Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO DE PSICOLOGIA
Rio de Janeiro
2015
Daniela Barcellos Farias
RIO DE JANEIRO
2015
DANIELA BARCELLOS FARIAS
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
Aos meus pais que estiveram comigo desde o início desta trajetória, mesmo sem
entender a minha escolha, estiveram presentes me apoiando, acreditando em mim e não
deixando desistir. Obrigada por tudo, eu amo vocês.
Ao meu esposo, amigo, companheiro de todas as horas, com você eu aprendi que
quando acreditamos em nossos sonhos podemos além de alcançá-los, superá-los, ter você em
minha vida foi um presente de Deus que recebi, obrigada por acreditar em mim, no meu
sonho, e sempre me apoiar, eu te amo.
Aos meus irmãos Sandra e Maicon que serviram de exemplo para iniciar esta
caminhada e mesmo longe significam muito em minha vida, amo vocês.
À amiga de todas as horas e de todas as distâncias Mayara que com suas palavras de
apoio desde o início da escolha do curso esteve presente em minha vida, uma amizade que
perpassa a marca dos sete anos será para a vida toda, obrigada por tudo.
À minha terapeuta Fernanda Peixoto, com sua experiência faz-me, avaliar as situações
de uma forma mais adaptativa, bem como, acreditar em mim mesma, agradeço seu empenho e
dedicação, a cada dia me torno mais flexível, você é o meu exemplo.
RESUMO
A violência sexual infantil é considerada como um problema de saúde pública, tal qual,
mostra-se a relevância de aprimorarmos as técnicas para a intervenção com as vítimas e seus
familiares. Desta forma, este trabalho monográfico teve como intenção realizar uma revisão
de literatura sobre a Eficácia da Terapia Cognitivo Comportamental em crianças que sofreram
violência sexual infantil. Para tanto, foram utilizados como embasamento teórico livros,
textos científicos e artigos da internet dos principais autores referentes ao tema. Nele foram
descritos o panorama da violência sexual infantil, dados estatísticos, a história da terapia
cognitivo comportamental, as principais técnicas utilizadas para estes casos, exemplificando a
diferença entre abordagens diretivas e não diretivas. Contudo foi possível afirmar que a TCC
propicia a eficácia no tratamento em vítimas de abuso sexual infantil, bem como mostrou-se a
importância de mais estudos frente ao tema, comparando com outras abordagens, para que
possamos aprimorar a intervenção, a inclusão de familiares no processo de intervenção e a
criação de protocolos específicos para o abuso sexual infantil. Neste contexto, também foi
destacado a importância dos profissionais da área buscarem melhor capacitação para atuar
nestes casos.
INTRODUÇÃO 08-09
CONCLUSÃO 35-36
REFERÊNCIAS 37-39
8
INTRODUÇÃO
Quando falamos em maus tratos infantil, a violência sexual infantil está em segundo
lugar, atrás apenas de negligência e abandono. Considerando tal afirmação, podemos imaginar
a quantidade de vítimas que sofrem com a violência sexual infantil, causando danos de curto a
longo prazo, tanto no seu desenvolvimento cognitivo, emocional e comportamental.
Não apenas para os que praticam o ato, mas também para aqueles que se omitem, a
constituição federal, o código penal e o estatuto da criança e do adolescente (ECA) propõe
sobre a proteção da criança e adolescente contra qualquer forma de violência e determinam
penalidades (CORDEIRO, 2006).
crianças e adolescentes que ainda não atingiram os dezoito anos de idade (AZAMBUJA,
2006).
O ECA por sua vez contribui para a proteção das crianças e adolescentes, conforme
Lei nº 8.069, de 13/07/1990, artigo nº 5:
O silêncio existente neste tipo de violência além de perdoar o perpetrador reforça o seu
poder perante a vítima, esta por sua vez sente-se impotente. Logo denunciar é uma tarefa
essencial para não corroborar com tal agressividade (AMAZARRAY e KOLLER, 1998).
Visto que falar sobre o abuso sexual infantil com a criança é um tabu, os pais ou
cuidadores possuem grande dificuldade em abordar este assunto com seus filhos. Se para
adultos é uma tarefa difícil falar, imaginem o quão difícil é para a criança, porém, o não falar
não afasta o abuso sexual infantil de nossa realidade, pelo contrário colabora com a
necessidade de silêncio que o abusador tem e precisa para não ser descoberto (SANDERSON,
2008).
O abuso sexual infantil ocorre em todas as culturas e classes sociais, logo, existem
diferentes definições para o termo abuso, pois sofrem influência dessas variações. Oliveira e
12
Santos (2006) declaram uma certa dificuldade em caracterizar abuso sexual infantil em
determinados contextos sociais, a cerca de existirem diferenças culturais que são convergentes
ao tema, impossibilitando a definição precisa.
