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JEVERSON NASCIMENTO
CURITIBA
2017
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JEVERSON NASCIMENTO
CURITIBA
2017
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5
Dedico a todas as mulheres que sofreram ou sofrem algum tipo de violência. A todos
os pastores e líderes que desenvolvem a prática do aconselhamento pastoral.
6
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo seu grande amor demonstrado no Calvário, pelo meu chamado,
cuidado e confirmação da minha vocação.
À minha esposa, Débora Mares Lemes da Silva Nascimento, que esteve
comigo em todos os momentos, me ajudando e dando forças para vencer todas as
dificuldades que vivemos durante este período de estudos.
Aos meus filhos, Micael Nascimento e Nathan Nascimento que
demonstraram entender a ausência do pai nos momentos de estudo para um
propósito maior.
Ao Prof. Dr. Edilson Soares de Souza, que foi designado para ser meu
orientador nos estudos durante todo o processo de produção desta dissertação.
A todos meus amigos e colegas, alunos da Faculdades Batista do Paraná,
que estiveram comigo no processo de aprendizagem: juntos aprendemos muito e a
amizade adquirida no processo foi um grande avanço na construção de uma filosofia
de vida cristã equilibrada. Obrigado a todos.
A todos os professores e funcionários da Faculdades Batista do Paraná,
obrigado por tudo.
7
RESUMO
ABSTRACT
The scope of this work is to identify the methods used by pastoral counseling in
cases of violence against women, as well as to analyze their effectiveness in
combating this global phenomenon. Starting from this premise the specific objective
of the work is defined. The problematic of the theme is revealed in the need to
recognize the fight against violence against women, a responsibility, also, of the
evangelical churches. For this, it is necessary a historical understanding of violence
against women, which has been intense since antiquity. According to the evolution of
society, the role of women has changed. However, gender inequality was evident in
patriarchal ideology. Chapter I deals with violence, in all its forms, besides the
appreciation made in relation to the subjects involved in violence. Chapter II
emphasizes that high levels of violence required the government to create public
policies that would meet demand, guarantee the preservation of women's rights, and
punish the aggressor. Specifically in Brazil, many programs and services focused on
the theme have been and are being developed by the Federal Government with the
support of society. In this sense, the importance of religious intervention is
highlighted, considering its number of adherents. Finally, chapter III reveals some
methods based on faith, reason and science, developed by evangelical churches to
assist in the eradication of violence against women. The research found that the
religious movement in this sense is still very slow, however, it was verified that the
development of methods of pastoral counseling, allied to different areas of science
has been solidifying and gaining space in religious debates. The methodology used
was based on a qualitative approach, which allowed the researcher to verify the
latent need for the awareness of humanity in relation to the value of women and,
consequently, respect and protection of their rights. In view of the above, the present
work intends to contribute to the academic dialogue in the promotion and
development of mechanisms of prevention and reception of the victims.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11
1. O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER....................................... 19
1.1Definição de Violência ......................................................................................... 23
1.2 Formas de Violência contra a Mulher ................................................................. 24
1.2.1 Violência Doméstica e Familiar ....................................................................... 25
1.2.2 Violência Física ............................................................................................... 27
1.2.3 Violência Psicológica....................................................................................... 28
1.2.4 Violência Sexual .............................................................................................. 29
1.2.5 Violência Patrimonial ....................................................................................... 30
1.2.6 Violência Moral ................................................................................................ 31
1.2.7 Violência Religiosa .......................................................................................... 32
1.2.8 Violência de gênero ........................................................................................ 33
1.2.9 Violência Institucional ...................................................................................... 34
1.3 Perfil do Sujeito Ativo e Passivo ......................................................................... 35
1.3.1 Perfil da Vítima ................................................................................................ 36
1.3.2 Perfil do Agressor ............................................................................................ 39
2 POLÍTICAS PÚBLICAS E SERVIÇOS DE ATENDIMENTO AS MULHERES
VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA ........................................................................................ 43
2.1 Secretaria de Políticas para as Mulheres ........................................................... 44
2.1.1 Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres .............. 46
2.1.2 Plano Nacional de Políticas para as Mulheres – PNPM .................................. 48
2.1.3 Rede de Serviços para Mulheres em Situação de Violência ........................... 49
2.1.4 Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência - Ligue 180 ........ 50
2.2 Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) ........................................... 51
2.3 Delegacias Especializadas de Atendimento Às Mulheres (Deams) .................... 52
2.4 Juizados Especiais Criminais de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher......... ............................................................................................................. 55
2.5 Lei Maria da Penha (Lei Nº 11.340/2006) ........................................................... 58
2.6 Mecanismos de Recuperação do Agressor ........................................................ 60
2.7 Igreja no Enfrentamento à Violência contra Mulheres ........................................ 63
3 ACONSELHAMENTO PASTORAL EM CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A
MULHER.................................................................................................................. 70
10
INTRODUÇÃO
1
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População do Brasil. 2017. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acesso em: 28 de janeiro de 2017.
2
INSTITUTO PATRICIA GALVAO. Sobre as violências contra as mulheres. Disponível em:
<http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/sobre-as-violencias-contra-a-mulher/>. Acesso em:
28 janeiro 2017.
12
3
CAVALCANTI, Stela V. S. F. Violência doméstica contra a mulher no Brasil. Salvador: Podivm, 2ª
ed, 2008, p. 21.
4
MORGADO, Rosana. Mulheres em situação de violência doméstica: Limites e possibilidades de
enfrentamento. In: H. SIGNORINI; E. BRANDÃO (eds.), Psicologia jurídica no Brasil. Rio de Janeiro,
Nau, 2004, p. 309.
13
5
ROGERS, Carl; KINGET, G. Marian. Psicoterapia & Relações Humanas. Vol. 1, Belo Horizonte:
Inter livros, 1977, p. 43.
6
BRAKEMEIER, Gottfried. Possíveis contribuições da teologia à psicologia. 2007. Disponível em: <
http://www.cppc.org.br/possiveis-contribuicoes-da-teologia-a-psicologia-e-psiquiatria-por-gottfried-
brakemeier/>. Acesso em: 28 de janeiro de 2017.
7
MADUREIRA, Alexandra B. et al. Perfil de homens autores de violência contra mulheres detidos em
flagrante: contribuições para o enfrentamento. 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n4/1414-8145-ean-18-04-0600.pdf>. Acesso em: 28 de janeiro de
2017.
8
Idem.
14
9
FLUCK, Marlon R. Manual de elaboração de TCC e Dissertação. Curitiba: Ed. Cia de Escritores,
2014, p. 11.
10
DIAS, Maria B. A lei Maria Da Penha Na Justiça; São Paulo: Revista Dos Tribunais, 2007, p. 2.
15
11
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
programáticas Estratégicas. Atenção Integral para Mulheres e Adolescentes em Situação de Violência
Doméstica e Sexual: matriz pedagógica de redes. 2011, p. 10.
12
CAMPOS, Amini Haddad e CORREA, Lindalva Rodrigues. Direitos Humanos das Mulheres.
Curitiba: Juruá, 2007, p. 211.
16
13
Lima, Daniel C; Buchele Fátima. Revisão crítica sobre o atendimento a homens autores de
violência doméstica e familiar contra as mulheres. Rio de Janeiro: Physis. [on line]. 2011, n. 2.
Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
73312011000200020>. Acesso em: 28 de janeiro de 2017.
