Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar

(Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas

GOVERNO FEDERAL REPRESENTANTE-RESIDENTE ASSISTENTE E
COORDENADORA DA ÁREA PROGRAMÁTICA Apresentação Geral
PRESIDENTE DA REPÚBLICA Maristela Baioni
Jair Messias Bolsonaro COORDENADORA DA UNIDADE DE PAZ
VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA E GOVERNANÇA Olá!
Antônio Hamilton Martins Mourão Moema Freire Bem-vindos ao curso de Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital
GERENTE DE PROJETO
Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas.
MINISTRO DE ESTADO DA CIDADANIA
Ronaldo Vieira Bento Rosana Tomazini
A Dependência Química é considerada uma doença multifatorial, crônica e recidivante,
ASSISTENTE DE PROJETO caracterizada pelo uso compulsivo da substância em questão, apesar das consequências
SECRETÁRIO NACIONAL DE CUIDADOS
Aline Santana
E PREVENÇÃO ÀS DROGAS negativas - mas é também, reconhecidamente, tratável.
Quirino Cordeiro Junior
DIRETORA DE PREVENÇÃO, EQUIPE PROJETO EDITAL Nº 02/2021 A complexidade desse transtorno requer, em seu tratamento, estratégias igualmente
CUIDADOS E REINSERÇÃO SOCIAL PRESIDENTE - CEPP complexas. A evolução da ciência da dependência química nas últimas décadas revolucionou
Cláudia Gonçalves Leite Thiago Marques Fidalgo nossa compreensão sobre esse fenômeno, trazendo consigo respostas mais efetivas.
COORDENADORA-GERAL FORMAÇÃO VICE-PRESIDENTE - CEPP
Elis Viviane Hoffmann Andrea de Abreu Feijó de Mello O profissional que atua na área da dependência química se depara com constantes desafios
que permeiam os espectros psicológicos, sociais e biológicos, tornando assim, fundamental
COORDENADOR GERAL DO PROJETO que possua no seu arcabouço teórico conhecimentos sólidos em todas essas dimensões que
Cláudio Jerônimo da Silva
compõem a etiologia da dependência química e através das quais ela se manifesta. Em uma
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS COORDENADORA PEDAGÓGICA DO PROJETO doença em que a recidiva é a regra, não a exceção, cabe ao profissional atuante se aprimorar
PARA O DESENVOLVIMENTO Clarice Sandi Madruga e instrumentalizar de forma constante.
(PNUD)
CONTEUDISTAS ESPECIALISTAS
REPRESENTANTE-RESIDENTE Ana Paula Dias Pereira Reunimos aqui um time único e altamente qualificado de profissionais que atuam nas
Katyna Argueta André de Queiroz Constantino Miguel áreas da clínica psiquiátrica, psicológica, da pesquisa e do ensino, trazendo para você
Leonardo Gomes Moreira uma oportunidade de consolidar e atualizar seus conhecimentos sobre tratamento da
REPRESENTANTE-RESIDENTE ADJUNTO
Maria de Fátima Padim dependência química.
Carlos Arboleda
Ronaldo Ramos Laranjeira
Sérgio Marsiglia Duailibi
Esperamos que o curso proporcione não só o aperfeiçoamento de técnicas e protocolos
Susana Mesquita Barbosa
de atuação para cada modalidade de serviço e profissional atuante, mas também propiciar
Todo o conteúdo do Curso Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas, da Secretaria
reflexões e críticas, muitas vezes fundamentais para o estabelecimento de práticas mais
Nacional de `Políticas sobre Drogas, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas, do Ministério do Estado e da
Cidadania do Governo Federal 2022 e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, da Organização das Nações Unidas, está licenciado sob a Licença Pública
efetivas no processo da recuperação.
Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) que pode ser acessada em https://creativecommons.org/licenses/by-nc-
nd/4.0/deed.pt_BR