Portanto o conceito de abuso sexual está longe de ser preciso, mas pode ser definido
como:
Almeida (2012) afirma que o abuso sexual infantil é o contato físico entre o abusador
e a criança, mencionando como exploração sexual a desigualdade de poder entre abusado
menor de idade e o abusador.
Considera-se o abuso sexual infantil qualquer contato com uma criança ou adolescente
em que o perpetrador tenha idade ou estágio psicossocial mais avançado que a vítima. O
abusador utiliza várias formas de atuação para conseguir realizar o abuso, à vista disto,
existem diferentes formas que são consideradas como parte de um abuso, são elas: ameaças,
força física, carícias, sexo oral, relações de penetração e ainda relações que não há contato
como, voyeurismo, assédio, pornografia e exploração sexual (CAMINHA ET AL., 2011).
Não existem números reais sobre o abuso sexual infantil, pois a grande parte deles não
é descoberto. Há estudos que indicam que apenas 10% dos casos são relatados pelas vítimas
ou denunciados ao sistema judiciário criminal, assim sendo torna-se tão difícil uma estatística
fidedigna desta problemática, contudo o autor afirma que um em cada seis meninos e uma em
cada quatro meninas sofram algum tipo de abuso sexual na infância. (SANDERSON, 2008).
13
Caminha et al., (2011) afirma que nunca saberemos os números reais de abuso sexual
infantil, já que, os números nunca serão precisos, pois sabemos que a grande maioria das
notificações de abuso sexual não são relatadas, mesmo assim, enfatiza-se a importância de
mais estudos sobre o a violência sexual infantil, devido aos danos psicológicos na vítima.
No Brasil esta realidade não se difere dos números informados pelo estudo do EUA.
De acordo com o Portal Brasil (2012) foi realizada uma pesquisa pelo sistema de Vigilância
de Violências e Acidentes (Viva) em 2011, afirmando que abuso sexual infantil é o segundo
maior tipo de violência praticado entre crianças de 0 a 9 anos de idade, representando 35%
das notificações recebidas, ficando atrás apenas de negligência e o abandono que
representaram na pesquisa 36% de casos. E quando aumentamos a faixa etária da pesquisa de
crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de idade temos 10,5% de casos registrados, em
segundo lugar na pesquisa. O número de notificações recebido pelo Viva para realização da
pesquisa foi de 14.625 casos que variam entre violência sexual, doméstica, física e outros
tipos de agressões realizadas em crianças e adolescentes.
grande parte sendo o pai biológico e o padrasto como principal abusador, neste contexto,
sabemos que trata-se de um abuso sexual incestuoso, uma vez que trata-se do pai ou padrasto
da vítima. Existe uma predominância nos casos de abuso sexual incestuoso ser em vítimas do
sexo feminino. O autor enfatiza a precocidade em relação ao início do abuso que ocorre
geralmente entre os 5 e os 8 anos de idade. Contudo, sabemos que quando revelado o abuso
sexual infantil pela vítima ele ocorre geralmente após um ano do início do abuso sexual e a
mãe sempre é um referencial para a criança relatar sobre da violência que sofreu
(HABIGZANG ET AL., 2006p).
Para formação do indivíduo a família tem seu papel importante como uma instituição
social primordial para o desenvolvimento de cada ser humano, cabendo aos pais proteção,
cuidado no desenvolvimento físico e emocional de seus filhos e garantir segurança.
Quando o abuso ocorre dentro do contexto familiar por aqueles que deveriam cuidar e
zelar seus filhos, estabelece uma confusão de papéis, pois no abuso sexual os atos se misturam
entre sedução e carinho, mascarando o abuso, desta forma a criança oscila em denunciar e
calar-se, pois trata-se, das pessoas as quais a criança confia e deveriam lhe garantir cuidado e
proteção (ARAUJO, 2002).
15
Pesquisas apontam que 50% dos abusos sexuais infantis são realizados por membros
da família (AMAZARRAY e KOLLER, 1998). Desta forma é utilizado o conceito de abuso
sexual intrafamiliar ou também chamado de incesto.
Segundo Habigzang (2006) a vítima não entende que a interação é abusiva e por esse
motivo não revela para outras pessoas, mas à medida que o abuso se torna mais evidente, a
criança percebe que está sendo abusada e o perpetrador começa a utilizar artifícios de
barganhas e ameaças para que a criança continue em segredo, mantendo-se assim em torno de
pelo menos um ano. Neste contexto a criança sente-se desamparada, acreditando nas
intimidações do abusador, então surgem as crenças de que é culpada pelo abuso, sentindo
medo da punição caso seja revelada para à família e vergonha por toda violência que vive.
