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ABUSO SEXUAL INFANTO-JUVENIL

INTERVENÇÕES PSICOTERAPÊUTICAS NA PERSPECTIVA COGNITIVO-


COMPORTAMENTAL NO ÂMBITO DA PSICOLOGIA JURIDICA1
CHILD AND JUVENILE SEXUAL ABUSE: PSYCHOTHERAPEUTIC INTERVENTIONS
IN THE COGNITIVE BEHAVIORAL PERSPECTIVE IN THE FIELD OF LEGAL
PSYCHOLOGY

Daiana Helen da Silva2


Reinaldo da Silva Júnior (orientador)3
Márcio Pereira (co-orientador)4

RESUMO: No campo da Psicologia Jurídica uma realidade que o psicólogo


vivencia é o atendimento às crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual.
Uma realidade com complexas ramificações para a vítima e para os demais
envolvidos, sendo necessária cautela e atenção nesses casos. A necessidade
de discussão dessa temática é de ordem primária nos debates referentes aos
direitos das crianças e adolescentes na contemporaneidade. Contudo, o
referido artigo visa realizar uma discussão, pautada na pesquisa bibliográfica, a
respeito das intervenções realizadas pelo psicólogo frente às situações de
abuso sexual infanto-juvenil, na perspectiva da teoria cognitivo-
comportamental. O abuso sexual implica violência física, psicológica e moral, e
seus efeitos se desdobram nas distonias da personalidade da criança e do
adolescente, trazendo dificuldades em diversos campos de suas vidas. O que
se verifica, com a pesquisa exploratória e descritiva, é o diálogo positivo da
Psicologia Jurídica com o pensamento cognitivo-comportamental e sua eficácia
no atendimento às vítimas de abuso sexual infanto-juvenil.

Palavras-chave: Cognitivo-comportamental. Abuso sexual. Psicoterapia.


Crianças. Adolescentes.

ABSTRACT: In the field of legal psychology a reality that the psychologist


experiences is the care to children and adolescents victims of sexual abuse. A
reality with complex ramifications for the victim and the others involved, being
necessary caution and attention in these cases. The need for discussion of this
theme is of primary order in debates concerning the rights of children and
adolescents in contemporary times. However, this article aims to conduct a
discussion, based on bibliographic research, about the interventions performed
by the psychologist in relation to situations of child and juvenile sexual abuse,
from the perspective of cognitive behavioral theory. Sexual abuse involves
physical, psychological and moral violence, and its effects unfold on the

1
Trabalho apresentado para a Banca Examinadora com o objetivo de obter a formação “Bacharel em
Psicologia”, Universidade do Estado de Minas Gerais/Unidade Divinópolis/2019
2
Graduanda do curso de Psicologia/Unidade Divinópolis/UEMG, daianahelen@hotmail.com
3
Professor da UEMG/Unidade Divinópolis/ Curso de Psicologia. Doutor em Ciências da
Religião/UFJF.reinaldo.junior@uemg.br
4
Professor da UEMG/Unidade Cláudio. Coordenador do curso de Pedagogia. Me. Em Educação/UNISAL
Formação em Psicologia e Pedagogia. Co-orientador. marcio.marcio@uemg.br
2

dystonias of the personality of children and adolescents, causing difficulties in


various fields of their lives. What is evident from the exploratory and descriptive
research is the positive dialogue between legal psychology and cognitive
behavioral thinking and its effectiveness in caring for victims of child and
juvenile sexual abuse.

Keywords: Cognitive behavioral. Sexual abuse. Psychotherapy. Children.


Adolescents.

I.INTRODUÇÃO

O sexo, ainda na contemporaneidade, está envolto de tabus, e, de certa


forma, apresenta dificuldades em explorar, pesquisar e fazer exposições sobre
a temática. Segundo Lowenkron (2010, p. 11), embora a temática tenha sido
difundida com mais intensidade, inclusive nas últimas décadas, com uma
explosão discursiva, a mesma é acompanhada da censura ao “silêncio”,
entendido como “omissão” e “conivência”.
Apesar de que, nos tempos de hoje, há uma maior liberdade no diálogo
em relação ao sexo, atos violentos sexualmente ainda se fazem presentes,
principalmente contra a criança e ao adolescente. Conforme Pfeiffer e Salvagni
(2015, p. 198), “mesmo com a evolução dos princípios morais e legais em
defesa das crianças e adolescentes, os casos de abuso sexual não deixaram
de acontecer”.
Tratando-se da violência sexual como um problema social e da saúde
pública, torna-se importante ampliar a proteção a esse grupo pormenorizado e
muitas vezes sem voz. Recentemente, de acordo com uma pesquisa realizada
pelo IBGE, no ano de 2015, através do PEnSe (Pesquisa Nacional de Saúde
do Escolar), “4% dos escolares do 9º ano entrevistados responderam já terem
sido forçados a ter relação sexual”. Dado que chama atenção e requer atitudes
em relação à saúde e proteção de crianças e adolescentes que vivenciam tal
situação.
A partir desse cenário, torna-se relevante o estudo sobre as formas de
tratamento existentes para crianças e adolescentes que vivenciaram a violência
sexual, com o objetivo de informar e expandir o cuidado e proteção a esse
3

público. Um dos atendimentos é o psicológico, de suma importância na saúde


mental das vítimas com quadros traumáticos advindos desta violência.
Uma das teorias psicológicas que tem sido eficaz nessa situação é a
abordagem cognitivo-comportamental. Conforme Rezende (2011, p. 17) “para
reduzir os principais sintomas desenvolvidos em crianças e adolescentes
vítimas de abuso sexual, tem se destacado a aplicabilidade da teoria cognitivo-
comportamental (TCC) como uma das formas mais eficazes”. Sendo assim,
para melhor exemplificar este tipo de intervenção, este artigo tem como
objetivo, através da pesquisa bibliográfica, trazer o que se tem pensando a
respeito da aplicabilidade da TCC nos casos de abuso sexual relacionados às
crianças e aos adolescentes.