17
14
ONUBR. Brasil precisa avançar na prevenção à violência contra a mulher, dizem especialistas,
2016. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/brasil-precisa-avancar-prevencao-a-violencia-contra-
a-mulher-dizem-especialistas>/. Acesso em: 28 janeiro 2017.
15
CASTRO, Edson F. Aconselhamento em Psicologia Pastoral. Disponível em:
<http://199.201.89.10/~ethnic/images/stories/document/artigo_edson01.pdf>. Acesso em: 28 janeiro
2017.
18
16
COSTA, Samuel. Psicologia Pastoral. Rio de Janeiro: Editora Silva costa – Rio de Janeiro, 2005.
19
17
CAMPOS, Amini H; CORRÊA, Lindalva R. Direitos Humanos das Mulheres. Curitiba: Juruá, 2007,
p. 99.
18
Ibidem, p. 60.
20
coloca a mulher numa condição secundária, e ainda, atribui-lhe a culpa pela queda
no paraíso. Salienta-se que esta interpretação literal não corresponde a verdadeira
mensagem cristã, entretanto, a partir dessa interpretação, a submissão feminina se
disseminou nas relações e no tempo.
No decorrer dos séculos esta visão deturpada foi se mantendo, prova disso
é o legado deixado pela cultura ocidental. Na civilização grega, a mulher era vista
como uma criatura desumana, sem direitos jurídicos, sem acesso à educação
formal, jamais poderia aparecer sozinha em público, considerada totalmente inferior
ao homem19. Neste sentido Vrissimtzis assinala que:
“[...] pecadora e culpada pelo desterro dos homens do paraíso, devendo por
isso seguir a trindade da obediência, da passividade e da submissão aos
homens, — seres de grande iluminação capazes de dominar os instintos
irrefreáveis das mulheres — como formas de obter sua salvação.22
19
PINAFI, Tânia. Violência contra a mulher: políticas públicas e medidas protetivas na
contemporaneidade. São Paulo: Revista Histórica, 21ª ed., 2007. Disponível em:
<http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao21/materia03/>. Acesso em:
26 de janeiro de 2017.
20
VRISSIMTZIS, Nikos A. Amor, Sexo e Casamento na Grécia Antiga. Trad. Luiz Alberto Machado
Cabral. 1. ed. São Paulo: Odysseus, 2002, p. 38.
21
PINAFI, loc. cit.
22
Idem.
21
vista como um pênis interno, os lábios como o prepúcio, o útero como o escroto e os
ovários como os testículos”, elucida Pinafi.23
Esta concepção de modelo de sexo único permaneceu até meados do
século XVII, quando a medicina passou gradualmente dispor sobre as diferenças
morfológicas entre homens e mulheres. Até mesmo Aristóteles, reconhecia essa
24
distinção entre os sexos.
A inserção da mulher na vida social, política e cultural, ocorreu de fato após
a revolução francesa, marcada com a queima de sutiãs em em 7 de setembro de
1968, onde clamavam por liberdade e igualdade. Tornando-se insustentável a
hierarquia entre homem e mulher baseado no sexo único. 25
Com a consolidação do sistema capitalista no século XIX, a trajetória das
mulheres sofreu profundas mudanças. Como bem delineou Pinafi:
Ante o exposto, Gregori pontuou que o movimento das mulheres tinha como
escopo promover o fim da discriminação social, econômica, política e cultural sofrida
pela mulher. Partindo dessa premissa, definiu o movimento das mulheres como, “um
conjunto de noções que define a relação entre os sexos como uma relação de
assimetria, construída social e culturalmente, e na qual o feminismo é o lugar e o
atributo da inferioridade”. 27
A bandeira erguida pelas mulheres que lutavam por liberdade e igualdade
entre homens e mulheres, foi o pontapé inicial para que uma mobilização de nível
mundial começasse a acontecer. O ápice dessa mobilidade mundial foi a adoção da
23
Idem.
24
LAQUEUR, Thomas. Inventando o Sexo: Corpo e gênero dos gregos à Freud. Rio de Janeiro:
Relume Dumará, 2001, p. 17.
25
Idem.
26
PINAFI, loc. cit.
27
GREGORI, M. F. Cenas e queixas: um estudo sobre mulheres, relações violentas e a prática
feminista. 1. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; São Paulo: ANPOCS, 1993, p. 15.
22
28
BRASIL. Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher –
CEDAW 1979. Disponível em: <http://www.compromissoeatitude.org.br/wp-
content/uploads/2012/11/SPM2006_CEDAW_portugues.pdf>. Acesso em: 26 de janeiro de 2017.
29
Idem.
30
LIRA, Higor. Aspectos históricos da discriminação de gênero e da violência doméstica contra a
mulher. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/43397/aspectos-historicos-da-discriminacao-de-
genero-e-da-violencia-domestica-contra-a-mulher>. Acesso em: 26 de janeiro de 2017.
31
Idem.
32
Idem.
33
Idem.
23
34
SIGNIFICADOS. O que é violência. Disponível em: <https://www.significados.com.br/violencia/>.
Acesso em: 26 de janeiro de 2017.
35
AURÉLIO, Dicionário. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
36
SOUZA, Edinilsa R. (org). Curso Impactos da Violência Sobre a Saúde. Rio de Janeiro.
ENSP/FIOCRUZ, 2007, p.15.
37
BRASIL. Ministério da Saúde. O desafio do enfrentamento da violência: Situação Atual, estratégias
e propostas. 2008, p. 5.
38
ALMEIDA, Suely S. Essa Violência mal-dita. In: ALMEIDA, Suely S. (Org.). Violência de gênero e
políticas públicas. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2007, p. 15.
24
39
CAMPOS, Amini H; CORRÊA, Lindalva R. Direitos Humanos das Mulheres. Curitiba: Juruá, 2007,
p. 211.
25
Importante ressaltar que além do rol apresentado pela referida lei, no caput
do artigo 7º, é utilizada a expressão “entre outras”, que reconhece a existência de
outras formas de violência contra a mulher. Diante disso, destacar-se-ão as mais
relevantes.
40
BRASIL. LEI Nº 11.340, de 7 de agosto 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher, nos termos do § 8 o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação
dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal,
o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 26 de janeiro
de 2017.
41
Idem.
26
com o agressor para que a violência seja configurada, bastando apenas a frequência
naquela unidade doméstica42. Neste sentido Nucci43 assinala que:
42
MARTINI, Thiara. A Lei Maria da Penha e as medidas de proteção à mulher. 2009. Tese
(Graduação) – Universidade do Vale do Itajaí. Disponível em:
<http://siaibib01.univali.br/pdf/Thiara%20Martini.pdf>. Acesso em: 26 de janeiro de 2017.
43
NUCCI, Guilherme S. Leis penais e processuais penais comentadas. São Paulo, RT: 2006, p. 864.
44
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Formas de Violência. Disponível em:
<http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/lei-maria-da-penha/formas-de-violencia>. Acesso em: 26 de
janeiro de 2017.
45
MISAKA, Marcelo Y. Violência Doméstica e familiar contra a mulher em busca do seu conceito.
Juris Plenum. Doutrina, Jurisprudência, Legislação, n. 13. Caxias do Sul: 2007, p. 87.
27
46
COMUNIDADE BAHÁ`í DO BRASIL. Protegendo as Mulheres da Violência Doméstica. Secretaria
de Estado de Direitos Humanos. Brasília/DF: Ministério da Justiça/MJ, 2002.
47
CNJ, loc. cit.
48
MARTINI, loc. cit.
