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CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO TEA-

DSM-5-TR

DÍADE
A- Déficits na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos

1- Déficit na reciprocidade socioemocional.


2- Prejuízo na linguagem verbal, na não verbal ou na interação entre essas
duas linguagens.
3- Iniciar e manter relações.

O indivíduo, dentro desse critério, precisa ter os 3 tópicos.

B- Padrões restritos e repetitivos de comportamento

1- Estereotipias.
2- Insistência na rotina e padrões inflexíveis.
3- Adesão inflexível a temas, objetos ou alguma outra coisa.
4- Alterações sensoriais significativas.

O indivíduo, dentro desse critério, precisa ter, no mínimo, 2 tópicos.

Observação: Se o indivíduo não preencher, no mínimo, 5 tópicos não se pode fechar o diagnóstico. É
um caso que os traços são acentuados, mas não é exatamente um caso de Transtorno do Espectro
Autista.

AS 7 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS PARA O DIAGNÓSTICO DE AUTISMO (NOVO DSM-5)

A- Déficits na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos

1- Déficit na reciprocidade socioemocional

A reciprocidade socioemocional é compartilhar interesses e emoções.


A pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem algum tipo de prejuízo na interação com o outro. O
indivíduo pode ter dificuldade em ter conexão com a emoção daquele contexto específico em que ele esteja.
Apresenta dificuldade de se conectar com as pessoas presentes. Um exemplo bem pontual e importante,
talvez o mais importante nesse tópico, é a dificuldade na atenção compartilhada, em compartilhar
interesses com os outros.
Exemplo: Quando você está com uma criança pequena, com desenvolvimento típico, se ela gostou de
alguma coisa, ela pega essa coisa e vem te mostrar pra compartilhar interesse com você. Se você olha pra
uma coisa, ela segue o seu olhar, ela se interessa também por aquela coisa para compartilhar o interesse
com você. A atenção compartilhada é o aspecto mais universalmente prejudicado em pessoas com

Canal Luna ABA- Vídeo: As 7 características básicas para o diagnóstico do autismo- Lucelmo Lacerda
Material adaptado pela professora Evanda Miranda, do Centro de Referência dos Profissionais da Educação-CRPE

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autismo, embora haja pessoas que tenham isso no seu repertório, mas é mais fácil de encontrar esse traço,
esse prejuízo.

2- Prejuízo na linguagem verbal, não verbal ou nas interações entre as suas várias
formas de comunicação

Um indivíduo pode falar tudo, ter uma verbalização que é totalmente preservada (isso acontece nos casos
que antigamente a gente chamava de Asperger), mas ele continua tendo um problema de comunicação.
Porque? Porque não consegue entender todos os sinais comunicacionais mais sutis dos outros indivíduos.
Pode ser a expressão facial, as expressões gestuais, as variações de tonalidade da própria linguagem. Ele
pode ter uma linguagem totalmente preservada, mas pode não ter, por exemplo, alteração de prosódia, da
entonação da voz que também compõem a comunicação e a integração com essas outras formas (a
gestualidade, a expressão facial). Chamamos de comunicação verbal o conteúdo daquilo que é falado, de
comunicação não verbal os gestos e expressões e de comunicação paralinguística a tonalidade, a
velocidade, a prosódia, enfim, os aspectos paralinguísticos do processo de comunicação. Esse prejuízo pode
ser em um desses aspectos específicos ou pode ser em todos.

3- Iniciar e manter relações

Essas relações podem ser mais formais de trabalho ou relações de amizade, intimidade, relações amorosas.
É muito difícil para as pessoas com autismo iniciar essas relações, mas sobretudo em casos mais leves de
manter essas relações. As pessoas com autismo mais leve, detestam quando as outras pessoas falam: —
Você não tem cara de autista! Porque é sempre a mesma discussão. Elas não vivem o dia a dia. No dia a
dia, portanto, numa relação duradoura é que essas dificuldades se apresentam de uma maneira mais
expressiva e por isso é tão mais difícil iniciar e manter essas relações. Claro que em casos mais moderados a
severos esses casos são muito mais acentuados. As relações sociais estabelecidas e duradouras são muito
mais com profissionais e com os pais, com a família do que o desenvolvimento de relações de amizade mais
profundas e externas. A amizade tem um componente linguístico muito importante, um componente simbólico
e portanto, em casos mais moderados a severos essa dificuldade fica muito mais expressiva, muito mais
clara. Portanto, iniciar e manter relações é muito difícil.