2. Caminho Metodológico

Vizzoto et al. (2016, p. 117) fizeram um percurso sobre a história da


metodologia científica, surgida através da ciência moderna, como forma para
confirmar e solucionar ideias científicas. Percorreram para tanto,
planejamentos de Galileu, Kepler e outros cientistas, e assim conceituaram a
metodologia como aspecto fundamental para pesquisas cientificas. Desta
maneira, segundo Vizzoto et al. (2016, p. 117), concebe-se a metodologia
como “conjunto de regras básicas para desenvolver uma experiência, a fim de
produzir um novo conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos
pré-existentes”.
Para atingir o aprofundamento do conhecimento sobre as intervenções
psicoterapêuticas, na perspectiva cognitivo-comportamental, usa-se neste
artigo a estratégia de uma pesquisa qualitativa. Ou seja, trata-se dos resultados
da pesquisa transformados em ideias e listagem dos dados obtidos. Usou-se a
coleta de dados bibliográficos de intervenções já realizadas, listando-as a fim
de facilitar o acesso a essas intervenções. A escolha da pesquisa qualitativa se
justificou pela possibilidade de reais intervenções para casos de vítimas de
abuso sexual na infância e adolescência.
A revisão de literatura, como procedimento para coletar dados de
intervenções já realizadas e efetivadas, foi feita a partir dos seguintes autores:
Alemida (2012), Gonçalves e Silva (2018), Lucânia et. al. (2009), Habigzang et.
4

al. (2008). Artigos estes selecionados pelo tema abuso sexual na infância e
datados no período de 2008 a 2018, através do softwarede rede de pesquisa
PublishorPerish.
O software de rede de pesquisa PublishorPerish indica referenciais
bibliográficos para serem utilizados em trabalhos científicos, a partir de busca
por tema, nome, assunto e ano indicados. Ele seleciona por meio de utilização,
ou seja, seleciona de ordem crescente de utilização, as citações e referencias
sobre o assunto pesquisado. Para melhor descrever cita-se Barleta, Silva e
Dias (2018, p. 01) que confirmam este software sendo “um programa que
recupera e analisa citações acadêmicas. Ele utiliza base de dados online para
obter citações brutas, analisa-as e calcula uma série de métricas de citações”.
O estudo deste artigo foi baseado no método indutivo, pois parte-se da
eficácia de intervenções específicas na abordagem cognitivo-comportamental,
para uma conclusão geral de que esta abordagem, então, seja a melhor para
ser utilizada nos casos em questão. Ou seja, através da confirmação de que
intervenções nos casos de abuso sexual infanto-juvenil, na abordagem
cognitivo-comportamental, foi eficiente, chega-se a conclusão de qualquer
intervenção nesta abordagem seja suficientemente eficaz.
O tipo de pesquisa aplicado foi à pesquisa descritiva, pois permitem
conceituar aspectos relevantes do artigo e descrever, as intervenções
psicoterapêuticas na perspectiva cognitivo-comportamental, de maneira a listá-
las como recurso a ser utilizado por psicólogos.

3.Abuso sexual de crianças e adolescentes: situação em pauta nos


cenários sociais.

A violação dos direitos da criança e do adolescente na


contemporaneidade vem sendo denunciada por diversas formas de violência,
negligência e desrespeito. Dentre essas violações está o abuso sexual, que
pode ser considerado uma forma de violência física, moral e psicológica e que
ocorre em diversas condições, que engloba a etnia, o sexo, a religião, classe
econômica e outras. No entanto, o grupo que mais está vulnerável a este tipo
de violência enfaticamente é grupo do sexo feminino. Dados deste e de outros
estudos indicam que, embora qualquer pessoa possa ser vítima de violência
5

sexual, em geral as vítimas são do sexo feminino e, em especial, crianças e


adolescentes (LUCÂNIA et.al., 2009, p. 818).
Os prejuízos causados por tal invasão íntima à criança e ao adolescente
são inimagináveis e únicos, pois refletem em seu estado psíquico, fisiológico e
biológico. Tratando-se de um período em que os ideais são criados e em que a
identidade está em processo de formação, este é um momento em que as
referências e experiências são registradas e formadoras do adulto que se
tornará.
O abuso sexual é uma preocupação social, pois embora tenha, na
contemporaneidade, falado mais sobre o assunto e criado alternativas de
prevenção, ainda sim se tem um número alto e cada vez mais crescente sobre
este ocorrido com crianças e adolescentes. Segundo Pfeiffer e Salvagni (2005),
a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o abuso sexual infantil
como um dos maiores problemas de saúde pública. A Constituição Brasileira
declara a saúde como direito social, e é dado à sociedade este cuidado e
proteção da criança e do adolescente, pois assim é garantido seu direito de
saúde, logo de cidadão. Ruzany (2008) aponta este dever da sociedade, em
relação à mudança de paradigma na atenção à saúde do adolescente, ao
lembrar o fragmento da Ordem Social, capítulo VII, da criança, do adolescente
e do idoso, o Art. 226:

É dever da família, da sociedade e do estado assegurar à


criança e ao adolescente com absoluta prioridade o direito à
vida, à saúde, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência e
opressão. (RUZANY, 2008, p. 21).

O abuso sexual cometido contra a criança e o adolescente se


caracteriza pelo caráter pedofílico, ou seja, pela prática de violência sexual
realizada entre um adulto e pessoas menores de 18 anos. Botega5 (2008) diz
que “o abuso sexual, especificamente, diz respeito ao ato praticado
diretamente com a criança, seja presencialmente ou por meio eletrônico”. É

5
Luiz Carvalho de Botega é promotor de Justiça e explica sobre a temática do abuso sexual infantil, em
recurso audiovisual no youtube, no ano de 2008. https://www.youtube.com/watch?v=5tncRErA-FQ
6

esclarecedor que o abuso sexual infanto-juvenil diz de uma violência contra a


criança e adolescente, porém, convém repensar sua característica para além
do contato físico (vaginal, oral ou anal), estendendo-se, portanto, à violência
psicológica envolvida neste caso.
Torna-se necessário frisar a violência psicológica, pois nesta
contingência, muitas das vezes, a vítima se torna responsável pela ação, de
acordo com o agressor, partindo da defesa em que foi atraído e que a vítima
tinha consciência do que estava acontecendo ali. A comprovação da violência
psicológica é de difícil acesso para o médico legista, cabendo a outros
profissionais a comprovação. Normalmente, a violência psicológica se
apresenta em forma de ameaças, força opressora de poder hierárquico dentro
da família (abuso de poder), traços de personalidade do agressor, dependência
forçada, falsos moralismos, conivência ou silêncio por parte da família, falta de
apoio de outro responsável, falta de testemunha, associação ao
descontentamento da cuidadora em sua falha de cuidado e outras maneiras
representativas. Segundo Pfeiffer e Salvagni (2005) “o maior problema
defrontado pelo médico e pelos meios de proteção legal é a comprovação do
abuso sexual quando falta a evidência física”.
O que causa repulsa maior, além do próprio ato de violência, é a
condição de proximidade do abusador. Infelizmente, o agente violador, em sua
maioria, possui relação de domínio sobre a vítima. Na maioria dos casos, tem
relação de parentesco ou outra proximidade com a criança. No primeiro caso,
trata-se de abuso sexual intrafamiliar; e, no segundo caso, de abuso sexual
extrafamiliar.