Diante deste cenário a vítima adapta-se a violência sexual existente, afim de manter as
relações familiares.
A violência sexual extrafamiliar caracteriza-se por toda violência sexual que envolvam
pessoas que não sejam da família e também não sejam responsáveis pela criança, assim como,
amigos cuidadores, professores, mãe de amigos, conhecidos, vizinhos, amigo do pai ou da
família, pessoas totalmente desconhecidas e outros (BRAUN, 2002).
Oliveira e Santos (2006) afirmam que existe uma menor frequência no abuso
extrafamiliar quando comparado ao intrafamiliar, mesmo que exista essa diferença o abuso
sexual extrafamiliar ocorre em níveis bastante elevados. Oriundos de adultos que cuidam das
crianças e acabam sendo seus principais perpetradores são os casos de abusos extrafamiliar
relatados em escolas, creches e lares grupais.
16
Os impactos da violência sexual infantil podem ser diversos e graves. Neste contexto
as vítimas podem ter sequelas emocionais e físicas. Resultados de sequelas emocionais como,
depressão, ansiedade, sentimento de culpa, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e o
medo são observadas em muitas literaturas sobre o tema. Já as sequelas físicas podemos
descrever como o trauma físico, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez e aborto
(BORGES e DELL1AGLIO, 2008).
Segundo Pereira e Rangé (2011) além da Terapia Racional Emotiva, surgiram também
outras importantes teorias comportamentais que contribuíram no processo cognitivo, são elas:
Modificação Cognitiva do Comportamento desenvolvida pelo Mahoney (1974), a de
D’Zurilla e Goldfried (1971) com o Treino em Solução de Problemas e o Treino de
Inoculação ao Estresse criada pelo Meichenbaum (1973). Todas essas teorias contribuíram
significativamente para o fortalecimento da terapia cognitiva.
Beck a partir de então, realizou uma pesquisa sistemática com observações clínicas,
concluindo que os sintomas de depressão poderiam ser explicados cognitivamente, ou seja,
interpretações tendenciosas das situações, com representações negativas de si mesmo, do
mundo pessoal e do futuro (KNAPP e BECK, 2008). Beck utilizou este estudo em sua prática
clínica, mostrando aos seus pacientes suas distorções cognitivas e como influenciava no
estado depressivo deles. Desta forma obteve uma melhora de humor e comportamento de seus
pacientes (PEREIRA e RANGÉ, 2011).
20
Segundo Pereira e Rangé (2011) pessoas que estejam com sofrimento psicológico
sofrem alteração da percepção em relação a si, o ambiente e suas expectativas para o futuro,
pois, estes indivíduos são afetados pelas distorções de conteúdo de pensamento, ou também
chamadas distorções cognitivas, desta forma, agem no seu dia-a-dia distorcendo todas as
informações que recebem, e as distorções acabam parecendo para um indivíduo uma forma
normal de perceber o mundo, interpretá-lo e se comportar.
Para que seja considerada uma terapia cognitivo comportamental é necessário derivar
do modelo cognitivo, compartilhando alguns pressupostos básicos: Qualquer atividade
cognitiva influência o comportamento, a atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada e
as mudanças na cognição definem mudanças no comportamento (PEREIRA e RANGÉ,
2011).
21
A terapia cognitiva criada por Beck trabalha com três níveis de cognição, nas quais
todos os indivíduos possuem, porém, este conceito mencionado em epígrafe remete-se a
cognições no contexto de disfuncionais, pois, causam mal estar no indivíduo, sendo assim, é
identificado e trabalhado os pensamentos automáticos, crenças intermediárias e crenças
nucleares (centrais) (KNAPP e BECK, 2008). Para que possamos modificar o pensamento e
consequentemente o comportamento, faz-se necessário a mudança das interpretações
distorcidas, essa transformação ocorre a partir da reestruturação cognitiva, onde o indivíduo
consegue perceber que existem outras formas de ver a mesma situação na qual distorce
(PEREIRA e RANGÉ, 2011).
por uma criança nem sempre são verdadeiras, pois, por ser ainda uma criança e não possuir
habilidade mental para avaliar e flexibilizar sua avaliação perante uma situação, essas crenças
se tornam fixas a partir de experiências de vida que convenceu que essas crenças fossem
verdadeiras (GREENBERGER, PADESKY, 1999; PEREIRA e RANGÉ, 2011).
