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Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar

(Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas


GOVERNO FEDERAL REPRESENTANTE-RESIDENTE ASSISTENTE E
COORDENADORA DA ÁREA PROGRAMÁTICA Apresentação Geral
PRESIDENTE DA REPÚBLICA Maristela Baioni
Jair Messias Bolsonaro COORDENADORA DA UNIDADE DE PAZ
VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA E GOVERNANÇA Olá!
Antônio Hamilton Martins Mourão Moema Freire Bem-vindos ao curso de Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital
GERENTE DE PROJETO
Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas.
MINISTRO DE ESTADO DA CIDADANIA
Ronaldo Vieira Bento Rosana Tomazini
A Dependência Química é considerada uma doença multifatorial, crônica e recidivante,
ASSISTENTE DE PROJETO caracterizada pelo uso compulsivo da substância em questão, apesar das consequências
SECRETÁRIO NACIONAL DE CUIDADOS
Aline Santana
E PREVENÇÃO ÀS DROGAS negativas - mas é também, reconhecidamente, tratável.
Quirino Cordeiro Junior
DIRETORA DE PREVENÇÃO, EQUIPE PROJETO EDITAL Nº 02/2021 A complexidade desse transtorno requer, em seu tratamento, estratégias igualmente
CUIDADOS E REINSERÇÃO SOCIAL PRESIDENTE - CEPP complexas. A evolução da ciência da dependência química nas últimas décadas revolucionou
Cláudia Gonçalves Leite Thiago Marques Fidalgo nossa compreensão sobre esse fenômeno, trazendo consigo respostas mais efetivas.
COORDENADORA-GERAL FORMAÇÃO VICE-PRESIDENTE - CEPP
Elis Viviane Hoffmann Andrea de Abreu Feijó de Mello O profissional que atua na área da dependência química se depara com constantes desafios
que permeiam os espectros psicológicos, sociais e biológicos, tornando assim, fundamental
COORDENADOR GERAL DO PROJETO que possua no seu arcabouço teórico conhecimentos sólidos em todas essas dimensões que
Cláudio Jerônimo da Silva
compõem a etiologia da dependência química e através das quais ela se manifesta. Em uma
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS COORDENADORA PEDAGÓGICA DO PROJETO doença em que a recidiva é a regra, não a exceção, cabe ao profissional atuante se aprimorar
PARA O DESENVOLVIMENTO Clarice Sandi Madruga e instrumentalizar de forma constante.
(PNUD)
CONTEUDISTAS ESPECIALISTAS
REPRESENTANTE-RESIDENTE Ana Paula Dias Pereira Reunimos aqui um time único e altamente qualificado de profissionais que atuam nas
Katyna Argueta André de Queiroz Constantino Miguel áreas da clínica psiquiátrica, psicológica, da pesquisa e do ensino, trazendo para você
Leonardo Gomes Moreira uma oportunidade de consolidar e atualizar seus conhecimentos sobre tratamento da
REPRESENTANTE-RESIDENTE ADJUNTO
Maria de Fátima Padim dependência química.
Carlos Arboleda
Ronaldo Ramos Laranjeira
Sérgio Marsiglia Duailibi
Esperamos que o curso proporcione não só o aperfeiçoamento de técnicas e protocolos
Susana Mesquita Barbosa
de atuação para cada modalidade de serviço e profissional atuante, mas também propiciar
Todo o conteúdo do Curso Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas, da Secretaria
reflexões e críticas, muitas vezes fundamentais para o estabelecimento de práticas mais
Nacional de `Políticas sobre Drogas, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas, do Ministério do Estado e da
Cidadania do Governo Federal 2022 e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, da Organização das Nações Unidas, está licenciado sob a Licença Pública
efetivas no processo da recuperação.
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nd/4.0/deed.pt_BR

Bons estudos.
BY NC NO
Coordenação do Curso
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MÓDULO 7
O Tratamento da dependência química em populações especiais
Nesse módulo iremos abordar diversos temas relacionados a dependência
química enfatizando as populações especiais. Nesse módulo iremos falar sobre
a epidemiologia do uso de drogas e peculiaridades do tratamento em populações
especiais. O conteúdo irá abordar as populações de mulheres, gestantes/lactantes,
lésbicas, gays, bissexuais, transgênero, queer, intersexo, assexual e outras
identidades de gênero e orientações sexuais que não se encaixam no padrão cis
heteronormativo (LGBTQIA+), idosos e indivíduos em alta vulnerabilidade social.

Também iremos abordar sobre dependência química na infância e adolescência e seu


tratamento, bem como as diretrizes no cuidado de adolescentes segundo o Conselho
Nacional de Políticas Sobre Drogas (CONAD).

Além disso discutiremos o fenômeno das cenas abertas de uso de drogas, o uso de
tratamentos de baixa exigência e prevenção terciária com essas populações.

Autoria
Ana Paula Dias
Clarice Sandi Madruga
Joselaine Ida da Cruz Bons estudos!
Kátia Isicawa de Sousa Barreto

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OBJETIVOS DO MÓDULO sumário

SUMÁRIO
UNIDADE 1 – A EPIDEMIOLOGIA DO USO DE DROGA EM POPULAÇÕES ESPECIAIS: MULHERES, GESTANTES/
LACTANTES, LGBTQIA+, IDOSOS E INDIVÍDUOS EM ALTA VULNERABILIDADE SOCIAL...........................................05
USO DE SUBSTÂNCIAS ENTRE MULHERES, GESTANTES E LACTANTES 1. Analisar as cenas de uso
USO DE SUBSTÂNCIAS ENTRE POPULAÇÃO LGBTQIA+
USO DE SUBSTÂNCIAS ENTRE IDOSOS na população em alta
vulnerabilidade social;
UNIDADE 2 – DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA E SEU TRATAMENTO................................15
USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ENTRE ADOLESCENTES 2. Compreender
DIRETRIZES NO CUIDADO DE ADOLESCENTES SEGUNDO A CONAD
quantitativamente o
uso de drogas, fatores
UNIDADE 3 – O TRATAMENTO DAS DEPENDENTES QUÍMICAS: ASPECTOS BIOLÓGICOS E SOCIAIS de risco, diretrizes nos
DAS DIFERENÇAS DE SEXO E GÊNERO.......................................................................................................................29 cuidados e tratamentos
DIRETRIZES NO CUIDADO DE GESTANTES E LACTANTES, SEGUNDO A CONAD da dependência química
FATORES DE RISCO E TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA POPULAÇÃO LGBTQIA+
em populações especiais;
UNIDADE 4 – CENAS DE USO: CARACTERIZAÇÃO DAS POPULAÇÕES DE USUÁRIOS DE DROGAS EM ALTA
VULNERABILIDADE SOCIAL.........................................................................................................................................35 3. Explorar a rede
TRATAMENTO E ABORDAGENS DA SAÚDE E ASSISTÊNCIA EM CENAS DE USO assistencial e programas
de tratamento para IST’s
e manejo de hepatites e
UNIDADE 5 – TRATAMENTOS DE BAIXA EXIGÊNCIA E PREVENÇÃO TERCIÁRIA.......................................................40
tuberculose.
PROTOCOLOS DE DETECÇÃO E MANEJO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS, HEPATITES E TUBERCULOSE
A REDE ASSISTÊNCIAL E OS PROGRAMAS DE TRATAMENTO PARA IST'S

UNIDADE 6: APLICABILIDADE DOS CONCEITOS ADQUIRIDOS NO CONTEXTO DE HOSPITAIS GERAIS...................45


E PSIQUIÁTRICOS E DAS CLÍNICAS ESPECIALIZADAS

REFERÊNCIAS...............................................................................................................................................................51

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UNIDADE 1
A EPIDEMIOLOGIA DO USO DE DROGA EM POPULAÇÕES ESPECIAIS: MULHERES, GESTANTES/
LACTANTES, LGBTQIA+, IDOSOS E INDIVÍDUOS EM ALTA VULNERABILIDADE SOCIAL

A Epidemiologia do consumo de drogas entre as mulheres, • Aproximadamente 5,5% da população entre 15 e 64


gestantes/lactantes, LGBTQIA+, idosos e indivíduos em alta anos já fez uso de drogas;
vulnerabilidade social apresenta a distribuição e os fatores • 36,3 milhões de pessoas, ou seja, 13% do número total
associados ao consumo abusivo de drogas lícitas e ilícitas, de pessoas que usam drogas, sofrem de transtornos por
contribuindo para o planejamento de medidas específicas uso de drogas;
de prevenção e tratamento, fornecendo indicadores • Globalmente, aproximadamente mais de 11 milhões de
do consumo desta população para o planejamento, pessoas fazem uso de drogas injetáveis, sendo que
administração e avaliação das ações de saúde pública. metade delas convivem com a Hepatite C;
Antes de iniciar a apresentação dos dados do consumo • Aproximadamente 275 milhões de pessoas no mundo
nas populações especiais, vale destacar a distribuição do fizeram uso de drogas em 2020. Aumento de 22%
consumo de álcool e outras drogas na população geral. O quando comparado ao consumo de drogas em 2010;
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC,
2022), apresentou dados referentes ao consumo de drogas Somando-se a isso, indicadores sugerem que até o ano de
no mundo no ano base 2020: 2030 ocorra o aumento de 11% no número de pessoas que
fazem uso de substâncias no mundo todo.