O abuso sexual pode ser classificado em duas categorias:


intrafamiliar e extrafamiliar. O abuso sexual intrafamiliar define-
se por ocorrer no ambiente de convívio familiar e é praticado
por um membro da família: pai, mãe, irmão, avô, avó, tia, tio,
padrasto e madastra. (...) O abuso sexual extrafamiliar ocorre
fora do âmbito familiar e é geralmente praticado por pessoas
que possuem algum vínculo com a criança: vizinho, amigo mais
velho, professor, médico, babá, entre outros. (PIETRO;
YUNES, 2008, p. 7).

A forma de resguardar, prioritariamente, a criança e ao adolescente do


abuso sexual, é antes de tudo, denunciando estes atos de violência. Denúncia
que pode partir da equipe de atendimento à saúde desse grupo, familiares
7

(atentando sempre para os casos de falsas denúncias, principalmente onde há


possibilidade de desenvolvimento de uma alienação parental, ou qualquer outra
disputa de guarda da criança ou adolescente, como, por exemplo, o caso de
disputa de guarda entre avós e pais), amigos, instituição de ensino, ou
qualquer outro agente. A denúncia pode ser realizada acionando o Conselho
Tutelar da Região, a Vara da Infância e Juventude ou Promotorias
Especializadas na Infância e Juventude e denunciar o crime pelo Disque
Denúncia Nacional, “Disque 100”. Segundo Faleiros (2003), sobre a denúncia,
aponta que

A denúncia é uma das questões cruciais para o enfrentamento


das situações de abuso sexual contra crianças e adolescentes,
bem como para elucidação de todo e qualquer crime. Implica
em pessoas dispostas a correr riscos e romper com o pacto de
silêncio que alimenta a impunidade e desprotege as vítimas.
(FALEIROS apud PIETRO; YUNES, 2008, p. 10).

Os recursos legais que apoiarão as crianças e adolescentes vítimas de


abuso sexual infanto-juvenil, segundo o Ministério Público Federal (MPF) são a
Constituição Federal, o Estatuto da criança e do adolescente e o Código Penal.
A Constituição Federal assegura este grupo, além dos direitos e deveres da
família, sociedade e Estado, com a penalidade severa nos casos de abuso,
violência e exploração sexual (Art. 227,§ 4.º).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069 de 1990 com
alterações da Lei 11.829/2008, por exemplo, nos artigos 5º, 240, 241 há
penalidade de reclusão disposta de 4 a 8 anos acrescida de multa para o
violador. Artigos estes referidos a exposição, indução, explicitação, simulação,
armazenamento e outras formas ilegais de cunho sexual contra a criança e
adolescente.
O Código Penal endossa a proteção às crianças e adolescentes, nas
penalidades de modalidades de violência sexual, em casos de estupro,
atentado violento ao pudor, sedução, corrupção de menores e pornografia.
Sendo o abuso, a violência e a exploração, integrantes da corrupção de
menores e atentado violento ao pudor, as penalidades são de 6 a 10 anos de
reclusão para estupro (Art. 213); 6 a 10 anos para atentado violento ao pudor
(Art. 124); 2 a 4 anos para sedução (Art. 217); 1 a 4 anos para corrupção de
8

menores (Art. 218); Detenção de 6 meses a 2 anos ou multa para pornografia


(Art.234). No entanto, com a Lei 8.072 de 25 de julho de 1990, o estupro e o
atentado ao pudor galgaram às considerações de crimes hediondos e desta
maneira, passaram a não viabilizar, nestes casos, a fiança, indulto ou
diminuição de pena por bom comportamento. Notando-se que “o abuso sexual
de meninas e meninos e de adolescentes inclui a corrupção de menores, o
atentado ao pudor e o estupro”.
O recurso normalmente utilizado é o direcionamento da família, da
criança ao serviço emergencial de um hospital (público ou particular), para
averiguação de lesões agudas.

Pelo fato de familiares, policiais e serviços de proteção à


criança trazerem vítimas de abuso sexual aos serviços de
emergência de hospitais, esta costuma ser uma importante
porta de entrada de muitas vítimas para os processos médico-
legais. (FERREIRA, 2002, p. 60).

O que se entende da assistência prestada à vítima de abuso sexual


infanto-juvenil, segundo Ferreira (2002), partindo do atendimento inicial
hospitalar, é que se reveste em atendimento sem protocolos, sem estrutura;
seguido de atendimento pediátrico para abordagens diagnósticas iniciais; e em
outro momento por encaminhamento ao serviço especializado, bem
estruturado, partindo da premissa de identificação do perpetrador (agressor
sexual).
No entanto, quando não há lesão aguda e a afirmação está fortalecida
em condições psíquicas, a vítima pode ser levada a atendimento psiquiátrico,
dependendo do desdobramento da violência, ou até mesmo direto ao
consultório psicológico particular. O que se deve atentar nestes casos, é o
cuidado para o chamado do Depoimento sem Dano. “Esta prática apresenta-se
como uma alternativa, para que a produção de prova, pelo depoimento da
vítima não seja tão penoso e ainda mais cruel” (PIETRO; YUNES, 2008, p.13).
O que se combina eticamente, em ambos os serviços, é a comunicação
ao órgão responsável, no caso o Conselho Tutelar, e lá se iniciarão as medidas
legais de proteção à essa vítima, o que pode ser redirecionada ao CAPS’i, à
Vara da Criança e do Adolescente, por exemplo, que contarão com apoio de
uma equipe multiprofissional para tratamento do caso em questão, de
9

“microssistemas que formam a rede de atendimento social” (PIETRO; YUNES,


2008, p. 8). E que podem atuar, como parte em alguns casos, através da
substituição da família, por guarda, tutela e adoção.

