a criança fizer uma descrição sumária da alegação, prossiga para a questão 10).
(Se a criança fizer uma descrição detalhada, prossiga para a questão 10a).
(Se a criança não fizer uma alegação, prossiga para a questão 2).

2.“Como eu já te contei, o meu trabalho consiste em falar às crianças sobre


as coisas que podem ter acontecido com elas. É muito importante que você
me conta por que (você está aqui/veio aqui/eu estou aqui). Me conta por que você
acha que (a sua mãe, o seu pai, a sua avó) te trouxe aqui hoje (ou “porque você acha
que eu estou conversando com você hoje)”.

(Se a criança começar a responder, espere).


(Se a criança fizer uma descrição sumária da alegação, prossiga para a questão 10).
(Se a criança fizer uma descrição detalhada, prossiga para a questão 10a).
(Se a criança não fizer qualquer alegação e o entrevistador não sabe se existiu algum
contato prévio com outras instituições, prossiga para as questão 4 e 5).
(Se a criança não fizer qualquer alegação e o entrevistador sabe que existiu algum contato
prévio com a rede de proteção, prossiga para a questão 3).

3.“Ouvi falar que você conversou com (Médico/Professor/Assistente Social/outro


profissional) no (data e local). Me conta sobre o que falaram.

(Se a criança começar a responder, espere).


(Se a criança fizer uma descrição sumária da alegação, prossiga para a questão 10).
(Se a criança fizer uma descrição detalhada, prossiga para a questão 10a).
(Se a criança não fizer uma alegação e não existam marcas físicas visíveis,
prossiga para a questão 5).
(Quando as marcas físicas forem visíveis, o entrevistador viu fotografias delas ou lhe
contaram sobre elas, ou ainda quando a entrevista ocorreu em um hospital ou logo a seguir
ao exame médico, diga:)
4.“Posso ver (eu ouvi) que você tem (marcas/feridas/hematoma) no/na (localização
no corpo da criança). Me conta tudo sobre isso.

(Se a criança começar a responder, espere).


(Se a criança fizer uma descrição sumária da alegação, prossiga para a questão 10).
(Se a criança fizer uma descrição detalhada, prossiga para a questão 10a).
51

(Se a criança não fizer qualquer alegação, prossiga com a questão 5).

5.“Alguém anda te incomodando?”

(Se a criança começar a responder, espere).


(Se a criança fizer uma descrição sumária da alegação, prossiga para a questão 10).
(Se a criança fizer uma descrição detalhada, prossiga para a questão 10a).
(Se a criança não confirmar e não fizer qualquer alegação, prossiga com a questão 6).

6.“Aconteceu alguma coisa com você no/em (local/data do alegado incidente)?”

(Nota: não mencione o nome do alegado suspeito ou qualquer pormenor da alegação).


(Se a criança começar a responder, espere).
(Se a criança fizer uma descrição sumária da alegação, prossiga para a questão 10).
(Se a criança fizer uma descrição detalhada, prossiga para a questão 10a).
(Se a criança não confirmar ou não fizer qualquer alegação, prossiga com a questão 7).

7. “Alguém fez alguma coisa com você que você achou que não era certo?”

(Se a criança começar a responder, espere).


(Se a criança fizer uma descrição sumária da alegação, prossiga para a questão 10).
(Se a criança fizer uma descrição detalhada, prossiga para a questão 10a).
(Se a criança não confirmar ou não fizer qualquer alegação, prossiga com a questão 8).

PAUSA – Você está preparado para continuar? Será melhor fazer um


intervalo antes de continuar?

SE DECIDIR CONTINUAR, VOCÊ DEVERÁ FORMULAR VERSÕES


ESPECÍFICAS DAS QUESTÕES 8 E 9 COM OS FATOS DISPONÍVEIS ANTES DA
ENTREVISTA. ASSEGURE-SE QUE AS QUESTÕES SUGIRAM O MENOR
NÚMERO DE DETALHES POSSÍVEL. SE VOCÊ AINDA NÃO FORMULOU TAIS
QUESTÕES, FAÇA UM INTERVALO E FORMULE-AS CUIDADOSAMENTE
ANTES DE PROSSEGUIR.

