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CURSO DE DIREITO

BACHARELADO

RODRIGO SILVA DOS SANTOS

A PALAVRA COMO MEIO PROBATÓRIO DAS CRIANÇAS VÍTIMAS DE ABUSOS


SEXUAIS

BELÉM – PA
2021
RODRIGO SILVA DOS SANTOS

A PALAVRA COMO MEIO PROBATÓRIO DAS CRIANÇAS VÍTIMAS DE ABUSOS


SEXUAIS

Projeto de Pesquisa apresentado como requisito parcial


para obtenção de nota referente ao NPC II da disciplina
Trabalho de Conclusão I (TCC-1), ministrada pela Profa.
Ma. Adriana Aviz, da Faculdade de Belém (FABEL).

Área de Concentração: Direito Penal.

Orientação: Profa. Ma. Adriana Aviz.

BELÉM - PA
2021
1 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA 3

2 PROBLEMÁTICA DA PESQUISA 5

3 OBJETIVOS 9
3.1 OBJETIVO GERAL 9
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 9

4 METODOLOGIA 10

5 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 11

REFERÊNCIAS 12
SUMÁRIO
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1 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA

O princípio da dignidade humana está previsto na constituição Federal no artigo


1º,inciso III,por esta razão,o abuso sexual,nas crianças, viola o seu denvolvimento sexual,sua
liberdade e sua dignidade como pessoa,além de ferir os princípios da Constituição Federal
que garantem proteção às crianças e os fundamentos basilares do ECA(Estatuto da Criança e
do Adolescente).

O que a Constituição da República Federativa do Brasil e o ECA dizem sobre o abuso


sexual praticada contra as crianças ?Quais os direitos garantidos às vítimas de violência
sexual previsto na Carta Magna e no Eca?Quais os principais estudos e a posição dos
estudiosos sobre a questão?

Tais questionamentos são importantes,pois no presente estudo,busca-se analisar o


valor da palavra das crianças nos procedimentos dos processos criminais. Além de buscar
indicar as vantagens e desvantagens na coleta do depoimento das vítimas,sendo que muitas
crianças não desenvolveram a habilidade da fala e não conseguem comunicar nem entender o
fato.

Gealmente,o abuso sexual é praticado as escondidas,sendo a vítima(a criança )a única


a presenciar o ocorrido. Não havendo vestígios ou evidências,a fala da criança é o único meio
de prova contra o acusado.O depoimento da vítima é fundamental no processo,por isso busca-
se indicar se os recursos utilizados para a obtenção do testemunho podem ser ou não mais
danosos às crianças.

Por outro lado, pelo número de denúncias,calcula-se cerca de 40 crianças são abusadas
sexualmente por dia.Porém ,cerca de 10% desse número chegam a ser registrados pela
justiça.Ou seja,sabe-se sobre os estudos do perfil dos abusadores são relativas ao número de
casos que se tem conhecimento pelas autoridades.

Os Estados do Suldeste lideram o número de registro de casos pelo disque-


denúncia,enquanto que os Estados do Oeste possuem os menores casos(Cidadania e Justiça,
2017).Ademais,o abuso sexual contra as crianças não possui classe
social,raça,etinia,escolaridade ou gênero.É um problema social.

As maiores incidências de abuso sexual contra crianças está dentro de seu ambiente
social,pois cerca de 87% dos abusos são praticados por alguêm proximo,ou seja ,alguêm da
familia,vizinho ou amigo.Estipula-se que 63% dos casos são praticados por homens adultos na
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faixa etária entre 18 e 45 anos de idade.As vítimas são em torno de 40%,entre idade de 5 a
12 anos .Na maioria são meninas,cerca de 73%,enquanto meninos são cerca de 60%
(Cidadania e Justiça, 2017).

O grande desafio é identificar os casos de abusos,pois muitas crianças possuem medo e


vergonha,além de ameaças por parte do abusador se elas contarem para alguêm o ocorrido.Há
casos nos quais não existe marcas visiveis nas crianças ou seu comportamento não indica que
ela foi abusada sexualmente.Por isso,um número consideravel de casos não são descobertos.