4.Abordagem cognitivo-comportamental e a intervenção em caso de


abuso sexual

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), formulada por Beck (1960),


dirige-se à terapia que se interessa pelos comportamentos, pensamentos,
sentimentos, emoções, distorções cognitivas, crenças nucleares e outros
elementos que estão interligados a um problema de ordem psicológica. Ela se
propõe à modificação de comportamentos e emoções, visando o bem-estar e
superação de problemas, em uma ação conjunta e participativa entre terapeuta
e paciente. Esta mudança de comportamento está intimamente ligada ao
pensamento disfuncional e/ou automático que se criou a cerca de uma situação
e que se tornou, consequentemente, uma contingência na vida do paciente. E
dependendo de algumas variáveis, pode se tornar uma crença disfuncional que
se reforçará ao longo dos anos, impossibilitando a pessoa de realizar
atividades comuns do dia a dia, por exemplo.
De acordo com Beck (2013) a TCC trata-se então de uma psicoterapia
que valida as cognições negativas e distorcidas, dentro de uma estrutura
cognitiva e que tem características em ser estruturada, de curta duração,
voltada ao presente, de soluções de problemas atuais, objetivada em modificar
os pensamentos e comportamentos atuais.
A prática desta terapia em crianças e adolescentes, não se torna tão
discrepante em relação à prática com adultos e, por isto, pode-se aplicar o
mesmo modelo em algumas situações. Como reforça Kenell (1993 apud
FRIEDBERG; MCCLURE, 2013, p. 10), “embora a terapia cognitiva deva ser
adaptada para adequar-se às características individuais das crianças, vários
princípios originalmente estabelecidos através do trabalho com adultos ainda
se aplicam”.
A diferença entre a terapia para adultos e crianças e/ou adolescentes é a
volição das crianças e adolescentes em controlar o processo da terapia, ou
seja, podem ser encaminhadas pelos pais e/ou pela justiça. Podem, também, ir
10

de livre e espontânea vontade, mas em sua maioria são levadas


imperativamente a iniciar o processo terapêutico. E já com os adultos, em sua
maioria, o processo de procura pela terapia é livre.
Em casos de abuso sexual infanto-juvenil, a contingência que se
apresenta como problema psicológico transversal, decorre da violência sexual
vivenciada. Violência essa que pode gerar na vítima novos comportamentos de
defesa, autodestruição, desvalorização, culpa, revitimização e outros
comportamentos que têm desencadeamento negativo em sua vida. Uma
experiência negativa que possivelmente se vivenciará mais tarde como
traumática, e se criará uma crença disfuncional, decorrente do abuso sexual,
que deverá ser acompanhada e auxiliada por uma equipe multidisciplinar para
o cuidado da saúde dessa criança ou adolescente.
Embora Almeida (2012, p. 222) aponte que “a psicoterapia se apresenta
como componente extremamente necessário ao tratamento de vítimas de
abuso sexual infantil”, deve-se considerar que são várias questões a serem
avaliadas e acompanhadas, além do cuidado psicológico. Por isso, há
necessidade de acompanhamento multidisciplinar. Pois, o interesse é a saúde
integral desta criança ou adolescente.
Os tipos de intervenções existentes na terapia cognitivo-comportamental
são diversos e nem sempre são beckiniana. Existe a terapia racional emotiva, a
terapia comportamental dialética, a terapia de solução de problemas, a terapia
de aceitação e compromisso, a terapia da exposição, a terapia do
processamento cognitivo, entre outras (BECK, 2013).
Almeida (2012) refere-se à intervenção cognitivo-comportamental como
a melhor abordagem para casos de abuso sexual infantil, em comparação a
outras intervenções como a grupoterapia analítica e sistêmica, as de aspectos
existenciais, a terapia dinâmica de curto prazo e as psicoterapias
psicodinâmicas. Almeida (2012) realizou uma revisão de literatura para este fim
e verificou intervenções em que a Cognitive Processing Therapy, que lida com
o processamento de medo e das cognições, utilizada tanto em pacientes
vítimas de abuso sexual, quanto vítimas de estupro, tem elevada efetividade,
pois diminui sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e
depressão. Verificou também que a TCC em relação à Terapia de Resolução
de Problemas é mais eficaz, pois foca na reestruturação cognitiva; considerou
11

também a Dialectical Behavior Therapy e a Focused Cognitive Behavioral


Therapy como terapias eficazes para casos de TEPT e abuso sexual infantil.
Gonçalves e Silva (2018) verificaram através da aplicação mensal do
Inventário de Ansiedade de Greenberger e Padesky, por meio da análise de
caso, que a TCC também reporta significativos descréscimos nos sintomas
ansiosos advindos de abuso sexual infantil. Sendo as intervenções
apresentadas nas técnicas da “Torta da Responsabilidade” para avaliar
sentimento de culpa e vergonha; na estratégia da descatastrofização para
avaliar as emoções relacionadas a eventos futuros, e no experimento
comportamental para verificação de pressupostos. O que reforça ainda mais a
eficácia da TCC, considerando a intervenção baseada em evidências.
Pertencendo estas intervenções às bases técnicas da TCC como a aplicação
da descoberta guiada, do questionamento socrático, do exame de evidências,
da descatastrofização e ressignificação, do relaxamento progressivo, da
respiração diafragmática, da reatribuição, da seta descendente e da técnica da
análise processual.
Segundo Heflin e Deblinger (1999 apud LUCÂNIA et. al., 2009, p. 821)
apontam a utilização de intervenções básicas da TCC para um caso de abuso
sexual infantil, em que se usou de técnicas interventivas de questionamento
socrático, busca de evidências, treino de solução de problemas, treino de
relaxamento e dessensibilização sistemática, reestruturação cognitiva e
exposição com prevenção. O resultado que se obteve deste estudo de caso foi
um decréscimo nos sintomas de TEPT, bem como confirmam:

O resultado positivo destas intervenções é compatível com a


literatura em relação à efetividade da terapia cognitivo-
comportamental no alívio de sintomas de estresse pós-
traumático em adolescentes e vítimas mais jovens de abuso
sexual. (HEFLIN; DEBLINGER apud LUCÂNIA et. al., 2009, p.
821).