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Uso de Substâncias entre mulheres, apontou que 17% das mulheres que participaram do
estudo ingeriram bebida alcoólica uma ou mais vezes na
gestantes e lactantes semana. Em 2013, o mesmo estudo apontou o percentual
de 13% do consumo de álcool entre as mulheres. Resultado
O consumo abusivo de drogas entre as mulheres apresenta
semelhante foi apresentado no estudo sobre a Vigilância
taxas mais baixas que o consumo entre os homens.
de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas
Segundo os dados epidemiológicos apresentados pela
(VIGITEL) o qual revelou o consumo abusivo de álcool entre
Organização Mundial de Saúde as mulheres bebem menos
as mulheres em 2006 era de 7,7% e, em 2018, passou
do que os homens e mais da metade da população de
para 11%, representando um acréscimo de quase 40% do
mulheres do mundo (54,6%) com idade igual ou acima de
padrão de uso de uso de álcool pelas mulheres.
15 anos nunca bebeu na vida. No entanto, as taxas mais
baixas de consumo entre as mulheres não necessariamente
O aumento do consumo de bebidas alcoólicas entre
indicam que o impacto do consumo de álcool nessa
mulheres tem sido relatado com frequência em relatórios
população é menos grave. Além disso, os últimos estudos
globais. Em 2016, a OMS reportou índices de 2,5% e 2,6%
epidemiológicos realizados no Brasil e no mundo têm
para uso nocivo e transtornos associados ao uso de álcool
evidenciado um aumento do consumo abusivo de bebidas
entre mulheres da região das Américas. Estima-se que 46
alcoólicas, drogas prescritas e drogas ilícitas entre as
milhões de mulheres sofram com transtornos relacionados
mulheres (INPAD, 2012; NATIONAL INSTITUTE OF HEALTH,
ao consumo de álcool, com maior prevalência na região das
2019; VIGITEL, 2020).
Américas (5,1%) e na região Europeia (3,5%). Transtornos
por uso de álcool são mais comuns em países de alta renda
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019
(WHO, 2016).
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

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Pesquisas indicam que homens e mulheres diferem em


seus comportamentos em relação ao consumo do tabaco.
As mulheres fumam menos cigarros por dia, usam cigarros
com menor teor de nicotina e não inalam tão profundamente
quanto os homens. No entanto, o risco de morte por câncer
de pulmão associado ao consumo de tabaco, doença
pulmonar obstrutiva crônica, doença cardíaca e acidente
vascular cerebral continua a aumentar entre as mulheres –
taxas que se aproximam dos homens (NIDA,2022).

Segundo a OMS, o número de mulheres que fumavam em


2020 era de 231 milhões. A faixa etária com maior taxa de
prevalência entre as mulheres para o uso de tabaco é de 55-
64 anos. Como resultado de políticas públicas de prevenção
e controle do tabagismo com enfoque multisetorial, a
prevalência do tabagismo no Brasil está em declínio. Entre
a população de adultos (18 anos ou mais), a prevalência do
tabagismo entre 1989 e 2008 reduziu de 35% para 18,5%
(Monteiro et. al., 2007). A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS)
mostrou que a prevalência do tabagismo em 2013 caiu
para 14,7%. Segundo essa mesma pesquisa, realizada por
telefone, entre 2006 e 2015 a prevalência de tabagismo
entre adultos declinou de 15,6% para 10,4%.
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No Brasil, não há dados recentes sobre o consumo de suicídios, acidentes, doenças cardíacas, acidente vascular
maconha na população de mulheres, por outro lado, as cerebral e doenças hepáticas (Madruga et al., 2021).
evidências apresentadas nos estudos internacionais
apontam que o consumo de maconha entre as mulheres Ainda, em relação ao consumo de drogas pelas mulheres
vem aumentando e em alguns grupos etários, tem se brasileiras, pesquisas apontam índices elevados de
igualado ao dos homens (TAI, 2021; MIDGETTE, 2020; consumo de estimulantes, em especial inibidores de
PEACOCK, 2018). Ainda mais, as mulheres enfrentam apetite do tipo de anfetaminas. Diferente das outras
problemas decorrentes de gênero e sexo, quando se drogas, o uso de estimulantes inibidores de apetite (com
ou sem receita) é mais comum entre mulheres, que tem
trata de consumo abusivo de drogas. Ou seja, mulheres e
prevalência de uso no último ano duas vezes maior que
homens usam drogas por diferentes razões e respondem
entre homens (2,2% comparado a 1,1%) (MASSARO et al.,
a elas de maneira diferente. Alguns dos problemas que as
2017). No Brasil, o levantamento nacional (LENAD 2012)
mulheres apresentam com o consumo abusivo de drogas
apresentou resultados preocupantes sobre o consumo
estão relacionados ao ciclo reprodutivo, aumentando
de estimulantes entre a população feminina. O estudo
a probabilidade de infertilidade e início precoce da
mostrou que o consumo de sedativos é mais comum entre
menopausa (NIDA, 2020). Destaca-se, também, que no
mulheres, e quase duas a cada 10 mulheres com idade
Brasil as mulheres são mais suscetíveis à dependência
entre 40 e 59 anos já usou pelo menos uma vez essa
severa (Madruga et al., 2021). Por exemplo, consumir
bebidas alcoólicas cronicamente causa mais prejuízos à medicação (18,8%) (MADRUGA et al., 2019).
saúde de uma mulher do que à saúde de um homem, mesmo
que a mulher tenha ingerido menor quantidade de álcool ou
por menos tempo. A taxa de mortalidade das mulheres com
transtorno pelo uso de álcool é 50% a 100% maior do que
os homens com o mesmo transtorno, incluindo mortes por

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O relatório menciona que, embora os efeitos da pandemia


em relação à saúde tenham sido maiores entre os homens, a
pandemia afetou mais as mulheres em aspectos relacionados
à vulnerabilidade social.

O relatório refere-se o estudo de Connor (2020) que


demonstra que as mulheres sofreram mais os impactos da
pandemia nos seguintes domínios:

• Financeiro: mulheres possuem rendas mais baixas e


maiores chances de perder a renda até mesmo em
países de maior renda per capita.
• Emprego: Maior insegurança nos empregos e compõe
o corpo de trabalho em setores que foram mais
impactados na pandemia.
• Familiar: Mulheres são responsáveis pela maioria dos
lares com um único cuidador e tiveram aumento das
responsabilidades como cuidadoras no contexto de
O mais recente relatório global sobre o uso de drogas da
fechamento das escolas. Elas sofreram mais com
UNODC destacou que as mulheres que consomem substâncias
sobrecarga de trabalho (formal e doméstico) na
foram desproporcionalmente afetadas pela Pandemia da
pandemia
COVID-19.
• Violência doméstica: Muitos países reportaram

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maiores índices de violência doméstica durante a


pandemia, especialmente associados ao consumo de
substâncias, que foram agravados com a diminuição
da disponibilidade de serviços de apoio e emergência
para vítimas.
FONTE: UNODC. World Drug Report 2022.

Outro indicador importante, identificado nos resultados


da pesquisa desenvolvida pela Unidade de Pesquisas de
Álcool e Drogas (UNIAD) da UNIFESP, com a população dos
frequentadores da Cena de Uso da Luz, conhecida como
Cracolândia, na cidade de São Paulo, mostrou que o número
de mulheres que a frequenta dobrou em um ano. Em 2016,
16,8% dos frequentadores dessa cena eram mulheres, e em
USO DE SUBSTÂNCIAS ENTRE GESTANTES E LACTANTES
2017, elas correspondiam a 34,5%.
O período gestacional representa grandes transformações na
vida da mulher, causando modificações significativas em seu
organismo, seu psiquismo e em seu papel sociofamiliar. Assim,
o consumo abusivo de drogas lícitas e ilícitas, comportamento
capaz de provocar consequências na saúde físicas e mental
tanto para a mãe quanto para a criança, representam uma

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grande preocupação no âmbito da saúde pública. Estudos O uso de drogas lícitas e ilícitas durante a gestação é nocivo
mostraram que o consumo de álcool foi citado como a droga à saúde da mulher e de seus filhos, a curto, médio e longo
de abuso mais utilizada, bem como identificou-se também prazo. A maioria das drogas pode ter efeitos prejudiciais
as seguintes combinações de consumo de drogas: álcool / ao feto, aumentando o risco de aborto espontâneo,
tabaco; drogas ilícitas / tabaco (SILVA et al., 2020). cardiopatias, doenças renais, descolamento prematuro
da placenta, comprometimento no desenvolvimento
Um estudo realizado com 1.447 gestantes, na coorte de craniano, baixo peso ao nascer, dentre outros. Além disso,
BRISA, apresentou dados sobre a prevalência do uso de pode resultar em significativa morbidade e mortalidade
álcool e drogas na gestação, 1,45% de uso de drogas materna, fetal e neonatal. Em geral, as mulheres grávidas
ilícitas, 22,32% uso de bebidas alcóolicas e 4,22% uso de que fazem uso de alguma droga são menos propensas a
tabaco (ROCHA et al., 2016). Semelhantemente, outro estudo procurar cuidado pré-natal e têm taxas mais elevadas de
realizado no Brasil com 114 gestantes de 19 a 29 anos no HIV, hepatite e outras infecções sexualmente transmissíveis
estado do Paraná (PR), com o objetivo de avaliar o uso de (WONG et. al.,2011; BARTU et.al.,2006).
drogas em gestantes, apontou que 19,2% faziam uso de
drogas lícitas e ilícitas no período gestacional. Na gestação, quando há o consumo regular de drogas, o
bebê pode apresentar abstinência após o nascimento, uma
A alta prevalência do uso e abuso de drogas (lícitas e condição chamada Síndrome de Abstinência Neonatal. Tal
ilícitas) somada às questões sociodemográficas (idade, síndrome pode ocorrer com o uso de opióides, álcool, cafeína
raça, escolaridade, renda, multigestas e uso de drogas de e alguns sedativos. Algumas substâncias, como maconha,
forma isolada ou combinada) demonstram que indicadores álcool, nicotina e medicamentos, podem ser encontradas no
voltados para a promoção e prevenção da saúde materno e leite materno. Essas substâncias têm potencial para afetar o
infantil são urgentemente necessárias (SILVA et al., 2020). cérebro em desenvolvimento de um bebê (NIDA, 2020).