8. “Alguém (fazer breve sumário das alegações ou suspeita sem adiantar nomes para o
alegado ofensor ou providenciar pormenores demasiados)” (Por exemplo: “Alguém te
bateu?” ou “alguém mexeu no seu pipi? “ou outras partes privadas do seu corpo?”)

(Se a criança começar a responder, espere).


(Se a criança fizer uma descrição sumária da alegação, prossiga para a questão 10).
(Se a criança fizer uma descrição detalhada, prossiga para a questão 10a).
(Se a criança não confirmar ou não fizer qualquer alegação, continue com a questão 8).

9.O/A teu/tua professor/a (médico(a)/psicólogo(a)/vizinho(a)) me contou/ me


mostrou (“que você mexeu no pipi de outras crianças/ ”um desenho que você fez”) e
eu queria saber se alguma coisa aconteceu com você. Alguém (fazer breve
sumário das alegações ou suspeitas sem adiantar nomes do suposto ofensor ou sem dar
muitos detalhes)”. Por exemplo: (“Alguém na tua família te bateu?” ou “alguém mexeu
no teu pipi? “ou outras partes privadas do seu corpo?”).
52

(Se a criança começar a responder, espere).


(Se a criança fizer uma descrição sumária da alegação, prossiga para a questão 10).
(Se a criança fizer uma descrição detalhada, prossiga para a questão 10a).
(Se a criança não confirmar ou não fizer qualquer alegação, continue com a seção XI).

V. Investigação do(s) incidente(s)

Questões Abertas

10. (SE A CRIANÇA TIVER MENOS DE 6 ANOS DE IDADE, REPITA A


ALEGAÇÃO USANDO AS PRÓPRIAS PALAVRAS DA CRIANÇA SEM DAR
DETALHES OU NOMES QUE A CRIANÇA NÃO TENHA MENCIONADO).

(Então diga:)

“Me conta tudo sobre isso”.

(Espere por uma resposta).


(se a criança tiver mais de 6 anos de idade diga simplesmente:)

“Me conta tudo sobre isso”.

(Espere por uma resposta).

10a. “E depois o que é que aconteceu?” ou “Me conta mais sobre isso”.

(Espere pela resposta).


(Use esta questão quantas vezes forem necessárias até obter uma descrição completa do
suposto incidente).
(NOTA: SE A DESCRIÇÃO DA CRIANÇA FOR GENÉRICA, IR PARA A QUESTÃO
12 (DIFERENCIAÇÃO DOS INCIDENTES). SE A CRIANÇA DESCREVER UM
INCIDENTE ESPECÍFICO, PROSSIGA PARA A QUESTÃO 10b).

10b. “Lembra daquele (a) (dia/noite) e me conta tudo o que aconteceu desde
(acontecimento precedente já mencionado pela criança) até (alegado evento abusivo
conforme descrito pela criança)”.

(Espere por uma resposta).

(Nota: utilize esta questão quantas vezes for necessário para assegurar que todos os
detalhes do incidente foram descritos).

10c. “Me conta mais sobre (pessoa/objeto/atividade mencionados pela criança)”.

(Espere por uma resposta).


(Nota: utilize esta questão quantas vezes for necessário ao longo da seção).

10d. “Você me contou que (pessoa/objeto/atividade mencionada pela criança), me


conta tudo sobre isso”.
53

(Espere por uma resposta).


(Nota: utilize esta questão quantas vezes for necessário durante a seção).

[Se você ficar confuso sobre determinados detalhes (por exemplo, sobre a sequência dos
incidentes), pode ser útil dizer:]

“Você já me contou muita coisa, e isso foi muito útil, mas estou um pouco
confuso(a). Para ter certeza de que entendi, comece pelo princípio e me
conta (como é que tudo começou/ o que aconteceu exatamente/ como é
que tudo acabou/ etc.)”.

Questões específicas relacionadas com a informação relatada pela criança:

(Se ainda faltam alguns pormenores centrais da alegação ou se esses são pouco claros
após a utilização exaustiva de questões abertas, utilize questões diretas. É importante
salientar a importância de realizar questões abertas com questões diretas, sempre que
apropriado).

(Nota: primeiro foque a atenção da criança no detalhe mencionado, e depois faça


a pergunta direta).