Dentro deste contexto foi desenvolvido por Judith Beck (1995) o diagrama de
conceitualização cognitiva (conforme figura 1) que demonstra resumidamente a
conceitualização cognitiva (KNAPP, 2004).
24
Crianças abusadas sexualmente têm o risco aumentado para 21% para depressão e
suicídio, 20% ao desenvolvimento do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), 14% para
comportamento sexual promíscuo, 10% para déficits no rendimento escolar e 8% para o ciclo
de violência (BORGES e DELL’AGLIO, 2008).
Já em outro estudo realizado com mulheres percebeu que 67% de mulheres que
tiveram histórico de abuso na infância desenvolveram quadros de: transtorno de estresse pós-
traumático (TEPT), problemas na regulação das emoções e no funcionamento interpessoal. E
um terceiro estudo realizado com 40 meninas com idade entre 9 a 16 anos, afim de verificar o
efeito do abuso sexual (no decorrer da vida) sem o tratamento adequado, foi possível observar
que os sintomas psicológicos não diminuíram com a passagem do tempo, essas meninas
estavam em uma lista de espera para atendimento, variando entre um mês à seis meses que o
abuso havia acontecido, contudo percebe-se a grande relevância da intervenção psicoterápica
nestes casos (HABIGZANG e KOLLER, 2011).
Lucânia et al. (2009) enfatiza que a terapia cognitivo comportamental (TCC) tem
demonstrado melhor resultado quando comparada a outras abordagens não focais no
tratamento da violência sexual infantil. Cabe ressaltar a importância do papel do
psicoterapeuta em propiciar suporte à vítima, e enfatiza a ineficácia das abordagens não
diretivas, pois o silêncio dessas abordagens, nestes casos, podem ocasionar comportamentos
de evitação replicando o silêncio que já existe neste contexto de abuso, não corroborando para
um acolhimento adequado e de extrema importância ALMEIDA (2012).
A TCC trabalha com alvos específicos, através de estratégias e plano de ação com
início, meio e fim, promovendo ações preventivas, possibilitando a diminuição da incidência
de futuras revitimizações das vítimas e seus familiares, além de sua forma de atuação a TCC
possui evidências científicas de que efetivamente proporciona resultados positivos tanto nos
atendimentos individuais ou em grupo (REZENDE, 2011).
Além das estratégias citadas a TCC destaca-se como uma intervenção eficaz, por
garantir mudanças a curto e médio prazo, onde as sessões são estruturadas, com meta e
conhecimento do tratamento realizado, possibilitando ao paciente melhor aderência e
confiança ao tratamento, bem como o desenvolvimento de habilidades em que os pacientes
poderão utilizar em outras situações da vida, dando lhes esperança de uma mudança visível e
atingível (ALMEIDA, 2012).
Dentro da literatura frente ao abuso sexual infantil o TEPT destaca-se tanto pelo
número de indivíduos que desenvolveram a psicopatologia após acometimento deste tipo de
28
violência, bem como as técnicas utilizadas para seu manejo serem oriundas a técnicas
cognitivos comportamentais (HABIGZANG, 2006).
Para obter sucesso em qualquer tratamento alguns aspectos são primordiais: uma
avaliação diagnóstica minuciosa, uma relação terapêutica sólida e empática, independente da
abordagem teórica (PEREIRA e RANGÉ, 2011).
Tendo visto que a vítima de abuso sexual apresenta severas distorções cognitivas o
terapeuta estabelece uma relação que propicie mudanças de comportamento mais adaptativas
e flexíveis a partir da reestruturação cognitiva (HABIGZANG, 2006).
Nos casos de abuso sexual pela literatura revisada, constata-se que não são todas as
vítimas que desenvolvem TEPT, porém, muitas vezes apresentam sintomas associativos a esta
29
psicopatologia, desta forma, são utilizadas inicialmente as técnicas com exposição gradual,
dessensibilização sistemática, inoculação de estresse, treino de relaxamento, interrupção e
substituição de pensamentos perturbadores por outros que recuperem o controle das emoções
(LUCÂNIA ET AL., 2009; HABIGZANG e KOLLER, 2009; HABIGZANG ET AL., 2006).
Para a reestruturação também pode ser realizado o ensaio cognitivo, mediação meta
cognitiva e substituição de imagem, como exemplificado o botão de emergência (CAMINHA
ET AL.,2011; RABIGZANG,2006).
O role play é uma técnica utilizada com grande eficácia como um teatro da história do
trauma, das melhoras (antes e depois), afim de, apresentar as novas estratégias desenvolvidas
após o tratamento (CAMINHA ET AL., 2011).