49
PMPF-RS. Tipo de violência cometida contra a mulher. Disponível em:
<http://www.pmpf.rs.gov.br/servicos/geral/files/portal/tipos-violencia.pdf>. Acesso em: 26 de janeiro de
2017.
50
BARROS, Nívea V. Mulher e violência: desvelando a naturalização da violência simbólica no
contexto familiar. Texto e Contexto. v. 8, n. 2, p. 266-269, 1999.
28
51
CNJ, loc. cit.
52
CABETTE, Eduardo L. S. Violência contra a mulher – Legislação Nacional e Internacional. Jus
Brasil: 2013. Disponível em: <https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/121937941/violencia-
contra-a-mulher-legislacao-nacional-e-internaciona>l. Acesso em: 26 de janeiro de 2017.
53
PMPF – RS, loc.cit.
54
DIAS, Maria B. A Lei Maria da Penha na Justiça. Revista dos Tribunais, São Paulo: 2007, p. 48.
55
KAPUTO, Faustina Z. Violência doméstica. Disponível em:
<http://br.monografias.com/trabalhos3/violencia-domestica/violencia-domestica.shtml>. Acesso em:
27 de janeiro de 2017.
29
a dizer, mas não diz, fica contrariado, faz “bico”, e assim por diante, agravando a
situação ainda mais, pois resulta no sentimento de culpa pela vítima.56
Toda ação onde uma pessoa em relação de poder e por meio de força
física, coerção ou intimidação psicológica, obriga a outra ao ato sexual
contra a sua vontade, ou que a exponha em interações sexuais que
propiciem sua vitimização, da qual o agressor tenta obter gratificação.57
56
Idem.
57
BRASIL. CONASS. O desafio do enfrentamento da violência: Situação Atual, estratégias e
propostas. 2008, p. 17-18.
58
CNJ, loc. cit.
59
PRADO, Paloma F. L. S. As diversas formas de violência contra a mulher abrangida pela Lei Maria
da Penha. OAB-SC, 2012.
60
KAPUTO, loc. cit.
30
61
Idem.
62
HERMANN Leda M. Maria da Penha Lei com Nome de Mulher. Campinas: Servanda, 2007, p. 114.
63
DELGADO, Mário L. Violência patrimonial contra a mulher. 2014. Disponível em:
<http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI206716,91041-Violencia+patrimonial+contra+a+mulher>.
Acesso em: 27 de janeiro de 2017.
64
Idem.
31
65
Idem.0
66
Idem..
67
CNJ, loc. cit.
68
PRADO, 2012.
69
GONÇALVES, Lucia C. Violência moral e/ou psicológica. 2009. Disponível em:
<http://www.webartigos.com/artigos/violencia-moral-e-ou-psicologica/18168/>. Acesso em: 27 de
janeiro de 2017.
32
70
DOHME, Karina. Violência Moral. 2010. Disponível em:
<http://relatosdanossavida.blogspot.com.br/2010/09/violencia-moral.html>. Acesso em: 27 de janeiro
de 2017.
71
BANDINI, Claudirene. Mulheres pentecostais à sombra da violência religiosa? 2º Simpósio
Nordeste de ABRH. Disponível em:
<http://www.abhr.org.br/plura/ojs/index.php/anais/article/viewFile/1285/1108>. Acesso em: 26 de
janeiro de 2017.
72
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1999, p. 83.
33
O simples fato de ser mulher, é motivo mais que suficiente para que a
violência neste caso ocorra. Independente da raça, classe social, religião, idade ou
qualquer outra condição.76
Com base nisso, pode-se definir a violência de gênero como “qualquer ação
ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual
ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado” 77. Para Silva,
73
BANDINI, loc. cit.
74
FALEIROS, Eva. Violência de gênero. Violência contra a mulher adolescente/jovem. (Org.)
TAQUETTE, Stella R. Edu, ERJ. Rio de Janeiro, 2007, p. 73.
75
BANDINI, loc. cit.
76
CNJ, loc. cit.
77
PMPF-RS, loc. cit.
78
SILVA, Junior E. M. A violência de gênero na Lei Maria da Penha. Disponível em:
<http://www.direitonet.com.br/artigos/x/29/26/2926>. Acesso em: 27 de janeiro de 2017.
79
Idem.
34
80
CONASS, 2008.
81
PMPF-RS, loc. cit.
82
FASUBRA. Violência institucional contra a mulher. Disponível em:
<https://www.fasubra.org.br/index.php/fasubra/1035-violencia-contra-a-mulher>. Acesso em: 26 de
janeiro de 2017.
83
Idem.
35
84
Instituto Patrícia Galvão. Violência Doméstica e Familiar. Disponível em:
<http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/violencia-domestica-e-familiar-contra-as-
mulheres/>. Acesso em: 27 de janeiro de 2017.
85
SOUZA, Valéria P. S. Violência doméstica e familiar contra a mulher – A lei Maria da Penha: uma
análise jurídica. Geledés: Instituto da Mulher Negra, 2014. Disponível em:
<http://www.geledes.org.br/violencia-domestica-e-familiar-contra-mulher-lei-maria-da-penha-uma-
analise-juridica/#gs.Hsy=TW8. Acesso em: 27 de janeiro de 2017.
36
86
Idem.
87
AURÉLIO, Dicionário. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
88
Fonte: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/violencia-domestica-e-familiar-
contra-as-mulheres/>. Acesso em: 27 de janeiro de 2017.
89
Idem.
37
90
Idem.
91
MARANHÃO. Tribunal de Justiça. Vara da Mulher divulga perfil de agressores e vítimas da
violência doméstica. Disponível em: <http://www.tjma.jus.br/cgj/visualiza/publicacao/14017>. Acesso
em: 27 de janeiro de 2017.
38
92
PACHECO, Luíza F. Violência doméstica contra a mulher. 2010. Tese (Graduação) - UNIJUÍ –
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, RS. Disponível em:
<http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/651/luiza%20tcc.pdf?sequen
ce=1>. Acesso em: 27 de janeiro de 2017.
93
SCHRAIBER, Lilia B. et al. Violência dói e não é direito: a violência contra a mulher, a saúde e os
direitos humanos. São Paulo: Editora UNESP, 2005.
39
que este “homem cavalheiro”, tenha sido capaz de tal atitude, pois é difícil
associar a imagem pública do homem respeitável à do espancador.97
97
Souza, loc. cit.
98
Idem.
99
Idem.
100
Idem.
101
Idem.
102
Idem.
41
Segundo a pesquisa realizada pelo juiz Nelson Melo Moraes Rego, o perfil
do agressor compreende homens entre 26 e 40 anos de idade, sendo 71% solteiros.
Destes, 36% eram companheiros das denunciantes, com tempo de convivência
variável entre 5 e 12 anos. As profissões mais citadas foram as de motorista,
pedreiro e vigilante, em ordem de ocorrência. Em grande parte dos casos, a
agressão foi praticada por ex-companheiros. Pelo constatado, mesmo após o
término do relacionamento, a mulher não está livre da violência, pois o homem
geralmente não reconhece o rompimento do vínculo conjugal e continua alimentando
o sentimento de posse sobre a ex-companheira. 105
Faz-se uma ressalva importante, pois, até então, não foram publicadas
pesquisas científicas significativas sobre as patologias psiquiátricas dos agressores.
