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O PROCESSO DE EXPLICAÇÃO  Esta pergunta nos leva ao FDC – Foco da condição

1. O LABIRINTO. decaída – o contato do texto com as vidas das


 Temos convicção de que as pessoas são transformadas pessoas que estão ouvindo a pregação.
espiritualmente pela confrontação da palavra de Deus.  Temos que entender a condição humana que nos liga
 Porém para a maioria das pessoas em nossa cultura as pessoas veem aos que ouviram por exemplo Paulo pregar contra os
a Bíblia como um emaranhado de palavras difíceis, uma história judaizantes – ainda que não creiamos que nossas
pouco conhecida, nomes difíceis de pronunciar. obras nos salvarão somos tentados a crer que somos
 Precisamos mostrar as pessoas que isso na é verdade, conduzindo-as bons e algumas vezes nos deixamos levar por esse
por meio das passagens. caminho. Há momentos em que assumimos este tipo
 Pela pregação expositiva as pessoas podem aprender que a palavra é de teologia que precisa ser combatida.
compreensível. Pra isso precisamos aprender as etapas que o  Temos de descobrir o que a Escritura está falando em
pregador deve seguir na preparação de uma mensagem. nível da humanidade comum. Num certo sentido
 Depois precisamos aprender como iluminar o caminho enquanto participamos da culpa de Davi, da dúvida de Tomé, da
apresentamos a mensagem. negação de Pedro.
 Qual é o caminho percorrido pela explicação?  Mais que explicar as informações do texto
precisamos mostrar como ele se adéqua a nossa
2. O CAMINHO DA PREPARAÇÃO. instrução.
a. SEIS PERGUNTAS ESSENCIAIS. o Como devem agora as pessoas responder às verdades do
 Muitas vezes, aqueles que preparam uma pregação não fazem as texto?
perguntas corretas ao texto.  É central entender o que o texto significa para as
 As perguntas que vamos esboçar não são um modelo rígido, não é a pessoas que estão ouvindo – isso deve as levar a
ordem das perguntas que importa, mas a necessidade de que todas como devem responder as verdades do evangelho.
sejam respondidas. o Qual a maneira mais eficiente pela qual posso comunicar o
 Perguntas referentes ao significado do texto: significado do texto?
o O que o texto diz? – pesquisar o que o objetivo e os detalhes  As pessoas devem entender o que o texto demonstra
do texto significam. que o povo de Deus na atualidade devem fazer, em
o Como saber o que o texto diz? – mostrar as etapas, com os uma condição semelhante que dividem com as
pontos de referência que podem ser seguidas por outras pessoas que foram os sujeitos originais do texto.
pessoas. O que o levou a tal conclusão sobre tal texto?  É preciso interpretar bem o texto e também os
o Que interesses motivaram o registro escrito do texto? ouvintes do texto – o pastor deve conhecer o seu
Identificar a causa do texto. rebanho.
 Perguntas que determinam como o pregador narrará o significado do
texto: b. QUATRO PASSOS NECESSÁRIOS.
o O que partilhamos em comum com: i. Observar.
 Aqueles a quem (ou acerca de) o texto foi escrito,  Ler, ler, e reler o texto.
e/ou  Ler amplamente para ver o contexto. Até que o fluxo do pensamento
 Aquele por quem o texto foi escrito? comece a aparecer.
 É preciso mergulhar de tal forma no texto que se possa extrair o a. Esboços gramaticais
máximo daquilo que o autor quis transmitir.  Pela mostram a relação das palavras com a sentença.
 Existem vezes em que se chega na leitura antes da pregação e  Se decifra um interpretação identificando o sujeito, objeto e
descobrimos aspectos que antes não havíamos nos dado conta, pelo adjuntos.
foco em outros pontos do texto.  Relação das palavras dentro da sentença.
ii. Interrogar.  Aplicados a análise microscópica de porções diminutas.