Entretanto, há sintuações que indicam se a criança está sendo abusada


sexualmente,revelando que algo errado está sendo praticado contra ela.Existe no
comportamento da vítima ou através de sinais que ela foi supostamente violentada.A criança
pode falar abertamente para amigos,parentes,pais,médicos ou professores dos abusos ou o
comporatamento do abusador pode entregar o próprio fato.É importante que a criança seja
sujeitada a certas perguntas,sendo indispensavel como esses questionamentos serão feitos.

Depois de revelado o abuso,há um grande trajeto a percorrer,pois o fato deve ser


comunicado às autoridades. Ademais, há uma sintuação degradante e delicada para a
criança,pois ela irá repetir o fato varias vezes,deverá informar aos
pais ,juízes,promotores,advogados,psicólogos,médicos,etc.

Não basta que haja uma lei seria contra a violência sexual.É fundamental que haja
políticas públicas praticas com o intuito de garantir direitos de proteção à infãncia e que
esses direitos sejam respeitados para assegurar a pureza e a inocência das crianças .

Portanto, por meio dessa pesquisa, busca – se procurar respostas sobre os


questionamentos,através dos principais estudiosos sobre o assunto no intuito de contribuir acerca
das discursões sobre o assunto abordado.
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2 PROBLEMÁTICA DA PESQUISA

Nos processos criminais onde envolve delitos sexuais,as vítimas(crianças ou


adolescentes) são colocadas diante dos procedimentos especiais dos processos judiciais .O
processo será conduzido de uma lado a vítima no sentido de procurar a verdade e punição do
acusado e do outro lado a garantia da proteção constitucional do suspeito pautado na suposição
de inocência .

O abuso sexual é praticada às escondidas e quando realizado em crianças é mais sigiloso


ainda.O abuso muita das vezes não deixa marcas visíveis no corpo da vítima,nem indícios,sendo
o único meio de se provar o abuso praticado é através de sua fala. A fala da criança,as vezes é a
prova mais importante no processo ,sendo na maioria dos casos a única prova.

Dessa forma,somado a imaturidade da criança que esta em fase de desenvolvimento e da


experiência traumática e confusa da violência sexual,como valorar a palavra da vítima no
processo em busca de esclarecer a verdade real dos fatos?

Geralmente ,a criança e o acusado são as únicas testemunhas oculares do abuso sexual e


na maioria dos casos evidências materiais não existem.Neste sentido Tabajaski, Paiva e
Visnievski (2010, p. 59) afirmam :

Nos casos em que a criança é submetida à violência sem vestígios, como em atos
libidinosos diversos da conjunção carnal (não há lesões visíveis nem rompimento de
hímen, ou resultado positivo de coleta de esperma), o relato da criança, nomeando e
identificando o suposto agressor é considerado pelos operadores da justiça como
importante prova, independente de, muitas vezes, ser a única.

Nas visões de Tabajaski, Paiva e Visnievski(2010),em face da condulta oculta do


abuso ,não existe nenhuma ou muito pouco vestigios do fato,torna-se dificil provar a ocorrência
do crime,restando o depoimento da vítima como a única prova para a acusação.Sendo assim,sua
palavra é importantíssima.

Neste sentido,há os seguintes entendimentos doutrinários:

“Em certos casos, porém, é relevantíssima a palavra da vítima do crime. Assim,


naqueles delitos clandestinos qui clam comittit solent (crimes contra a liberdade sexual), que
se comentem longe dos olhares de testemunhas, a palavra da vítima é de valor extraordinário
[...]” (TOURINHO FILHO, 2012, p. 605).
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“Como se tem assinalado na doutrina e jurisprudência, as declarações do


ofendido podem ser decisivas quando se trata de delitos que se cometem às ocultas [...]”
(MIRABETE, 2003, p. 547).

Via de regra, a palavra de vítimas de crimes deve ser tomada com precaução,a palavra
será juntadas com outros elementos probatórios contidos no processo,ou seja ,terá valor
probatório quando reunida no conjunto das provas.Porém,nos crimes de cunho sexual,pelas
características que são consumados,sem a ocorrência de vestígios ou testemunhas,a fala da
vítima torna-se de suma importância.