Todavia, é fato que eles se dividem entre portadores de diversos tipos de
transtornos como, por exemplo, transtorno explosivo da personalidade, dependência
química e alcoolismo. 106
Para finalizar o estudo sobre o perfil do agressor, é mister mencionar o
entendimento quanto ao tema sob a ótica da Lei Maria da Penha.
103
Idem.
104
Idem.
105
TJMA, loc. cit.
106
SOUZA, loc. cit.
107
AGENCIA PATRICIA GALVÃO. Disponível em:
http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/violencia-domestica-e-familiar-contra-as-
mulheres/>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
42
Conclui-se que o agressor pode ser qualquer pessoa que tenha ou teve
relação íntima e de afeto com a vítima, independentemente do sexo dessa pessoa.
No capítulo a seguir, será pontuado o engajamento do Brasil no combate da
violência contra as mulheres, os avanços e retrocessos, institucionais e
governamentais, bem como discorrer sobre os serviços de proteção criados para
auxiliar na erradicação deste fenômeno. Partindo da premissa de que a violência
contra a mulher é produto de uma construção histórica, ela é passível de
desconstrução.
43
108
BREUS, Thiago. Lima. Políticas Públicas no Estado Constitucional. Belo Horizonte: Fórum, 2007,
p. 204.
109
BUCI, Maria Paula Dallari. Direito Administrativo e Políticas Públicas. São Paulo: Saraiva 2002, p.
241.
44
110
COMPARATO, Fábio Konder. Ensaio sobre o juízo de constitucionalidade de políticas públicas.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p.18.
111
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 18 de janeiro de
2017.
45
112
BRASIL. Portal Brasil. Secretaria de Políticas para as Mulheres consolida avanços. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/05/secretaria-de-politicas-para-as-mulheres-
completa-12-anos-de-conquistas-para-a-mulher-brasileira>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
113
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sobre a Secretaria. Disponível em:
<https://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/pdf/spm.pdf>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
114
BRASIL. Participa.br. Conselho Nacional dos Direitos da Mulher – CNDM. Disponível em:
<http://www.participa.br/profile/spm-pr>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
115
Idem.
116
Idem
46
117
IBGE Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/pdf/spm.pdf>. Acesso
em: 18 de janeiro de 2017.
118
Idem.
119
Idem.
120
PORTAL BRASIL, 2015.
121
Ibidem, p.7.
122
Ibidem, p.7.
47
123
Ibidem, p.7.
124
Ibidem, p.9.
125
Ibidem, p.25.
126
Ibidem, p. 25.
127
Ibidem, p. 25.
128
Ibidem, p. 9.
48
129
Ibidem, p. 10.
130
Ibidem, p. 9.
131
Ibidem, p. 7.
132
Ibidem, p. 7.
49
133
Idem.
134
Ibidem, p. 29.
135
Ibidem, p. 30.
136
BRASIL. Portal Brasil. Rede de atendimento. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-
justica/2012/02/rede-de-atendimento>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
50
Esses são apenas alguns dos serviços e instituições que compõem a Rede
de Atendimento. A lista completa com endereços e contatos pode ser acessada no
site da Secretaria de Políticas para as Mulheres.138
2.1.4 Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Ligue 180)
137
Idem.
138
Idem.
139
BRASIL. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Central de atendimento à Mulher.
Disponível em: <http://www.spm.gov.br/assuntos/violencia/ligue-180-central-de-atendimento-a-
mulher>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
140
Idem.
141
Idem.
51
142
Idem.
143
Idem.
144
Idem.
145
BRASIL. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Conselho Nacional dos Direitos da
Mulher – CNDM. Disponível em: <http://www.spm.gov.br/assuntos/conselho>. Acesso em: 18 de
janeiro de 2017.
146
OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Acervo: Revista do
Arquivo Nacional, v. 9, n. 1-2, p. 225, 1996.
52
147
CDNM, op. cit., loc. cit.
148
CDNM, op. cit., loc. cit.
149
BRASIL. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Norma Técnica de Padronização das
Delegacias Especializadas de Atendimento às Mulheres – DEAMs. Disponível em:
<http://www.spm.gov.br/lei-maria-da-penha/lei-maria-da-penha/norma-tecnica-de-padronizacao-das-
deams-.pdf>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
150
BRASIL. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. O que é Delegacia Especializada no
Atendimento à Mulher (DEAM)? Disponível em: <http://www.spm.gov.br/arquivos-diversos/acesso-a-
informacao/perguntas-frequentes/violencia/o-que-e-delegacia-especializada-no-atendimento-a-
mulher-deam>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
151
DEAMs, op. cit., loc. cit.
53
152
SACRAMENTO, Lívia de Tartari e; REZENDE, Manuel Morgado. Violências: lembrando alguns
conceitos. Aletheia: Canoas, n. 24, p. 95-104, 2006.
153
CAMPOS, Carmen Hein de. Juizados Especiais Criminais e seu déficit teórico. Estudos
Feministas, Florianópolis, v. 11, n. 1, p. 155-170, 2003.
154
DEAMs, op. cit., loc. cit.
155
BLAY, Eva Alterman. Violência contra a mulher e políticas públicas. São Paulo, v. 17, n. 49, p. 87-
98, Dec. 2003.
54
meninas e mulheres tinham o direito de rejeitar qualquer violência cometida por pais,
padrastos, maridos, companheiros e outros.156
Percebe-se que a complexidade que envolve a natureza dos crimes contra a
mulher deve ser considerada uma máxima para os profissionais que trabalham nas
delegacias. As características de habitualidade, relação conjugal e hierarquia de
gênero, as diferenciam totalmente dos crimes comuns e exigem uma qualificação
específica para o entendimento desse tipo de violência, além da qualificação geral
para a investigação criminal157. Segundo Blay, “esta tarefa de reciclagem deve ser
permanente, pois os quadros funcionais mudam e também os problemas” 158.
Para as vítimas, as DEAMs representam a garantia de direitos e do acesso à
justiça. São nas delegacias que são registradas suas queixas e denúncias, e onde
ocorre o acolhimento inicial. 159
Neste sentido, Sacramento e Rezende 160 consideram que os crimes
referidos devem ser tratados de formas diferentes, pois quando praticado por um
estranho causa um impacto profundo, entretanto, não tão profundo quanto o
praticado pelo cônjuge. Salientam ainda que um ambiente violento reproduz
violência; inconscientemente os membros da família passam a reproduzir condutas
violentas e consequentemente levam essas condutas aos ambientes dos quais
participam.
Para finalizar, em 2006 a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
(SPM), a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da
Justiça, as Secretarias de Segurança Pública e as Polícias Civis das Unidades
Federadas, bem como especialistas na temática da violência de gênero e de
diferentes organizações não-governamentais, juntaram-se para elaborar, em
consonância com a legislação vigente, a Norma Técnica de Padronização das
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher. 161
Desde então, ações como a Pesquisa Anual do Perfil Organizacional das
DEAMs, que permitem avaliar as condições físicas e os recursos humanos
156
Idem.
157
DEAMs, op. cit., loc. cit.
158
BLAY, 2003, p. 87-98.
159
DEAMs, op. cit., loc. cit.
160
SACRAMENTO; REZENDE, 2006.
161
DEAMs, op. cit., loc. cit.