 Expor a Escritura é descobrir o que há no texto e expô-lo a vista… O  Salienta o desenvolvimento de uma ideia dentro de uma sentença e
contrário da exposição é imposição, que significa impor ao texto o ajuda a esclarecer como palavras específicas se relacionam umas com
que ali não está. – John Stott. as outras.
 Devemos mostrar o que o texto quer dizer, e como você sabe disso. – o Esboço gramatical exemplo
o que isso significa? Por que está aqui?  Jesus | morreu
 Perguntas de reportagem – o que está escrito, lido, vivido? Quem  Pelos
escreveu, ou leu, ou viveu? Quando escreveu, leu, ou viveu? Onde o Ímpios
escreveu, leu ou viveu? Por que escreveu, leu, ou viveu? Como o Senhor | ouviu | clamor
escreveu, leu ou viveu?  \O \ meu
1. O QUE A PASSAGEM DIZ? b. Esquemas mecânicos
 Entender o que as palavras dizem, usando os dicionários, diferentes  Auxiliam o pregador a perceber como frases ou sentenças completas
traduções. se relacionam entre si.
 Elas da forma como são coladas, o tempo verbal, repetição, raridade,  Relação de sentenças e frases que interligam a passagem.
função, ou relação com outras palavras nessa passagem demonstra  Identifica ideias principais.
um papel interessante para ver o sentido do texto.  E suas ideias secundárias.
o Por exemplo muitas pessoas se referem aos frutos do  Colocando frases e conceitos de maneira correspondente.
Espírito.  Esquema mecânico Tradicional – 2 Tm 4.1,2.
o Mas o texto (Gl 5.22-23) mostra que a palavra não está no  (v.1) Na presença de
plural. o Deus
o O fruto é único mas os dois versículos falam das o E
características deste fruto. Por exemplo a bondade não é um o Cristo Jesus.
fruto do Espírito mas uma característica do fruto.  Que há de julgar
 Há o método da comparação, para ver na repetição das palavras, com  Os vivos
o auxilio de concordância, referencias cruzadas, comentários, versões  E
comparadas da bíblia, a possível interpretação da passagem.  Os mortos.
 A Bíblia é clara, isso é algo ensinado pela Confissão de fé de  E
Westminster (1,5). Ainda que não tenhamos habilidades no estudo de  Pela sua manifestação.
línguas originais, nas traduções que temos disposição há como fazer o Confio-te esta incumbência.
bons estudos e pregações. o (V.2) Prega a Palavra;
2. ESBOÇO DA PASSAGEM.  Está preparado
 Fazem o pensamento fluir do texto e habilita o pregador a perceber  A tempo
os principais aspectos do seu desenvolvimeto.  E
 Fora de tempo o Contexto lógico – a leitura exaustiva para constatar o
 Corrige, repreende, exorta desenvolvimento do argumento ou de outros interesses do
 Com grande paciência. escritor.
 E o Contexto literário – as passagens próximas, a forma literária
 Cuidadosa instrução. (gênero), a intenção do autor, o papel desta passagem no
 Leva menos em conta a capacidade linguística, mas ainda assim todo do livro ou do objetivo das Escrituras, as figuras de
obriga o pregador a investigar a estrutura de argumentação de uma linguagem, as repetições, as citações de outras referencias.
passagem.  Todos este elementos demandam pesquisa no contexto da passagem,
 Tal esboço ajudará a focar nas áreas que precisam de um estudo do livro, e de outros livros da bíblia que se relacionam com a
gramatical mais preciso. passagem em estudo.
 Aplicado a unidades expositivas mais extensas.  Além desses, bíblias de estudo, comentários, manuais, dicionários
c. Esboços conceituais. bíblicos e enciclopédias.
 Servem para sermões que abranjam muitos versículos ou capítulos. iii. Narrar.
 O objetivo é colocar os pensamentos que servem de ideias  Temos que pensar nas perguntas que são do interesse da
secundárias para as principais, mostrando a lógica do que está congregação:
descrito. o Quem precisa ouvir isto?