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Uso de Substâncias entre população A identidade de gênero é como a pessoa se vê, identifica-
se, reconhece e se apresenta (mulher heterossexual,
LGBTQIA+ homem heterossexual, gay, lésbica, bissexual, transexuais)
Para darmos continuidade na compreensão do uso (SEIDMAN et al., 2007; SAMONS, 2009 e DIEHL, 2009)
de drogas nas populações especiais, é necessário
entendermos o significado das siglas LGBTQIA+. Trata-
se de uma sigla formada pelas primeiras letras dos
termos que fazem referência a identidades de gênero e
orientações sexuais, tais como Lésbicas; Gays; Bissexuais;
Transgêneros; Queer; Intersexo; Assexual; + (outras
identidades de gênero e orientações sexuais que não
se encaixam no padrão Cis Heteronormativo). (RAMOS-
RODRÍGUEZ, 2021; SAFER & TANGPRICHA, 2019):

A orientação refere-se à atração, desejo sexual e afetivo que Fonte. http://www.multirio.rj.gov.br/media/ceds/index.php?pag=apresentacao

um indivíduo sente por outro. Em linhas gerais, uma pessoa


heterossexual é quem tem desejo pelos indivíduos do gênero
oposto, uma pessoa com orientação homossexual sente Estudos apontam que lésbicas são significativamente mais
atração por pessoas do mesmo gênero e uma pessoa com propensas a beber em binge, quando comparadas com as
orientação bissexual sente atração por pessoas de ambos mulheres heterossexuais. Por outro lado, mulheres bissexuais
os gêneros. apresentam o consumo de bebidas alcoólicas de forma mais

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prejudicial quando comparado com mulheres heterossexuais


e lésbicas. Adultos bissexuais têm taxas mais altas de abuso
de álcool (22,6%), quando comparado com heterossexuais
(14,3%) (SAMHSA, 2012 apud DIEHL et al, 2020).

Dados advindos do Segundo Levantamento Nacional de


Álcool e outras Drogas (LENAD) também mostraram que
no Brasil, as minorias sexuais têm maiores chances de
usar drogas ilícitas e drogas prescritas e de beber pesado
quando comparadas à população geral. O estudo também
aponta para maiores riscos de ser vítima de violência
na infância e na vida adulta (DIEHL et al, 2020). Outros
estudos também mostraram que maconha, crack e álcool
são as substâncias mais comuns utilizadas entre a
população transgênero. As taxas de uso de metanfetamina
(4-46%) e drogas injetáveis (2-40%) também são altas
na população transgênero. Quando analisamos o uso de
tabaco, o mesmo ocorre, sendo alta as taxas de uso de
tabaco, variando entre a população transgênero entre
45 a 74% (DIEHL et al, 2020).

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UNIDADE 2
DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA E SEU TRATAMENTO
Uso de Substâncias entre idosos fecundidade; redução na taxa de mortalidade (ambas
as reduções ocorreram nas diversas faixas etárias)
Conforme estabelecido pela OMS, é considerado idoso o (UNITED NATIONS, 2015).
indivíduo com mais de 60 anos de idade. Ao observarmos
o histórico dos idosos no Brasil, nos deparamos com uma • Avanços científicos e tecnológicos aumentando a
realidade marcada pelo aumento da longevidade do ciclo longevidade do ciclo vital e alterações marcantes
vital ao longo dos anos. nas situações econômicas, sociais e políticas ao
longo das décadas, rompendo com o as teorias de
Entre os anos de 1950 e 2000, a população idosa apresentou que o envelhecimento é sempre linear e homogêneo
um crescimento de 10% entre a população brasileira. Já (ESCORSIM, 2021).
em 2019, esse percentual atingiu 18% a mais que em 2012
(um aumento de 30,4 milhões de idosos), dados que se Embora o uso de drogas ilícitas diminua após a idade jovem-
aproximam de países desenvolvidos (IBGE, 2016). adulta, observa-se que quase 1 milhão de pessoas com mais
de 65 anos sofrem por Transtorno de Uso de Substâncias
Qual a justificativa desse aumento nos anos de vida (SAMHSA, 2019 apud BRASIL, 2022).
dos idosos?
Alguns estudos apontam os seguintes fatores: Um levantamento realizado em 2018 em literaturas
• Deslocamento demográfico; redução da taxa de internacionais, apontou que as principais drogas consumidas

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por idosos são: nicotina, álcool, benzodiazepínicos (BZD), Uso de Substâncias Psicoativas
maconha, cocaína, anfetaminas (WORLD REPORT, 2018).
entre adolescentes
De acordo com dados da VIGITEL (2021), 19,0% dos O conteúdo que estudamos até o momento elucida os
indivíduos que consumiram bebidas alcoólicas em binge, diversos aspectos do Transtorno por Uso de Substâncias
possuem mais de 55 anos. O mesmo levantamento (TUS), sendo conceituado como uma doença crônica
apresentou que 18,9% da população brasileira com mais e recorrente, bem como demonstra que sua etiologia é
de 55 anos faz uso de tabaco e 9,5% da população são multifatorial. Sabemos que o uso e abuso de drogas lícitas
fumantes passivos. e ilícitas geram ônus significativos para a saúde pública.
Mas, quando as drogas são consumidas por adolescentes
Em estudo realizado nos Estados Unidos da América, 9% a preocupação torna-se ainda maior.
dos adultos com idade entre 50 e 64 anos relataram uso de
maconha no último ano, sendo que esse dado em 2012 e De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente
2013 era de 7,1% (HAN; PALAMA, 2018 apud BRASIL, 2022). (ECA), a adolescência está descrita entre a faixa etária
O uso de cannabis entre a população com mais de 65 anos de 12 a 18 anos incompletos. Para a OMS, a adolescência
aumentou de 0,4% entre 2006-2007, para 2,9% entre é compreendida entre os 10 até os 19 anos, e a juventude
2015-2016 (HAN et al., 2017 apud BRASIL, 2022). entre os 15 e 24 anos (BRASIL, 2022).

As consequências geradas pelo consumo de drogas nos É nesse período entre a adolescência até os 20 anos que
indivíduos acima de 60 anos, no Brasil, são impactantes: infarto o cérebro se desenvolve de forma desigual assim como o
do miocárdio; infarto pulmonar; infarto cerebral; progressão córtex pré-frontal, responsável pelo controle de impulsos,
natural de outras enfermidades (PONTES et al., 2019). pelo bom senso e pelo pensamento racional. Sua maturação
será atingida por volta dos 25 anos.
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Nessa fase é comum que adolescentes tenham Neste cenário, temos duas grandes questões importantes:
comportamentos que levam a situações relacionadas às 1º: a exposição às substâncias psicoativas em estágios
curiosidades e descobertas e de maneira geral não se precoces do desenvolvimento do cérebro causa
preocupam com as consequências dos seus atos. Isso alterações neuroquímicas potentes e danosas;
ocorre em diversos aspectos de sua vida, como em fazer 2º: os adolescentes, em virtude da não maturação
amizades, descobrir e desenvolver sua sexualidade, do córtex pré-frontal, estão mais suscetíveis a
buscar sensações eufóricas e sem preocupação com as comportamentos e exposição de risco. Por isso, é
consequências negativas geradas (CHAIM et al., 2015). justamente no período da adolescência que o consumo
de substância costuma se iniciar.
Nessa etapa de descobertas, faz-se presente a
experimentação de drogas, que é facilitada pelos seguintes Em estudo conduzido pelo Dr. Mark Garofoli, encontramos
fatores de risco (NIDA, 2014): ênfase na temática que o abuso de substâncias na
• Disponibilidade e percepção do uso de substâncias fase da adolescência se tornou o principal problema
entre seus pares; de saúde pública na América. Não se trata “apenas” do
• Medo da rejeição entre seus pares que fazem uso abuso de drogas, mas também da reflexão das diversas
de drogas; consequências geradas por esse ato, como as elencadas
• Estrutura familiar com: pelo autor (GAROFOLI, 2020):
• Histórico de violência, abuso físico ou emocional; • Acidentes nas vias públicas;
• Algum membro familiar com transtorno mental; • Comorbidades na saúde mental;
• Uso de drogas na família. • Crimes;
• Desemprego;
• Falta de moradia;

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• Gravidez indesejada; 2019, 14 milhões de adolescentes (com idade de 15 a 16


• Negligência e abuso infantil; anos) fariam uso recente de maconha. Isso corresponde
• Prisões; a uma prevalência de 5,7% de adolescentes.
• Comorbidades na saúde mental e outras.