55
disponíveis nas delegacias, dão orientações aos projetos que serão custeados pelo
Fundo Nacional de Segurança Pública.162
Outra ação importante foi a criação de cursos educativos para os
profissionais de segurança pública que atuam no atendimento a mulheres vítimas de
violência doméstica e de gênero. Entre outras ações, destacam-se as voltadas à
prevenção da violência praticada contra mulheres, através da sensibilização de
grupos vulneráveis, bem como a aplicação da punição prevista a este tipo de
crime.163
Em 7 de agosto de 2006, logo após a elaboração da Norma Técnica, foi
promulgada a Lei nº 11.340, Lei Maria da Penha. A referida lei modificou a política
criminal e os procedimentos utilizados nas ocorrências. Estabeleceu ainda uma
política integral para o tratamento dessa violência, além de criar novas atribuições
para os poderes públicos, especialmente, para as DEAMs. 164
162
Idem.
163
Idem.
164
Idem.
165
BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e
Criminais e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
166
DEBERT, Guita Grin; OLIVEIRA, Marcella Beraldo de. Os modelos conciliatórios de solução de
conflitos e a "violência doméstica". Campinas, n. 29, p. 305-337, 2007.
56
Saliba167 “a conversa entre as partes é sem dúvida alguma o único e eficaz caminho
para se combater a violência, não se apresentando a punição mais severa como
forma de resolução de conflitos”.
Outra finalidade que merece ser destacada é a despenalização, que
favorece o autor do delito ao permitir que o mesmo não seja processado
criminalmente168.Em decorrência da proposta despenalizante, esse juizado tem sido
considerado um grande avanço da legislação brasileira que trouxe profundas
mudanças no âmbito criminal, através da imputação de penas não privativas de
liberdade a delitos, considerados de menor potencial ofensivo169. Para Saffioti:
A nova lei alterou, esse procedimento. O inquérito foi substituído pelo Termo
Circunstanciado (TC), não há oitiva de testemunhas e nem do autor do fato.
O TC é formado somente pela declaração da ocorrência feita pela vítima e
encaminhado imediatamente ao Poder Judiciário. (CAMPOS, 2003).
167
SALIBA, Maurício Gonçalves. Violência doméstica e familiar. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
11, n. 1146, 21 ago. 2006.
168
DEBERT; OLIVEIRA, 2007, p. 305-37.
169
CAMPOS, 2003, p.155-170.
170
SAFFIOTI, Heleiet. Iara. Já se mete a colher em briga de marido e mulher. Scielo, 1999, v. 13, n.
4-8, p.90.
171
CAMPOS, 2003, 155-170.
57
172
SALIBA, 2006.
173
Idem.
174
CAMPOS, 2003, 155-170.
175
SAFFIOTI, 1999, p. 90.
176
DEBERT; OLIVEIRA, 2007, p. 305-37.
177
HERMANN, L. M. Violência doméstica e os juizados especiais criminais: a dor que a lei esqueceu.
Campinas: Servanda, 2004.
58
178
BRASIL. Compromisso e atitude pela Lei Maria da Penha. Lei Maria da Penha e demanda
punitiva, por Luanna Tomaz de Souza. Disponível em: <http://www.compromissoeatitude.org.br/lei-
maria-da-penha-e-demanda-punitiva-por-luanna-tomaz-de-souza/>. Acesso em: 18 de janeiro de
2017.
179
BRASIL. Lei Nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8 o do art. 226 da Constituição Federal, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre
a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de
Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 18 de janeiro
de 2017.
180
Idem.
181
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Sobre a Lei Maria da Penha. Disponível em:
<http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/lei-maria-da-penha/sobre-a-lei-maria-da-penha>. Acesso
em: 18 de janeiro de 2017.
59
182
Idem.
183
Idem.
184
BRASIL. Portal Brasil. 9 fatos que você precisa saber sobre a Lei Maria da Penha. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/10/9-fatos-que-voce-precisa-saber-sobre-a-lei-
maria-da-penha>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
185
Idem.
186
Idem.
60
187
Idem.
61
Medrado assevera, “que a lei, de certo modo reconhece que para intervir
no contexto da violência doméstica e familiar contra as mulheres, a partir da
perspectiva de gênero, é preciso implementar ações que possam também incluir os
homens”189. Atualmente existem algumas iniciativas focadas na educação e
reabilitação do agressor. Timidamente e em conformidade com a lei, elas vêm se
desenvolvendo pelo país.
Em 2012 no Ceará, foi lançado o primeiro Núcleo de Atendimento ao
Homem Autor de Violência contra a Mulher – NUAH, o objetivo é desenvolver
atividades relacionadas à reeducação dos agressores. O núcleo é um projeto que
integra o Programa de Fomento às Penas e Medidas Alternativas do Ministério da
Justiça em parceria com a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do Ceara
(SEJUS).190
A proposta é levar o homem a fazer reflexões e se reeducar. O serviço
contará com atendimentos psicossociais e jurídicos, grupos de sensibilização e
reflexão, atendimento aos presos pela Lei Maria da Penha e encaminhamento à
rede socioassistencial do Ceará. 191
Um dos primeiros grupos de reflexão destinados a homens agressores se
iniciou nos espaços do Centro Especial de Orientação à Mulher Zuzu Angel
(CEOM), uma ONG parceira da Prefeitura Municipal de São Gonçalo/RJ. Criado
em 1999, o grupo é considerado uma referência. O Judiciário propõe a participação
em grupos como alternativa para suspensão do processo ou mesmo do
cumprimento da pena.192
Em São Paulo também foi criado um grupo (ONG) para ajudar na
reeducação de homens agressores. O grupo recebe lições sobre “noções de
direitos humanos e da Lei Maria da Penha”, com o intuito de minar o sentimento de
188
Fonte: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>.
189
MEDRADO, Benedito; MELLO, Ricardo P. Posicionamentos críticos e éticos sobre a violência
contra as mulheres. Psicologia & Sociedade. Porto Alegre: Scielo, p. 83, 2008.
190
ALMEIDA, Mozarly. Núcleo busca reeducar o homem agressor. Diário do Nordeste: 10 set. 2012.
Disponível em: <http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/nucleo-busca-reeducar-
o-homem-agressor-1.624835>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
191
Idem.
192
BIANCHINI, Alice. Campanha AD - não violência contra a mulher: centros de educação e
reabilitação de agressores. JusBrasil, 2013. Disponível em:
<http://professoraalice.jusbrasil.com.br/artigos/121814292/campanha-ad-nao-violencia-contra-a-
mulher-centros-de-educacao-e-reabilitacao-de-agressores. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
62
193
Idem.
194
PAPAI. Rede Brasileira de Pesquisas sobre Violência, Saúde, Gênero e Masculinidades
(VISAGEM). Instituto Papai, [2010?]>. Disponível em:
<http://www.papai.org.br/antigo/conteudo/view?ID_CONTEUDO=597>. Acesso em: 18 de janeiro de
2017.
195
NOOS. Instituto Noos. Disponível em: http://noos.org.br/portal/sobre/quem-somos/>. Acesso em:
18 de janeiro de 2017.
196
Idem.
63
Segundo uma pesquisa divulgada pela revista Exame 199, 85% da população
brasileira declara-se cristã. Esse fator é determinante para que a Igreja se mobilize e
tome iniciativas envolvendo a temática, considerando o alcance que teria qualquer
iniciativa tomada.
John Wesley um dos pioneiros do Movimento Metodista, já dizia que o
"evangelho de Cristo não conhece religião, que não seja religião social; não conhece
santidade, que não seja santidade social”.200
Necessariamente, a Igreja como um todo, precisa reconhecer que, desde a
violência psicológica até a violência física contra as mulheres, existe um facilitador,
como mencionado outras vezes no decorrer do trabalho, “a cultura patriarcal” e, por
vezes, reproduzida em aconselhamentos pastorais, pregações e, sobretudo, nos
lares cristãos.