Habugzang et.al. (2008) verificaram a eficácia da TCC em Grupoterapia


para meninas vítimas de abuso sexual e os instrumentos psicológicos de
intervenção utilizados foram a entrevista semiestruturada The Metropolitan
Toronto Special Committee on Child Abuse, adaptada por Kristensen; a Escala
de atribuições e percepções de crianças (Children’s Attributions and
12

Perceptions Scale- CAPS); o Inventário de Depressão Infantil (CDI), adaptado


por Beck; a escala de Estresse Infantil (ESI); o Inventário de Ansiedade Traço-
Estado para crianças (IDATE-C); e a entrevista estruturada com base no DSM
IV/SCID para TEPT. As intervenções cognitivo-comportamentais realizadas
neste grupo de meninas obtiveram resultados significativos em relação aos
sintomas de TEPT, ansiedade e depressão. Bem como elucidam Habugzang
et.al. (2008, p. 73), “as meninas apresentaram redução da sintomatologia e
elaboraram crenças mais funcionais em relação à experiência do abuso, o que
proporcionou uma melhora na qualidade de vida”.
A revista Marie Claire, em publicação feita por Daniela Carasco, no dia
18 de Maio de 2017, em ação ao Dia Nacional do Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes, ouviu relatos de vítimas e
os publicou, em declaração anônima, com a finalidade de responsabilizar e
sensibilizar a sociedade. Estes relatos contribuem na identificação de abuso
sexual e nas crenças disfuncionais que são desencadeadas a partir desta
violência e também a necessidade de psicoterapia para tratamento dos
problemas e transtornos advindos dele. São exemplos de relatos:

“Fui abusada diversas vezes quando criança e por pior que


seja dizer isso, comecei a achar que se tratava de algo natural.
Cheguei a pensar que era uma maneira de me tornar mulher. O
abuso que mais me marcou aconteceu aos 9 anos. Meu vizinho
me violentou. Ele tinha dois filhos, com quem eu e minha irmã
adorávamos brincar. Mas toda vez que íamos à casa dele, ele
deixava os três assistindo filme e dizia que comigo ia ser mais
especial. Me levava para outro quarto, me mostrava revistas
masculinas e me forçava a masturbá-lo. Minha vontade era de
fugir, mas o medo de alguém descobrir algo me impedia. Só
me dei conta de tudo o que passei aos 20 anos. Hoje, aos 30,
sinto náusea só de lembrar. Essa situação toda fez despertar
muito cedo o meu desejo sexual, assim como me tornou uma
pessoa muito desconfiada. Quando adulta procurei tratamento
psicológico para me livrar dessa angústia. Sempre achei que
era eu quem tinha feito algo errado.” – FV

“Eu tinha 8 anos e estudava em uma escola particular, que


havia contratado há pouco um novo funcionário. Ele era
simpático e querido por todos. Até que um dia, por conta do
trânsito, meus pais demoraram a me buscar. Fiquei sob os
cuidados dele até que pudesse ir embora. O prédio passava
por uma reforma e ele imediatamente me convidou para
conferir como é que estava ficando o novo terraço. Inocente, eu
fui. Assim que chegamos, ele começou a me encher de elogios,
que logo se transformaram em carícias. Travei. Não sabia lidar
com o que estava acontecendo, não tinha nem noção do que
era aquilo. Quando ele colocou a minha mão nas partes íntimas
13

dele, pedi para que parasse. Ele aceitou, mas me pediu


segredo. ‘Suas amigas vão achar que eu gosto mais de você
do que delas’, chegou a dizer. Fingi esquecer o que houve, ele
também nunca mais tocou no assunto e nem tentou
novamente. Reprimi essa memória durante anos. Hoje, 15 anos
depois, me arrependo amargamente de não ter contado a
ninguém.” – PL

É possível, pois, observar a realidade da necessidade de atendimento


psicológico, a partir da vivência traumática do abuso sexual na infância. Sendo
o psicólogo a atender, pertencente ou não, direta ou indiretamente do âmbito
jurídico, em que este contexto se encaixa.

5.A atuação do Psicólogo Jurídico

A história do psicólogo atuando nas instituições jurídicas tem seu marco


por diversos lugares no Brasil e na América Latina, constados na literatura. No
entanto, existem diversas histórias sobre seu surgimento. Rovinski (2017)
propõe esclarecer essa história através da revisão do que já foi escrito sobre a
história da Psicologia Jurídica. Ela aponta que, através da interpretação de
Jacó Vilela, Elizier Schneider (1940) foi um dos pioneiros a levar essa temática
para fora da atuação do psicólogo em somente fazer testagens psicológicas
para explicação do crime.
Conforme Rovinski (2017, p. 12) aponta, Scheneider (1940) “ao
continuar seus estudos de Psicologia passou a preocupar-se com as
influências sociais, culturais e econômicas na personalidade do criminoso”. Ao
decorrer de sua revisão, o autor demarcou São Paulo, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Distrito Federal, como
marcadores iniciais de atuações do psicólogo nas esferas jurídicas no Brasil.
Atuações como atendimentos às Varas de Família, acidentes do trabalho,
órfãos e ausentes, junto ao Centro de Apoio Psicossocial; promoção de
inserção social de condenados com sofrimentos mentais, junto ao Projeto Pai-
PJ e Manicômio Judiciário; assessoria psicossocial forense, assistência a
administrações e acessórias nas questões de Direito de Família; entre diversas
outras atuações.
Foi possível que Rovinski (2017) verificasse então, a atuação do
psicólogo jurídico iniciando antes mesmo da regulamentação da profissão de
14