Formato geral das questões diretas:

11. Você contou (pessoa/objeto/atividade), (completar a questão

direta). Exemplos:

1. “Você contou que estava numas lojas. Onde você estava exatamente?”
(pausa para a resposta). “Me conta mais sobre essa loja”.
2. “Há pouco você me disse que a tua mãe ‘te bateu com essa coisa
comprida’. Me conta mais sobre aquela coisa.”.
3. “Você falou de um(a) vizinho(a). Você sabe o nome dele(a)?” (pausa para
a resposta) “Me fala sobre esse teu vizinho” (Não pedir uma descrição).
4. “Você disse que um dos teus colegas viu isso. Como ele/ela se chama?
(pausa para a resposta) “Me conta o que ele estava fazendo lá”.

Separação de Incidentes

12. “Isso aconteceu uma vez ou mais do que uma vez?”

(Se o incidente aconteceu uma vez, prossiga para o Intervalo). (Na página 11).
(Se o incidente aconteceu mais do que uma vez prossiga para a questão 13. LEMBRE-SE
DE EXPLORAR OS INCIDENTES INDIVIDUAIS DESCRITOS EM DETALHES
CONFORME ESTÁ DESCRITO A SEGUIR).
54

Explorando Incidentes Específicos quando há vários


Questões Abertas

13. “Me conta tudo sobre a última vez (a primeira vez/no momento em que no
(localização)/a hora que (alguma atividade específica/outra vez que você se lembre
bem) em que aconteceu alguma coisa.”

(Espere por uma resposta).

13a. “E daí o que aconteceu?” ou “Me conta mais sobre isso”.

(Espere por uma resposta).


(Nota: utilize esta questão quantas vezes for necessário durante a seção).

13b. “Lembre-se daquele (dia/noite) e me conta tudo o que aconteceu, desde


(incidentes prévios mencionados pela criança) até (suposto incidente abusivo conforme
descrito pela criança)”.

(Espere por uma resposta).


(Nota: utilize variantes dessa questão quantas vezes for necessário até que todas os
detalhes do incidente sejam descritos pela criança).

13c. “Me conta mais sobre (Pessoa/objeto/ atividade referida pela criança)”.

(Espere por uma resposta).


(Nota: Utilize esta questão quantas vezes for necessário durante a seção).

13d. Você disse que (pessoa/objeto/ atividade mencionada pela criança). Me conta
tudo sobre isso”.

(Espere por uma resposta).


(Nota: utilize esta questão quantas vezes for necessário na seção).

Questões específicas relacionadas com as informações dadas pela criança

(Se ainda faltaram alguns pormenores centrais da alegação ou se esses são pouco claros
após a utilização exaustiva de questões abertas, utilize questões diretas. É importante
salientar que deve utilizar questões abertas emparelhadas com questões diretas à
elaboração, sempre que apropriado).

(Nota: Primeiro focalize a atenção da criança no detalhe mencionado, e só depois faça


questão direta).

Formato geral das questões diretas

14. “Você contou que (pessoa/ objeto/ atividade mencionada pela criança), (Como/
Quando/ Onde/ Quem/ Qual/ O quê) (completar a questão direta)”.
55

Exemplos:

1. Você contou que estava vendo televisão. Onde é que você estava exatamente?

(Espere por uma resposta).

“Me conta tudo sobre isso”.

2. “Há pouco você contou que seu pai “te deu um safanão”. Me conta
exatamente o que ele te fez”.

3. “Você contou que um(a) amigo(a) estava presente. Como é que ele/ela se chama?

(Espere por uma resposta).

“Me conta o que ele/ela estava fazendo”.

4. “Há pouco você me contou que o teu tio te “meteu o dedo” (te deu um
beijo na boca/ fez sexo com você/ etc.). Me conta exatamente o que ele te fez.”

REPITA TODA A SEÇÃO PARA TANTOS INCIDENTES MENCIONADOS


PELA CRIANÇA QUE VOCÊ QUEIRA DESCREVER. A NÃO SER QUE A
CRIANÇA TENHA ESPECIFICADO APENAS DOIS INCIDENTES, PERGUNTE
SOBRE “O ÚLTIMO” E DEPOIS “O PRIMEIRO”, E DEPOIS “OUTRA VEZ
QUE VOCÊ SE LEMBRA BEM”.