Por isso,há a nescessidade de realizar este estudo no intuito de analisar a problemática


abordada,buscando-se argumentos e posicionamentos de estudiosos sobre o assunto,visando
esclarecimentos significativos em relação como a palavra(a fala) das vítimas infantis de violência
sexual tem valor probatório .

Na doutrina como na jurisprudência é possivel visualizar o entendimento sobre a temática


abordada,no entanto,é nescessário garantir argumentos fundamentados.Esta pesquisa tem o
objetivo de demonstrar o que ja foi públicado sobre o objeto de estudo.

Neste sentido, a palavra das vítimas infantis tem importante relevância nos entendimentos
jurisprudenciais:

APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL E LESÃO


CORPORAL DE NATUREZA GRAVE. TRANSMISSÃO DE DOENÇA.
HPV. FORMA QUALIFICADA DO CRIME. SENTENÇA CONDENATÓRIA.
FRAGILIDADE PROBATÓRIA. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVAS
DEVIDAMENTE COMPROVADAS. APLICAÇÃO DA PENA.
PROPORCIONALIDADE. PENA PECUNIÁRIA. NÃO INCIDÊNCIA. 1) Os crimes
cometidos contra a dignidade sexual são, normalmente, cometidos à escondida, sem
testemunha presencial, de sorte que a palavra da vítima assume especial relevo no
contexto probatório, mormente quando amparada pelas provas dos autos. […]
(STF – ARE: 1027330 AP – AMAPÁ 0000300- 44.2013.8.02.0002, Relator,
Min: ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 06/03017, Data de Publicação:
DJe: 046 10/03/2017. Editado).

APELAÇÃO CRIME. ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ATOS


LIBIDINOSOS). CONDENAÇÃO. Mantida a condenação, diante do conjunto
probatório, induvidoso em relação à ocorrência do delito e a autoria. PALAVRA DA
VÍTIMA. CRIANÇA. VALOR PROBANTE. A palavra da vítima, ainda que se
constitua ela de uma criança de cinco anos de idade, autoriza a condenação,
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notadamente quando se mostra uniforme e segura quanto à ocorrência do delito e


sua autoria. (Apelação Crime Nº 70075258822, Quinta Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Genacéia da Silva Alberton, Julgado em
28/03/2018. Editado).

Ressalta-se que a fala da criança deve ser plausível e coerente.Em contrapartida ,será
totalmente arriscado condenar o suspeito quando existe afirmações contraditórias,imprecisas e
incoerentes.

Um dos estudos que se destacam é o de Sanderson (2005, p. 181) ao afirmar que para
diversas crianças “é traumática a experiência e se torna muito difícil revelar o abuso, pois
se sentem envergonhadas, culpadas ou têm medo de punição. Para outras, por serem ainda
muito pequenas, não entendem a situação e têm dificuldades em se expressar verbalmente”.

A vítima pode tentar se comunicar verbalmente,por desenhos ou gestos.Mesmo se não


falar, abuso provoca altereções no comportamento,indicando que há algo errado,esses sinais
devem ser notados como alerta.

Outro estudo importante é o de Mirabete (2015, p. 1507), ao en s in ar qu e “a


primazia do desenvolvimento sadio da sexualidade e do exercício da liberdade sexual
como bens merecedores de proteção penal, por serem aspectos essenciais da dignidade da
pessoa humana e dos direitos da personalidade”.

Abuso sexual contra vulnerável é crime previsto no Código Penal e esta disciplinado no
capítulo sobre os delitos sexuais.Se a liberdae sexual das pessoas consideradas como
vulneráveis,nos termos da legislação penal,confere-se mais rigorosidade ao direito constitucional
no qual a lei deverá punir a exploração sexual e o abuso sexual contra os adolescentes e crianças.