Bons estudos.
BY NC NO
Coordenação do Curso

MÓDULO 5
Equipes multidisciplinares e atribuições no tratamento e recuperação
Autoria
Clarice Sandi Madruga
Cláudio Jerônimo da Silva
Kátia Isicawa de Sousa Barreto
Rogério Adriano Bosso
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sumário
Nesse módulo iremos dar um destaque no papel dos profissionais de saúde e assistência
social que atuam no tratamento da dependência química, pois são estes que estão na linha
de frente no tratamento, buscando sempre a excelência em um trabalho que visa promover
a inclusão e reinserção social dos dependentes químicos tanto por meio de abordagens de
atenção integral, com foco na qualidade de vida e no exercício pleno da cidadania, quanto
em ações individuais e conjuntas de acolhimento, orientações e apoio.
Daremos destaque, também, ao gerenciamento de caso na gestão do plano terapêutico e
organização do processo de tratamento e recuperação.
Com o gerenciamento de caso na gestão do plano terapêutico, é possível alcançar e
aumentar a efetividade do tratamento, bem como, a promoção de um grau maior de saúde,
o que, consequentemente, ocasionará em mais qualidade de vida não somente à pessoa
em recuperação, como também a seus familiares. Para finalizar, é um ponto focal e de
atenção, que o profissional seja capaz de pensar em estratégias efetivas, desde o início
do tratamento, como o acolhimento, até nas composições e ofertas da etapa final de um
processo de tratamento, a reinserção social.
Está pronto? Então vamos estudar!
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OBJETIVOS DO MÓDULO sumário

SUMÁRIO
UNIDUNIDADE 1: O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL NO TRATAMENTO
DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA........................................................................................................................................05
Atuação dos profissionais da saúde e da assistência social no tratamento da DQ.
Psiquiatra, Enfermeiro, Psicólogo, Assistente Social, Terapeuta Ocupacional, Educador Físico, Conselheiro em DQ. 1. Apresentar o papel
dos profissionais de
UNIDADE 2: GERENCIAMENTO DE CASO NA GESTÃO DO PLANO TERAPÊUTICO saúde e assistência
E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRATAMENTO E RECUPERAÇÃO.......................................................................17 social no tratamento da
Gerenciamento de Caso
Prática do Gerenciamento de Caso
Organização do processo de tratamento e recuperação
dependência química;

REFERÊNCIAS...............................................................................................................................................................20
2. Valorizar a importância
do trabalho em equipe;

3. Apresentar caminhos
possíveis para o
gerenciamento de caso
na gestão do plano
terapêutico;

4. Destacar relevâncias nos

planos de tratamento e
recuperação.

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1
sumário
sumário

UNIDADE 1
O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL NO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
A área da saúde tem se expandido muito e, em virtude disso,
as equipes multidisciplinares também têm sido cada vez
mais solicitadas, com o intuito de encontrar soluções para
as situações problemas que dizem respeito à qualidade dos
cuidados oferecidos aos pacientes.