VI. Intervalo

(Diga à criança:)
“Agora quero ter a certeza que eu entendi tudo e ver se há mais alguma coisa que eu
preciso te perguntar. Eu vou só (pensar sobre o que você me disse/ rever as minhas
anotações/ conferir com NOME).

(Durante o Intervalo, reveja as informações que você recolheu, compare com as


exigências de sua instituição forense, veja se faltam algumas informações e planeje o
resto da entrevista. CERTIFIQUE-SE DE FORMULAR AS QUESTÕES ESPECÍFICAS
POR ESCRITO).

Depois do Intervalo

(De forma a obter mais informações importantes que ainda não foram descritas pela
criança, faça questões adicionais diretas e abertas, conforme foi descrito anteriormente).
Retome as questões abertas (“Me conta mais sobre isso”) depois de fazer uma questão
direta. Depois de finalizar estas questões, proceda para a seção VII.
56

VII. Obtendo informações que ainda não foram mencionadas pelas crianças

(Você deve fazer essas questões apenas se já tentou utilizar outras estratégias e ainda
sente que faltam informações de relevância forense. É muito importante emparelhar
questões abertas (“Me conta tudo sobre isso”) sempre que possível).

(Nota: No caso de múltiplos incidentes, você deve direcionar a criança para os incidentes
relevantes utilizando as próprias palavras da criança, fazendo questões específicas apenas
depois de dar oportunidade à criança de elaborar sobre os detalhes centrais do incidente).

(ANTES DE PROSSEGUIR PARA O PRÓXIMO INCIDENTE, CERTIFIQUE-SE DE


QUE VOCÊ OBTEVE TODOS OS DETALHES QUE FALTAVAM SOBRE CADA
INCIDENTE ESPECÍFICO).

Formato geral das questões específicas baseadas em informação que


ainda NÃO foram mencionadas pela criança

“Quando você me contou sobre (incidente específico identificado no tempo ou


espaço) você disse que (Pessoa/Objeto/Ação). (Fez/era questão específica)?”

(Espere por uma resposta).


(Quando apropriado, continue com uma questão aberta; diga:)

“Me conta tudo sobre isso”.

Exemplos:

1. “Quando você me contou sobre a hora do porão, você disse que ele
tirou a calça dele. Aconteceu alguma coisa com as suas roupas?”

(Espere por uma resposta).


(Depois que a criança responder, diga:)

“Me conta tudo sobre isso”.

(Espere por uma resposta).

2. “Quando você me contou sobre a última vez, contou que ele te tocou.
Ele te tocou por cima da tua roupa?”

(Espere por uma resposta).

(Depois que a criança responder, diga:)

“Me conta tudo sobre isso”.

(Espere por uma resposta).


57

3. “Ele te tocou por baixo da tua roupa?”

(Espere por uma resposta).


(Depois que a criança responder, diga:)

“Me conta tudo sobre isso”.

(Espere por uma resposta).

4. “Você me contou que alguma coisa aconteceu no parquinho. Alguém


viu o que aconteceu?”

(Espere por uma resposta).


(Depois que a criança responder, diga:)

“Me conta tudo sobre isso”.

(Espere por uma resposta).

5. “Você sabe se aconteceu alguma coisa parecida com outras crianças?”

(Espere por uma resposta).


(Depois que a criança responder, diga:) “Me conta tudo sobre isso”.
(Espere por uma resposta).

VIII. Se a criança não mencionar as informações esperadas

Utilize apenas as dicas que forem relevantes.

Se tiver conhecimento de conversas em que a informação foi mencionada diga:

1. “Me contaram que você falou com (...) no (data/local). Me conta sobre o
que falaram”.

(Se a criança não fornecer mais informações, faça a questão 2; Se a criança fornece
mais informações, diga:)

“Me conta tudo sobre isso”.

(Prossiga com outras dicas abertas, como: “Me conta mais sobre isso”, se necessário).

Se tem conhecimento de anteriores revelações e a informação ainda não lhe foi revelada
diga:

2. Me contaram (ele/ ela me disse) que você disse (resuma a alegação,


especificando sem mencionar, se possível, detalhes incriminatórios).

“Me conta tudo sobre isso.”

(Prossiga com outras dicas abertas, como: “Me conta mais sobre isso”, se necessário).
58

3. Se alguma coisa foi observada, diga:


a. “Me contaram que alguém viu (...). Me conta tudo sobre isso”.