O consumo de álcool e outras drogas entre adolescentes


no Brasil e no mundo

Levantamentos epidemiológicos apontam que o uso de


substâncias psicoativas é um fenômeno comum entre
os jovens e o descreve como prática que gera graves
consequências negativas e persistentes na vida adulta
deste usuário. Estudos realizados com jovens maiores
de 18 anos que experimentaram maconha aos 14 anos
ou antes, 13% foram diagnosticados com dependência
em comparação com 2,5% que receberam o mesmo
diagnóstico, mas que experimentaram drogas com 18 anos
ou mais (KAPLAN & SADOCK’S, 2000).

De acordo com a UNODC (2022), maconha (cannabis) é


a droga mais usada entre os jovens. Estimava-se que em

18
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Segundo a Pesquisa Nacional


de Saúde do Estudante (PeNSE
2019), 13% dos adolescentes,
com idade entre 13 e 17
anos, já experimentaram
pelo menos uma substância
ilícita, a maioria (63,3%) já
consumiu bebidas alcoólicas,
mais de um terço deles
bebem regularmente (33,9%)
e quase 25% já bebem
excessivamente (5 ou mais
doses em uma ocasião).

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19
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Percentual de escolares de 13 a 17 anos que experimentaram bebida alcoólica alguma vez, por sexo e dependência administrativa
da escola, com intervalo de confiança de 95%, segundo os grupos de idade e as Grandes Regiões

PERCENTUAL DE ESCOLARES DE 13 A 17 ANOS QUE EXPERIMENTARAM BEBIDA ALCOÓLICA ALGUMA VEZ (%)
SEXO
GRUPOS TOTAL
HOMEM MULHER
DE IDADE E
GRANDES INTERVALO DE INTERVALO DE INTERVALO DE
REGIÕES CONFIANÇA DE 95% CONFIANÇA DE 95% CONFIANÇA DE 95%
TOTAL TOTAL TOTAL
LIMITE LIMITE LIMITE LIMITE LIMITE LIMITE
INFERIOR SUPERIOR INFERIOR SUPERIOR INFERIOR SUPERIOR
13 a 17 anos
Brasil 63,3 62,6 64,0 59,6 58,6 60,5 66,9 66,0 67,9
Norte 54,9 53,2 56,6 53,2 51,2 55,2 56,4 54,3 58,5
Nordeste 56,5 55,3 57,7 52,2 50,7 53,7 60,6 58,9 62,4
Sudeste 66,7 65,4 68,1 62,2 60,3 64,1 71,3 69,6 73,0
Sul 72,6 70,7 74,4 70,0 67,6 72,4 75,2 73,0 77,4
Centro-Ooeste 66,1 95,0 67,3 62,3 60,6 64,0 69,8 68,3 71,2
Percentual de escolares de 13 a 17 anos que experimentaram bebida alcoólica alguma vez, por sexo e dependência administrativa da escola, com indicação do intervalo de
confiança de 95%, segundo os grupos de idade e as Grandes Regiões - 2019. Fonte: Adaptada de PeNSE (2019).

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SAIBA MAIS embriaguez e 15,7% tiveram problemas com


família ou amigos, perderam aulas ou brigaram,
Resultados completos do PeNSE 2019 quanto ao consumo uma ou mais vezes, porque tinham bebido. Esse
de álcool e outras drogas: percentual entre as meninas (17,1%) superou
o dos meninos (14%) e o dos alunos da rede
34,6% dos estudantes tomaram a primeira dose privada (17,6%) superou os da rede pública
de álcool com menos de 14 anos (15,3%).

Em 2019, 63,3% dos estudantes já haviam Entre os escolares, em 2019, a prevalência do


tomado uma dose de bebida alcoólica (uma consumo de ao menos uma dose de bebida
latinha ou garrafa long neck de cerveja ou vodka- alcoólica nos últimos 30 dias era de 28,1%,
ice ou um copo de chope ou uma taça de vinho sendo 30,1% entre as mulheres e 26,0% entre
ou uma dose de cachaça/pinga, vodka, uísque os homens. E o modo mais frequente de obtenção
etc.), contra 61,4% em 2015, sendo que 34,6% da bebida foi em uma festa (29,2%), seguido
haviam tomado a primeira dose com menos de por mercado (26,8%), com amigos (17,7%) e em
14 anos. Para as meninas esse indicador é ainda casa, com alguém da família (11,3%). Cerca de
maior (36,8%, contra 32,3% entre os meninos). 9,7% dos escolares consumiram quatro ou mais
Em 2015, esse indicador ficou em 29,2% para as doses de bebida alcoólica num mesmo dia.
mulheres e 32,1% para os homens.
Em 2019, 13,0% dos estudantes já haviam usado
Dos alunos que já consumiram álcool alguma alguma droga ilícita em algum momento da vida, com
vez na vida, 47,0% tiveram episódios de maior proporção na rede pública (13,3%) do que na

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rede privada (11,4%). Regionalmente, as maiores Em 2019, 22,6% dos estudantes tinham fumado
proporções ficaram no Distrito Federal (21,0%), cigarro alguma vez na vida. No grupo etário
Paraná (19,0%) e São Paulo (18,3%) e as menores, de 13 a 15 anos, a proporção das meninas
na Bahia (5,5%), Alagoas (6,6%) e Pará (7,0%). (18,4%) supera a dos meninos (15,6%). Para os
adolescentes de 16 e 17 anos, ocorre o inverso:
Os escolares que usaram pela primeira vez 35% para eles e 30,3% para elas.
com menos de 14 anos eram 4,3%, com maior
proporção na rede pública (4,6%) do que na rede Cerca de 11,1% dos estudantes fumaram, pela
privada (2,7%). primeira vez, antes dos 14 anos, e esse indicador,
na rede pública (11,9%), é quase duas vezes
O consumo recente, isto é, nos 30 dias anteriores o da rede privada (6,0%). Apesar da venda
à pesquisa, ficou em 5,1%, variando entre 3,2% proibida a menores de 18 anos, o modo mais
para alunos dos 13 a 15 anos e 8,7% para os de 16 frequente de se obter cigarro (37,55%) foi
e 17 anos. O indicador foi maior entre os meninos comprar em uma loja, bar, botequim, padaria
(5,6%) do que entre as meninas (4,7%) e entre ou banca de jornal. Em 2019, 26,9% dos alunos
alunos da rede pública (5,3%) em relação à rede já haviam experimentado o narguilé e 16,8%,
privada (4,4%). o cigarro eletrônico.

Por tipo de droga, 5,3% relataram consumo


recente de maconha e 0,6%, de crack

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Percentual de escolares de 13 a 17anos que experimentaram drogas ilícitas alguma vez, por sexo e dependência administrativa
da escola, com intervalo de confiança de 95%, segundo os grupos de idade e as Grandes Regiões.

PERCENTUAL DE ESCOLARES DE 13 A 17 ANOS QUE EXPERIMENTARAM DROGAS ILÍCITAS ALGUMA VEZ (%)
SEXO
GRUPOS TOTAL
HOMEM MULHER
DE IDADE E
GRANDES INTERVALO DE INTERVALO DE INTERVALO DE
REGIÕES CONFIANÇA DE 95% CONFIANÇA DE 95% CONFIANÇA DE 95%
TOTAL TOTAL TOTAL
LIMITE LIMITE LIMITE LIMITE LIMITE LIMITE
INFERIOR SUPERIOR INFERIOR SUPERIOR INFERIOR SUPERIOR
13 a 17 anos
Brasil 13,0 12,4 13,6 13,0 12,3 13,6 13,0 12,3 13,8
Norte 9,3 8,5 10,2 10,5 9,4 11,5 8,4 7,4 58,5
Nordeste 7,9 7,3 8,5 8,3 7,5 9,0 7,5 6,6 62,4
Sudeste 16,2 14,9 17,5 15,5 14,1 17,0 16,8 15,1 73,0
Sul 16,7 15,4 18,0 16,2 14,6 17,8 17,2 15,2 77,4
Centro-Ooeste 14,4 13,3 15,4 14,4 13,1 15,6 14,4 13,1 71,2
Percentual de escolares de 13 a 17 anos que experimentaram drogas ilícitas alguma vez, por sexo e dependência administrativa da escola, com indicação do intervalo de
confiança de 95%, segundo os grupos de idade e as Grandes Regiões - 2019. Fonte: Adaptada de PeNSE (2019).

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23
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O impacto do consumo de álcool e outras drogas negativas o indivíduo poderá apresentar, pois o período
no cérebro adolescente que antecede os 21 anos é de extrema importância para o
desenvolvimento das estruturas do Sistema Nervoso Central
O uso de drogas altera as respostas fisiológicas do cérebro (SNC), notadamente o córtex pré-frontal. Assim, o consumo
e 90% das pessoas com algum transtorno por uso de dessas substâncias antes dos 21 anos, a exposição
substância começaram a fumar, beber ou usar outras precoce ao conflito familiar, fácil acesso às drogas e
drogas antes dos 18 anos, em contraponto às pessoas que comportamentos desviantes, aumentam a incidência do
iniciaram o consumo de drogas após os 21 anos. Quanto desenvolvimento de transtornos e dependência de drogas.
mais cedo ocorrer o uso de drogas, mais consequências (PERRENOUD et al, 2021; GARAFOLI, 2020).