psicólogo no Brasil, como é o caso do Rio Grande do Sul em 1966, no Instituto


Psiquiátrico Forense Maurício Cardoso.
Já para Cesca (2004), a história do surgimento deste campo de atuação
do psicólogo se inicia em meados do ano de 1980, no Tribunal de Justiça de
São Paulo, “tendo como objetivo principal sua reestruturação e manutenção da
criança no lar” (CESCA, 2004, p. 41). Cita também a contratação do Psicólogo
através da Lei nº 500 do CPC e o projeto criador do cargo de psicólogo
judiciário, em 1985 pelo presidente do Tribunal de Justiça. Marcos estes que
consolidou e fixou este lócus para o psicólogo no sistema judiciário.
Segundo Popolo (1996 apud FRANÇA, 2004), o objetivo da Psicologia
Jurídica é o comportamento complexo e, menciona em sua argumentação, a
tarefa da psicologia em estudar o comportamento e a tarefa dela no jurídico, a
atuação nos tribunais e fora dele, e por isso dar-se-á a intercessão para a
especificidade da Psicologia Jurídica. Para França (2004) a psicologia
subdivide-se em: Psicologia Jurídica e o Menor, Psicologia Jurídica e o Direito
de Família, Psicologia Jurídica e Direito Cível, Psicologia Jurídica e do trabalho,
Psicologia Jurídica e o Direito Penal, Psicologia Judicial ou do Testemunho
Jurado, Psicologia Penitenciária (fase de execução), Psicologia Policial e das
Forças Armadas, Vitimologia, Mediação e Formação e atendimento aos juízes
e promotores. Da qual destacamos a conceitualização à Psicologia Jurídica e
do Menor:

No Brasil, por causa do Estatuto da Criança e do Adolescente-


ECA, a criança passa a ser considerada sujeito de direitos.
Muda-se o enfoque da criança estigmatizada por toda sua
significação representada pelo termo “menor”. Este termo
“menor” forjou-se pelo período da Ditadura para referir-se à
criança em situação de abandono, risco, abuso, enfim, à
criança vista como carente. Denominá-la como menor era uma
forma de segregá-la e negar-lhe condição de sujeito de direitos.
Em virtude disso, no Brasil, denominamos este setor da
Psicologia Jurídica e as questões da Infância e Juventude.
(FRANÇA, 2004, p.77).

Retomando Rovinski (2017), é possível identificar algumas atribuições


de práticas e direcionamentos de atuação do psicólogo junto às instituições de
justiça, sendo elas: A Psicologia Policial (civil-militar), a Psicologia Jurídica
junto à Infância e Juventude, a Psicologia Jurídica junto ao direito de família, a
Psicologia Penitenciária, a Psicologia do Testemunho e a Psicologia Jurídica e
15

Vitimologia. Interessa a este trabalho, devido a sua tônica, o que se refere a


atuação deste psicólogo junto à infância e Juventude.

Esta é a área em que existe um maior número de profissionais


trabalhando, e se apresenta como de maior produção científica.
Os profissionais centram seu trabalho nas Varas de Infância e
Juventude (Poder Judiciário) e instituições de internação para
medidas protetivas e socioeducativas (Poder executivo) de todo
o país; desenvolvem atividades junto aos Conselhos Tutelares
e instituições não-governamentais - como lares de acolhida ou
entidades voltadas diretamente à adoção. (ROVINSKI, 2017,
p.16).

Na literatura internacional, Huss (2011) classifica as carreiras na


psicologia forense (nomenclatura também utilizada, para Psicologia Jurídica,
tanto no Brasil, quanto fora dele) com o critério de instrumentos e atuações em
avaliar, tratar e dar consultoria, nas diversas esferas jurídicas, como
administrador, terapeuta, pesquisador ou avaliador de políticas. Huss (2011)
diz das possibilidades de contextos deste trabalho ao referir que os psicólogos
forenses trabalham em uma variedade de contextos, tais como cadeias e
prisões, hospitais estaduais, agências de polícia, agências do governo estadual
e federal e até mesmo nas faculdades e universidades. Em seu livro
“Psicologia Forense: pesquisa, prática clínica e aplicações”, Huss (2011) faz
menção ao papel do psicólogo forense nas cortes juvenis em que são dirigidos
ao “tratamento, avaliação da receptividade ao tratamento, avaliações para
transferência, avaliações de capacidade, avaliações de risco ou ameaça de
violência” (HUSS, 2011, p. 286).
É importante salientar e demonstrar, nos diversos contextos e regiões,
que o psicólogo jurídico tem seu papel relacionado tanto aos direitos quanto
aos deveres das crianças e adolescentes. Por esta lógica, no Brasil, tem-se
atribuído a este cargo, como confirma Coimbra (2004), no que se diz desta
atuação nas Varas da Infância e Juventude o “acompanhamento efetivo dos
diversos problemas que envolvem as crianças carentes e os adolescentes
infratores” (COIMBRA, 2004, p. 4).
Há de se observar, portanto, comparativamente, embora existam
classificações pouco distintas uma das outras sobre a psicologia jurídica, que
16

existe nas atribuições deste psicólogo a abordagem no que se diz à Infância e


adolescência.
Um dos chamados deste psicólogo está em sua atuação na área civil,
que tem como exemplo, a violência corrida no lar. A violência intrafamiliar é
aquela que acontece dentro do ambiente familiar, destacando sua extensão
para além do espaço físico, que se estende para as relações ali construídas
como família. Vale evidenciar que a pessoa a que se atribui como família, não
necessita apresentar laços sanguíneos para tal, como exemplo, membros de
família adotiva. A atuação do psicólogo nesta situação está na possibilidade em
dar suporte tanto à vítima e a família, quanto ao agressor. Assim reforça-se a
conduta de prevenção, reabilitação e cuidado a ambos os lados, intervindo
sobre a dinâmica familiar ali presente.
O que Cesca (2004) chama atenção neste contexto é a necessidade de
prioridade ao tratamento e não às penalidades que se estendem até mesmo à
família, como por exemplo, a retirada da vítima de seus lares para que consiga
a proteção. Nesta perspectiva, todos são penalizados. Por isso, essa atenção
deve ganhar um novo olhar o quanto antes pelos profissionais que são dirigidos
a esses casos, como o Psicólogo Jurídico. Não se trata de uma crítica
destrutiva e sim de um processo de construção desta atuação, que como
argumenta este artigo, é recente, e que propostas de melhorias focadas no
bem-estar, são sempre bem-vindas.
Outro lugar deste chamado ao psicólogo jurídico está na elaboração de
pareces na área da infância e juventude. Este parecer pode estar envolto sobre
a temática da adoção, da habilitação para adoção e das representações cíveis
e administrativas (COIMBRA, 2004). Coimbra (2004) realizou uma pesquisa
explorativa sobre a relação de conhecimento, aplicabilidade, implicações e
outras repercussões sobre o que diz do parecer psicológico e os profissionais
psicólogos, juízes, promotores, defensores públicos e advogado. Por definição
comum, o parecer trata-se de um instrumento de auxílio a um operador do
direito, em tomadas de decisões que serve como prova, baseado em
conhecimentos psicológicos, sobre o comportamento, emoções e outros
aspectos importantes para o caso em questão, elaborado pelo psicólogo
através de suas normativas presentes no seu código de ética, por exemplo.
17