B- Padrões restritos e repetitivos de comportamento

1- Estereotipias

O que são estereotipias? São comportamentos repetitivos aparentemente disfuncionais. Todo comportamento
tem função, mas você não consegue ver essa função porque ela é muito atípica. Então, o indivíduo pode
fazer o flapping (voando). Pergunta-se: __ Por que está fazendo isso? Não parece ter uma função para quem
está olhando de fora, mas sempre tem uma função. Na maior parte das vezes, essa função é sentir o que
aquele movimento produz. As estereotipias motoras podem ser visuais que é uma estimulação que o
indivíduo está vendo, pode ser um balanceio, enfim são várias as estereotipias motoras feitas com o corpo.
Tem algumas que são estereotipias vocais que obviamente também são feitas com corpo, mas são
percebidas pela audição. O indivíduo pode fazer barulhos como a repetição de alguns sons, pode também
repetir coisas que ele ouviu. Que também é uma estereotipia vocal específica que nós chamamos de ecolalia.

2- Insistência na rotina e padrões inflexíveis (mesmice, rituais)

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O indivíduo pode fazer uma coisa sempre com o mesmo ritual. Várias inflexibilidades estão relacionadas a
essa mesmice. O indivíduo tende a repetir algo por muitas vezes. Ele tem dificuldade na variabilidade e na
flexibilidade.
Exemplo: Uma criança com TEA todo dia vai à escola andando por uma mesma rua e se um dia essa rua
está fechada porque tem uma obra ou qualquer outro motivo e ela tem que passar por outro caminho, vai
ficar estressada, nervosa, pode ter uma série de emoções relacionadas a quebra dessa rotina como bater,
chorar, xingar etc.

3- Adesão inflexível a temas, objetos ou alguma outra coisa

Pode-se perceber essa dificuldade claramente em casos de autismo moderado a severo em relação a
objetos. Exemplo: Um estudante tem hiperfoco em livros, porém não é pra ler e sim para sentir a textura. Não
pode ver um livro que corre para pegá-lo, fica obsessivo por livros, quer rasgar.
E em casos um pouco mais leves em que o indivíduo é mais verbal tem essa mesma relação, mas não com
objetos e sim com temas. Um caso clássico é o hiperfoco em dinossauro, outro é hiperfoco em insetos, o
outro é em política. Enfim, cada um com alguma coisa e pode ser mais de uma, não ser necessariamente ser
só uma. Todo mundo tem interesse, todas as pessoas têm interesses. Não é esse o problema. No entanto,
em TEA é anormal o foco e intensidade e isso é, em uma certa dimensão, o que traz prejuízos para o
indivíduo. Prejuízos em termos de habilidades sociais porque só se fala daquilo, só se pensa naquilo, só quer
ter aquilo, estar próximo àquilo. Isso dificulta porque as outras pessoas podem não ter os mesmos
interesses, são interesses muito específicos. Prejudica, eventualmente, a própria dinâmica do indivíduo no
ambiente. Esse foco e intensidade muito grande é que traz esse prejuízo.
Em certos casos, o hiperfoco também pode ter um valor funcional para o desenvolvimento profissional e
pessoal do indivíduo muito grande.

4- Alterações sensoriais significativas

O quarto tópico do critério B é a hiper- reatividade ou hiporreatividade sensorial. Na verdade, é muito


mais do que isso, não é só hiper ou hipo, mas uma série complexa de alterações sensoriais significativas que
trazem uma experiência no mundo completamente distinta. E é importante dizer que não são sempre as
mesmas alterações para todas as pessoas com TEA. Não se pode dizer que é porque é autista que o
indivíduo sente mais o som. Isso depende! Alguns sentem mais, outros sentem menos ou sentem diferente e
às vezes é o som, às vezes é a visão, enfim todos os sentidos. Tem múltiplas alterações em todos esses
aspectos sensoriais.

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