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Diretrizes no cuidado de adolescentes


segundo o Conselho Nacional de
Políticas sobre Drogas (CONAD)
De acordo com a Constituição Federal de 1988, os
adolescentes no Brasil têm prioridade nos seus direitos de
desenvolvimento e proteção integral, sendo esses cuidados
responsabilidade do Estado, da família e da so ciedade.
Além da Constituição, os direitos estão previstos e
detalhados no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA,
promulgado por meio da lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente). Fica estabelecido
no ECA que o Estado e a Sociedade devem prover proteção
integral e direitos fundamentais às crianças e aos
adolescentes, como veremos a seguir:

Seja em ambientes residenciais, hospitalares ou em regime


ambulatorial, os tratamentos eficazes para adolescentes
consistem principalmente em alguma forma de terapia
comportamental, evidências preliminares de estudos

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controlados sugerem que alguns medicamentos podem 7. As terapias comportamentais são eficazes no tratamento
ajudar os adolescentes a alcançar a abstinência, de modo do uso de drogas por adolescentes.
que os profissionais de saúde possam ver as necessidades 8. As famílias e a comunidade são aspectos importantes
de seus pacientes jovens, caso a caso, no desenvolvimento do tratamento.
de um plano de tratamento personalizado (NIDA, 2020). 9. O tratamento eficaz de transtornos por uso de substâncias em
adolescentes requer também a identificação e o tratamento de
quaisquer outras condições de saúde mental que possam ter.
Princípios para Tratamento de Adolescentes com Transtornos 10. Questões delicadas como violência e abuso infantil ou risco
por Uso de Substâncias: de suicídio devem ser identificadas e abordadas.
11. É importante monitorar o uso de drogas durante o tratamento.
1. O uso de substâncias por adolescentes precisa ser
identificado e abordado o mais rápido possível. 12. A permanência em tratamento por um período adequado
e a continuidade dos cuidados posteriores são importantes.
2. Os adolescentes podem se beneficiar de uma intervenção de
abuso de drogas mesmo que não sejam dependentes de uma 13. Testar adolescentes para doenças sexualmente
substância. transmissíveis como HIV, bem como hepatite B e C,
é uma parte importante do tratamento de drogas.
3. As consultas médicas anuais de rotina são uma oportunidade
para perguntar aos adolescentes sobre o uso de drogas. Fonte: NIDA (2020)

4. Intervenções e sanções legais ou pressão familiar podem


desempenhar um papel importante para que os adolescentes Qualquer que seja a idade de uma pessoa, o tratamento
entrem, permaneçam e concluam o tratamento. não é “tamanho único”. Requer levar em consideração
5. O tratamento do transtorno por uso de substâncias deve ser as necessidades da pessoa como um todo, incluindo seu
adaptado às necessidades específicas do adolescente. estágio de desenvolvimento e habilidades cognitivas e a
6. O tratamento deve atender às necessidades da pessoa como influência da família, amigos e outras pessoas em sua vida,
um todo, em vez de se concentrar apenas no uso de drogas.
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além de quaisquer condições adicionais de saúde mental LEITURA INDICADA!


ou física que devem ser abordadas ao mesmo tempo que o Leia o Marco Legal da Saúde de Adolescentes,
tratamento do uso de substâncias. Ao tratar adolescentes, produzido pelo Ministério da Saúde (2007), que
os médicos também devem estar prontos e capazes de lidar apresenta os instrumentos legais de proteção ao
direito fundamental à saúde dos adolescentes.
com complicações relacionadas à confidencialidade de Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Área de Saúde do
seus pacientes jovens e sua dependência de familiares que Adolescente e do Jovem. Marco legal: saúde, um direito de adolescentes / Ministério da Saúde, Secretaria
de Atenção à Saúde, Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. – Brasília Editora do Ministério da Saúde,
podem ou não apoiar a recuperação. 2007. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/07_0400_M.pdf

No âmbito da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), o


tratamento do adolescente com transtorno por uso de LEITURA INDICADA!
substância é estabelecido tanto nas Unidades Básicas de Leia a Resolução CONAD nº 03/2020, que
Saúde (UBS), quanto no formato ambulatorial, por meio de apresenta as diretrizes para acolhimento de
atendimento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) adolescentes em Comunidades Terapêuticas
Fonte: BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conselho Nacional de
Infanto Juvenil. Políticas Sobre Drogas (Brasil)(CONAD).Resolução n° 3, de 24 de julho de 2020.
Regulamenta, no âmbito do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -
SISNAD, o acolhimento de adolescentes com problemas decorrentes do uso, abuso ou dependência do
álcool e outras drogas em comunidades terapêuticas. 2020. Disponível em http://dspace.mj.gov.br/
Nos casos de tratamento de longa permanência, handle/1/1169.

notadamente aqueles realizados em formato de acolhimento


social, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas
(CONAD) por meio da Resolução nº 03, de 24 de julho
de 2020, apresenta diretrizes sobre o tratamento de
adolescentes, que sofrem de Transtornos por Uso de
Substâncias, em Comunidades Terapêuticas.

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UNIDADE 3
O TRATAMENTO DAS DEPENDENTES QUÍMICAS: ASPECTOS BIOLÓGICOS
E SOCIAIS DAS DIFERENÇAS DE SEXO E GÊNERO

Como vimos anteriormente, o uso e abuso de drogas expectativas aplicadas a elas, através de conceitos de
mantêm estreita relação com o contexto familiar, social e “boas mães”, “cuidadoras” e “provedoras”. Com o uso e
biológico (além de outros fatores que serão identificados em abuso de drogas, esses papéis socialmente esperados
cada caso por meio do desenvolvimento de pesquisas na podem não atender os anseios da população, levando essas
área de dependência química). mulheres à rejeição por parte de sua família e comunidade,
impactando significativamente sua saúde e recuperação
A Organização Mundial de Saúde (OMS), realizou um estudo (FONSECA, 2013). Assim, as mulheres enfrentam maior
em 14 países, cujo resultados apontaram para o vasto estigma do que os homens, em virtude dos estereótipos
preconceito da sociedade para com o consumo de drogas, baseados nas relações de gênero, sendo considerado como
ocupando os primeiros lugares em termos de desaprovação contrário ao papel tradicional executado pelas mulheres
ou preconceito social, demonstrando uma próxima ligação como mães e cuidadoras.
entre o uso de substâncias psicoativas e moralidade (KOOB
As diferenças observadas entre homens e mulheres são
& VOLKNOW, 2010; WHO, 2004).
percebidas em outros cenários, como (SARMIENTO et al., 2018):
Por muito tempo e ainda atualmente, as mulheres são
• Escolaridade;
expostas a intensos julgamentos pela sociedade. Essas
• Profissão;
sentenças – julgamentos morais - estão relacionadas às
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• Salários;
• Liberdade sexual;
• Assistência à saúde (em geral).

As grandes dificuldades na superação desse panorama, afetam


diretamente as estruturas sociais, biológicas e familiar das
usuárias de drogas (SARMIENTO et al., 2018):

• Saúde mental (estigma, discriminação, preconceito);


• Aumento da incidência de suicídio;
• Dependência de drogas;
• Afastamento familiar (ausência de apoio no âmbito
Foto: Mandy Fontana (Pixabay/CCO)
familiar);
• Perda da moradia; Comparado com os homens, o uso geral de drogas
• Prostituição; permanece baixo entre as mulheres. A nível global, as
• Infecções sexualmente transmissíveis (IST’s); mulheres são três vezes menos propensas que os homens
• Acesso restrito aos cuidados da saúde (preconceito a usar cannabis, cocaína ou anfetaminas. Uma em cada
dos profissionais da saúde – homens); cinco pessoas que usa drogas injetáveis são mulheres.
• Amedrontamento na busca de apoio para o tratamento Em contrapartida, as mulheres são mais propensas que
do uso de substâncias psicoativas (perda da guarda os homens a fazer uso indevido de drogas farmacêuticas,
dos filhos). particularmente opióides farmacêuticos e tranquilizantes
(UNODC, 2021).

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Diretrizes no cuidado de gestantes • Risco de microcefalia;


• Maior chance de síndrome alcoólica fetal;
e lactantes,segundo a CONAD • Aumento de chance de natimorto;
Nesta unidade, iremos compreender os cuidados com • Aumento de chance de paralisia cerebral;
gestantes e lactantes usuárias de drogas, segundo as • Maior chance de aborto;
diretrizes do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas • Maior chance de baixo peso ao nascer;
(CONAD). • Bebê pode apresentar metabolismo mais lento;

Vamos começar entendendo o que ocorre com a gestante O consumo de drogas ilícitas como a maconha, crack e
e o bebê durante o período gestacional. Todas as cocaína também causa sérios danos à vida do bebê, como
substâncias consumidas durante a gestação chegam risco de aborto, prematuridade, baixo peso ao nascer, entre
até o bebê, sejam elas: outros (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2021).