Ao se planejar a estrutura de um tratamento terapêutico,

considerando a complexidade que as demandas em saúde
mental apresentam, faz-se necessária a participação de
diversos profissionais da área da saúde, configurando
uma equipe multidisciplinar na qual são considerados os
diferentes conhecimentos relacionados às diversas áreas
de saúde.
Como podemos conceituar “equipe
multidisciplinar”?
O termo faz referência a um time, um conjunto de
profissionais de diversas áreas da saúde, cada um atuando
com o seu conhecimento específico, bem como as suas
competências para aplicar as técnicas que estão no escopo
de atuação profissional, que trabalham em conjunto em um
mesmo projeto ou área.
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Nesta equipe, cada profissional contribui com suas
competências técnicas para uma integração das práticas
de cuidado que têm como objetivo comum o entendimento
mais amplo do fenômeno doença, para assim traçar o
melhor projeto de assistência singular, rumo a eficácia no
atendimento e prognóstico do paciente.
O trabalho em equipe não está relacionado apenas ao
fato de os profissionais estarem juntos ou que estes
compartilhem entre si as informações do paciente. Ao
contrário, para o trabalho em equipe é necessária a
existência de uma cultura que seja colaborativa ao mesmo
tempo em que permite uma efetiva colaboração entre os
profissionais, de modo a garantir uma complementaridade
entre as áreas.
A equipe multidisciplinar tem responsabilidade na
construção e no fortalecimento do vínculo entre
profissionais da saúde, indivíduo e sua família. Cada membro
da equipe terá a responsabilidade de acompanhar de perto
os indivíduos ao longo do tratamento, gerenciando suas
necessidades e providenciando os encaminhamentos que
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se fizerem necessários para um bom resultado e eficácia
do caso. Para o bom resultado, deve-se proporcionar a
reinserção social, a alta e o posterior acompanhamento
em outro serviço de modo a proporcionar a continuidade
de seus cuidados referentes à saúde, às melhorias
na qualidade de vida, a ampliação do entendimento e
complexidade de seus casos e a apropriação do processo
saúde-doença, dentre outras. (COVELO; BADARO-MOREIRA,
2015 (1). 2019).
E, afinal, quem são esses profissionais que irão compor
uma equipe e como eles devem atuar?
Vejamos alguns dos profissionais mais comuns, em
se tratando das questões da dependência química,
que geralmente compõem uma equipe, bem como seu
papel na equipe, seu tipo de contribuição técnica e no
desenvolvimento das orientações gerais na condução
dos casos.
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Psiquiatra
A psiquiatria é a especialidade médica que atua diretamente
com a saúde mental. Mais especificamente, ela trata as
diferentes formas de sofrimento psicológico e transtornos
mentais tais como esquizofrenia, depressão, dependência
química, entre outros.
O psiquiatra é o profissional que realiza os diagnósticos, as
avaliações dos estados psicopatológicos do paciente, bem
como a prescrição de medicamentos com a finalidade de
tratar os sintomas relacionados às doenças mentais.
Ribeiro (2022), pensando na operacionalização e
qualidade da avaliação psiquiátrica integrada à
avaliação multidisciplinar, sem perder a psicopatologia
e a neurobiologia como parâmetros, propôs eixos de
investigação:
EIXOS DE INVESTIGAÇÃO NA PSIQUIATRIA
1 Avaliar o impacto do consumo das substâncias.
2 Avaliar a síndrome de abstinência de SPA.
3 Avaliar a dependência de SPA.
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4 Avaliar o impacto da dependência de SPA.
Avaliar o quão impactado foi o cérebro com o uso e a
5
possibilidade da presença de sintomas secundários.
Avaliar o impacto da neuroimunologia, bem como o
6
impacto das respostas mediadas pelo estresse.
Avaliar a abstinência para verificar as condições para
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uma avaliação adequada.
Avaliar os prejuízos cognitivos causados pelo uso
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repetido de SPA.
9 Avaliar a necessidade de farmacoterapia.
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Enfermeiros e Técnicos é fundamental para realizar o cuidado com qualidade e

proporcionar melhores condições de bem-estar.
de Enfermagem
A equipe de enfermagem é extremamente importante no Quando este profissional é responsável por atender
tratamento do Transtorno por Uso de Substâncias tanto para as urgências e emergências, ele precisa estar atento,
prevenção, promoção, reabilitação como para a integração capacitado e habilitado para compreender os sinais
social dos usuários de substâncias psicoativas. e aspectos físicos das diferentes classificações das
substâncias psicoativas nos pacientes para que possa
É importante que o enfermeiro / técnico de enfermagem intervir de forma adequada e eficaz (RODRIGUES, 2020).
realize uma avaliação clínica e física do paciente e, para
isso, faz-se necessário ter um olhar diferenciado, visto que
ao realizar este primeiro contato e avaliar as complicações
sociais e psíquicas, observa-se uma possibilidade de
criação de vínculo empático entre esses profissionais
e o paciente e seus familiares.