197
NAV. Núcleo de Atenção à Violência. Revista NAV, 2012. Disponível em: <http://nav.org.br/wp-
content/uploads/Revista-NAV_com-capa.pdf. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
198
BIANCHINI, 2013.
199
SOUZA, Beatriz. Um perfil dos cristãos do Brasil em 11 números. Revista: Exame, 05 abr. 2015.
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/um-perfil-dos-cristaos-do-brasil-em-11-numeros/>.
Acesso em: 20 de janeiro de 2017.
200
MARQUES, Natanael G. John Wesley e o Movimento Metodista. Portal Metodista. Disponível em:
http://portal.metodista.br/pastoral/reflexoes-da-pastoral/john-wesley-e-o-movimento-metodista>.
Acesso em: 20 de janeiro de 2017.
201
METODISTA. Violência contra a mulher, um problema da igreja. Expositor Cristão: Jornal Mensal
da Igreja Metodista, ano 127, n.11, nov. 2013.
64
202
Idem.
203
Idem.
204
Idem
205
Idem.
65
afirmar que o discurso religioso tem conexão direta com à violência contra as
206
mulheres, uma vez que, as mulheres são ensinadas à submissão total ao marido.
Desta forma, “um aconselhamento pastoral que sugere tratar dessa situação
em segredo, pelo poder da oração ou com uma nova campanha de jejum”, e que,
desconsidera os sentimentos da mulher agredida, é um aconselhamento
irresponsável. A impunidade do agressor, deixará a mulher mais vulnerável e
correndo risco de vida.207
Neste sentido, a teologia é uma ferramenta poderosa na construção de
relações saudáveis. Conjuntamente, homens, mulheres e as instituições religiosas
devem unir-se na luta para erradicar a violência. O maior desafio da igreja
atualmente é, “repelir toda estrutura autoritária, inclusive a religiosa, que venha
tolerar a presença de violências, especialmente contra as mulheres” 208. Assim, abre-
se um parêntese para explicar sucintamente o significado da teologia:
206
Idem.
207
Idem
208
Idem
209
Guia da Carreira. Teologia. Disponível em: <http://www.guiadacarreira.com.br/profissao/teologia/>.
Acesso em: 20 de janeiro de 2017.
210
METODISTA, 2013.
66
211
Idem.
212
Idem.
213
Idem.
214
Idem.
67
215
PAULA, Sara de. Quinta-feira de preto: uma campanha de enfrentamento à violência contra a
mulher. Metodista: Portal Nacional, 01 jan. 2016. Disponível em: <http://www.metodista.org.br/quinta-
feira-de-preto-uma-campanha-de-enfrentamento-a-violencia-contra-a-mulher>. Acesso em: 20 de
janeiro de 2017.
216
Idem.
217
IEAB. Cartilha de Prevenção e Enfrentamento a Violência Doméstica contra Mulheres. Serviço
Anglicano de Diaconia e Desenvolvimento, 30 abr. 2015. Disponível em:
<http://www.ieab.org.br/sad/biblioteca/cartilha-de-preven%C3%A7%C3%A3o-e-enfrentamento-
viol%C3%AAncia-dom%C3%A9stica-contra-mulheres>. Acesso em: 20 de janeiro de 2017.
218
KOINONIA. Koinonia Presença Ecumênica e Serviço. Disponível em: <http://koinonia.org.br/>.
Acesso em: 20 de janeiro de 2017.
219
Idem.
68
Neste sentido, Lisboa define como maior obstáculo para o sucesso da rede,
“a falta de preparo teológico de lideranças religiosas que ainda entendem o lar como
220
Idem.
221
Idem.
69
222
Idem.
223
Idem.
224
Idem.
225
Idem.
226
Idem.
70
227
OLIVEIRA, Marcio D.; FLEURY, Kleyson. Aconselhamento Pastoral Matrimonial: Uma proposta
ade acompanhamento, enriquecimento e cura a casais em crise. Vox Faifae: Revista de Teologia da
Faculdade FAIFA, v. 5, n. 1, 2013.
71
228
SCHNEIDER-HARPPRECHT, Christoph. As transformações do aconselhamento pastoral até hoje.
Estudos Teológicos, v. 56, n. 2, 2016.
229
Idem.
230
SCHNEIDER HARPPRECHT, C. Teologia Prática no Contexto da América Latina. 2ª Edição
Revista e Ampliada, São Leopoldo: Sinodal, 2005, p. 291.
231
ZARACHO, Rafael. Consejería pastoral. Buenos Aires: Lumen, 2007, p. 25.
72
232
Ibidem, p. 19.
233
Ibidem, p. 19.
234
FRIESEN, Albert. Cuidando do ser: treinamento em aconselhamento. Curitiba: Evangélica
Esperança, 3ª Edição e Revisa, 2012, p. 19.
235
Ibidem, p. 26.
236
ADAMS, Jay. Conselheiro Capaz. São Paulo: Fiel, 1987.
237
Ibidem, p.155.
73
Pra finalizar, o salmista Davi no capítulo 139 e versículo 23 do seu livro, diz:
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus
pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho
eterno.”. Implicitamente o salmista aponta os movimentos básicos que deverão
acontecer durante o aconselhamento, a saber: sondar, conhecer, provar e conduzir
por caminhos eternos. 242
Diante do exposto até então e considerando o entendimento majoritário
entre os doutores do saber, o aconselhamento pastoral é o resultado de um conjunto
de conhecimentos, utilizados para orientar o indivíduo a fazer o que é certo.
238
CLINEBELL, Howard. J. Aconselhamento pastoral: modelo centrado em libertação e crescimento.
São Leopoldo: Sinodal, 5ª Edição, 2011, p. 25.
239
HURDING, 1995, p. 36.
240
Idem.
241
NASCIMENTO, A. R. X. Aconselhamento Pastoral como base no Novo Testamento. Super Click
Monografias, 28 jul. 2012. Disponível em: <http://superclickmonografias.com/blog/?p=62>. Acesso
em: 22 de janeiro de 2017.
242
FRIESEN, 2012, p. 20.
74
A igreja primitiva cuidava integralmente dos cristãos, atendia além das suas
necessidades espirituais, as físicas e psíquicas também. No decorrer dos anos a
missão foi redistribuída: a medicina passou a cuidar do corpo, enquanto a psiquiatria
e psicologia cuidavam da alma e a igreja em conjunto com a teologia, cuidavam do
espírito.
Entender esses desdobramentos históricos é necessário para compreender
os objetivos do aconselhamento pastoral. Partindo do pressuposto de que essa
redistribuição de funções vem sendo reconhecida cada dia mais, o resultado é a
aproximação das diferentes áreas do saber.
Essa parceria entre a religião e as demais ciências permitem que o
aconselhamento pastoral atinja seu objetivo com êxito, contribuindo desta forma
para acabar com o fenômeno da violência contra as mulheres, entre outros.
Para Clinebell,243 o maior objetivo do aconselhamento pastoral é “libertar,
potencializar e sustentar a integralidade centrada no espírito”. Através da sua função
reparadora, o aconselhamento promove o desenvolvimento do indivíduo quando seu
crescimento é seriamente comprometido ou bloqueado por crises.
Consequentemente após sua cura e libertação, o indivíduo contribuirá para o
crescimento das pessoas que o cercam.