• Alimentos (líquidos ou sólidos); Os tratamentos e as orientações a serem dadas às


• Medicamentos; gestantes que fazem uso de drogas (lícitas ou ilícitas)
• Substâncias lícitas e ilícitas. precisam seguir as seguintes premissas:

• Confirmar a informação do uso de drogas pela gestante;


Mesmo o consumo de substâncias lícitas na gravidez, • Informar os malefícios das drogas durante a gestação
pode causar danos graves ao bebê, como (MINISTÉRIO e amamentação;
DA CIDADANIA, 2021): • Fazer o acolhimento da gestante, sem discriminação
e preconceito;

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• Confirmar a realização do pré-natal (com Fatores de risco e tratamento da de


recomendações sobre o programa de vacinação).
• Orientar a busca de serviços especializados de apoio,
pendência química na população LGBTQIA+
Nesta unidade, iremos discutir os fatores de risco e
como:
possíveis tratamentos para o uso e abuso de drogas na
• Centro de Atenção Psicossocial (CAPS);
população de lésbicas, gays, bissexuais, transgênero,
• Centro de Referência da Assistência Social (CRAS);
queer, intersexo, assexual e outras identidades de gênero
• Organizações de apoio aos dependentes químicos
e orientações sexuais que não se encaixam no padrão cis
(como Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos);
heteronormativo (LGBTQIA+).
• Ambulatório de Saúde Mental;
• Unidade Básica de Saúde (UBS);
• Pronto-Socorro, Hospital Geral, Hospital Psiquiátrico; Dados de levantamentos com amostra representativa
• Grupos de mútua ajuda (Alcoólicos Anônimos, de minorias sexuais, deixam claro que a maioria desta
Narcóticos Anônimos, entre outros). população não se envolveu em uso de substâncias e a
maioria não atendeu aos critérios para uso problemático de
substâncias. Tanto nos EUA quanto no mundo, a maioria dos
SAIBA MAIS
membros da comunidade LGBTQIA+ não usa substâncias
Leia mais sobre os efeitos do uso de drogas na gestação em e, entre aqueles que usam substâncias, a maioria
“Conhecendo os efeitos do uso de drogas na gestação e as consegue fazê-lo sem nenhum dano associado (WALLACE,
consequências para os bebês” SANTACRUZ, 2017).

Fonte: MINISTÉRIO DA CIDADANIA. Conhecendo os efeitos do uso de drogas na


gestação e as consequências para os bebês. Cartilha. 2021. Disponível em https:// Entretanto, quando observada a população que faz uso
www.mpma.mp.br/arquivos/CAOPDH/caop_dh/Cartilha-drogas-gestante-11- e atende critérios para uso problemático de substâncias,
fev_002.pdf
estudos mostraram que a população LGBTQIA+ tem
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risco elevado de transtornos de saúde mental, abuso tratamento da dependência química, investimentos em
de substância e comorbidades psiquiátricas quando programas de educação continuada às equipes de saúde
comparados com os heterossexuais e cisgêneros. A são estratégias de grande relevância para a população
população LGBTQIA+ adulta tem entre 1,6 e 3,1 vezes mais LGBTQI+. As temáticas a seguir podem ser desenvolvidas
chances de apresentar Transtorno por Uso de Substâncias com os profissionais da área da saúde (GONÇALVES et al.,
ao longo da vida, bem como são mais propensos a atender 2019; LEMOS, 2016):
aos critérios de repressão, ansiedade e ideação/tentativa
de suicídio (WILLIAMS; FISH, 2020). • Atendimento individualizado que contraponha a
violência institucionalizadas;
Embora as pessoas LGBTQI+ sejam mais propensas a • Desenvolvimento de estratégias de comunicação
procurar tratamento do que seus pares heterossexuais, elas com redução do cenário menos opressor dentro de
enfrentam barreiras únicas no acesso ao tratamento de um ambiente preconceituoso com essa população.
qualidade: dificuldade na busca e no atendimento às bases
de saúde; falta de orientação nos temas relacionados à
saúde de maneira geral; problemas de identidade LGBTQI+,
falta de conhecimento básico sobre questões LGBTQI+,
preconceito contra pessoas LGBTQI+) são outras questões
vivenciada por essa população, quando vão buscar
tratamento (WILLIAMS; FISH, 2020).

No contexto de Hospitais Gerais e Psiquiátricos, clínicas


especializadas bem como outros equipamentos de

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SAIBA MAIS LEITURA INDICADA!


Leia na íntegra o Guia da Diversidade LGBTQIA+.
Fonte: RIO Prefeitura. Guia da Diversidade LGBT. Disponível em: http://www.
Leia mais sobre o Programa de Combate à Violência e à multirio.rj.gov.br/media/ceds/index.php?pag=apresentacao

Discriminação contra LGBTQIA+ e de Promoção da Cidadania


Homossexual em “Brasil Sem Homofobia”
Fonte: BRASIL. Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem
Homofobia: Programa de combate à violência e à discriminação contra GLTB
e promoção da cidadania homossexual. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_
homofobia.pdf.

SAIBA MAIS
Leia mais sobre o Programa de Combate à Violência e à
Discriminação contra LGBTQIA+ e de Promoção da Cidadania
Homossexual em “Brasil Sem Homofobia”
Fonte: BRASIL. Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Brasil Sem
Homofobia: Programa de combate à violência e à discriminação contra GLTB
e promoção da cidadania homossexual. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_
homofobia.pdf

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UNIDADE 4
CENAS DE USO: CARACTERIZAÇÃO DAS POPULAÇÕES DE USUÁRIOS DE DROGAS EM ALTA VULNERABILIDADE SOCIAL

Termo originado do inglês “open drugs scenes”, cenas • Formação de grupos socialmente
abertas de uso de drogas são locais públicos onde ocorre marginalizados que podem iniciar ou aumentar
aglomeração de usuários e traficantes de drogas. Essa o uso e a dependência de drogas acarretando
prática ocorre, principalmente, nos centros urbanos no o desenvolvimento de doenças infecciosas e
Brasil e ao redor do mundo. overdoses; 

Sabemos que o uso e abuso de substâncias lícitas e ilícitas • Sentimento de insegurança por parte da população
provocam globalmente inúmeros problemas sociais. Além em geral (aumento dos casos de roubo, prostituição,
disso, o uso e o tráfico de drogas em cenas abertas causam presença de agulhas e seringas nas vias públicas. 
complicações sociais, como (BLESS; KORF; FREEMAN, 2021;
FELTMANN et al., 2021; EISNER, 1993): 

• O surgimento de oportunidades de compra e venda


de drogas de forma anônima sem possibilidade de
rastreamento das transações; 

• Formação de grupos compostos por crianças e


adolescentes; 

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A existência dessa tríade usuário/traficantes de drogas O Levantamento de Cenas de Uso de Capitais - LECUCA
– local público – vulnerabilidade social, se tornou um
O estudo das dimensões e do perfil dos frequentadores da
grande problema de saúde pública, uma vez que resulta
Cena de Uso da Luz, conhecida como Cracolândia, na cidade
em processo de marginalização e exclusão social,
de São Paulo, vem sendo desenvolvido desde 2016 através
vulnerabilidade social, vulnerabilidade em saúde, dentre
do Levantamento de Cenas de Uso em Capitais (LECUCA,
outras (OLIVEIRA; CUKIER, 2017). 
2019). Trata-se de uma pesquisa desenvolvida pela Unidade
de Pesquisas de Álcool e Drogas (UNIAD) da Universidade
Ao nos depararmos com esse cenário social, no qual
Federal de São Paulo (UNIFESP).
usuários de drogas habitam espaços públicos para fazer
uso dessas substâncias, podemos refletir também sobre a
O LECUCA tem como metas:
violência e violação de direitos que estes indivíduos sofrem
1. Informar gestores públicos locais sobre as demandas de
nessas condições. seus territórios para a determinação de prioridades na
implementação de equipamentos e serviços.
No contexto dos Hospitais Gerais e Psiquiátricos e clínicas 2. Contribuir para o aprimoramento das intervenções e
especializadas, os profissionais atuantes devem se atentar estratégias utilizadas pela rede de assistência e saúde em
à necessidade do fortalecimento de uma rede de apoio e cada território. A utilização de evidências para o planejamento
cuidado intersetorial, direcionada à políticas específicas para dessas estratégias poderá melhorar índices de adesão e
essa população, considerando moradia, saúde, educação, efetividade, uma vez que responderão mais especificamente
trabalho, lazer e assistência. O fortalecimento dessa rede de às demandas dos frequentadores da cena de uso em
apoio tem como objetivo a preservação e/ou recuperação da situação de vulnerabilidade social.
3. Disponibilizar dados e subsídios para o aprimoramento de
saúde física e mental do indivíduo, elementos essenciais para
políticas públicas nas áreas da Saúde, Assistência Social e
o tratamento (MATHIAS et al., 2021). 
Segurança Pública.
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Os resultados das séries históricas do LECUCA em SP Os usuários dessa cena de uso são os seguintes:
oferecem subsídios e amparo científico para o aprimoramento • Sujeitos que não apresentam uma moradia fixa ou
dos serviços e intervenções na cena de uso e para o manejo são somente moradores de rua;
da dependência química de forma mais ampla. Os resultados
• Sujeitos que estão isolados pela sociedade (medo,
do LECUCA provocam reflexões importantes que podem
preconceito, discriminação, violência);
inspirar novas estratégias de ação para esse complexo
fenômeno que é a maior cena de uso do país. • Sujeitos com pouco acesso a serviços de saúde;
• Ausência de apoio nas bases de saúde e no sistema
educacional;
• Uso de drogas isoladamente ou em grupos.
Tratamento e abordagens da saúde
e assistência em cenas de uso As particularidades desses locais propiciam o progresso
de atividades ilícitas e dificultam o trabalho da equipe de
No contexto de Hospitais Gerais e Psiquiátricos, clínicas
saúde (BLESS; KORF; FREEMAN, 2021; FELTMANN et al.,
especializadas bem como outros equipamentos que atuam
2021; EISNER, 1993).
no tratamento da dependência química, o estabelecimento
de protocolos de detecção de ISTs é de extrema importância.
Veremos agora algumas características de cenas abertas
de uso de drogas:
Discutimos as características das cenas de uso
abertas e definimos que esses locais são compostos • Grande facilidade de compra e venda de drogas
por aglomerações de usuários de drogas, traficantes e (ausência de fiscalização);
população em alta vulnerabilidade (MATHIAS et al., 2021). • Presença de grupos diversificados de usuários
(idade, sexo, droga);
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• Aumento da possibilidade do desenvolvimento de


doenças infecciosas (tuberculose, hepatite e outras);
• Maior risco de overdose (drogas em abundância,
intensa permanência do tráfico ofertando essas
substâncias, falta de fiscalização).