O profissional da enfermagem precisa de um olhar

diferenciado que lhe permita visualizar de maneira
humanizada o paciente que está atendendo, considerando
suas dimensões biológica, psicossocial e espiritual. Isso

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Psicólogo Com a atuação do psicólogo no ambiente de tratamento

em prol aos pacientes, pode-se aumentar adesão ao
O psicólogo é um profissional especializado no estudo da tratamento do dependente químico, bem como a adesão ao
mente e do comportamento humano, analisando tanto os seu processo de reinserção na sociedade (SILVA, 2021).
processos intrapessoais quanto às relações interpessoais,
dentro de seu contexto cultural, institucional, familiar e
social.

O psicólogo pode exercer diversas funções nos ambientes

de tratamento e, assim, contribuir para o trabalho em equipe
e de um bom prognóstico do paciente.

São exemplos de funções do psicólogo:

Psicoterapia individual
Psicoterapia em grupo Assistente Social
Gerenciamento de casos
O assistente social é o profissional pivô para o processo
Manejo de crises
de tratamento da dependência química, uma vez que atua
Outras técnicas
no sentido de trabalhar o processo de conscientização
e diminuição da estigmatização da sociedade sobre a
problemática da dependência química (BARACHO, 2018).

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O assistente social deve ter o objetivo de desenvolver,
juntamente com o indivíduo em tratamento, estratégias de
reinserção social, bem como realizar os encaminhamentos
adequados daqueles que sofrem de Transtorno por Uso de
Substâncias para ambientes de tratamentos onde possam
receber tratamento adequado. (BARACHO, 2018).
Como apresentado neste curso, a complexidade da
dependência química atinge não apenas o indivíduo como,
também, sua família. Assim, o assistente social poderá
auxiliar essas famílias a enfrentarem os problemas com
as drogas. Em virtude da vulnerabilidade das famílias,
considerando que muitas vezes essas não sabem quais
medidas tomar, as orientações sociais e psicológicas são
essenciais para que as famílias possam encontrar a melhor
maneira para ajudar o indivíduo usuário de substâncias
psicoativas. (BARACHO, 2018).
A prática do assistente social, no dia a dia, além da atuação
junto às famílias, é importante para a articulação com a
rede socioassistencial. Porém, essa articulação não ocorre
como em um passe de mágica. Os serviços pertencentes à
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sumário
rede de saúde e à rede socioassistencial não se comunicam
com tantas facilidades, uma vez que as especificidades
de setores como assistência social, saúde, jurídico etc.,
desenvolveram historicamente dimensões de cuidado
diferentes do outro e, naturalmente, a linguagem, a ótica,
é diversificada, tendo ainda mais destaque o papel do
assistente social.
A ideia com a articulação é a de tentar construir uma rede
de suporte social que seja capaz de alcançar possibilidades
para que o indivíduo participe da construção da autonomia
e do acesso à cidadania, para obter sucesso em seu
processo de reinserção social (Do CARMO, 2020).
Estar inserido em um contexto que ofereça auxílio e suporte
social faz com que o acolhido assuma um papel ativo na
estruturação e fortalecimento de vínculo desse suporte,
adotando um novo estilo de vida (como, por exemplo, deixar
a companhia de antigos “amigos” usuários de substâncias)
e aprenda a recusar novas ofertas para o uso; além de fazer
com que o acolhido acredite e entenda que é importante,
valioso, amado e que pertence a uma rede de auxílio com
direitos e deveres mútuos.
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Na atuação profissional do assistente social é possível deve ter ciência sobre os grupos de apoio, uma vez que
identificar algumas questões sociais do usuário que são são importantes para o suporte familiar. Acolher cada caso
vistas como dificuldades ou impedimentos da reinserção e como um caso particular e específico, diferente do outro, é
reabilitação social, tais como: estar aberto e atento as questões e necessidades de cada
caso (LOPES, et. Al., 2019; do CARMO, 2020).
Trabalho
Estudo
Família
Moradia
Questões Jurídicas