Destaca-se aqui a integralidade humana que é entendida como “vida em
abundância”, porquanto uma pessoa liberta na sua totalidade desenvolve seu
potencial ao máximo, gerando oportunidade a si e a outras pessoas. 244
De acordo com Friesen245, o objetivo do aconselhamento pastoral é “tratar
das tensões interiores e dos diferentes complexos que interferem na qualidade de
vida”. Friesen prossegue destacando como objetivo do aconselhamento pastoral
libertar as pessoas de “atitudes inadequadas e distorções de percepção quanto à
realidade”, bem como “dos medos, culpas e das iras inadequadas”.
Desse modo, o aconselhamento pastoral utiliza os recursos da Palavra de
Deus, que devem permanecer “básicos e preponderantes, como diretrizes”, e os
243
CLINEBELL, 2011, p.25.
244
Ibidem, p. 27.
245
FRIESEN, 2012, p. 26.
75
246
Idem.
247
SCHNEIDER-HARPPRECHT, Christoph. A teologia prática no contexto da América Latina. São
Leopoldo: 1998, p. 82.
248
NASCIMENTO, 2012.
249
SCHNEIDER-HARPPRECHT, 1998, p. 82.
250
CLINEBELL, 2011, p.25.
251
COLLINS, Gary. R. Ajudando uns aos outros pelo aconselhamento. São Paulo: Vida Nova, 2005,
p. 19.
76
252
Idem.
253
FRIESEN, 2012.
254
COLLINS, 2005, p. 38-39.
255
CLINEBELL, 2011, p. 45.
256
Ibidem, p. 44.
77
257
Ibidem, p. 46.
78
258
ROSA, Alexandre. Interface psicologia e aconselhamento pastoral: o cuidado nas crises da
psicologia pastoral. 2011.Tese (Mestrado) - Escola Superior de Teologia, São Leopoldo. Disponível
em:<http://tede.est.edu.br/tede/tde_arquivos/1/TDE-2012-06-09T205633Z-
349/Publico/rosa_a_tmp207.pdf>. Acesso em: 23 de janeiro de 2017.
259
ADAMS, 1987.
260
Ibidem, p. 68.
261
ADAMS, Jay. O manual do conselheiro cristão. São José dos Campos: Fiel, 1994, p. 58.
262
SCHNEIDER-HARPPRECHT, 2005, p. 291.
79
Faça uma pergunta ou pedido que não possa ser respondido por uma única
palavra [...]; Faça, periodicamente, um resumo da situação como a vê e
pergunte se está correta; Tente um comentário que possa induzir o
aconselhamento. Trata-se de declarações destinadas a manter a conversa
em andamento; Use a técnica que os psicólogos chamam de reflexão. Ela
inclui dizer palavras novas que o aconselhando parece estar expressando
ou sentindo; Reformule os pensamentos do aconselhado; Apresente uma
descrição do comportamento do aconselhado como você o vê.265
263
COLLINS, 2005, p. 50.
264
Ibidem, p. 52.
265
Ibidem, p. 53.
266
Ibidem, p. 57.
80
267
Ibidem, p. 58.
268
Ibidem, p. 59.
269
Ibidem, p. 62.
270
ROSA, 2011, p. 23
271
CLINEBELL, 2011, p. 14.
81
272
Ibidem, p. 16.
273
Ibidem, p. 24.
274
Ibidem, p. 28.
82
275
SCHNEIDER-HARPPRECHT, 1998, p. 23.
276
Idem.
277
VEGT, T. Aconselhamento visto pela ótica da psicologia. Porto Alegre: EDC, 2001.
83
278
BRISSOS-LINO, José. O Aconselhamento Pastoral perante a abordagem centrada na pessoa.
2008. Disponível em: <https://brissoslino.files.wordpress.com/2007/11/o-aconselhamento-pastoral-
perante-a-abordagem-centrada-na-pessoa-monografia.pdf>. Acesso em: 23 de janeiro de 2017.
279
SCHNEIDER-HARPPRECHT, 1998, p. 131.
280
BOOTZ, Erwin. Consultei a Deus, ele me colheu, e me livrou de todos os meus temores: o uso de
recursos espirituais no aconselhamento pastoral. Tese de Teologia, IEPG, São Leopoldo, 2003.
281
COELHO FILHO, Isaltino G. ACONSELHAMENTO PASTORAL OU ACONSELHAMENTO
PSICOLÓGICO? Isaltino, 16 nov. 2011. Disponível em:
<http://www.isaltino.com.br/2011/11/aconselhamento-pastoral-ou-aconselhamento-psicologico/>.
Acesso em: 23 de janeiro de 2017.
84
282
Idem.
283
Idem.
284
Idem.
285
ROSA, 2011, p. 16.
286
FERREIRA, Aurélio. B. Novo dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1986, p. 1.412.
287
ROSA, 2011, p. 33.
85
288
COELHO FILHO, 2011.
289
COELHO FILHO, 2011.
290
COELHO FILHO, 2011.
291
ADAMS, 1987, p. 24.
86
292
ROSA, 2011, p. 32.
293
SCHNEIDER-HARPPRECHT, 2005, p. 291.
294
HERNÁNDEZ, Carlos J. Psicologia pastoral e espiritualidade. São Leopoldo: Cetela, 2008, p. 122.
295
HOCH, Lothar C. Psicologia a Serviço da Libertação: Possibilidades e Limites da Psicologia na
Pastoral do Aconselhamento. São Leopoldo: Escola Superior de Teologia, 1985, p. 253.
296
ELLENS, J. Harold. Graça de Deus e saúde humana. Sao Leopoldo: Sinodal, 1982, p. 53.
87
Considerando a busca acirrada pela qualidade de vida plena nos dias atuais,
é plausível encarar a psicologia pastoral como uma ferramenta para restaurar vidas
de forma global, pois, “para a psicologia pastoral, gerar restauração tem a ver com o
desenvolvimento da liberdade e com o processo de humanização”.
A psicologia pastoral e o aconselhamento pastoral devem relacionar-se de
forma harmoniosa, porque cada uma tem o seu valor reconhecido e os limites
preestabelecidos têm que ser respeitados. Hoch neste sentido ressalta que:
297
ULLOA. Pat C. Por uma psicologia pastoral que acompanhe e desafie as igrejas na América
Latina. In: SANTOS, Hugo N. Dimensões do cuidado e aconselhamento pastoral. São Paulo: ASTE;
São Leopoldo: Cetela, 2008, p. 22.
298
HOCH, 1985, p. 22.
88
Como visto até então, o tema da violência contra a mulher viralizou, está nas
mídias quase que diariamente. É notado que os governos têm redobrado as políticas
públicas na defesa, prevenção e penalização, e o mundo moveu-se em favor dessa
luta. Toda essa exposição e mobilização também tem despertado a atenção de
líderes religiosos para essa temática.302
Estudos recentes revelaram que a violência contra mulheres cristãs, tem
caráter de “epidemia” e os números são assustadores. Essa “epidemia” entre os
cristãos, é preocupante por dois motivos. O primeiro está relacionado ao advento do
cristianismo. Esperava-se que esta adesão trouxesse uma mudança de
299
ROSA, 2011.
300
Ibidem, p. 38.
301
Idem.
302
GUIAME. Entre a igreja e a delegacia: mulheres vítimas da violência doméstica. 11 de Nov. de
2011. Disponível em: <http://guiame.com.br/gospel/mundo-cristao/entre-a-igreja-e-a-delegacia-
mulheres-vitimas-da-violencia-domestica.html>. Acesso em: 24 de janeiro de 2017.