Sua finalidade é esse auxílio para melhor entendimento e análise de um


caso. A expectativa passa pela resposta, pela possibilidade de direcionamento
de um caso, através desse alargamento do olhar sobre uma questão,
expandindo além do direito. E se diferencia de outros olhares por sua
investigação de peculiaridades das relações. Logo, o que se deve abordar, são
questões das relações.
É importante ressaltar que o parecer ou qualquer outro instrumento
técnico psicológico não deve ser entendido como ponto fixo, imutável, único
ponto de vista, única versão, enfim, como algo categórico, ilativo e concludente.
Pois, além de não ser “A” decisão final, e sim um auxílio, trata-se de uma
avaliação no momento e não diz da qualificação eterna de um sujeito. Sem
contar que, por via de “oposição” deve-se sempre ter esse cuidado ao periciar
algo ou alguém, pois, se tratando de um sujeito que está em constantes
mudanças devido ao seu meio, ao seu contexto, ele não é fixado numa única
qualificação.
Tratando-se de um parecer na área da infância e juventude, deve-se ter
cautela em afirmar, por exemplo, que o melhor para uma questão, seja a
remoção de seu sistema familiar atual, consequentemente da inclusão em lares
de acolhimento desta criança que se passará por outra experiência de família.
Ou que mesmo, um pai solteiro esteja ou não apto a adotar e constituir família.
Enfim, deve-se o cuidado maior ao que se refere à um instrumento de
grande valor no sistema jurídico, de auxílio aos operadores do direito, como por
exemplo, em sua maioria, ao Juiz. Pois, além de tratar-se de um instrumento
baseado em normas e leis, é a produção de prova no campo psicológico, logo,
deve seguir-se eticamente sua construção e manter-se na posição de
“avaliador” e não julgador ou de beneficiário para uma das partes, ou seja,
deve manter postura imparcial em sua elaboração.
Ademais, são diversas as práticas psicológicas jurídicas no que
concerne ao contexto da violação contra a criança e adolescente. E foi possível
perceber que embora existam diversas nomenclaturas à junção da atuação do
psicólogo e o seu campo de atuação do sistema jurídico, todos remetem ao
cuidado e preservação da vida da criança e do adolescente.
18

6.O diálogo possível

É sabido que a relação de troca de saberes produz maior efetividade para


um fim comum. O trabalho multidisciplinar, interdisciplinar e/ou transdisciplinar
produz maior efeito quando compartilhadas as experiências, ideias e sugestões
entre os profissionais envolvidos. Desta maneira, a troca de conhecimentos
entre psicólogos e suas abordagens, traz a possibilidade de intervenção em
saúde mais operativa e profícua.
Assim, visto que as intervenções cognitivo-comportamentais produzem
melhores resultados em casos de abuso sexual infantil, o diálogo do
profissional psicólogo, que atua no sistema jurídico, com a abordagem
cognitivo-comportamental, é transformado numa prática complementar
eficiente.
Reforçam-se então, neste trabalho, os seguintes instrumentos psicológicos
para intervenções de terapia cognitivo-comportamental, para casos de abuso
sexual infanto-juvenil, baseados na pesquisa relatada em seu desenvolvimento:

1- CognitiveProcessingTherapy; 13- Exposição com prevenção;


2- DialecticalBehaviorTherapy; 14- Entrevista
3- FocusedCognitiveBehavioral; semiestruturadaThe
4- Torta da responsabilidade; Metropolitan Toronto
5- Estratégia da SpecialCommitteeonChild
descatastrofização; Abuse, adaptada por
6- Experimento comportamental Kristensen;
para verificação de 15- Escala de atribuições e
pressupostos; percepções de crianças
7- Questionamento socrático; (Children’sAttributionandPerc
8- Busca de evidências; eptionScale- CAPS);
9- Treino de solução de 16- Inventário de depressão
problemas; Infantil (CDI), adaptado por
10- Treino de relaxamento; Beck;
11- Treino de dessensibilização 17- Escala de Estresse Infantil
sistemática; (ESI);
12- Reestruturação cognitiva;
19

18- Inventário de Ansiedade 19- Entrevista estruturada com


Traço-Estado para crianças base no DSM-IV/CID10 para
(IDATE-C); TEPT.

Não há que se priorizar abordagem x em detrimento de y, pois o que


importa é a solução e auxílio para resolução de um problema psicológico
específico. No entanto, este profissional que é demandado pelo sistema
jurídico ao acompanhamento de caso de abuso sexual na infância ou
adolescência, deve basear seu trabalho em práticas eficazes, como é o caso
da ancoragem da prática na abordagem cognitivo-comportamental. Isso não
quer dizer que a prática do psicólogo atuante em outras abordagens dentro do
sistema jurídico seja ineficaz.
Não cabe a este artigo e não é sua proposta, desqualificar nenhuma
abordagem e tão pouco esgotar sobre as possibilidades dentro da TCC, pois,
sabe-se que cada uma possui sua ciência e apoio metodológico científico e
dentro delas possuem sua própria dimensão de intervenções.
No entanto, observa-se pelo referencial teórico pesquisado, sobre as
intervenções cognitivo-comportamentais em casos de abuso sexual infantil, que
em comparação à outras técnicas, metodologias e abordagens, a TCC é a que
mais atende aos critérios de mudança de comportamentos, emoções,
sentimentos, crenças, pensamentos, acerca da experiência traumática de
violência sexual sofrida na infância, de modo a promover qualidade de vida da
vítima. Principalmente quando se trata de diminuição de sintomas de TEPT,
ansiedade e depressão.
Logo, examina-se o possível e necessário diálogo entre as técnicas de
abordagem cognitivo-comportamentais aos psicólogos que têm como lócus o
sistema jurídico. Bem como reconhecem Costa e Lôbo (sd) ao corroborar esse
diálogo descrevendo três intercessões primordiais para o trabalho do psicólogo,
pertencente as áreas da clínica cognitivo-comportamental e da jurídica, como
experiência da atuação na Promotoria da Infância e Juventude (MPPE): “1)O
processo diretivo e semiestruturado; 2) orientado à resolução de problemas,
que requer; 3) foco e avaliação contextualizada dos problemas e das metas
para sua resolução.” Desta maneira, através desta colaboração conceitual,
percebe-se exequível a prática desta junção de saberes da psicologia jurídica e
20