(Prossiga com outras dicas abertas, como: “Me conta mais sobre isso”, se necessário).

Se a criança negar, vá para a 3b.

b. Aconteceu alguma coisa com você em/no (tempo/espaço)? Me conta tudo


sobre isso.”

(Prossiga com outros estímulos abertos, como: “Me conta mais sobre isso”, se
necessário).

Se a criança apresentar/apresentou lesões ou marcas físicas, diga:

4. “Vejo (me disseram) que você tem (marcas/se machucou/tem um dodói) no (...).
Me conta tudo sobre isso”.
(Prossiga com outras dicas abertas, como? “Me conta mais sobre isso”, se necessário).

5. “Alguém te (sumário da alegação sem mencionar o nome do possível ofensor, a não


ser que a criança já tenha referido o nome ou fornecido informações incriminatórias).

Se a criança negar prossiga para a próxima seção.


Se a criança responder afirmativamente diga:

“Me conta tudo sobre isso”.

(Prossiga com outras dicas abertas, como: “Me conta mais sobre isso”, se necessário).

IX. Informações sobre a revelação

“Você disse porque veio falar comigo hoje. Me contou muita coisa e isso
me ajudou a entender o que aconteceu”.

(Se a criança mencionou ter contado a outra pessoa sobre o(s) incidente(s), prossiga para
a questão 6. Se a criança não mencionou ter contado a outra pessoa, averigue a
possibilidade de revelação imediata dizendo:)

1. “Me conta o que é que aconteceu depois (do último incidente)”.

(Espere por uma resposta).

2. “E daí o que aconteceu?”

(Nota: Utilize esta questão quantas vezes for necessário na seção).


(Se a criança fizer uma revelação, prossiga para a questão 6. Se não fizer, faça as questões
seguintes).
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3. “Alguém mais sabe o que aconteceu?”

(Espere por uma resposta. Se a criança identificar alguém, prossiga para a questão 6).
(Se a criança confirmar, mas não a identificar o nome, pergunte:)

“Quem?”

(Espere por uma resposta. Se a criança identificar alguém, prossiga para a questão 6).

4. “Agora quero saber como é que as outras pessoas descobriram o que aconteceu
(último incidente)”.

(Espere por uma resposta. Se a criança identificar alguém, prossiga para a questão 6).
(Se faltar informação, faça as seguintes questões).

5. “Quem foi a primeira pessoa, além de você e do (suposto ofensor) a descobrir que
(suposto abuso descrito pela criança)?”

(Espere por uma resposta).

6. “Me conta tudo o que conseguir sobre como (“a primeira pessoa mencionada
pela criança”) descobriu”.

(Espere por uma resposta).


(Depois diga:)

“Me conta mais sobre isso”.

(Espere por uma resposta).


(Se a criança descrever uma conversa, diga:)

“Me conta tudo o que vocês falaram”.

(Espere por uma resposta).

7. “Alguém mais sabe sobre (suposto abuso descrito pela criança)?”

(Espere por uma resposta).


(Depois diga:) “Me conta mais sobre isso”.
(Se a criança descrever uma conversa, diga:)

“Me conta tudo sobre o que falaram”

(Espere por uma resposta).


(Se a criança não disser que contou a alguém, pergunte:)

REPITA TODA A SEÇÃO SE NECESSÁRIO PARA CADA INCIDENTE


DESCRITO PELA CRIANÇA
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X. Encerramento

(Diga:)

“Hoje você me contou muitas coisas e eu quero te agradecer por ter me

ajudado”. 1. “Há mais alguma coisa que você acha que eu deveria saber?”

(Espere por uma resposta).

2. “Há alguma coisa que você quer me contar?”

(Espere por uma resposta).

3. “Há alguma pergunta que você queira fazer?”

(Espere por uma resposta).

4. “Se quiser falar comigo outra vez, pode me ligar para este número de telefone
(forneça à criança um cartão com o seu nome e o número de telefone)”.

XI. Tópico Neutro

“O que você vai fazer hoje depois de sair daqui?”

(Converse com a criança durante alguns minutos sobre um tópico neutro).

“São (especifique as horas) e esta entrevista acabou”.

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