Nessa pespectiva,a legislação penal brasileira prevê uma maior represão contra crimes
sexuais praticados contra menores de 14 anos.Com o surgimento da lei 12.015/09 no Capítulo II
do Título VI do Código Penal há os seguintes artigos sobre delitos sexuais:

a).art. 217-A - Estupro de vulnerável;

b).art. 218 - Corrupção de menores;

c)art. 218-A - Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente;

d)art. 218-B - Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de


criança ou adolescente ou de vulnerável.
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Por outro lado,especificamente sobre o abuso e a exploração sexual são transgressões


previsto pelo ECA, sendo passível de punição o intermediário ao tirar vantagem
comercialmente do abuso, o aliciador e o agressor. O ECA prevê como crime submeter
adolescente ou criança à exploração sexual com penas de quatro a dez anos de reclusão.

Diante dessas considerações,este estudo pretender fornecer informações dadas por


autoridades sobre o assunto,tanto na legislação como na doutrina,com o objetivo de servir como
material de investigação e aprofundamento ,além de fazer um alerta para aos
professores,pais,juízes,promotores e outros interessados no assunto,objetivando dar mais
atenção às crianças ,ouvindo-lhes e protegendo-as,em favor que as praticas de violências sexuais
contra crianças parem.
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3 OBJETIVOS

3.1OBJETIVO GERAL

-Verificar como a palavra da criança, vítimas de abuso sexual, possui valor probatório no
processo judicial brasileiro.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Explicar como a legislação penal repreende os casos de crimes sexuais.


- Analisar o comportamento da criança diante da revelação da violência sexual.
- Comentar sobre a credibilidade do depoimento das crianças nos procedimentos
judiciais como único meio de prova.
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4 METODOLOGIA

O projeto desenvolvido possui natureza exploratória e consistirá num estudo de pesquisa


bibliográfica .As fontes fornecidas serão artigos centíficos e livros com a temática do abuso
sexual infantil,tendo como referência os principais livros Abuso Sexual em Crianças, de
Christiane Sanderson,porque fornece demostrações de como compreender a criança vítima de
violência sexual e o livro Da Pedofilia de Matilde Carone Slaibi,pois fornece uma análise
aprofundada com base na psicanálise em relação à pesquisa jurídica do assunto.

O estudo bibliográfico ,como afirma Chiara (et al. 2008, p. 46), “é feita com o intuito de
levantar um conhecimento disponível sobre teorias, a fim de analisar, produzir ou explicar um
objeto sendo investigado”.

Sendo assim,ao se posicionar sobre a abordagem exploratória,existe o objetivo de se


entender o valor da palavra da criança,vítima de abuso sexual,e sua valoração no processo
judicial criminal.

Utilizou-se o método dedutivo, partindo-se de uma análise geral para a particular, até
alcançar uma conclusão,fazendo uma análise das obras e as teses dos autores citados das quais
encontram-se em sintonia como um todo para correlacionar com as problemáticas trazidas nessa
pesquisa. E através dessa explanação, partindo sempre do todo para o caso , um raciocínio assim,
dedutivo.
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5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DE ATIVIDADES

Descrição das
Meses
atividades
jan. fev. mar. abr. maio jun.
Levantamento
x x
bibliográfico
Fichamento x x
Elaborar o Projeto
x
de Pesquisa
Síntese do Projeto
x
de Pesquisa
Entrega da Síntese x
Entrega do Projeto
x
final
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.069/90. São Paulo, Atlas, 1991.

CARONE, Matilde. Da Pedofilia: aspectos psicanalíticos, jurídicos e sociais do


perverso sexual. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

CIDADANIA E JUSTIÇA. Dia Nacional Contra Abuso Sexual de Crianças e Jovens é


celebrado nesta quinta (18). Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e.
justica/2017/05/dia-nacional-contra-abuso-sexual-de-criancas-e-jovens-e-celebrado-nestaj
quinta-18. Acesso em: 26 mar 2018

Código de Processo Penal Interpretado. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MIRABETE, Júlio Fabbrini. Código Penal Interpretado. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas,
2015

SANDERSON, Christiane. Abuso Sexual em Crianças. São Paulo: M. Books do Brasil


Editora LTDA, 2005

TABAJASKI, Betina. PAIVA, Cláudia Victolla. VISNIEVSKI, Vanea Maria. Um Novo Olhar
sobre o Testemunho Infantil. In: BITENCOURT, Cezar Roberto. POTTER, Luciane (Org.).
Depoimento sem dano: por uma política criminal de redução de danos. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2010.

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