da abordagem cognitivo-comportamental, em casos que envolvam crianças e


adolescentes.
Portanto, sobre a capacidade das intervenções cognitivo-
comportamental que fazem parte deste processo de acompanhamento de
desenvolvimento e melhoria psicológica decorrente do abuso sexual infanto-
juvenil, torna-se substancial ressaltar Habigzang et. al. (2008) que destacam
que

A terapia cognitivo-comportamental, desde duas primeiras


formulações, tem articulado a pesquisa e a prática clínica (Beck
& Alford, 1997/2000), e a avaliação de modalidades de
tratamento tem apontado a eficácia/efetividade das técnicas
cognitivas e comportamentais na reestruturação da memória
traumática e redução de sintomas de ansiedade, depressão e
transtorno do estresse pós-traumático identificados nas vítimas
de abuso sexual. (HABIGZANG et.al., 2008, p.63).

Lucânia et. al. (2009) que também certificam exibindo o resultado do


trabalho realizado anunciando que

O trabalho mostra o impacto positivo de uma intervenção


cognitivo-comportamental no tratamento de uma adolescente
vítima de violência sexual, com sintomas de estresse pós-
traumático, depressão, dificuldades escolares e problemas de
comportamentos. Este modelo ajudou a paciente a
compreender melhor seu funcionamento psicológico,
possibilitou o desenvolvimento de novo repertório cognitivo e
comportamental e a modificação de crenças. (LUCÂNIA et.al.,
2009, p. 824).

Desta maneira, é possível afirmar com clareza as várias possibilidades


das práticas jurídicas interventivas atreladas às práticas psicoterápicas. Pois,
assim, considera-se o auxílio à vítima de abuso sexual na infância ou
adolescência como meio de promoção de saúde, cuidado, proteção e
tratamento, tornando-se assim um trabalho ideal a ser realizado nestes casos.

7. Considerações finais

Quando o trabalho de pesquisa teve início, constatou-se que as crianças


e adolescentes vítimas de abuso sexual têm seus índices aumentados
significativamente na contemporaneidade e que estas passam a carregar
consigo grandes marcas físicas e psicológicas vindas da violência sofrida e,
21

portanto, necessitam de intervenções psicoterapêuticas eficazes para lidarem


com os reflexos do abuso. Visto isso, considerou-se importante discutir quais
intervenções psicoterapêuticas seriam eficazes nestes casos, como forma de
refletir sobre a temática dos direitos da criança e adolescentes nos dias atuais;
ou seja, como forma de discutir também no âmbito jurídico quais as
possibilidades de acompanhamento e auxílio a esta vítima.
Constatou-se que as intervenções psicoterapêuticas de abordagem
cognitivo-comportamental são eficazes em casos de abuso sexual infanto-
juvenil. O que possibilitou o levantamento de uma lista, pouco extensiva, sobre
alguns métodos e intervenções utilizados nas práticas dos profissionais
psicólogos, que partem de um diálogo do sistema jurídico com o pensamento
cognitivo-comportamental, derivando de sua eficácia nas implicações das
dificuldades que surgem com a vítima destes casos.
O primeiro objetivo específico era descrever o conceito de abuso sexual
na infância e adolescência, bem como descrever sobre seus recursos
oferecidos conforme a Lei. Este objetivo foi atendido, pois foi possível expor a
conceituação e seus dados, com base nos autores como Lucânia et al (2009),
Pfeiffer e Salvagni (2015), Organização Mundial da Saúde (OMS), Ruzany
(2008), entre outros autores relevantes que abordam sobre a temática em
questão. E também expor sobre os recursos, utilizando como referência
principal a cartilha da Turminha do MPF.
O segundo objetivo específico era o de abordar o conceito da
abordagem cognitivo-comportamental e os tipos de intervenções
psicoterapêuticas usadas nesta abordagem. Foi também atendido, pois através
da Teoria de Beck, pode-se expor sobre as demais teorias cognitivo-
comportamentais que são utilizadas em intervenções psicoterapêuticas nestes
casos e, além disso, através da pesquisa levantada pelo software de pesquisa
PublishorPerish foi possível encontrar autores que descreviam sobre esse tipo
de intervenção de forma exitosa e daí pode-se listá-las para melhor
compreensão e exposição sobre estas intervenções.
O terceiro objetivo era dizer brevemente sobre a história da psicologia
jurídica e a atuação do psicólogo jurídico. Constatou-se que foi atendido, pois
foi possível expor através de autores como Rovinski (2017), Cesca (2004),
22

Huss (2011) e outros autores de grande contribuição, sobre a psicologia


jurídica nacional e internacional sobre este tópico.
O último objetivo era o de descrever sobre o diálogo dos psicólogos do
âmbito jurídico com o pensamento cognitivo-comportamental, a considerar
suas práticas complementares, para melhor qualidade de vida da vítima de
abuso sexual na infância e adolescência. Foi também atendido, pois se pode
fazer o enlace dos conceitos e descrições durante o artigo e sintetizá-los de
maneira que vieram a confirmar o objetivo em comum para meios de promoção
da saúde pelo cuidado e proteção a essas crianças vítimas de abuso sexual
infanto-juvenil e que serão atendidos por profissionais psicólogos.
Partindo das efetividades do que se propõe este trabalho, o artigo teve
sua problematização solucionada, do que se diz sobre o cuidado psicológico da
criança e adolescente vítima de abuso sexual. Pois, considera-se necessária a
intervenção psicoterapêutica e descreve possíveis intervenções a partir da
abordagem cognitivo-comportamental.

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