No desenho do projeto assistencial singular, priorizar a

proteção social na fase de reinserção social do usuário
e priorizar o vínculo familiar são pontos que merecem
atenção. A comunicação com as redes socioassistencial e
comunitária na prática é complexo, demandando tempo e
habilidade. Isso se faz necessário em virtude da importância
do apoio de outros serviços da rede e do território dos
familiares. Visitas domiciliares devem estar incluídas no
processo de tratamento, pois ajudam a aproximação em um
ambiente confortável e de confiança da família. A família

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Terapeuta Ocupacional
A atuação do terapeuta ocupacional deve ter como objetivo
principal a avaliação dos déficits e das incapacidades
cognitivas e funcionais que limitam o desempenho
ocupacional de um indivíduo, para posteriormente elaborar
estratégias de intervenção (adaptadas à idade, habilidades,
limitações, papéis e valores) e abordagens de tratamento,
favorecendo capacidades e habilidades individuais
(TREVELIN, 2020).

Vale ressaltar, também, que dentre as estratégias

utilizadas pelo Terapeuta Ocupacional, o desenvolvimento
das Atividades da Vida Diária (AVD) como autocuidado,
mobilidade, alimentação, higiene pessoal, dentre outras Educador Físico
e das Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) como
O profissional da educação física é extremamente essencial
ir às compras, gerir dinheiro, utilizar o telefone, limpar,
na composição da equipe no tratamento da dependência
cozinhar, dentre outras são importantes para o processo de
química. Estudos diversos indicam que a prática de
reabilitação e reinserção social dos indivíduos que sofrem
atividades esportivas promove a colaboração para o
de Transtornos por Uso de Substâncias.
desenvolvimento da autoestima, disciplina, perseverança
e superação nos indivíduos em processo de tratamento da
dependência química (MENDES, 2017).
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Outros estudos avaliaram a capacidade de memória, Conselheiro em Dependência Química

atenção, o desejo de usar drogas, o prazer, a percepção de
Os conselheiros em dependência química, profissionais
esforço, e o estado de humor de pacientes em tratamento
com formação ensino médio completo, são um dos
para dependência química com o intuito de entender os
profissionais que se destacaram como fundamentais para
efeitos do exercício físico no processo de recuperação. O
o desenvolvimento das atividades, contribuindo com as
resultado deste estudo indica que a prática de atividade
equipes de tratamento, principalmente nas comunidades
física gerou redução na fissura e melhora no quadro geral do
terapêuticas.
indivíduo. Dessa forma, a contribuição desse profissional, se
faz essencial (FERREIRA, et. al., 2017).
As possíveis atividades que podem ser desenvolvidas pelos
conselheiros em dependência química:

Aconselhamento

Orientação sobre normas e regras de funcionamento

das Instituições

Registro das atividades em prontuário

Atividades grupais de prevenção a recaída

Grupo de 12 passos

Acompanhamento Terapêutico

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Porém, para o desenvolvimento dessas atividades, é
importante que esse profissional tenha subsídios com
diretrizes e treinamentos adequados, realizados por
profissionais especialistas, a fim de nortear suas práticas.
Além disso, é necessário que os conselheiros estejam
sempre imersos em Capacitação continuada nas importantes
temáticas como: dependência química; treinamento das
habilidades sociais; resolução de conflitos; sexualidade
humana; humanização no cuidado; dentre outras (BOSSO et.
al., 2021).
Outros profissionais, aqui não citados, como, nutricionistas,
pedagogos, arteterapeutas, advogados, fonoaudiólogos,
dentistas, entre outros, podem compor a equipe
multidisciplinar. Quanto mais profissionais diversificados,
mais rica será a oferta de tratamento.
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sumário
Orientações gerais para a equipe
multidisciplinar na condução dos
casos de transtornos por uso de
substâncias
De acordo com o guia de boas práticas elaborado pelo
Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidado
do Reino Unido (National Institute for Health and Care
Excellence - NICE), as orientações para a equipe
na condução de casos de transtornos por uso de
substâncias devem ser norteadas conforme descrito
a seguir (NICE, 2007).
Relacionadas ao manejo com o próprio paciente
1. Os pacientes devem obter, por parte dos profissionais,
informações robustas sobre o desenho do projeto
terapêutico individual que será traçado para si, para
que possam tomar decisões assertivas em relação ao
seu tratamento, tais como, realizar um levantamento
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das necessidades emergentes e acionar redes de apoio
que possam assumir as demandas emergente para que
possa, tranquilamente, ter condições de realizar seu
tratamento, considerando todas as etapas. O projeto
terapêutico individual deve ser revisado com frequência,
de forma conjunta com o paciente, para que ele possa se
inteirar das revisões e, novamente, possa se planejar de
forma a conseguir manter-se em tratamento.
2. A equipe deve sempre inserir o paciente nas decisões
relacionadas ao seu processo de recuperação. Ele deve
buscar localizar e incluir nesse processo os familiares e
as pessoas da rede de apoio protetiva.
3. A equipe deve localizar serviços da rede que poderão
assistir o paciente e discutir o caso constantemente,
informando os manejos, as intervenções realizadas,
as barreiras e os pontos de apoio encontrados, tanto
no manejo quanto no processo de recuperação do
paciente. Desta forma, objetiva-se reduzir a perda de
contato quando o paciente receber alta e facilitar sua
transferência efetiva.
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sumário
4. Todas as intervenções realizadas com os pacientes
devem ser realizadas por profissionais especializados na
execução da intervenção. É fundamental e indispensável
que os profissionais da equipe recebam supervisão
adequada e estejam constantemente atualizados e
capacitados.
5. Os membros da equipe devem estar cientes de que os
pacientes com TUS devem ser respeitados e receber
o mesmo cuidado e privacidade que qualquer outro
paciente. As equipes que trabalham em seços de saúde
mental devem perguntar rotineiramente aos pacientes
do serviço sobre o uso recente de drogas, sejam elas as
lícitas ou as ilícitas. Nos casos afirmativos, as seguintes
perguntas devem fazer parte do escopo de perguntas em
uma avaliação:
• via de administração;
• quantidade; e
• frequência.
6. As equipes que trabalham em serviços básicos de saúde,
hospitais gerais e departamentos de urgência e emergência
também devem perguntar rotineiramente aos pacientes
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do serviço sobre o uso recente de drogas, sejam elas as de ajuda mútua, a equipe deve considerar a possibilidade de
lícitas ou as ilícitas. As perguntas devem ser realizadas oferecer a esse grupo de familiares orientações individuais
ao perceberem possíveis sintomas que sugiram a que incluam:
possibilidade do uso de drogas, como: • informações e educação sobre o uso de droga e seus
• dor torácica aguda em pacientes jovens; impactos
• casos de psicose aguda; • auxílio na identificação de fatores de estresse
• Distúrbios do sono ou do humor. relacionadas ao uso de drogas;
• formas para identificar, explorar, promover e fortalecer
os comportamentos de enfrentamento protetivos que
Relacionadas à família já existem e garantir a possibilidade de se traçar novos
Os membros da equipe devem orientar as famílias sobre comportamentos protetivos;
o impacto do uso de drogas, sem excluir as crianças e os
adolescentes. Lembrando que a orientação para crianças
e adolescentes devem ser feitas de forma cuidadosa,
para não provocar o efeito iatrogênico e estimular a
experimentação/uso de substância entre esse público Sugere-se, por fim,
jovem. É importante que pessoas que fazem parte da pelo menos cinco
rede de apoio protetiva do paciente, sempre que possível, sessões semanais
recebam orientações e conhecimentos. de encontros com
a família.
Nos casos em que as famílias dos pacientes com
transtornos por uso de substâncias não aderem aos grupos