89
O que dizer a uma mulher evangélica que apanha do marido? Que ela deve
esperar no Senhor para que o homem seja liberto deste espírito ruim que o
torna violento? Que tem de se sujeitar, porque o que Deus une o homem
não separa? Que precisa se calar porque é submissa ao esposo? Não raro,
muitas mulheres ouviram e ainda ouvem tais conselhos dentro de suas
igrejas e, não por acaso, os líderes evangélicos são frequentemente
apontados por associações de apoio às mulheres vítimas de violência como
omissos e coniventes. Pior ainda, quando o agressor está dentro da igreja,
sob a fachada de um homem de Deus, e nada é dito ou feito.306
303
MOURA, Vinicius. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER: O QUE FAZER?Ser Cristão,
17 nov. 2011. Disponível em: Desafio de ser cristão: <http://www.sercristao.org/2011/11/17/violencia-
domestica-contra-mulher-o-que/>. Acesso em: 24 de janeiro de 2017.
304
Idem.
305
Idem.
306
GUIAME, 2011.
307
Idem.
308
Idem.
90
309
MOURA, 2011.
310
GUIAME, 2011.
311
GUIAME, 2011.
312
Idem.
91
Os cristãos devem ensinar tudo o que Cristo nos ordenou e ensinou. Isto
inclui certamente doutrinas a respeito de Deus, autoridade, salvação,
crescimento espiritual, oração, a igreja, o futuro, anjos, demônios e a
natureza humana. Todavia, Jesus também ensinou sobre o casamento,
interação entre pais e filhos, obediência, relação entre raças, e liberdade
tanto para homens como para mulheres. Ele ensinou igualmente sobre
assuntos pessoais como sexo, ansiedade, medo, solidão, dúvida, orgulho,
pecado e desânimo.315
313
MOURA, 2011.
314
GUIAME, 2011.
315
COLLINS, 2005, p. 13.
316
MOURA, 2011.
317
LYOTARD, Jean F. apud ROLDÁN, Alberto F. Pós-modernidade e pluralismo: desafios para a
igreja hoje. In: BARRO, A. C; KOHL, M. W. Ministério pastoral transformador. Londrina: Descoberta,
2006, p. 17.
92
A lei Maria da Penha não veio para separar os casais, antes seu propósito é
dar à mulher agredida o direito a uma vida a dois, cercada de respeito,
carinho, cuidado, fidelidade e amor. Nisto a lei reforça um desejo que surgiu
no Éden, de que ambos fossem uma só carne. Homens e mulheres,
principalmente os evangélicos devem posicionar-se contra a invasão da
violência nos lares.318
318
MOURA, 2011.
319
Idem.
320
Idem.
93
vive em determinado contexto, ao mesmo tempo em que elas criam novo contexto,
elas sofrem influências e são moldadas também321. No entendimento de Hoch,
É natural do ser humano projetar uma imagem de cada pessoa com quem
convive. Essa projeção pode ser composta de simpatia, confiança, competência,
acolhimento, acessibilidade, etc. Um fator determinante que leva as pessoas a falar
321
NASCIMENTO, 2012.
322
HOCH, 1985.
323
Idem.
324
NASCIMENTO, 2012.
325
HOCH, 1985.
94
com alguém sobre suas dificuldades, são as qualidades que imaginam encontrar
naquela pessoa e que consideram essenciais para relacionar-se intimamente.326
A relação com o mundo exterior causa mudanças no mundo interior de cada
indivíduo, desde o seu nascimento. Sua personalidade é moldada a partir dos
relacionamentos, ambientes e estruturas com as quais convive. Assim como
Feldmann327 afirma que, “ninguém sai ileso de um encontro com outra pessoa”, pode
se dizer que ninguém sai intacto de um encontro com um grupo, uma igreja, um
trabalho, um governo, uma cidade ou lugar do interior. Por esse motivo, a importante
tarefa de identificar “o lugar a partir do qual o seu interlocutor fala” cabe ao
aconselhador. Para tal, é imprescindível que o conselheiro tenha empatia, tente
acompanhar o seu interlocutor na descoberta do seu mundo interior, paralelamente,
este se sentirá compreendido e passará a compreender melhor a si mesmo.
Resultando, no sucesso do aconselhamento pastoral.328
Além das diferentes relações sociais, tem-se as condições econômicas,
educacionais e culturais, bem como, as estruturas políticas, fatores determinantes
da vida de quem busca ajuda. A partir da constatação desses determinantes é
necessário que o aconselhamento pastoral se conecte a uma comunidade “como
uma rede de apoio dos membros”, como propõe Schneider-Harpprecht329
Além do aconselhamento individual, é de responsabilidade do conselheiro
promover a integração social e comunitária, e também ações junto às pessoas
responsáveis, com intuito de eliminar ou atenuar as causas dos problemas de que
se busca ajuda.330
Quanto a questões relacionadas à cultura, Hoch 331 constata que “no
contexto da América Latina o aconselhamento pastoral precisa se conscientizar da
diversidade cultural e religiosa de quem oferece e procura ajuda”. A pluralidade de
diferentes sistemas de educação, valores, credos, posturas e linguagens corporais,
dificulta a comunicação.
Diante disso, é necessário que o conselheiro desenvolva uma “sensibilidade
cultural” e que assuma uma postura de interpatia, ou seja, ir além de empatia,
326
NASCIMENTO, 2012.
327
FELDMANN, Clara; MIRANDA, Mario L. Construindo a Relação de Ajuda. Belo Horizonte: Crescer,
2002, p. 102.
328
NASCIMENTO, 2012.
329
SCHNEIDER-HARPPRECHT, 1998.
330
NASCIMENTO, 2012.
331
HOCH, 1985.
95
332
NASCIMENTO, 2012.
333
SCHNEIDER-HARPPRECHT, 1998
96
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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BLAY, Eva A. Violência contra a mulher e políticas públicas. São Paulo, v. 17, n.
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340142003000300006>
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BRASIL. Compromisso e atitude pela Lei Maria da Penha. Lei Maria da Penha e
demanda punitiva, por Luanna Tomaz de Souza. Disponível em:
<http://www.compromissoeatitude.org.br/lei-maria-da-penha-e-demanda-punitiva-
por-luanna-tomaz-de-souza/>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
______. Portal Brasil. 9 fatos que você precisa saber sobre a Lei Maria da
Penha. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/10/9-fatos-
que-voce-precisa-saber-sobre-a-lei-maria-da-penha>. Acesso em: 18 de janeiro de
2017.
105
COLLINS, Gary. R. Ajudando uns aos outros pelo aconselhamento. São Paulo:
Vida Nova, 2005.
COSTA, Samuel. – Psicologia Pastoral. Rio de Janeiro: Editora Silva costa, 2005.
DEBERT, Guita G; OLIVEIRA, Marcella B. Os modelos conciliatórios de solução de
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83332007000200013#tx04>. Acesso em: 18 de janeiro de 2017.
ELLENS, J. Harold. Graça de Deus e saúde humana. Sao Leopoldo: Sinodal, 1982.
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OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Acervo:
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<http://revista.arquivonacional.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/407/407>.
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ULLOA. Pat C. Por uma psicologia pastoral que acompanhe e desafie as igrejas
na América Latina. In: SANTOS, Hugo N. Dimensões do cuidado e
aconselhamento pastoral. São Paulo: ASTE; São Leopoldo: Cetela, 2008.
115