 2 Sm 11-12.23 o O que tornará isto plenamente compreensível?
o Davi desobedeceu. o Que realidade estamos enfrentando que se assemelhe a esta
 Cometeu adutério – 11.1-5. situação bíblica?
 Cometeu homicídio – 11.6-26. o E de que modo nos parecemos com estes personagens da
o Deus condenou. bíblia?
 Enviou uma palavra profética – 12.1-6.  A explicação do texto precisa ter forma e poder. Isto acontece
 Identificou o pecado do rei – 12.7-12. quando no preparo da explicação já tenhamos em mente o que é
 Especificou a punição do rei – 12.11,12,14. importante para a vida das pessoas que ouvirão.
o Davi se arrependeu.  É importante dizer que as verdades pregadas devem emanar do
 Confessou o pecado – 12.13. texto, e não da situação que estamos vivendo, não colocar para
 Demonstrou tristeza – 12.15-17. dentro o que queiramos que o texto diga.
 Aceitou a disciplina – 12.18-23. iv. Organizar.
 Renovou a obediência – 12.20.  As explicações do pregador devem abranger eficientemente o texto
3. O PLANO DE FUNDO DA PASSAGEM. completo.
 Significa localizar a passagem no seu contexto histórico, lógico e 1. SEQUENCIA E ORDEM
literário.  Colocar a informação textual numa determinada ordem lógica.
 Para que assim se interprete o texto dentro do contexto.  É diferente de apenas dizer o que o texto diz.
o Contexto histórico – Verificar em que momento cultura e  É estabelecer como o sentido do texto é mais bem comunicado a
circunstancial o texto foi escrito. Observa a cronologia dos congregação.
eventos, a biografia das pessoas, os detalhes da cultura e a  É possível que para enfatizar melhor o que o autor está dizendo,
ocasião do registro da passagem. deixar o inicio da passagem para ser exposto pelo fim.
 As vezes é preciso reorganizar as informações para que elas sejam a. ESPECIFICAR E ESTABELECER
mais fáceis de serem compreendidas.  Declarara-se o ponto e depois mostra isso no versículo, para provar
 Se a sequencia do texto permite fazer uma explicação mais clara que aquilo que se está falando não é mera opinião mas o que a
adota-se a sequência dos versos, se deixa complexo então pode-se palavra diz.
optar pelos argumentos no texto que deixam a passagem mais clara.  Quando se quer enfatizar o que está descrito em vários versículos
2. EXAURIR E COBRIR. pode-se sintetizar o conteúdo dizendo o que está acontecendo ali. Ou
 Ainda que o expositor não cubra todos os versos do texto precisa mostrando um detalhe que se repete como um palavra especifica.
cobrir o objetivo do texto.  Ao pregar em textos narrativos precisamos estar atentos ao que uma
 É preciso trabalhar com toda a passagem – os pontos principais e os leitura facilmente gravaria na memória dos ouvintes. Devemos focar
pontos secundários. nos pontos do texto que afetam a nossa interpretação do mesmo.
 Claro que isso não quer dizer que conseguirá esgotar toda a verdade Onde se confirma os pontos abordados na pregação.
contida na passagem, mas passará pelos pontos chaves. b. PROVAR.
 Claro também que haverá ênfases que serão dadas pelo pregador  Provar que o texto diz o que se tem dito que ele significa.
devido ao Foco na Condição Decaída – mas os ouvintes precisam sair  A maior parte do sentido da bíblia é francamente visível.
com uma razoável compreensão da passagem inteira.  É preciso repetir ou expor de uma maneira diferente a parte do texto
 Isto vai demandar conhecimento do rebanho, experiência de que dê apoio à sua afirmação.
pregação, instintos naturais. i. Reafirmação.