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sumário

UNIDADE 2
GERENCIAMENTO DE CASO NA GESTÃO DO PLANO TERAPÊUTICO E
ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRATAMENTO E RECUPERAÇÃO.
Agora vamos conhecer sobre o gerenciamento de caso na monitoramento de serviços e fonte de recursos, a fim de
gestão do plano terapêutico e organização do processo de garantir que as necessidades dos usuários sejam sanadas.
tratamento e recuperação. Basicamente, gerenciar casos em dependência química
consiste em avaliar as necessidades individuais do usuário
O conceito de gerenciamento de caso tem origem no final e desenvolver um projeto individual de atendimento que
da Segunda Guerra Mundial e surgiu para descrever a vá ao encontro das necessidades que foram elencadas na
extensão de serviços comunitários requeridos para cuidar avaliação do usuário (SILVA, 2021).
de pacientes psiquiátricos.
O gerenciamento de casos pode ser entendido, em
Mas em que consiste o consenso com grande parte dos autores, como uma
gerenciamento de caso? estratégia que visa ajudar de forma organizada o usuário,
entendendo suas necessidades individuais através de
Gerenciamento de caso é um processo que necessita
avaliação feita com a equipe do serviço. (SOARES, 2009).
de alguns componentes importantes no cuidado como
avaliação, distribuição dos casos, coordenação e

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Quais os objetivos do O que inclui a prática do

gerenciamento de caso? gerenciamento de caso?
O fluxograma abaixo traz informações sobre os principais Segundo SILVA (2021), o gerenciamento de caso inclui:
objetivos do gerenciamento de caso.
Identificar as especificidades do usuário, elencando
1
pontos fortes e fracos a serem trabalhados; 
Planejar e desenhar uma proposta singular de cuidado
• Colher dados da história clínica 2
IDENTIFICAR para cada usuário; 
• Organizar os dados
(DIAGNÓSTICO Realizar articulação da rede socioassistencial com
E PROBLEMAS • Analisar e classificar os fenômenos 3
RELACIONADOS) • Identificar as necessidades e outros serviços; 
demandas 4 Monitorar e avaliar cada caso, individualmente;
• Desenvolver uma proposta de Facilitar o amparo e acolhimento em caso de
intervenção customizada 5
necessidade;
PLANEJAR E
• Recrutar equipes para atender
DETALHAR O Facilitar acesso aos programas sociais existente
TRATAMENTO
necessidades e demandas 6
de moradia, emprego e renda;
• Estabelecer conexões necessárias
e "formar" a rede de tratamento Assegurar que os programas se ajustem com as
7
necessidades e particularidades de cada caso;
• Avaliar periodicamente o tratamento
MONITORAR e reformular o processo tantas vezes Acompanhar, estimular e motivar o engajamento em
PROCESSOS E quantas necessárias 8 cada programa acessado, não se trata, portanto, de
RESULTADOS • Acompanhar encaminhar, mas garantir a inserção de fato.
Fonte: (FIGLIE, et. al., 2004).