Os aspectos descritos das cenas de uso de drogas


causam grandes implicações para o usuário, sociedade e
saúde pública. Além de afetar integralmente os usuários
ali presentes, as cenas de uso provocam um grande
desconforto nas comunidades próximas, intensificando
o medo e a insegurança da população (BLESS; KORF;
FREEMAN, 2021; FELTMANN et al., 2021; EISNER, 1993).

Dessa maneira, podemos concluir a urgência no


desenvolvimento de diretrizes mais elaboradas e aplicáveis
a esse contexto, favorecendo o tratamento e abordagens
da saúde e assistência em cenas de usoA identificação
precoce de usuários de substâncias em risco, bem como
o manejo apropriado desses casos, pode ser determinante
para prevenir o agravamento da situação e o aumento
de exposição a riscos diversos.

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UNIDADE 5
TRATAMENTOS DE BAIXA EXIGÊNCIA E PREVENÇÃO TERCIÁRIA
A identificação precoce de usuários de substâncias em tipo específico de prevenção tem como objetivos principais
risco, bem como o manejo apropriado desses casos, pode agir no antes, durante e depois da dependência de drogas.
ser determinante para prevenir o agravamento da situação Vejam as características dessa intervenção:
e o aumento de exposição a riscos diversos.
• Evitar recaídas;
As ações preventivas podem ser identificadas como
• Reintegração do indivíduo na sociedade;
primárias, secundárias ou terciárias.
• Possibilita novas oportunidades de engajamento na
• Prevenção Primária: visa reduzir a incidência de escola, grupos de amigos, na família e no trabalho.
doenças na população;
• Prevenção Secundária: visa reduzir a prevalência Protocolos de detecção e manejo de
de doença na população;
Infecções Sexualmente Transmissíveis,
• Prevenção Terciária: visa atos que diminuam
a prevalência das incapacidades funcionais
Hepatites e Tuberculose
consecutivas a doenças. Visando estabelecer claramente os critérios de diagnóstico
de cada doença (Infecções Sexualmente Transmissíveis
Nesta unidade daremos ênfase à prevenção terciária – IST’s, Hepatites e Tuberculose - TB), os Protocolos
aplicada no uso e abuso de substâncias psicotrópicas. Esse
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Clínicos e Diretrizes de Tratamento (PCDT) estabelecem atingem o sistema imunológico (comprometendo o sistema
o tratamento (doses, monitoramento clínico sobre a de defesa do organismo). Para determinar o diagnóstico
efetividade e efeitos adversos) e criam mecanismos para da TB, podemos seguir os passos a seguir: Realizar a
a garantia da prescrição segura e eficaz. Desta forma, os baciloscopia ou teste rápido molecular; Radiografia de
medicamentos a serem utilizados no tratamento de cada tórax é utilizada como exame complementar (PEDREIRA et.
doença estabelecida são dispensados segundo critério do al., 2020).
respectivo PCDT.
Usuários de substâncias psicoativas e dependentes químicos
tem maiores chances de contrair IST’s e, no caso do consumo
No estudo realizado em 2020 (RIBEIRO et al.), sobre de crack, também a tuberculose, portanto é FUNDAMENTAL
infecções por HIV e sífilis associados em pacientes em considerar um programa de monitoramento dessas doenças
tratamento da dependência química, o diagnóstico precoce nessas populações, especialmente entre aqueles em
e o tratamento de IST’s são primordiais para o controle da condições de alta vulnerabilidade social.
disseminação rápida destas doenças na população.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a TB é A RAPS disponibiliza as testagens e tratamento dessas
apontada como sendo a principal causa de morte por um doenças tanto em equipamentos da atenção básica (UBS,
único agente infeccioso em todos os países, sendo também Consultório na Rua etc.) quanto nos centros de testagem e
aconselhamento e Serviços de Assistência Especializada
a principal causa de morte em pessoas vivendo com HIV
em IST’s (CTA’s e SAE’s).
(LOCA, 2021). Sua transmissão ocorre através da inalação
de gotículas contaminadas e expectoradas pelo indivíduo Cabe aos profissionais que atuam no tratamento da DQ
infectado pelo agente etiológico e o desenvolvimento da direcionar seus pacientes / acolhidos para tais serviços
doença está relacionado às características imunológicas do para testar e, em caso de resultados positivos, manter o
indivíduo, como pessoas que têm HIV e outras doenças que tratamento dessas doenças.

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Com relação a População em Situação de Rua (PSR) e a TB, • Os casos de tuberculose apresentavam maior
um estudo realizado em São Paulo (2021) apresentou os prevalência em indivíduos de 15 a 54 anos de
seguintes resultados: idade (81% dos casos);
• A PSR tem 56 (cinquenta e seis) vezes mais chance de • Em todas as cidades, a maioria dos casos de TB
ter tuberculose em comparação à população geral; era observada nos seguintes indivíduos:
• A população brasileira atingida pela TB apresentou • Sexo masculino (72,35%);
as seguintes características: Mais de 2/3 dos casos • Ensino fundamental incompleto (24%);
surgiram nas seguintes situações: Aglomeração • Ensino médio incompleto (32,33%).
populacional; Populações mais vulneráveis
(detentos, indígenas, indivíduos em situação de rua, Esses apontamentos podem incentivar a elaboração de
imunodeprimidos). diretrizes aos usuários de drogas com TB. Políticas públicas
direcionadas corretamente à população levam à redução de
gastos desnecessários no âmbito da saúde (PEDREIRA et.
A seguir, iremos apresentar as características dos indivíduos
com TB associada ao vírus HIV (LOCA, 2021), identificados no al., 2020).
estudo citado:
Em 2017, com o intuito de estabelecer estratégias de
• O estudo abordou 761 casos de TB, alguns indivíduos
cuidado às pessoas que vivem com HIV, o Ministério da
apresentavam coinfecção pelo vírus HIV:
Saúde publicou a cartilha sobre cuidado integral às pessoas
• Somente 19% faziam uso da terapia
que vivem com HIV, atendidas pela Atenção Básica em
antirretroviral;
Saúde. Essa cartilha tem como objetivo dar suporte a
• Maioria era homens negros com idade entre 15 e gestores no processo de implantação do manejo de HIV na
29 anos de idade; atenção básica, bem como iniciar o processo de modelo

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assistencial matriciado que seja mais eficiente e resolutivo O manejo clínico desta patologia, em todo Sistema Único
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). Os pontos para implantação de Saúde (SUS) é estabelecido por meio dessas diretrizes e
deste manejo são: protocolos clínicos (PCDT) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).
1. Estabelecer um modelo de estratificação de risco;
2. Qualificar os profissionais;
3. Garantir suporte técnico aos profissionais; A rede assistêncial e os programas
4. Disponibilizar exames de CD4 e Carga Viral (CV);
5. Viabilizar o acesso aos antirretrovirais – ARV.
de tratamento para IST's
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS
SAIBA MAIS (UNAIDS, 2015), propôs uma meta em 2014 que apresentava
as seguintes características:
Leia mais sobre o programa de Cuidado integral às pessoas • Incentivar mundialmente o fim da epidemia de AIDS;
que vivem com HIV pela atenção Básica, feito pelo ministério
• Utilizar como metodologia uma meta conhecida
da saúde, disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
cuidado_integral_hiv_manual_multiprofissional.pdf como “meta 90-90-90”:
• Diagnosticar 90% das pessoas infectadas pelo HIV;
• Tratar 90% das pessoas diagnosticadas com HIV;
Em relação às Hepatites, o Ministério da Saúde (MS)
• Suprimir a carga viral de 90% das pessoas em
desenvolveu diretrizes para seu diagnóstico direcionadas
tratamento do HIV até 2020, acarretando o fim
aos serviços de saúde das redes públicas e privadas,
da epidemia de AIDS até o ano de 2030. 
através do Departamento de Vigilância, Prevenção e
Controle das IST, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais (DIAHV).

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O tratamento preventivo da meta 90-90-90, baseia-se A rede assistencial e os programas de tratamento do HIV/
no conhecimento de que pessoas com HIV/AIDS com AIDS tornaram-se de grande relevância ao Brasil, podendo
carga viral indetectável no exame diagnóstico da doença, ser observado logo abaixo:
não transmite o vírus. Assim, a preocupação e grande
importância dada na redução da carga viral nesses • Reconhecimento da importância da terapia
pacientes, além de beneficiar a população em geral, protege antirretroviral (TARV):
a saúde pública de gastos evitáveis (COHEN et al, 2016). • Aplicada na prevenção da transmissão;
• Diminuição da morbimortalidade;
O Brasil se tornou signatário da meta 90-90-90 através dos • Melhoria da qualidade de vida do paciente.
seguintes procedimentos:
O seguimento das diversas etapas de cuidados aos
• Monitoramento do progresso HIV/AIDS em relação
pacientes, trouxe à tona desafios programáticos e
à meta 90-90-90;
organizacionais em Hospitais Gerais e Psiquiátricos,
• Identificação das lacunas nas etapas de cuidados clínicas especializadas e outros serviços públicos de
contínuos em HIV; saúde, estimulando o desenvolvimento de estratégias
• Fortalecimento do planejamento e tomada de de intervenção (UNAIDS, 2015; LOCH et al, 2020), como:
decisões de ações programáticas. garantir o acesso oportuno ao tratamento; favorecer
a manutenção da adesão ao tratamento; Promover a
manutenção desse tratamento (RIBEIRO, et al., 2020).