3. DESTACAR E SUBORDINAR.  Simplesmente citar o texto, ou reformular as palavras de uma forma
 É importantíssimo não usarmos tudo o que refletimos e meditamos, mais clara, que demonstre a veracidade de suas palavras.
na composição de uma pregação, mas focar no tema central, e o Lc 18.1 – orar sem esmorecer – orar mantendo-se em oração.
colocar os pontos subjacentes direcionados para o tema central.  A repetição é um dos mais poderosos recursos de comunicação oral.
 Temos que escolher entre o que exige maior explicação e o que não  Destaca o que o pregador quis imprimir na mente do ouvinte.
demanda tanta explicação. ii. Narração.
 Torne simples o que é complexo. Aclare o que é obscuro.  Recontar a história do que está acontecendo na passagem é outra
 Modele o todo numa estrutura que torne a base bíblica de sua maneira de explicar o significado.
exortação tão clara e memorável quanto possível. o Recontar a parábola usando palavras mais atuais.
o Relembrar um incidente biográfico.
3. A LUZ DA APRESENTAÇÃO. o Criar um diálogo.
 Três passos para apresentar o assunto a congregação:  Uma imaginação saudável ajuda enormemente o processo de
o Especifique a verdade. narração.
o Estabeleça a verdade. o Para explicar e dar cor, não para adicionar o que o texto diz.
o Prove a verdade. o Precisamos clarear o que o texto diz, mas não impor algo que
 As afirmações ou pontos principais e secundários, sintetizam a não está lá, ou dramatizar para encantar os ouvintes com
convicção do pregador sobre o que o texto diz. nossas habilidades pessoais.
 A ilustrações e aplicações desenvolvem essas afirmações. iii. Descrição e definição.
 Afirma-se o ponto principal ou secundário, demonstra-se no texto  Descrever um palavra, uma cena, um caráter ou uma situação, para
onde aquela verdade se origina, demonstra como o texto apoia melhor compreensão.
aquela verdade. o Cerimônia da páscoa.
o Geografia da palestina,  O desafio dos expositores da Bíblia é falar em linguagem acessível o
o Moeda romana. que se aprendeu na academia e nos manuais
o Os antigos barcos de pesca.
o O tempo verbal de uma palavra. 4. PERGUNTAS PARA REVISÃO.
 Definição – explicar os termos de uma passagem. a. Quais as perguntas críticas os pregadores precisam responder
o Justificação. para fazer a pregação?
o Eleição b. Que vantagens tem o expositor e seguir os passos – Especifique,
o Remanescente estabeleça e prove?
o Sabá; c. Por que a verdade numa linguagem simples é marca da vocação
o Santidade pastoral?
o Pecado. d. Elabore um esboço mecânico de Fp 4.4-7.
e. Elabore um esboço conceitual de Mt 14.22-32.
 Nas definições não se pode fazer com a mesma extensão que se usa
em uma manual. Tem que ser claras e concisas.
 A definição também pode se dar por contraste – ágape, philia e Eros.
 Por sinônimos – Pecado é qualquer transgressão ou omissão do que
Deus requer.
 Devemos definir nossos termos de forma simples.
iv. Exegese.
 Quem tiver oportunidade de estudar as línguas originais para o uso
da pregação, terá uma ótima ferramenta para explicar o que o texto
significa, mas não para alardear cultura. Obscurecer a pregação com
uma série de palavras em grego ou hebraico.
o Porque se dar ao trabalho de citar o termo grego metadidomi
– compartilhar, se dois segundos depois nenhum ouvinte
lembrará.
o Se ninguém sabe o que significa o tempo aoristo, o que
acrescentará a explicação do sentido do texto.
 Compartilhe os frutos, não o suor de seu trabalho exegético.
 Se sabemos que um termo tem um significado ainda mais profundo
do que o descrito na tradução que temos, devemos apenas
mencionar e não criticar a tradução.
v. Argumento.
 Nem tudo precisa ser provado – muitas coisas são pó si evidentes.
 Há questões que precisam de muitas provas – reúna as mais
contundentes e precisas.
 Devemos demonstrar os argumentos da forma mais interessante e
simples possível.

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