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Quais são as funções do gerente
de caso?
Os gerentes de caso são profissionais que podem
se envolver em funções adicionais e alternativas no
tratamento, com o intuito de aumentar as possibilidades de
sucesso no tratamento. Esta deve ser uma característica
fundamental para a aplicabilidade do gerenciamento de
caso com dependentes químicos, uma vez que muito do
trabalho, como estabelecer conexões com outros serviços
ou coordenar alguma situação de vida específica do
usuário, pode exigir do profissional toda uma adaptação em
sua prática profissional.
Toda proposta de tratamento deve ser desenvolvida em
equipe, portanto, é importante verificar qual profissional
será o gerente de caso. A ideia é que este profissional seja a
referência para o usuário no ambiente de tratamento, sendo
fundamental que este profissional esteja muito integrado à
equipe, uma vez que atuará como um interlocutor entre a
proposta de tratamento e as necessidades do paciente, de
modo a viabilizá-las.
voltar ao
sumário
Não é uma obrigatoriedade que o gerente de caso tenha
uma formação acadêmica superior. Um conselheiro em
dependência química, desde que tenha o treinamento
adequado, pode ser o gerente de caso. O mais importante é
que este profissional possua uma postura de disponibilidade
e sensibilidade para com o paciente e esteja em contato
contínuo com o mesmo (SILVA, 2021).
Organização do processo
de tratamento e recuperação
Alguns elementos são essenciais quando pensamos na
organização do processo de tratamento e recuperação e
não podem ser deixados de lado:
• Enquadre terapêutico
O enquadre terapêutico vai apresentar ao profissional o
modus operandi do programa de tratamento, ou seja, o
tipo de oferta de tratamento, o ambiente de tratamento
e a composição da equipe atuante no processo de
tratamento.
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Tipo de tratamento: Para caracterizar um tipo de
tratamento, a Comissão Interamericana para o Controle
do Abuso de Drogas (CICAD) e a Organização Pan-
Americana de Saúde (OPAS) descrevem quatro aspectos
fundamentais:
1. Estratégia Terapêutica,
2. Caráter da Intervenção,
3. Filosofia do tratamento, e
4. Metas Terapêuticas.
Ambientes de tratamento: Alguns ambientes de
tratamento acabam por ser mais conhecidos, por serem
mais tradicionais, mas é preciso considerar ambientes
de tratamento, conforme veremos no módulo 14.
Composição da equipe profissional: O tratamento
da dependência química requer uma diversidade
de profissionais. Cada ambiente, de acordo com
sua complexidade de organização, vai determinar
quais profissionais são essenciais equipe.
voltar ao
sumário
Independentemente de em qual serviço o usuário esteja
inserido, é de extrema importância que ele tenha acesso
a todos os profissionais necessários.
• Componentes de um serviço de atendimento
Independentemente de qual será o enquadre terapêutico
proposto, todo serviço deve propiciar ao usuário uma
infraestrutura capaz de atender as suas necessidades,
bem como remover barreiras na adesão ao tratamento.
• População-alvo
Todo o serviço deve ser adaptado com as especificidades
necessárias para acolher as demandas do público-alvo
que o procura (RIBEIRO, 2004).
REFERÊNCIAS
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Curso EaD Tratamento da Dependência EXPEDIENTE

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar
Química no contexto Hospitalar (Hospital (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas

Geral e Hospital Psiquiátrico) e das CENTRO DE ESTUDOS PAULISTA GESTOR DO PROJETO

Marcello Renato de Souza
DE PSIQUIATRIA - CEPP
Clínicas Especializadas COORDENADOR GERAL DO PROJETO
Cláudio Jerônimo da Silva FACULDADE PAULISTA DE
CIÊNCIAS DA SAÚDE - SPDM
COORDENADORA PEDAGÓGICA DO PROJETO
Clarice Sandi Madruga DIRETOR GERAL FPCS
Nacime Salomão Mansur
CONTEUDISTAS ESPECIALISTAS
Ana Paula Dias Pereira GERÊNCIA ADMINISTRATIVA
André de Queiroz Constantino Miguel Daniela Junqueira Stefani
Kátia Isicawa de Sousa Barreto
Leonardo Gomes Moreira NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Maria de Fátima Padin
Ronaldo Ramos Laranjeira COORDENAÇÃO
Sérgio Marsiglia Duailibi Susana Mesquita Barbosa
Susana Mesquita Barbosa
EQUIPE
CONTEUDISTAS CONVIDADOS Bruna Veroneze Léo
Eduarda de Oliveira Barbosa Claudia Scheidt Guimarães
Gleuda Simone Apolinário Eudes Miranda Bomfim
Guilherme Athayde Ribeiro Franco Expedito Alexandre da Silva Neto
Guilherme S. de Godoy Filho Juliana Prado Ferrari Spolon
Homero Pinto Vallada Filho Maycon Anderson Pires Novais
Joselaine Ida da Cruz
Juliane Piasseschi de Bernardin Gonçalves PROJETO EDITORIAL
Mario Sergio Sobrinho Guerra Comunicação
Neliana Buzi Figlie
Paula Maria Greco Cipro
Quirino Cordeiro Junior
Rogério Adriano Bosso
Zila Van Der Meer Sanchez

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