A TCC-FT tem como foco a inclusão de pais e/ou cuidadores em todo processo
psicoterápico, inicia-se sessões separadas entre pais e vítimas, seguindo por sessões conjuntas,
para reforçar e fortalecer a comunicação, construir confiança entre a vítima e seus cuidadores,
bem como fortalecer a psico-educação aprendida separadamente. A terapia foca-se em
estratégias cognitivos comportamentais, familiares e humanistas, focado em estratégias de
coping, vivência do trauma através da fala e técnicas de regulação emocional. Considerado
33
um tratamento focal e flexível e de curto prazo com 12 à 16 sessões de até 90 minutos (LOBO
ET AL., 2014).
Na TCC-FT focaliza-se na intervenção entre a vítima e seus pais e/ou cuidadores não
abusivos, possibilitando uma melhora do evento traumático na criança e na família (LOBO
ET AL., 2014). Neste contexto no estudo de Habigzang (2006) corroborou com esta
afirmação, enfatizando a necessidade de inclusão da família no processo terapêutico em
paralelo, pois, o grupo familiar possuí influência significativa para a criança, dando-lhe o
apoio afetivo e protetivo. Quando este apoio não acontece a família pode sofrer com impacto
das reações emocionais e comportamentais, e assim desenvolver sintomas psicopatológicos
nas vítimas.
Por fim, outro fator de extrema importância na intervenção com as vítimas que
sofreram a violência sexual infantil é a disponibilidade de uma equipe multidisciplinar
capacitada adequadamente, para conduzir intervenções corretas nos casos de abuso, pois a
falta de preparo dos profissionais pode acarretar em danos psicológicos secundários à criança
(AMAZARRAY e KOLLER, 1998; HABIGZANG, 2010).
35
CONCLUSÃO
Em relação aos dados estatísticos frente ao abuso sexual infantil, a literatura apontou
que os números apresentados não são reais, visto que, apenas 10% de casos são denunciados e
levados ao tribunal, contudo, o que demonstra a falta de informação a nível de prevenção, nas
escolas, nas comunidades, nos meios de comunicação e serviços públicos de atendimento a
criança e ao adolescente.
Contudo faz-se necessário mais estudos que demonstrem a eficácia da TCC quando
comparada com outras abordagens.
As técnicas da TCC utilizadas para o tratamento das vítimas foram empregadas tanto
no contexto de psicoterapia individual e grupal, demostrando uma melhor eficácia na forma
grupal, em sua grande maioria. Em alguns casos mesmo com a intervenção grupal faz-se
necessário uma intervenção individual em situações em que os sintomas de culpa, medo do
posicionamento da família entre outros estejam mais sintomáticos.
Outro ponto observado foi o despreparo dos profissionais nos locais de atendimento a
essas vítimas, foi apontado em alguns estudos, descrevendo a falta de capacitação e de uma
equipe multidisciplinar que conheça as consequências do abuso sexual e esteja preparado para
o acolhimento e questionamento correto frente as vítimas que se apresentem relatando o seu
caso.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Maria de Fátima. Violência e abuso sexual na família. Psicol. estud. vol. 7 no.2
Maringá jul./dez 2002.
BECK, Judith. Terapia cognitiva: teoria e prática.2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
Diário Oficial da União. Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Lei Federal nº 8.069,
Brasília, de 13 de julho de 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8069.htm. Acesso em: 02/06/2015.
HABIGZANG, Luíza Fernanda et. al. Avaliação Psicológica em Casos de Abuso Sexual na
Infância e Adolescência. Revista de Psicologia Reflexão e Crítica, 2008.
38
HABIGZANG, Luíza Fernanda et. al. Entrevista clínica com crianças e adolescentes
vítimas de abuso sexual. Estudos de Psicologia, 2008.
OLIVEIRA, Liana Hoher de; SANTOS, Cláudia Simone dos. As diferentes manifestações
do transtorno de estresse pós traumático (TEPT) em crianças vítimas de abuso sexual.
Rev. SBPH vol. 9 n.1 Rio de Janeiro jun. 2006.
PASSARELA, Cristiane et. al. Revisão sistemática para estudar a eficácia de terapia
cognitivo-comportamental para crianças e adolescentes abusadas sexualmente com
transtorno de estresse pós-traumático. Rev. Bras. Psiquiatria. 2009.
PORTAL BRASIL. Abuso sexual é o 2º tipo de violência mais comum contra crianças,
mostra pesquisa. Portal Brasil. 2002. Disponível em:
http://www.brasil.gov.br/saude/2012/05/abuso-sexual-e-o-segundo-maior-tipo-de-violencia-
contra-criancas-mostra-pesquisa. Acesso em: 02/06/2015.
39