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UNIDADE 6
APLICABILIDADE DOS CONCEITOS ADQUIRIDOS NO CONTEXTO DE HOSPITAIS
GERAIS E PSIQUIÁTRICOS E DAS CLÍNICAS ESPECIALIZADAS
Conhecer a epidemiologia e as particularidades das Conhecimento teórico / melhores práticas (evidências
populações especiais, especialmente publico LGBTQIA+ científicas)
e adolescentes é de suma importância na construção do
projeto terapêutico da sua clínica. Objetivo: 1-Epidemiologia do uso de droga em populações
especiais: dados epidemiológicos e melhores práticas
Sobre a epidemiologia geral sua importância reside no para populações com alta vulnerabilidade social e cenas
momento de comparar os usuários do seu serviço com abertas de uso; mulheres, idosos, adolescentes gestantes
o que ocorre na população geral. e lactantes

O quadro abaixo apresenta como transformar esse


conhecimento em aspectos práticos que melhorarão
a qualidade assistencial da sua clínica.

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TIPO DE
POPULAÇÃO/ Por onde começar O que e como fazer Análise crítica e projeto de melhoria
PACIENTES
• Analisar o perfil da população que efetivamente
o Serviço atende: quem são, quais as Faça uma análise crítica da linha de cuidado do seu
características sociodemográficas, qual o perfil Serviço com base nas necessidades específicas das
e gravidade dos diagnósticos, a porcentagem populações alvo (transexuais por exemplo). A linha de
de mulheres, adolescentes, idosos, gestantes cuidado contempla atividade e cuidados específicos
frequentam o seu Serviço? 1- O que fazer? Realize um levantamento estatístico
para todas os grupos populacionais frequenta os
• Conhecer a população que efetivamente frequenta do perfil das pessoas que procuraram e frequentam o
Serviço? Existe algum grupo cuja frequência se
o Serviço é um dado fundamental, pouco praticado Serviço (você pode escolher o período de análise, que
destaca ou cujas necessidades são tão particulares
nas clínicas especializadas, porque considera- deve ser no mínimo no último ano). Esse levantamento
que merecem uma linha de cuidado própria
se que os frequentadores são os público-alvo pode ser realizado com estatísticas que o próprio
(dados advindos dos estudos populacionais, SAME já possui, basta separar os dados de interesse
epidemiológicos). Entretanto, raramente um em planilhas para que possam ser analisados Por exemplo: você notou uma alta frequência
serviço atende todos os grupos epidemiológicos através de estatísticas simples como número total de de adolescentes cujas necessidades são muito
existentes na população geral, alguns são mais atendimento, porcentagem por sexo, média, mediana. particulares e diferem do público adulto de acordo
POPULAÇÃO
voltados para atendimento de crack por exemplo, com o que recomenda as melhores práticas:
EM GERAL ou para adolescentes, ou para população em considere criar uma linha de cuidado específica para
alta vulnerabilidade que exige cuidados de baixa esse público. A figura 1 apresenta um modelo de linha
exigências. 2-Como fazer? Levante os dados através das de cuidado para pacientes internados utilizado por um
• Tenha clareza da vocação do Serviço e reconheça estatísticas do SAME, estudo de prontuário ou Serviço em São Paulo, que pode servir de inspiração
qual público você atende de fato e para qual pesquisa do perfil da população, através da e modelo. Existem outros modelos. Utilize o que você
pública a estrutura do seu Serviço comporta. aplicação de um questionário estruturado para os conhece e melhor se adapta ao seu Serviço
• As certificadoras de Qualidade, como por exemplo frequentadores de interesse (cujos dados disponíveis
ONA costuma iniciar suas auditorias de análise estejam insatisfatórios para sua análise).
de qualidade para certificação pelo grau de Observação: no módulo de Qualidade você entenderá
conhecimento de cada serviço possui sobre o melhor o que é um projeto de melhoria e como utilizar
público para o qual está voltado sua vocação de ferramentas da qualidade para estabelecer
assistencial, sua estrutura (física e de recursos indicadores de acompanhamento e como implantar
humanos) e profundo conhecimento do perfil da um projeto de melhoria
população que frequenta o Serviço

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1-o que fazer? -Certifique-se de que o seu Serviço 1-Faça uma análise crítica da linha de cuidado do seu
possui uma linha de cuidado bem desenhada e veja Serviço com base nas necessidades específicas das
se a linha atual contempla as necessidades das populações alvo (transexuais por exemplo). A linha de
populações estudadas (que frequenta efetivamente o cuidado contempla atividade e cuidados específicos
Serviço). Faça uma análise crítica comparando o que o para esse público? Contempla exames para Infecções
Serviço oferece com as melhores práticas. sexualmente transmitidas entre outros?

• Analisar o perfil sociodemográfico das pessoas que Por exemplo: A linha de cuidado não contempla as
MORADORES características sociodemográficas do público Trans
efetivamente frequentam o seu Serviço. Qual o nível 2-Como fazer: utilize os memos métodos e ferramentas
DE RUA/ALTA que frequenta o Serviço? Não totalmente porque a
socioeconômico, qual o nível de vulnerabilidades que a análise feral (SAME, estudo de prontuário e
VULNERABILIDADE frequência dessa população é maior do que a que
está submetido, qual a porcentagem de moradores questionários estruturado).
SOCIAL você considerava até então.
de rua?
Projeto: Construir uma linha de Cuidado específica
Por exemplo, se você notou alta frequência de
para esse público baseada nas melhores práticas e
pessoas em alta vulnerabilidade social, analise
nas demandas do público que efetivamente frequenta
se essas demandas estão de acordo com mas
o Serviço
melhores práticas, se estão contempladas na linha de
cuidado atual. Considere criara uma linha de cuidado A figura 2 apresenta um modelo utilizado por um
específica para essa população. Serviço que atua na cena averta de uso de São Paulo

1-Faça uma análise comparativa entre o que você


oferece na sua linha cuidado atual e as melhores
práticas. Se o que você oferece destoa ou não atende
tudo o que recomenda a teoria e melhores práticas,
1.O que e como fazer? considere construir uma linha de cuidado específica
• Analisar a linha de cuidado geral do projeto
terapêutico da sua clínica: contempla as Levante os dados do grupo LGBTQIA+ que frequenta para essa população.
POPULAÇÃO o Serviço (utilize as mesmas ferramentas anteriores:
demandas e necessidades específicas dessas
LGBTQIA+ dados do SAME, levantamento de prontuário ou
populações especiais? Poe exemplo: caso a linha de cuidado do seu Serviço
questionário estruturado). Analise se a linha de
esteja bem consolidada, mas você descobriu que a
cuidado atual é compatível com o número de
frequência do público LGBTQIA+: é maior do que você
frequentadores e com as melhores práticas.
conhecia, crie uma linha de cuidado específica. A
figura 3 exemplifica um modelo fictício de uma linha de
cuidado para esse público

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Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar
Química no contexto Hospitalar (Hospital (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas

Geral e Hospital Psiquiátrico) e das CENTRO DE ESTUDOS PAULISTA GESTOR DO PROJETO


Marcello Renato de Souza
DE PSIQUIATRIA - CEPP
Clínicas Especializadas COORDENADOR GERAL DO PROJETO
Cláudio Jerônimo da Silva FACULDADE PAULISTA DE
CIÊNCIAS DA SAÚDE - SPDM
COORDENADORA PEDAGÓGICA DO PROJETO
Clarice Sandi Madruga DIRETOR GERAL FPCS
Nacime Salomão Mansur
CONTEUDISTAS ESPECIALISTAS
Ana Paula Dias Pereira GERÊNCIA ADMINISTRATIVA
André de Queiroz Constantino Miguel Daniela Junqueira Stefani
Kátia Isicawa de Sousa Barreto
Leonardo Gomes Moreira NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Maria de Fátima Padin
Ronaldo Ramos Laranjeira COORDENAÇÃO
Sérgio Marsiglia Duailibi Susana Mesquita Barbosa
Susana Mesquita Barbosa
EQUIPE
CONTEUDISTAS CONVIDADOS Bruna Veroneze Léo
Eduarda de Oliveira Barbosa Claudia Scheidt Guimarães
Gleuda Simone Apolinário Eudes Miranda Bomfim
Guilherme Athayde Ribeiro Franco Expedito Alexandre da Silva Neto
Guilherme S. de Godoy Filho Juliana Prado Ferrari Spolon
Homero Pinto Vallada Filho Maycon Anderson Pires Novais
Joselaine Ida da Cruz
Juliane Piasseschi de Bernardin Gonçalves PROJETO EDITORIAL
Mario Sergio Sobrinho Guerra Comunicação
Neliana Buzi Figlie
Paula Maria Greco Cipro
Quirino Cordeiro Junior
Rogério Adriano Bosso
Zila Van Der Meer Sanchez

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